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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

PORQUE SE DESISTE



Porque deixou de haver condições para lutar.
Porque logicamente, já não vale a pena continuar.
Porque se perdeu o que dava valor a uma vida a completar.
Porque de repente, em contramão se passou a circular.
Porque a vontade é impotente perante o que está atrás do seu lugar.
Porque os sonhos acabados se perderam num buraco de ar 
Poque há sucessivas portas e janelas a fechar
Porque a travessia do deserto não chegou a atingir o mar…

O mar, abismo de ilusões, obstáculos, incompreensões, determinações, sofrimentos, estratégias, frustrações, metas.

Ao mar (e que belo mar!) do “Lawrence da Arábia”…



“Quando a gente está triste demais, gosta do pôr-do-sol”.

Ou de ficar na areia banhada pelo oceano, entregue indefinidamente às marés fortes das luas Nova/Cheia e marés baixas dos quartos Crescente/Minguante, ouvindo silêncios de água, sondando interrogações, procurando palavras naufragadas e tentando, em vão, lavar as pústulas da putrefacção...

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domingo, 17 de fevereiro de 2013

25 DE ABRIL,SIM. MAS OUTRO... - 2


No prosseguimento do tema do post anterior, outros itens de carácter geral:



- ECONOMIA

A economia cresceu fortemente sobretudo após 1950 e Portugal foi cofundador da EFTA, OCDE e NATO.
Ao assinar o tratado de Estocolmo, Portugal entrou para uma zona de trocas livres, sobretudo bens industriais, com alguns serviços sem pagamento de direitos aduaneiros. Houve benefícios em quantidade de novos mercados e em qualidade nas exportações - importante no sentido político, da internacionalização da economia e ajuda ao desenvolvimento.
Desde a década de 40 até à de 70, houve uma economia forte e saudável, com um crescimento sustentado dos maiores do mundo apesar de, durante esse mesmo período, ter uma organização institucional diferente das restantes economias da Europa Ocidental.


 

A diminuição do número de trabalhadores, devido aos depósitos dos emigrantes, não a afetou; manteve-se constante e os salários aumentaram cerca de 50%.
As pessoas poupavam e amealhavam.



Mas foi desbaratada.

Em 1985, com o tratado de adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia, Portugal recebeu elevados fundos destinados a ajudar o desenvolvimento e a estimular a economia, com a formação de novas empresas. Muitos desses fundos não foram bem geridos por alguns sectores empresariais, o que terá impedido um maior desenvolvimento do País nos anos seguintes à adesão.


Cavaco Silva, inquilino usurpador (porque introduzido mascarado duma falsa honestidade) do País durante quase 18 anos, lançou a primeira pedra para a situação catastrófica em que nos encontramos, alterando drasticamente as práticas da economia.



Excepcionalmente, até finais da década de 90 e princípio do século XX houve melhoria das condições de vida dos trabalhadores, com o aumento dos salários e uma maior estabilidade no emprego.

“A economia portuguesa registou a segunda maior recessão da sua história em 2012, com uma queda de 3,2% de acordo com o INE, encontrando um registo anual mais negativo apenas em 1975, com dados que não são inteiramente comparáveisPortugal esteve em recessão quatro vezes nos últimos dez anos e teve pela primeira vez dois anos de recessão consecutiva em 2011 e 2012.
Agência Lusa, 14 Fev. 2013 

Os pobres continuam pobres e os remediados empobrecem.


- GUERRA DE ÁFRICA/COLONIAL

Um império global implica a extensão da soberania de um Estado sobre territórios por todo o mundo. O primeiro império global foi o Império Português multicontinental, desde o início do século XVI (1415 - Ceuta) até 1999 (Macau) ou 2002 (independência de Timor-Leste).


Quando Salazar assumiu o poder, Portugal tinha fronteiras imperiais respeitadas internacionalmente. Para ele, era lógico defender intransigentemente as colónias “cobiçadas pela URSS através dos seus peões no terreno”, como fazendo parte do nosso território. E estava mesmo convencido que o ocidente “acabaria por reconhecer as vantagens…” (João Hall Themido).
A NATO funcionava como um refúgio dos ataques internacionais.
John Kennedy, adepto da descolonização e porque a Índia era importante para os EUA, quis negociar as províncias ultramarinas, propondo uma solução gradual.

