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sábado, 2 de julho de 2016

DE "ARION" POR "JÓIAS" DO ADRIÁTICO - 2.

É noite. O Arion afasta-se do cais de Korcula, deixa o promontório e 
atravessa o canal do mesmo nome (entre a Ilha de Korcula e península de Peljesac) para ancorar ao largo de Dubrovnik.
O desembarque, anunciado por megafone, é feito por baleeiras.
“Não se esqueçam de levar os passaportes convosco”, espalha-se também pelas ondas sonoras, orientadas em direcção a cada grupo que se vai organizando.
A transferência do cais até à cidade velha para visita guiada, é feita de autocarro. 

Canal de Korcula
Cidade antiga de Dubrovnik                            

E cá está Dubrovnik entre o mar e as montanhas, na costa ensolarada do Adriático. É uma cidade de ruas estreitas e antigas, com escadarias e ladeiras, de grande beleza arquitectónica e natural, onde não entram carros. Toda cercada por muralhas medievais com cerca de 2 km de comprimento, tem duas entradas (o Portão de Pile e o Portão de Ploče), um em cada extremo da rua principal, toda em calcário (Stradun).


Portão de Pile                                               Stradun - torre do relógio em baixo

Como Património Mundial da UNESCO, a cidade é compacta em séculos de História, estilos e influências  como a Fonte grande de Onofrio, responsável pelo sistema de abastecimento de água da cidade, a Coluna ou Pilar de Orlando frente à igreja de São Brás, o Palácio do Reitor reconstruído (agora é museu), o Mosteiro Franciscano (um dos principais monumentos da arquitectura de Dubrovnik), Palácio de Sponza ou o Tesouro da Catedral.

- Catedral de S. Bras
- Igreja de S. Savio, a primeira igreja da rua principal, construída no século XVIII, dedicada ao padroeiro e protector de Dubrovnik, quase esmagada pela muralha...

Fazer uma caminhada pela muralha "mais bem conservada do mundo" dizem ser fantástico, com pontos diferentes de toda a cidade cheia de telhados fotogénicos e dum mar com dezenas de barcos, ilhas, reentrâncias. 
Mas os autocarros de regresso ao navio atracado a 4 km, no Porto de Gruz, iriam partir para os que preferissem passar o resto do dia "vivendo a bordo" um aperitivo, o almoço, o chá da tarde, o jantar (come-se quase sem intervalos!) o salão de festas, a piscina ou ir à "Soiré de Folclore Dalmácia", um espectáculo de canções e danças tradicionais, no Teatro da cidade.


Um dos eventos mais famosos da Croácia, o Festival de Verão de Dubrovnik. Todos os anos, inclui eventos de teatro, ópera, música e dança em vários locais ao ar livre ao redor da cidade

O 6 º dia de cruzeiro está destinado ao  Montenegro, um país pequenino, montanhoso, rico em património medieval bem preservado, repleto de belezas naturais, parte da antiga Jugoslávia (independente da Sérvia desde 2006). 

O Fiorde de Kotor, Cetinje, antiga capital de Montenegro e Budva, “Riviera do Montenegrro”, são três tipos de programa organizados para os  que quiserem fazer opções.
Em Cetinje, além da visita ao Palácio Real de Niegos e ao Mosteiro de estilo Bizantino, havia oferta de produtos nacionais "presunto e queijo". Em Budva, antiga colónia grega construída no sopé do monte e cercada de muralhas, depois da visita do museu, todo o tempo seria livre para lazer (praia, etc.).


                                       Cetinje (Muitas capelas um pouco por todo o lado)  e Budva
     
Todavia, preferi conhecer o Fiorde de Kotor (também chamado "boca de Kotor", o fiorde mais meridional da Europa (na verdade, é um canyon submerso do antigo rio Bokelj que corria desde os planaltos do Monte Orjen), a bordo de um pequeno barco em direcção à bonita aldeia de Perast, outrora famosa pela sua academia naval.

                                                Forte Lovrijenac

E navegando já dentro do Canal da baía de Kotor, no deck exterior situado à proa do navio, vê-se Dubrovnik ficar para trás. A paisagem é belíssima, cheia de fiordes, únicos no Mediterrâneo (uma versão da Noruega no Adriático), de água verde escura, profunda e transparente, com pequenas cidades medievais por todos os lados!


