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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

ERA UMA VEZ, EM ISRAEL



Em 20 de maio de 1972, seis anos após a Guerra-Relâmpago dos Seis Dias que abalaram o Mundo, voei para Israel como participante num Congresso Internacional relacionado com assuntos que eu leccionava, onde fiquei   durante uma semana.


Encerramento do congresso, no Knesset (Parlamento)

Lembro-me de ter ido cheia de entusiasmo juntamente com mais sete espontâneos de mente irrefletida, sem qualquer receio em defrontar os presumíveis problemas que poderiam surgir num País tão complicado, a uma distância de 3.986 km de Portugal.


Junto à Universidade Hebraica, local onde decorreu o Congresso

Na guerra de 1967 Israel renasceu. Declarou a sua independência e restaurou a reivindicação histórica com a conquista da Faixa de Gaza, da Cisjordânia e dos Montes Golã, nó do conflito atual. Jerusalém é reunificada e Israel passa a ter acesso ao Muro das Lamentações, o local mais sagrado da religião judaica.

Muro das Lamentações

A eleição de Golda Meir tinha sido uma surpresa após a folgada margem que o partido trabalhista obtivera na sexta legislatura da Knesset. Entretanto, a Primeira- Ministra preferiu formar um governo de coligação com os partidos da direita.
Golda Meir, 1ª Ministra

Exactamente em princípios do mesmo mês de maio, tropas israelitas tinham recuperado com precisão militar um avião da Sabena (92 passageiros), sequestrado pelo grupo de terroristas palestinianos "Setembro Negro" e ainda em maio dia 30, o Exército Vermelho Japonês (terroristas de inspiração marxista) massacrou 25 cidadãos israelitas no aeroporto de Tóquio.
Logo em setembro, militantes da Fatah assassinaram 11 atletas israelitas durante os Jogos Olímpicos de Munique. A Mossad, por ordem de Golda Meir, fez uma operação de caça e conseguiu eliminar quase todos os responsáveis pelo massacre.

Pode dizer-se, portanto, que Israel vivia um clima de muita instabilidade e que Alguém assinalou no calendário um "espaço" para nós…

Todavia, apesar de tanta “inconsciência”, não me foi dada a sensação de que era assim, excluindo algumas exceções como: ter feito as viagens na companhia aérea British Airways, acabada de criar pela fusão de outras duas, por ser considerada mais segura; haver muitos jovens (sobretudo mulheres falando várias línguas) fardados de militares nas zonas do Congresso; ver taxistas muçulmanos cuspindo para taxistas judeus quando se cruzavam (permaneciam ódios…)

Sempre integrada no grupo, em maior ou menor número, percorri toda a cidade de Jerusalém, capital declarada (mas não legitimada pela comunidade internacional) do Pais e sede do governo, mosaico de diversas comunidades nacionais, religiosas e étnicas, em andamento descontraído.
Cidade antiga e moderna ao mesmo tempo, de santidade reconhecida pelas três grandes religiões monoteístas, embora diferente nas crenças, era (e dizem ser) segura quanto a crimes.

Apercebi-me, entretanto, que o serviço militar obrigatório dos jovens israelitas era feito a controlar a segurança das ruas da cidade, patrulhando os bairros de metralhadora às costas, falando ao telemóvel, mastigando pastilha elástica...

Recruta do exército israelita

Visitei sítios históricos únicos desde a mais bela construção de Jerusalém - Mesquita do Domo da Rocha de cúpula dourada- a Mesquita El-Aqse de cúpula prateada, A Igreja do Santo Sepulcro, o Muro das Lamentações, o Cenáculo, a Torre de David, a Igreja da Assunção, a Porta de Damasco (das 12 portas do período bíblico, restam 8), os restos do Templo de Jerusalém, algumas velhas ruas de comércio árabe e outras da Via Sacra.
A via Dolorosa começa no pátio onde hoje se encontra a Porta de Leão e termina no Monte Calvário, a Igreja do Santo Sepulcro.