"Portugal não está à venda"

A guerra colonial teve efeitos demográficos, económicos, financeiros e comerciais externos, diplomáticos e políticos.

A partir de 1962, Portugal ficou isolado na cena política, principalmente nas Nações Unidas. Os países do médio oriente, destinos de exportação, desapareceram das relações diplomáticas e comerciais

A sustentação da luta militar passou a exigir um esforço financeiro muito grande - exército, marinha, aviação, transportes, abastecimentos.

A mobilização de muita mão-de-obra, jovens em idade casadoira, diminuiu a natalidade e as famílias ficavam destroçadas por verem partir os seus filhos para longe, com regresso incerto.

Navio Niassa 

O dinheiro começou a deixar de ser usado no investimento de infraestruturas da Metrópole.


E se não tivesse havido ponte aérea?
"Espoliado" 
(...)
- É trapo da bandeira... e caravelas
Chegadas ao cais e arreadas as velas
Por ventos de Leste e… Alta traição!"

Foi atribuído um total de 3.209.540 contos de subsídios de desemprego e 348.257 contos de abonos de família.

A Guerra de África tornou-se a motivação dominante do MFA para conceber e preparar um golpe de Estado contra o regime.


E poderia continuar a dar incremento a outros itens (de ANTES e DEPOIS) como:




CRIMINALIDADE 
IMPUNIDADE
REINCIDÊNCIAS 
DINHEIROS PÚBLICOS 
PESSOAS (IN)COMPETENTES

Etc.


- TRINTA E NOVE ANOS DEPOIS 




O País está empobrecido, a classe média quase desaparecida, o desemprego situado na 3.ª maior taxa da EU (Eurostat), o salário mínimo ( 485),com tendência para baixar, o salário máximo (Fernando Pinto, por ex., presidente da TAP, recebia em 2010 à volta de 30 mil € brutos/mês) não tem limite, as promessas são arquitectadas em mentiras, os casos judiciais prolongam-se no tempo, a podre política é sustentada pelo poderio económico, o compadrio é cada vez mais exagerado, o 1.º ministro convida à emigração, a comunicação social trabalha para os lobbies financeiros e para o domínio político. Vamos tendo melhores cuidados de saúde mas não podemos pagá-los…

As medidas de austeridade continuam, as falências e privatizações criam oportunidades de negócio e os gestores dos bancos recebem da mesma maneira os seus elevados ordenados, acrescidos de bónus por gerirem a crise.

E haverá mesmo liberdade de expressão?

O cidadão passou a escolher o seu governo e existem sindicatos; mas onde estão as vantagens?

Estaremos contentes com esta democracia?

Somos sobretudo uma potência atlântica, presos pela natureza à Espanha, política e economicamente debruçados sobre o mar e as colónias"
vidas lusófonas

"(...)
Nem a favor da Grã-Bretanha, nem a favor da Alemanha, mas só a nosso favor”, era um dos pilares de sustentação do regime e uma justificação para a sua neutralidade durante o conflito, assim como para a exclusão deliberada e desejada por Salazar, do Plano Marshall. Paradoxalmente, seria a guerra anacrónica de sangues locais e metropolitanos que levaria ao colapso do regime em 1974…"
blog-Viriato à pedrada

Quando Marcello Caetano chegou ao Poder, já tudo se encontrava demasiado enfraquecido, sem hipóteses de êxito na construção de eventual solução política. Logo, o caminho para o golpe militar foi rápido, a vitória facilmente vitoriosa e a descolonização apressada.

Apesar de tudo, além do fim do conflito ultramarino esperava-se muito mais da revolução; as pessoas aderiram sem reservas aos ideais do Movimento das Forças Armadas.


E o sonho europeu também ameaça desfazer-se.

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sábado, 16 de fevereiro de 2013

25 DE ABRIL, SIM. MAS MENOS POLITIZADO - 1


Madrugada do dia 25 de Abril de 1974. Portugal ainda dorme. A Rádio Renascença emite a canção "Grândola Vila Morena" de Zeca Afonso, senha que serviria para dar início à revolução.
A rendição de Marcello Caetano, Presidente do conselho de Ministros, refugiado no Quartel da GNR, faz-se, após entrega do comando das Forças Armadas ao General Spínola.