Arion fica atracado junto à Cidade Velha, cercada de muros que fazem parte do Forte Sveti Ivan cujo topo, a 260 m, leva cerca de 1 hora a atingir.

E a bordo do pequeno barco - na marina de Kotor, existem diversos barcos e lanchas que levam turistas para roteiros rápidos - o subgrupo foi explorando um dos mais belos tesouros naturais, a Baía de Kotor (Boka Kotorska),rodeada de montanhas com quase 1.000 metros de altura e de numerosas pequenas aldeias, em direcção à cidade de Perast.  
Pelo ”caminho” surgem duas minúsculas ilhas que parecem flutuar nas águas da baía – a de São Jorge (Sveti Dorde), natural, cercado por ciprestes, onde se encontra um mosteiro beneditino construído no século XII muralhado por soldados do Império Austro Húngara, assim como um velho cemitério dos nobres da região e a de Nossa Senhora da Rocha (Gospa od Skrpjela), artificial, feita por pescadores para abrigar uma imagem de Nossa Senhora da Rocha, ali encontrada em 1452.

  
 Ilhéu de Nossa Senhora da Rocha

Ilhéu de São Jorge
A igreja de São Jorge era um mosteiro de monges beneditinos, que viviam enclausurados. E até hoje é proibido conhecer a fortaleza por dentro.

Vista do ilhéu de São Jorge através do ilhéu Nossa Senhora da Rocha
Interior da Igreja que demorou 200 anos para ficar pronta. Está sempre aberta. É pequena, simples, bonita.

Perast parece um pedaço de Veneza, um lugar calmo e tranquilo, onde os poucos habitantes convivem com mais de 300 casas e palácios que se aglomeram na costa e encostas da colina, 217 edifícios classificados no século 18 como sendo importantes arquitectonicamente, 117 como estruturas comuns e 14 igrejas conotadas com o patrocínio de famílias nobres.Os romanos construíram palácios com o melhor mármore grego que decoraram com esculturas magníficas e mosaicos. A cidade adquiriu o actual plano urbanístico durante os anos prósperos dos  séculos XVII e XVIII. E com a construção de uma estrada costeira e várias incursões em torres antigas e palácios,  Perast apresenta-se como um dos mais belos exemplos da arquitectura barroca na costa do Adriático.

Perast


Após a fruição do deslumbrante panorama, o barco regressa a Kotor para uma visita guiada à Catedral de St.Tryphon.

A Catedral Sveti Trifón ou Catedral de St. Tryphon, dedicada ao santo protector da cidade com o mesmo nome, construída em 1166 sobre uma igreja romana do século IX é o principal ponto turístico da cidade e uma das igrejas mais antigas da Europa. Foi reconstruída depois de vários terremotos.  Obra-prima da arquitectura românica possui uma rica colecção de obras de mestres locais da época dos séculos XIV-XVIII e relíquias de ouro e prata. Destacam-se mobiliário e obras de arte, esculturas góticas em pedra, Pietá de origem nórdica, altares de mármore feitos no século 18 em Veneza e um retábulo de prata, baixo relevo e dourado.

  
  Catedral de S.Tripun

Kotor, cidade de comerciantes e marinheiros famosos, tem muitas histórias para contar. A Cidade Velha de Kotor é uma urbanização bem preservada típica da Idade Média, habitada desde os tempos de Roma antiga, quando fazia parte da província da Dalmácia. A arquitectura medieval e os numerosos monumentos do património cultural levaram a UNESCO a considerá-la "Património Natural e Histórico da Humanidade ".


Muralha e fosso
 
Portão Marítimo, principal entrada para o centro histórico da cidade. Sobre ele está escrito “O que pertence aos outros nós não queremos, não, daquilo que é nosso nunca abriremos mão”.

É guardada pela imponente muralha construída pela República de Veneza.Tem três portas (Portão do Rio ou Porta Norte, Portão Oeste ou Portão do Mar - a principal porta da cidade - e Porta Gurdić ou portão sul) e é rodeada por um fosso de água.
A porta principal dá acesso à Praça das Armas, a mais bonita entre várias. Abriga importantes monumentos culturais e está rodeada por edifícios medievais ocupados por cafés, bares, lojas de grife e restaurantes.