 Golgotha- Igreja do Santo Sepúlcro           Mesquita da Rocha de cúpula dourada

                                                Porta de Damasco

Ruas de comercio na zona muçulmana

No Muro das Lamentações, além dos homens judeus que as agências de turismo mostram, de vestes sombrias e pitorescas, havia peregrinações de pessoas de todas as idades e sexo e também muitos turistas que, como eu, gostam de ficar com uma foto tirada naquele lugar - só que o meu fotógrafo, um jovem voluntário muçulmano, não soube captar-me a imagem…

Trajeto dos locais da Via Dolorosa                   Uma das ruas ainda sem o habitual mercado

Devo dizer que, apesar de tanta beleza e significado fiquei decepcionada por um lado, com a quantidade de máquinas e câmaras de filmar chinesas devassando "Intimidade" e por outro, com tanta riqueza em locais que eu imaginava modestos. Também o “aperto “ em que o braço do Cristianismo está metido e o aspecto pouco higiénico de muitos dos vendedores às portas da rua, me deixaram um pouco desapontada. Tinha que comer o pão ázimo!


A cidade nova, onde fica o Knesset, é muito moderna.

Knesset - vista aérea

Por razões óbvias, tive pouco tempo para conhecer esta parte. O Parlamento é um edifício interessante e o Hospital Hadassah, devido aos 12 vitrais Chagall das janelas da Sinagoga que representam os filhos de Jacob e que deram origem às 12  tribos de Israel, também.

Hospital Hadassah
Vitrinas de Chagall

À noite entrámos num dos vários Clubes de que já não sei o nome sem qualquer problema. Junto à entrada havia uma pequena multidão de rapazes árabes (?) só para ver as pessoas a entrar e dizer com ar sorridente, umas larachas incompreensíveis...

Num dos dias livres, eu mais outra resolvemos fazer uma excursão de táxi pelos Lugares Santos.
Depois de pequena disputa entre dois motoristas (vais tu/ vou eu?), lá avançou um para a nossa viagem em romaria, paga antes de começarmos. 
Do itinerário, já sem muita precisão, constou:
Monte das Oliveiras, Jardim de Getsemani onde Jesus foi preso e Igreja da Agonia; Jericó; Wadi Kahrar nas margens do Jordão, onde se pensa que João Batista batizou Jesus; Mar Morto, o ponto mais baixo do mundo;  Basílica da Anunciação em Nazaré, a maior Igreja do Médio Oriente; Cafarnaum; Caná; o Mar da Galileia, grande lago de água doce na fronteira entre a Jordânia e a Cisjordânia, com temperaturas à volta dos 48 graus; Tiberíades; Fonte da Samaritana;Túmulo onde nasceu Jesus.

Túmulo onde nasceu Jesus                        Nas margens do rio Jordão


Local onde ficaram as cruzes                      Paragem junto da fonte de Sicó

Fazia também parte da "peregrinação" ir a Belém mas o motorista disse que "já não" e quase esteve para nos deixar em pleno deserto a caminho de Jerusalém. 
Ainda hoje sinto arrepios provocados pelo susto do momento e pela ousadia de tamanha aventura - duas raparigas e um taxista a atravessar um tão longo e solitário percurso!
A Igreja da Natividade e um Kibutz (forma de coletividade comunitária rural e voluntária, em Israel, aberta a jovens de todo o mundo para troca de experiência), foram opção noutra tarde.


Vários tipos de kibutz e actividades


להתראות - "adeus", em hebraico
وداعا - "adeus", em árabe


 Algumas das fotos captadas em Google.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

USANÇAS DO TEMPO - X


ANOS 90


Quase parece laracha falar em “anos 90” se para a maioria foi apenas ontem… Talvez a minoria ainda ache divertido

Todas as décadas desde 1900 se caraterizaram por uma identidade própria, passando mesmo por enormes mudanças.

Porém, já não se poderá dizer o mesmo da década de 90.
Até metade, o vestuário, sem que fosse uma simples imitação, continuou a ser influenciado pelo exagero das extravagâncias da anterior. O xadrez Madras (que surgiu na Índia, de larguras diferentes e fios de várias cores), o príncipe-de-gales, o pied-de-poule, as riscas, os tweeds, os quadrados, os veludos, os bouclés (em algodão, seda ou rayon), continuam atuais embora mais aplicados em pormenores.