Rendição de Marcello Caetano no Quartel do Carmo

Para quem vivenciou o ANTES, o DURANTE e o DEPOIS, não põe em dúvida que o 25 de Abril, mais cedo ou mais tarde, acabaria sempre por acontecer; Portugal não conseguiria deixar de acompanhar o clima de mudança que se manifestava por toda a Europa.


CONSIDERAÇÕES AVULSO

O Salazarismo terá sido uma ditadura militar fascista ou ANTES, um regime autoritário?


- LIBERDADE DE EXPRESSÃO DE PENSAMENTO E DE ACÇÃO

Jornal República, da oposição, dirigido por Raúl Rego, embora censurado pelo “Lápis Azul”, como todos os outros.
Teatro Revista, onde se ouviam muitas piadas políticas bastante ousadas.
Seara Nova, revista política e cultural muito conceituada com colaboradores como Raul Brandão, Aquilino Ribeiro e Jaime Cortezão, entre outros.
Organizações “antifascistas” visíveis, com manifestações e julgamentos.
Recolha de assinaturas entregues na Assembleia Nacional
Tolerância, na origem do Dia do Estudante (1º dia assinalado em 1952, no IST)
Guidinha, no Diário de Lisboa




Deputada Raquel Coelho- "Poucas são as vezes que a cobertura jornalística a alguma iniciativa do meu partido sejam passadas na íntegra, existe sempre uma omissão das entidades e pessoas envolvidas nas nossas denúncias, principalmente quando o assunto é corrupção. Os jornalistas são constantemente obrigados a fazer autocensura sob medo de algum processo por calúnia e difamação, o mesmo pode acontecer a um cidadão comum que faça alguma acusação num blog ou nas redes sociais, ou até mesmo um deputado que apesar da sua imunidade parlamentar não escapa ás garras da justiça, se não estiver do lado do poder instalado"


- ANALFABETISMO

Os Liceus, as Escolas (Técnicas, Comerciais e Industriais - fechadas após o 25 de Abril) e as Universidades existentes estavam cheios de alunos de todas as classes sociais e ideologias, muitos com bolsas de estudo dadas pelo Governo.
A percentagem de analfabetismo em 1970 era de 26,6 % (em 2007, 33 anos após o 25 de Abril, em lisboa, nas estatísticas eleitorais, 12,5%)

Escola S. Dr. Júlio Martins (antiga Industrial e Comercial de Chaves)

- IGREJA E ESTADO

A influência da Igreja no Estado foi sobretudo preponderante na legislação sobre o aborto, o divórcio, a eutanásia, pornografia, etc., tendo em conta a importância de tradições e regras relacionadas com “leis morais”
E, com o decorrer da guerra colonial, a hierarquia católica passou também a manifestar-se contra o Governo - “Reuniões do Rato”- motivando a intervenção da polícia militar

Capela do Rato

- ELEIÇÕES

Não havia eleições livres e a única organização política aceite era a UN (90 -
150 deputados)


Agora há eleições livres e vários partidos legalizados (230 deputados)
Um partido que tenha mais de 50 mil votos receberá por cada grupo de 135 votos, um ordenado mínimo nacional. Mesmo que não ganhe as eleições, recebe pelos votos.
Cada deputado custa ao País 16.000€, em encargos diretos e indiretos.



Medina Carreira defende que "se saíssem 100 deputados, não se perderia nada, porque os que lá estão só servem para preencher o valor legal"

 "A petição pública que corre na Internet exigindo a redução de 230 para 180 deputados na Assembleia da República está perto de atingir as 85 mil assinaturas”- jornal i, 13 Fevereiro 2013


- GREVES E SINDICATOS

Os sindicatos nacionais criados pelo Estado Novo tinham muito pouco de organismos representativos, autodirigidos e autênticos. 
O corporativismo existia para controlar interesses de classes antagónicas mas houve melhorias nas condições de trabalho, estabelecendo algumas regras na relação entre patrão e empregado através do Estatuto do Trabalho Nacional, de Grémios, de Casas do Povo e de Pescadores e dos citados «sindicatos nacionais», organismos sob o olhar vigilante do Estado.