Praça de armas -  Em cima: À esquerda , a Torre do Relógio; à direita, a Igreja de São Lucas que agora é ortodoxa mas que já foi católica, motivo porque possui dois altares – um católico e outro ortodoxo. Em baixo: à esquerda, um pormenor e à direita, a Igreja de São Nicolau


Toda a cidade é cruzada por edifícios com ruas estreitas e praças, com calçada. Ruelas, praças, becos, antiquários, restaurantes,edifícios históricos, bares de vinhos e lojas, palácios românicos e góticos, igrejas, muita influência veneziana, são as características de Kotor.
A principal Igreja é a Catedral de St. Tryphon (descrita em cima) santo protector da cidade. Em frente fica a Torre do Relógio, ligeiramente inclinada devido a sismos.A maior parte dos palácios está fechada e o Museu de História Marítima é o orgulho local.


Museu História Marítima e uma rua

Kotor é também um centro multicultural jugoslvo, montenegrino, veneziano, astrohúngaro, russo, francês, italiano, inglês e alemão, devido às diversas ocupações que sofreu.

E eu, perdida nos encantos dos labirintos medievais e deslumbrada com a rememoração da espectacular beleza da baía, permiti-me vaguear um pouco sem "norte" e o cruzeiro ainda não chegou ao fim.

Vamos ver se o Arion faz uma navegação mais acelerada na terceira e última etapa... 


quinta-feira, 16 de junho de 2016

RELACIONAMENTOS "DISFUNCIONAIS"


Muitas vezes me tenho interrogado sobre o porquê do disfuncional relacionamento entre irmãos/famílias,  ao longo de gerações.


A rivalidade entre irmãos é um facto. Desde Caim e Abel...
Haver irmãos que não se falam, procurando cumplicidade e intimidade noutras pessoas, não deixa de ser bizarro. Mas há!
Há quem considere os seus defeitos como parte da própria identidade esperando que os demais se adaptem a eles" e "Muitas desavenças são mantidas por comodidade”, foram constatações obtidas através dum inquérito feito por um professor da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).

Os membros familiares, em vez de desenvolverem um bom relacionamento emocional, de crescerem enquanto pessoas, apenas esperam passivamente que os outros atendam às suas expectativas. E o espaço familiar que poderia ser de confiança, afecto e felicidade, é, normalmente, um lugar de hostilidades, competições e violências. Nas relações familiares existem, com frequência, dois sentimentos desagregadores: o ciúme e a inveja. A preferência descarada por alguns coloca nos outros a sensação de excluídos levando-os a defender-se através da violência verbal, por exemplo. A comparação entre os irmãos, entre a família do pai e da mãe, entre os genros e noras, entre todos, pode gerar uma competição excessiva. Rede de conteúdo do grupo Diários Associados"
A minha família é bem grande,tenho irmãos espalhados por todos os lados,tenho um em Pato Branco,outro em Belém,outro em Dioníso Cerqueira,quase divisa com Argentina,uma irmã em Campo Largo,outra em Morretes,uma em Curitiba,e três aqui em Paranaguá. Mas de que adianta ter tantos irmãos, se são todos desunidos?Provavelmente nem farão esforço nenhum para comparecer no velório um do outro.É duro mais é verdade.Dos irmãos que sobraram aqui na minha cidade,só uma vale a pena,só ela é minha amiga,o resto não faz nem diferença,pois fui "julgada e condenada" pelos outros dois. Depoimento em "Momentos"
Amigo, um dia eu propus ao meu pai fazer um testamento, para evitar a guerra por herança. Sabe o que aconteceu? Iniciei uma guerra e eu sou o vilão. Devia ter ficado calado e deixado para o advogado resolver. Ninguém merece. Nascemos e crescemos em relação".Comentário num blog

Continuando a navegar na Net, leva-nos a deduzir que os conflitos podem ter origem num sistema familiar já disfuncional.

Os membros de uma família disfuncional têm características e comportamentos comuns que são o resultado das suas experiências dentro das respectivas estruturas familiares, ao longo dos tempos. Essas características tendem a reforçar o tal comportamento, tanto através da permissividade como da perpetuação delas.

unidade familiar pode ser afectada por uma variedade de factores como extremos em conflito, discussão permanentemente agressiva ou falta de discussão pacífica entre os membros da família, trato desigual ou injusto na aplicação de normas devido à ordem de nascimento, sexo, idade, papel de desempenho, habilidades, raça, posição económica etc., falta de tempo compartilhado especialmente em actividades recreativas e eventos sociais ("Nós nunca fazemos nada como uma família"), níveis anormalmente altos de ciúme ou de outros comportamentos controladores, falta de contacto das crianças com a família de um dos seus progenitores (devido a desarmonia, desacordo, preconceitos, inimizade ), grande desentendimento (além da mera discrepância) no que diz respeito a religião e/ou ideias políticas.