Os tecidos acetinados transmitiam um certo glamour; as blusas transparentes, ao evidenciarem a lingerie, contribuem para a criação de novas peças de vestuário a fim de serem também mostradas. As saias cobrem os joelhos, as calças de cores são lançadas e os jeans com ou sem marca, passam a ser acessíveis a todas as pessoas, diluindo a distinção entre elas.


Os fatos de desporto são usados com utilidade e os decotes contribuem para o desenvolvimento rápido da indústria de silicone. Há uma diversidade de estilos a que a moda se adapta, produzindo peças para cada tipo de consumidor.


Nos anos 90, o confronto entre homens e mulheres diminuiu; eles tornam-se mais vaidosos e elas lutam menos pelos lugares masculinos para passarem a preocupar-se mais com o peso e a figura das top-models que já vinham da década de 80 (Cindy Crawford, Claudia Shiffer, Naiomi Campbell, Linda Evangelista e outras) chamadas de supermodelo em meados de 90.

Top-Models

Durante a década surgiram vários estilos: os grunge, os clubbers e as heroin chic.
Heroin Chic- O estrelismo das supermodelos é aproveitado para investimento em publicidade com lucro imediato. O estilo, criado e lançado pela Calvin Klein em modelos magérrimas, drogadas e abatidas,  mostrava que estava usando algo de grife.


Grunge - (“sujo” ou “sujeira”) é a época entre o rock e o pop, liderada pelas bandas Nirvana, Pearl Jam, Guns and Roses e outras. Os jovens tinham aparência desleixada, vestiam camisa de flanela xadrez, gorro, blusões e bermudas de tamanhos maiores do que os normais e caraterizavam-se por altas doses de angústia, sarcasmo, alienação revolta e apatia. A popularidade começou a baixar em meados da década, após o suicídio de Nirvana.

Pearl Jam
Nirvana

Clubbers - (Frequentadores de clubes), Ao contrário do movimento Punk, que também crescia na mesma altura, apenas queriam divulgar a sua música eletrónica em clubes noturnos, pelo que se associaram com as Rave.
Tatuagens, piercings e abuso das cores, eram as caraterísticas principais.
Rave é um tipo de festa que acontece em sítios longe de centros urbanos com música electrónica, interagindo com o público.

Rave e Clubbers

Foi nesta fase anti moda que começou a aparecer a moda futurista, no final da década, para satisfazer as necessidades da sociedade moderna, cada vez mais prática, veloz e criativa.


As modas começavam a sair das ruas para as passarelas, simultaneamente com as marcas de luxo. Os estilistas, os designers e a tecnologia passaram a investir em força neste mercado.

Moda Minimalista - De peças lisas, simples, clássicas; cores neutras, cinza, branco e preto; Giorgio Armani, Donna Karan, Calvin Klein e Jil Sander

                                                                 Júlia Roberts em "Uma Linda Mulher"

1997 - John Galliano assume a Casa Dior e McQueen, a Casa Givenchy, substituindo por completo a estética tradicional por estilos vanguardistas.

John Galliano

Surgiram também muitos tipos de sapatos que faziam conjunto com as bolsas.


Sapatos oxford e mule 

O final do século não ficou marcado por qualquer estilo mas por uma enorme variedade de paradoxos, a caminho da globalização.

Um olhar global, também, para uma galeria de moda muçulmana na actualidade, num universo à parte, onde a burka e o chador ainda são amplamente utilizados.


Na época 2000 tudo se mistura, tudo se adapta à velocidade da mudança das tecnologias e à personalidade de cada um porque tudo passou a ser muito mais fugaz.

 Spice Girls


Termino com uma frase de Yves Saint-Laurent, o criador que soube dar às mulheres o que elas precisavam na altura própria:
 «Sempre acreditei que a moda não serve apenas para tornar as mulheres mais bonitas, mas também para que se sintam mais confiantes»


 Fotos captadas em Google