As «escolas» sindicais, comunista (ligada ao PCP) e católica (saída da Acção Católica), forneceram boa parte dos dirigentes que em 1974 passaram a controlar o aparelho herdado do corporativismo.
E 38 anos depois, estes históricos ainda detêm numerosos cargos e responsabilidades nas diferentes organizações

NÃO HAVIA DIREITO À GREVE

Agorafaz greve quem pode e não quem deve ou quem tem razões para isso. São greves que subvertem a função dos sindicatos, em defesa dos direitos corporativos, colocando o Estado ao seu serviço - estivadores, pilotos da TAP, Juízes, CP e outros igualmente poderosos...

Pormenorizando, como exemplo, a mais atual - CP:
A CP bate em larga escala a média de chefes das restantes empresas do Estado, que se situa em 60. Num total de 3.213 colaboradores na dependência destes quadros da transportadora ferroviária, existe uma média de 16,4 trabalhadores por chefe. 
A CP encerrou o ano de 2010 com prejuízos de 195,2 milhões de euros, um agravamento de 168%.
Nuno Miguel Silva -  13/05/11




Em 2012 foram suprimidos, por motivos de greve, 30.445 comboios, 7% dos comboios programados.
No último ano, as receitas do tráfego diminuíram um milhão de euros (para 211 milhões de euros,) com a perda de 11,4% de passageiros, a que "não foi alheio o elevado número de greves que ocorreram durante todo o ano, com especial significado no último trimestre
Os comboios mais afetados pela paralisação foram os regionais e inter-regionais”.
Bruno Martins, do gabinete de comunicação da CP.

Quem paga os prejuízos?
Os sindicatos não querem saber do País...

- A MULHER

A mulher, tomando como referência as suas características femininas, era considerada o elemento unificador da família, secundarizada familiar e socialmente:
Só podia exercer o direito de voto (desde 1933) se fosse diplomada ou tivesse o secundário.
Não tinha acesso a carreiras profissionais designadas essencialmente para homens como Diplomacia, Magistratura, Política, Militar; às profissionais de enfermagem e funcionárias do ar, não lhes era permitido casar; uma professora só poderia fazê-lo com autorização publicada em Diário da República e com alguém que não ganhasse menos do que ela.
Apesar de a Constituição de 1933 ter estabelecido o princípio da igualdade dos cidadãos perante a Lei, só recebiam um salário inferior ao dos homens em 40%.
O marido era o chefe de família com direitos na educação dos filhos, na permissão de trabalho e ida ao estrangeiro, no consentimento para atuar nas suas propriedades, na abertura do correio pessoal.
Como o divórcio não era permitido nos casamentos católicos, os filhos nascidos doutra união passavam a ser ilegítimos
A mulher solteira, ao contrário da mulher casada, era uma cidadã de plenos direitos.


A conquista dos direitos que as mulheres portuguesas adquiriram na sociedade, em igualdade com o homem, foi  um dos grandes êxitos da revolução!
Atualmente todas as pessoas têm acesso ao sistema de saúde materno e assistência desde o início da gravidez.

-INCÊNDIOS

Os incêndios eram raros, apesar de os homens fumarem muito e deitarem as beatas para o chão, haver piqueniques ao domingo para assar sardinhas, chouriço e febras, almoços ao ar livre durante as ceifas, as malhas e a descamisada do milho, os bombeiros e os carros de combate serem poucos e os meios aéreos nem existirem.
Havia cantoneiros que tinham a seu cargo a limpeza e conservação de cantões de estrada e o mato nas florestas era retirado.


Os campos estão agora mais desertificados mas as pessoas, desde a escola, estão também muito mais sensibilizadas...

O custo anual dos incêndios ascende a mil milhões de euros. €150 milhões por  prejuízos diretos nas matas e florestas ardidas e €750 milhões em produtos que deixam de ser fabricados em Portugal devido à falta de madeira.