Os Pais que são omissos ou ausentes, tiranos ou opressores, muito exigentes ou nada exigentes; os que nutrem fortes expectativas sobre os filhos ou os que se interessam pouco; os que se separam para não brigarem mais ou os que não se separam mas brigam; os que só pensam em dinheiro e os que não ensinam a valorizar o dinheiro; os muito camaradas e os que não entendem (ou não querem entender) os filhos; os que interferem muito e querem saber de tudo; os que proíbem muito ou permitem tudo; os que nunca estão satisfeitos ou os que acham que está sempre tudo óptimo, causam sofrimento emocional.

Muitos dos adultos que foram criados em famílias disfuncionais
apresentam traços da personalidade diferenciados: Sentem-se diferentes de outras pessoas e alguns acham que, por alguma razão, são punidos pela vida ou por Deus (para quem acredita); são desconfiados; julgam-se a si mesmo e ignoram as suas próprias necessidades; sentem-se sempre muito culpados; buscam afirmação constantemente; têm dificuldade em sentir, identificar e expressar emoções; não gostam de criticas pessoais; tentam controlar circunstâncias e relações e reagem de forma extrema a mudanças sobre as quais não possuem nenhum controle; costumam sentir-se desesperados, presos e vitimizados; farão tudo para evitar dor e abandono; têm dificuldades para terminar projectos; podem ser impulsivos e ter tendência para uso de drogas

José Bleger                                 Eduardo Kalina

Autores psicanalistas,  como José Bleger e Eduardo Kalina, que se dedicaram bastante à questão das dinâmicas familiares, consideram dois modelos básicos de desestruturação nas relações familiares do ponto de vista do desenvolvimento afectivo, inter-relacional e de organização psíquica: as “famílias cindidas” e as “famílias simbióticas”.
São” famílias cindidas”, aquelas em que os seus membros não conseguem relacionar-se afectivamente entre si; são frias e  encontram-se divididas, dispersas. A doença está na dificuldade de convívio.
São “famílias simbióticas”, aquelas em que os seus membros vivem num estado de fusão. Não há diferenciação entre os papéis familiares; são confusos, não atribuídos. As pessoas sentem dificuldade em não viver dependentes uns dos outros

Numa família disfuncional há,  pelo menos quatro papéis atribuídos a pessoas que dela fazem parte:
O herói,  geralmente líder e bom aluno, caracterizado pela sua super-responsabilidade de ajuda que, quando impulsionado para o sucesso, acaba por se sentir isolado e incapaz de expressar os seus verdadeiros sentimentos;  o bode expiatório, que “não faz nada certo” e  que, ao ser ignorado, se torna agressivo e vitimizado para chamar a atenção;  a criança perdida,  caracterizada pela timidez, solidão e isolamento dentro da sua própria companhia, com dificuldade em encontrar amigos e um parceiro;   a mascote,  que procura ser o centro das atenções com piadas e diversões e que, quando adulto, como não é levado a sério, pode desenvolver défice de aprendizagem e dependência de drogas.

São The Simpsons,  uma família disfuncional?

Homer, Bart, Marge, Lisa e Maggie

família Simpson,  no seu emblemático amarelo, criada por Matt Groening   chegou ao mainstream antes da televisão-choque. Homer já estrangulava Bart meses antes de Laura Palmer ser assassinada por um pai possuído em Twin Peaks. Lisa já tocava o seu saxofone no horário nobre, dois anos e meio antes de Bill Clinton, ainda candidato ao primeiro mandato como Presidente dos EUA, pegar no saxofone para ganhar votos no talk show de Arsenio Hall. A bebé não largou a chucha e mal aprendeu a falar.
Os Simpsons eram “um motim existencial sobre os terrores do lar, do trabalho e da escola”, “entretenimento para adultos,também fixe para os miúdos”

 USA Today em 1990, citado pelo site Vulture.

