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sábado, 27 de fevereiro de 2016

COVILHÃ - A "PAUSA"


Covilhã cidade neve
Fiandeira alegre e contente
És o gesto que descreve
O passado heroico e valente

Covilhã és linda terra
És qual roca bailando ao vento
Em ti aura quando neva
Covilhã tu és novo tempo

És das beiras a rainha
O teu nome é nome de povo
És um beiral de andorinha
Covilhã tu és sangue novo

Canta: Amália Rodrigues
Autores: Joaquim Pedro Gonçalves & Nóbrega e Sousa

Inicialmente conhecida como o Covil da Lã ou Cova Juliana/Covaliana (segundo a lenda), a Covilhã é o meu lugar preferido para a pausa entre Lisboa e Cerdeira porque, entre outras afinidades, era natural dali e das aldeias/vilas/cidades próximas, a maior parte das minhas colegas de Colégio. 

Situada na encosta da Serra da Estrela, a cerca de 700 metros de altitude, distingue-se desde os tempos da romanização da Península Ibérica como castro proto-histórico, abrigo de pastores lusitanos e fortaleza romana. Dom Sancho I concedeu-lhe o foral em 1186 e Dom Diniz mandou erguer as muralhas do bairro medieval das Portas do Sol, de ruas estreitas e janelas manuelinas.
Por ser "uma das villas mais importantes do reino pela sua população e riqueza"Dom Luís I atribuiu-lhe o título de Cidade a 20 de Outubro de 1870 .

A indústria de lanifícios, uma das suas principais referências, foi iniciada por Dom Sancho I, desenvolvida pela comunidade judaica e impulsionada por Marquês de Pombal em 1763 com a fundação da Real Fábrica de Panos que, edificada sobre as pedras da demolida muralha medieval, se tornou o maior centro de produção de todo o país. 

A Covilhã é uma “cidade de montanha” com a expressão de uma vasta tradição industrial, baseada nos tempos modernos e contemporâneos.



Filme realizado por Artur Costa de Macedo em 1921- Um documento histórico
A ficha do filme diz que ele não tem som. Porem, nos chamados filmes mudos, nas melhores salas, havia sempre uma banda com mais ou menos músicos que executavam uma partitura acompanhando a projecção do filme. 
Pode ver-se uma ficha deste filme em:http://www.cinept.ubi.pt/pt/filme/4529

Presentemente, com modernas unidades industriais, é um dos principais centros de lanifícios da Europa. Produz por ano cerca de 40 000 km de tecido e, através de várias empresas, fornece as grandes marcas têxteis mundiais como a Hugo Boss, Armani, Zegna, Marks & Spencer, Yves St. Laurent, Calvin Klein e Christian Dior.
Foi terra de grandes figuras determinantes na época dos descobrimentos dos séculos XV e XVI, quer pelo potencial humano - Pêro da Covilhã, Mestre José Vizinho, Rui e Francisco Faleiro, Francisco Álvares, Francisco Cabral, Gaspar Pais, António Alçada Baptista, outros - quer pela contribuição com impostos nas necessárias avultadas verbas.

Depois há o queijo da Serra, os enchidos caseiros, o cabrito assado, o ensopado de borrego e o mel da Serra da Estrela; a Universidade; feiras e mercados; muito comércio; solares, museus e monumentos classificados; a neve…


E o Serra Shopping com cerca de 75 lojas, do grupo Sonae, resultante da ampliação da galeria Modelo, onde gosto de almoçar.

Porque fazia 10 anos de actividade num dos dias em que por lá passei, tive a oportunidade de observar, no piso 1, uma Exposição de Cestaria da autoria do artesão Fernando Pereira. A mostra integrava um conjunto diversificado de várias peças, com recurso à vertente utilitária da cestaria e de outras consideradas invulgares obras de arte, como instrumentos musicais e veículos de duas rodas.




quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

“BRANCA COMO NEVE”


No passado fim-de-semana dei um salto de cerca de 400 Km desde Lisboa até à minha aldeia, na Beira Alta.
O mau tempo acompanhou todo o percurso com o céu muito nublado, aguaceiros fortes e algumas rajadas de vento mas sem acidentes.


A Freguesia, incrustada num vale, é muito menos agreste no acolhimento aos visitantes do que as aldeias vizinhas. Porém, a água que saía das torneiras no exterior deixava as mãos entorpecidas, doridas e avermelhadas como se de uma queimadura superficial se tratasse, “exigindo” massagens em movimentos circulares.