Pergunta-se:
Porque é que o combate aéreo aos incêndios em Portugal é totalmente concessionado a empresas privadas?
Porque é que os testemunhos populares sobre o início de incêndios em várias frentes, imediatamente após a passagem de aeronaves, continuam sem investigação?
Porque é que há pilotos da Força Aérea formados para combater incêndios e que passam o Verão nos quartéis?
A maior parte da madeira usada pelas celuloses para produzir pasta de papel pode ser utilizada após a passagem do fogo sem grandes perdas de qualidade. No entanto, os madeireiros pagam um terço do valor aos produtores florestais. Quem ganha com o negócio?
Há terrenos onde se registaram incêndios há poucos anos e que já estão urbanizados ou em vias de o ser, contra o que diz a lei, segundo jornalistas especializados na área do ambiente.
Enquanto houver reservas de caça associativa e turística em Portugal, o país vai continuar a arder, para o regresso ao regime livre?





-POBREZA E EMIGRAÇÃO

Até 1960, Portugal continuava a manter estruturas sociais e económicas repulsoras nas zonas rurais, devido ao sistema de propriedade existente. Havia muita pobreza e a situação era difícil, como descreve Fernando Namora em “Retalhos da Vida de Um Médico”.
As sociedades industriais da Europa Ocidental, depois do plano Marshall, estavam em pleno boom e a carência de mão-de-obra era grande.
Emigrar para esses países, sobretudo França e Alemanha, clandestinamente e a “salto”, passou a substituir o Brasil ou África quer porque os salários praticados eram maiores, quer porque era uma oportunidade para fugir à guerra colonial.
Entre 1960 e 1974 terão emigrado mais de 1,5 milhão de portugueses, ou seja, uma média de 100 000 saídas anuais. 
Cada geração esperava viver melhor do que a anterior. O crescimento do PIB na década de 60 foi acelerado e era fácil encontrar emprego.


Como no tempo do fascismo, as instituições de caridade também agora matam o frio e a fome aos pobres. Portugal está de mão estendida…

O INE estima que tenham saído de Portugal 16.899 indivíduos em 2009, 23.760 em 2010 e 43.998 em 2011 e que “um por cento de retração económica equivale a 50 mil postos de trabalho que se perdem».
Muitos emigrantes portugueses estão a “desistir do país” e a pedir a naturalização nos países de destino. Em 2010, quase cinco mil portugueses pediram nacionalidade francesa. Na Suíça, foram 2200... No mesmo ano, no Luxemburgo houve 1345 emigrantes portugueses que adquiriram dupla nacionalidade.
“Vivemos num País sem esperança”, dizem.

São dados novos que traduzem uma desistência de Portugal, isto é, estes portugueses estão a tornar permanente a sua emigração e a desistir do regresso” 
Pedro Góis, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.


O desemprego aumenta progressivamente. E o Primeiro-ministro, perante o problema, convida à emigração, o que é de algum modo um convite ao regresso ao antes do 25 de Abril, anos 50 e 60, quando muitos portugueses procuravam no estrangeiro condições que o seu país não queria ou não lhes 
podia dar.

TAL E QUAL:

"Se estamos no desemprego, temos de sair da zona de conforto e ir para além das nossas fronteiras".
- Conselho dado pelo secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Alexandre Miguel Mestre, aos jovens desempregados portugueses


Alexandre Mestre garante ainda que não apelou à emigração dos jovens desempregados, pretendendo assim desmentir também uma notícia do Correio da Manhã escrita com base na referida peça da agência Lusa, o que aliás era assinalado na respectiva página.


"Os professores portugueses podem olhar para o mercado da língua portuguesa como uma alternativa ao desemprego que afecta a classe em Portugal", diz Passos Coelho




PARA REFLECTIR

DESCOLONIZAÇÃO (Por Rogéria Gillemans)
www.africafederation.net/Descolonization.htm



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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

OLÁ, MÃE


À medida que o tempo passa, vou percebendo melhor o valor que a Mãe representava.

Ela será eterna num vazio repleto de afetos e de entrega. Porque a dedicação - quase devoção - com que sempre acarinhou os seus, continua a transmitir-se em tudo o que com ela teve proximidade.

Na opinião de PaddockO amor de uma mãe não contempla o impossível”.

E foi assim, especial.