Após dois anos de popularidade inesperada,  no Tracey Ullman Show,  a família amarela autonomiza-se e ganha o seu próprio programa –  Homer passa a ser a personagem fulcral,  "com mais consequências para o facto de ele ser um idiota”
 Matt Groening 

Os  Simpsons, ao lado da mãe, o seu pilar moral (com um penteado de cabelo azul, esconde a sua inteligência para não condicionar o marido que é um glutão bêbado com responsabilidade e pedagogia zero) e  Bart, (do outro lado da barreira moral), o rebelde sem causa, eram extremamente controversos em alguns quadrantes e durante algum tempo tiveram uma reputação de ser um bocado grosseiros. Nasceram para ser comparados com outros e para simbolizar uma mudança numa década cheia de statements, no ano em que Reagan se despede, quando a selecção portuguesa de futebol vence o Mundial sub-20, um mês depois de cair o Muro de Berlim e no ano em que o Kosovo perde a autonomia e começa o fim da antiga Jugoslávia.  



Os Simpsons são uma família disfuncional da classe média norte americana capaz do melhor e do pior. Se Homer e Bart Simpson representam o total desvario de comportamentos sociais, já Marge e Lisa Simpson revelam mais equilíbrio e sanidade mental. Até porque Lisa Simpson, apesar da tenra idade, toca saxofone e gosta de ler!.
A série pende assumidamente para o centro esquerda, como já disseram vários dos seus responsáveis. Desde o vegetarianismo e budismo de Lisa à aceitação da homossexualidade da irmã por Marge.



Marge foi capa da Playboy, Bart capa da Rolling Stone (e de Nevermind dos Nirvana), a matemática e a ciência têm um papel regular na série e Homer até já foi considerado o pai ideal para 22% dos jovens britânicos.

domingo, 5 de junho de 2016

DE "ARION" POR "JÓIAS" DO ADRIÁTICO - 1



Mar Mediterrâneo, Mar do Norte, Mar Báltico, Mar Jónico, Mar Tirreno, Mar Egeu, outros pequenos nichos de mar e, já agora, Mar Adriático (de Átria, antiga cidade romana da região italiana de Veneto), localizado na região oriental da Europa entre a península Itálica e a região dos Balcãs, um golfo muito alongado fechado ao norte.
É um mar pouco profundo (1.324 metros no máximo, ao sul), de baixa salinidade e marés sem destaque. O litoral italiano, quase todo baixo e rectilíneo, obrigou a ampliação artificial de pequenos portos como o de Veneza.
Ao contrário, do lado da Croácia, a costa balcânica é alta e muito recortada, com profusão de golfos, baías e ilhas. Ilhas que ao norte surgem dispostas em sentido paralelo à praia, devido à presença de cadeias de montanhas submersas, não favorecendo a existência dos bons portos naturais como os que se encontram a sul, na Albânia.
Historicamente importante no comércio europeu na época romana, virou para uma economia turística regional na segunda metade do século XX.

E ainda bem, porque banha  lugares dos mais naturalmente bonitos que já vi.

Itinerário a bordo do pequeno cruzeiro Arion



Julho de 2008
Apresentadas as Boas-Vindas pelo comandante Carlos Pizarro, oficiais, staff e toda a tripulação, o Arion zarpa do porto de Koper, cidade renascentista eslovaca, com destino ao Porto de Pula, a maior cidade da Ístria, na Croácia.
(A. e F. estão mesmo com apetite...)

Descrever oito dias de belíssimos momentos em lugares idílicos, não é fácil. Assim, tudo o que disser não passará de uns salpicos dos imensos espaços verdes e floridos, das praias de águas cristalinas e sem areia, da grande e milenar herança patrimonial nem sempre bem conservada, das horas de espera para tomar um café, dos vinhos famosos, dos táxis que andam pela água, da sensação de plenitude/vazio, da natureza generosa, das inúmeras ilhas encantadas, do velho e do novo desvendado.

Templo de Augusto                   Anfiteatro Romano

E assim começa a nossa caravana...
Passeio a pé por Pula, a maior cidade de Ístria repleta de templos e edifícios adjacentes, igrejas / capelas católicas e anfiteatros da época do império romano e austríaco (a cidade velha)...


Motovun

... E por Motovun, situada no cimo de uma colina, no centro do vale rochoso, região de vinhos, muralhas em forma de círculo, ruas estreitas, seguido de prova de vinhos da região na pequena cidade de Groznjan.
Outros optam por Rovinj, numa ilha rochosa que, por ter estado sob o domínio de Veneza, adquiriu uma notável herança veneziana.