A TSF anunciava a circulação ferroviária interrompida em certas regiões do Norte e do Centro devido ao mau tempo e à queda de neve acima de 1200 metros com descida gradual da cota para 600 metros, sobretudo nos distritos da Guarda.
Todavia, além da baixa temperatura e de alguma chuva persistente, nada mais faria prever alterações na sequência dos últimos Invernos cerdeirenses.

Um pouco cansada das muitas tarefas que costumo elaborar quando por ali permaneço, resolvi fazer um intervalo espreitando a rua através dos vidros da janela. (A casa, aquecida pelo termo acumulador, até fazia esquecer o mau tempo lá fora).


- Uau… Está a nevar! Não, não é chuva, são flocos de neve com o aspecto de uma pequena estrela. Tira uma foto, L.
- Pois é… nunca tinha visto cair neve aqui.
- E eu também já não me lembro da última vez que vi. Esta nem chega para saber que espessura tem; desfaz-se mal toca o solo ainda molhado. 
Quando era criança, lembro-me de marcar pegadas em neve fresca, bem assentada, com pelo menos 0,5 metro de altura e de brincar fazendo bonecos de neve com duas grandes bolas sobrepostas encimadas pelo chapéu de palha do Verão.

- Oh! Está a desaparecer. 
- Bem, sempre dá para amostra… e para sublinhar a credibilidade das expressões:
“Fundir como neve ao sol
“Branca como neve”
“Branca de Neve”
“Neve carbónica”
”Ovos em neve” 

Já sem a luz do dia, a neve bateu de novo “levemente” e durante muito mais tempo. 

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

NOITE FECHADA


Cá dentro a mesa está pronta pró jantar. Um ligeiro take away. Sabe, quem me conhece, que a cozinha não me seduz…
Lá fora é noite fechada.
Noite calada, sem grilos - apenas um ar em movimento a falar de vento.
Noite escura - “Que seria das estrelas, se não fosse a noite escura?"
Mas hoje não há estrelas! Nem lua!
Hoje, a noite é esta - STOP.

Do meu terraço


“A noite é escura porquê?” – Foi a pergunta que o astrónomo Heinrich Olbers nascido na pequena cidade de Arbergen, Alemanha, em 1758, fez a si próprio e para a qual nunca obteve uma resposta aceitável.


Olbers era um defensor do pluralismo e da ideia cada vez mais controversa de que a Lua seria habitada por seres inteligentes. Defendeu “ altamente provável todo o espaço infinito estar cheio de sóis e dos seu séquito de planetas e cometas"
Naquele tempo o Universo era considerado infinito, estático, homogéneo, isotrópico, imutável, euclidiano e físico.



O chamado “paradoxo de Olbers” é resumido por Cesar G. desta forma simples:
Se o Universo é infinito e eterno, porque é que a noite é escura? 
Se o Universo fosse realmente infinito e eterno, onde quer que se estivesse e se apontasse o telescópio para qualquer ponto da esfera celeste, encontrar-se-ia sempre uma estrela. Assim como numa floresta, ao olhar para qualquer lado se encontra um tronco de árvore, também a noite deveria ser clara e iluminada como o dia. Logo, a solução do paradoxo de Olbers é evidente: o Universo não é infinito, nem eterno e a noite é escura devido a isso…"

Soluções que foram sendo encontradas ao longo do tempo:
- A poeira interestelar absorve a luz das estrelas - proposta por Olbers.
 Mas com o passar do tempo, à medida que fosse absorvendo radiação, a poeira entraria em equilíbrio térmico com as estrelas, passando a brilhar tanto como elas...
- A expansão do Universo degrada a energia; logo, a luz de objectos muito distantes chega muito desviada para o vermelho e portanto muito fraca.
O desvio para o vermelho ajuda na solução, porque é proporcional ao raio do Universo, mas os cálculos (…) mostram que a degradação da energia pela expansão do universo não é suficiente para resolver o paradoxo.
- O Universo não existiu por todo o sempre.
Esta é a solução reconhecida actualmente para o paradoxo. Como o Universo tem uma idade finita e a luz tem uma velocidade finita, a luz das estrelas mais distantes ainda não teve tempo de chegar até nós. Portanto, o universo que avistamos é limitado no espaço, por ser finito no tempo. A escuridão da noite é uma prova de que o Universo teve um início.

Debruçada agora na minha varanda, vejo que a noite continua calada e escura, apesar dos focos de luz para a iluminação.
Há campos em frente e caminhos sem trânsito.



Depois da longa noite escura, surgirá um dia de sol. Porque é Verão e o tempo tem estado bom.