Aos 90 anos, quando partiu, ainda nos esperava em casa com saudade, manifestava apreço pelos seus antepassados, falava do nosso Pai com admiração e estima, tinha disponibilidade total para satisfazer caprichos, mimava os netos com “presentinhos”, circulava em estadias sucessivas pelas habitações dos filhos, escrevia às amigas, fazia renda e passatempos, assistia à missa pela TV, participava em encontros de Natal e de Páscoa.

Tinha uma grande autoestima - gostava de se arranjar e perfumar.
Era uma apaixonada pela vida! 
Como filósofa nata, falava de forma amistosa, conciliadora, brincalhona. Oportuna no elogio, humilde perante pessoas mais informadas, era companhia de privilégio.
Com a cabeça inclinada entre as mãos, apoiadas nos cotovelos para disfarçar qualquer contrariedade, ocultava o olhar luminoso e o sorriso único.

Regalava-se com o seu jardim!
Sentada em frente e observando-o com minúcia, dizia:
- Já reparaste naquela roseira que é mais alta do que o muro? E a cor da malva é linda, não é? Também gosto muito das hortências. As geadas é que queimam tudo.


Ah! Os gatos!
- Este era da vizinha mas como tinha fome porque ela passa os dias nas hortas, foi-se habituando a ficar por aqui, junto dos outros. Sempre apanha um ratinho de vez em quando e é muito meiguinho.
- Chaninho, vem cá…

O “Amigo da Verdade”
- O Pai estava sempre à espera do jornal, sentado aí nessa cadeira onde tu estás. Vinha ao Domingo. É um jornal muito antigo, do tempo do Sr. Dr. Alberto Diniz da Fonseca, quando era professor e director da Escola Regional.
Parece-me que ainda estão alguns nessa gavetinha.

Correio
- M, já viste se há correio hoje?
Agora poucas pessoas escrevem. Só se for a prima F., de Santos. Disse que gostava de cá vir com o filho, que é médico.
Ou então, da eletricidade…

Galinhas
- Quando tinha galinhas, ainda me distraía um bocado. Levava-as ali pra fora e sempre aparecia alguém a dar dois dedos de conversa. E só por isso, o Pai também gostava de as guardar.

Era assim que nos últimos anos passava a Primavera e o Verão, até princípios de Novembro, altura dos Fiéis Defuntos.


Mas houve a Mãe das hortas, dos almoços-de-rancho nas ceifas, vindimas e matanças, do racionamento, dos problemas do drama quotidiano nos anos 40, 50 e 60, do mês-de-Maria, dos vestidos de domingo, do cordão umbilical de seis filhos, do tempo que nunca teve para ela, do abrigo às duas minhas avós, da companheira inseparável dum marido que tinha "proprietário"como "profissão" (usada para efeitos de BI/legais! - Naquele tempo, ou se tinham terras ou não se tinham porque não havia bancos para emprestar dinheiro para as comprar, como poderá ler-se nos romances de Camilo ou de Eça -), da compreensão e dos tabefes, do repartir por sete e não por oito, do terço à noite, dos fatos prás procissões, da canja de galinha e o Fricassé, da mão cansada mas sempre estendida, das épocas festivas e das romarias, do “coração de Mãe, abismo no fundo do qual se encontra sempre perdão” (Balsac)


E que profissão deveria ter a Mãe para efeitos de BI?

Talvez a resposta devesse ser igual à daquela conhecida história em que uma mulher chamada Anne, quando quis renovar a carta de condução e disse que era “Mãe”, mas que não foi aceite por não ser considerado um trabalho: Pesquisadora Associada no Campo do Desenvolvimento Infantil e das Relações Humanas= programa permanente de pesquisa (qualquer mãe tem), em laboratório e no terreno (dentro e fora de casa), para os Mestres (toda a família), com seis provas dadas (seis filhos), um dos trabalhos mais exigentes da área das humanidades (qual a mulher que discorda?), durante 14 a 24 h/dia…
  

Sempre achei que a Mãe fazia uma certa analogia daquelas flores “à vista com as outras “flores” distantes, os filhos. Como as relacionava, não sei; mas dizia:
- Aquela foi a T. que a trouxe; a M. trás muitas lá de Coimbra; a P. é que deitou ali a terra; lembras-te de teres ido à Guarda comprar aquele tubo comprido? A C., quando a M. era mais pequena, encontrava-a escondida atrás dos ramos; às vezes, o R. ia buscar uns baldes de água ao chafariz.