Groznjan                                                                                Rovinj













Zadar é o próximo destino. A cidade concentra as principais atracções turísticas no pequeno centro histórico, localizado numa península. Há uma ponte a fazer a ligação através de uma enorme porta de entrada na muralha da cidade medieval. As inúmeras vielas, pavimentadas com pedras semelhantes ao mármore, brilham de dia e de noite. O domínio venusiano de quatro séculos deixou também imensos vestígios.


O Arion chega a Zadar                           Órgão marítimo



O Órgão do Mar é feito com degraus cravados em rochas que têm no seu interior um sistema de tubulações que, quando empurradas pelos movimentos do mar, forçam o ar e criam notas musicais/sons aleatórios, dependendo do tamanho e da velocidade da onda.
Mas é o Parque Nacional Plitvitce, a 2 horas de autocarro de Zadar, que melhor cicatriza a lembrança
Plitvitce é um dos lugares mais surpreendentes de toda a Croácia. O grandioso parque consiste em 16 lagos nos mais diferentes e indescritíveis tons de azul e verde, interligados por fabulosas cascatas de todos os tamanhos, ao longo de um vale escarpado e verdejante, adornado por passadiços de madeira. Tudo parece tão perfeito que é como se as lagoas, harmoniosamente, ali tivessem sido colocadas.



Há sempre os que preferem ficar pelo barco com os livros, o chá da tarde, o aperitivo musical, a projecção de filmes, os snacks, os bares, as lojas duty free, o casino, o cocktail do dia, o salão de festas, os shows, as espreguiçadeiras no deck ou a piscina.

Trogir, pequena cidade de estilo veneziano, para uns e Split para outros como eu, são os lugares seguintes a descobrir, num passeio a pé.


Registo de um belíssimo pôr-do-Sol durante a navegação para Split

Split, segunda maior cidade da Croácia, é o equilíbrio perfeito entre tradição e modernidade. Tem as ruínas do Palácio de Diocleciano (Património Mundial da UNESCO, um dos mais impressionantes monumentos romanos do mundo) e dezenas de bares, restaurantes e lojas que prosperam na velha atmosfera, dando origem a um cenário único. 
Todavia, acho que a cidade fora do Palácio não justifica a fama.

Ruínas do Palácio Diocleciano

Esta estátua em bronze do Bispo de Nim fica nos jardins frente ao Portão de Ouro, a entrada principal do Palácio de Diocleciano (não sei a que propósito foi ali colocada mas é muito disputada para fotos, especialmente o pé, que dizem dar sorte a quem passar a mão no dedo.)

Com todos a bordo, novamente, Korcula é o rumo para a excursão opcional.


 O Arion aproxima-se de Korcula              E atraca 

Situada sobre um promontório, é uma cidade da Dalmácia medieval típica, protegida por uma muralha circular monumental e quatro torres defensivas que datam do século XV, pensada para proteger os habitantes dos ventos fortes que assolam a península onde está instalada.
O seu centro histórico apresenta-se, por isso, compacto de ruelas em espinha, estreitas e íngremes, que começam e acabam no mar, ladeadas de casas de pedra com telhados coloridos e praças bucólicas. Igrejas, lojas e restaurantes com esplanadas, dão um ar convidativo. Do ponto de vista arquitectónico, a cidade é muitas vezes referida como a “pequena Dubrovnik”.
Os habitantes gostam de afirmar que Marco Polo, o comerciante veneziano famoso pelas suas viagens e livros (embora pouco sustentados em documentação credível), era dali natural e a casa onde se diz ter nascido está transformada num local de peregrinação turística. Jogando na dúvida, o marketing funciona (desde o hotel Marco Polo, à marca de vinho e muitos souvenirs, até a um festival de música com o mesmo nome).
Tem a Catedral de S. Marcos que levou cerca de 150 anos a completar e guarda pinturas de Tintoretto, a Igreja de San Pedro de arquitectura gótica com cobertura renascentista, a também Igreja gótica de Todos os Santos com numerosas relíquias de grande interesse arqueológico e um anexo, o Palácio da Irmandade de Todos os Santos do século XV que abriga o Museu de Ícones e muitos, muitos mais palácios, igrejas e museus.


Torreão da cidade                  Casa de Marco Polo
Museu Municipal                          Igreja de são Marcos
          
O cruzeiro continua num dos próximos postes...
Até Dubrovnik!