Juntava as virtudes do girassol/dignidade, da mimosa/segurança, do alecrim/alegria, do lírio/majestade, da violeta/classe, da prímula/juventude, da glicínia/ternura ou de outras e, com elas, fazia uma aguarela.


Esperava mensagens da flor-de-lis e, pela saudade, saudades mandava.

Esqueci-me de alguma coisa, Mãe?


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O IMPLACÁVEL "ENTE" PORTUGUÊS - 3


TERCEIRO ACTO

Austeridade vs Austeridade


CENA I


VITOR GASPAR(Ministro das Finanças em entrevista ao Diário de Notícias) -12/9/2012











- Julgo que a disponibilidade dos portugueses para fazerem esforços e sacrifícios para garantirem o processo de integração europeia e na área do euro é muito grande



Vitima ( tentando impedir a descaracterização por homicidio sadico-metódico):
 
- Então vamos lá medir o cinto daqueles Portugueses que ainda continuam a alargá-lo porque a maioria já nem calças tem; se agora a receita só tem aumentado  à custa da exterminação dos que têm fornecido os ingredientes, qual é fórmula para depois deles?
"Elite corrupta/governo oculto = (aumento da pobreza/ destruição do País como nação ) inclusão num mundo novo"?
O senhor Ministro interessa-se mais pelo Universo da Alta Finança. Mas parece que aí, a crise vai regredindo todos os dias.
Ora se Portugal está a ser tão bem visto e que até já pode emitir dívida nos mercados, porque vai o Governo obrigar-nos a fazer sacrifícios tão grandes? 



CENA II
(Sobranceria, insolência, tirania; oprimidos; verdades - desvio da regra geral)

ALMEIDA SANTOS (Secrtário Geral do PS)-29/09/2010




«As medidas de austeridade “não são sacrifícios incomportáveis” e “o povo tem que sofrer as crises como o Governo as sofre»


 





"Inativo"

- O Governo sofre? E o "pobre" Almeida Santos acha que o povo é que urdiu a crise? 

Depois, depende das condições de quem as comporta!

Será que alguma vez teve fome ou se lembrou que, por cada regalo na AR com cozinha de luxo a preços ridículos, alguém se está a privar de comer? 


Vejamos:


"Expresso" (9/5/98)

- "Luísa Maria, filha do ministro Veiga Simão, foi nomeada pelo pai assessora jurídica do seu gabinete.
Neste gabinete está já Paulo Penedos, filho de José Penedos, secretário de Estado da Defesa.
Por seu lado, António Almeida Santos, filho do presidente da AR, tornou-se assessor jurídico de José Penedos.
Tudo muito familiar...
Os trabalhadores do LNETI (agora INETI) não esquecem o tempo em que Veiga Simão era o seu dirigente máximo. Só lá meteu três filhas, um cunhado e a respectiva mulher. Uma das filhas, a que agora o pai nomeou para o seu gabinete, chegou ao topo da carreira muito rapidamente"


"Independente" (Pedro Guerra - Arquivo)

- "O filho de Almeida Santos e a filha do seu chefe de gabinete acabam de ser aprovados num concurso para ingresso no quadro de pessoal da Assembleia da República.
Um concurso que mais parece feito à medida dos familiares de tão lustres personalidades da casa. Entre um lote de cerca de 400 candidatos para o preenchimento de quatro lugares de técnico superior parlamentar de 2.ª classe da carreira técnica superior parlamentar da área jurídica do quadro de pessoal da AR, António Moreno Areais de Almeida Santos, filho mais novo do presidente da Assembleia da República, e Nélia Maria Botelho Monte Cid, filha de Jorge Manuel Prudente Monte Cid, chefe de gabinete de Almeida Santos, foram escolhidos por um júri composto por três membros da Divisão de Apoio ao Plenário"


Vítima (a "coisa"):


- Que sufoco de filosofias cínicas, do despreso profundo, da coisificação, das sanguessugas, do desvario dos dnheiros do Estado, da corrupção insolente e escravizante!

Que cansaço deste País onde a moralidade degenerou na  prática legal da perversão, resultante de grupos de pressão opacos, do tráfico de influências e de ligações promíscuas entre os sectores público e privado, desde sempre e para sempre!




JOÃO CRAVINHO ("Público" - 12/03/ 2005)



- “O Estado foi apropriado por grupos de interesses e ‘lobbies’ que envolvem o próprio sistema político. A corrupção existe e está a agravar-se em Portugal”.

"Público"- 28.07.2008
"O PS não recebe lições de combate à corrupção, do engenheiro João Cravinho."Alberto Martins.

E o PS "exilou" João Cravinho no estrangeiro porque era uma voz incómoda para o Partido.



CENA III

(Austeridade, aceita-se)
"Dike" :

1- Reduzir os privilégios dos ex-Presidentes da República

2- Na Assembleia da República, diminuir o número de deputados e profissionalizá-los seguindo uma escala de mérito, substituindo a designação política; reformar regalias.

3- Extinguir os Institutos que não servem para nada, após estudo aprofundado.

4- Não subsidiar Fundações Públicas ou Privadas com salários “chocantes” na Administração.

5- Fazer auditorias e acabar com Empresas Municipais que, em geral, dão prejuízo e até se sobrepõem às Câmaras.

6- Por fim aos ajustes diretos, sujeitando as aquisições ou contratações do Estado a pedidos de orçamentos de três empresas e pagar o preço justo.
  




7- Reduzir Câmaras e Assembleias Municipais







8- Assimilar Freguesias e deixar de pagar presenças em reuniões.


9- Ponderar a existência de Governos Regionais.

10- Abolir o financiamento dos Partidos, deixando que sejam suportados apenas pelos associados e iniciativas na estruturação de actividades.

11- Limitar a distribuição de carros, motoristas e renovação de frotas, identificando todos os que são do Estado.

12- Não facultar ajudas de custo superiores a estadias em hotéis de *** para deputados em "trânsito" regular.

13- Gerir com eficiência os funcionários e Quadros da Função Pública, reduzindo Administradores e incrementando a produtividade/qualidade. Usar o princípio da transparência total.

14- Acabar com os pareceres jurídicos fora da área do Governo; fazer leis sem lacunas.




15- Reduzir os elevados salários na TAP, CGD e na RTP.

16- Combater e punir os corruptos na política e na justiça





17- Recuperar os milhões desviados do BPN e do BPP.

18- Reduzir ou acabar mesmo com os custos das Parcerias Público Privadas (PPP), a quem o Estado continua a garantir um lucro de 14%.



19- Investigar o enriquecimento sem causa/ilícito (à custa de outros), removendo o que não é devido do património do beneficiado; estabelecer o princípio da proporcionalidade na punição.




20- Tornar públicas as declarações de rendimentos de todos os cidadãos e o TC não deverá pactuar com qualquer tipo de solicitação para as ocultar.

21- Por fim ao excesso de regalias em todos os cargos do Estado (Só a Estradas de Portugal, em 2008, já tinha  uma frota de cerca de 800 veículos com cartão de combustível sem “plafond” num total de 1.800 trabalhadores!)



22- Controlar (como?) as fraudes económicas mais atingidas por lavagem de dinheiro.


23- Etc., etc., etc.











24- Seguir o exemplo da NORUEGA ou doutros países nórdicos “miseráveis” para deixarmos de ser pindéricos e pedintes.



CENA IV

(Palavras... promessas... fabulário)

CAVACO SILVA (Março de 2012, ROTEIROS VI)


Eu tinha afirmado várias vezes que, na ausência de correcção dos desequilíbrios da economia portuguesa, haverá sempre um momento em que alguém tem de pagar a factura e a experiência ensinava que a factura seria paga, acima de tudo, pela classe média e pelos mais desfavorecidos”






Em nome de um Portugal melhor, mais desenvolvido e mais justo, não me resigno nem me conformo. Ao longo deste segundo mandato (...)  podem contar comigo.”


Rádio Vaticana - 03/01/2013


"E vamos até Portugal onde a Liga Operária Católica (movimento de trabalhadores cristãos) acusa o governo de promover uma austeridade fundamentalista que deixa de fora os mais privilegiados…"


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