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sexta-feira, 26 de agosto de 2016

TERRAMOTOS

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“Sepultar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos”, terá dito o General Pedro D’Almeida, Marquês de Alorna, quando, após o terremoto de 1755, o rei Dom José lhe perguntou: "E agora?".
A resposta simples, espontânea e objectiva - esquecer o passado, cuidar do presente e não deixar que novos terremotos surjam sem prevenção - deu origem à Baixa Pombalina de hoje, uma das zonas mais nobres da cidade.
Pragmático, o Marquês do Pombal, Ministro da Guerra e futuro Primeiro-ministro de Portugal, ordenou ao exército a imediata reconstrução de Lisboa. Foram contratados arquitectos e engenheiros e, em menos de um ano, os trabalhos iam adiantados. O Rei queria uma nova cidade ordenada, com grandes praças e avenidas largas (“um dia hão-de achá-las estreitas"...) e rectilíneas. Foram construídos os primeiros edifícios mundiais com protecção anti-sísmica, testada em modelos de madeira e com tropas a marchar para simular as vibrações.


Localização potencial do epicentro do terremoto de 1755 e tempos de chegada do tsunami, em horas, após o sismo. NOAA's National Geophysical Data Center (NGDC) 


Ruínas de Lisboa, após o terramoto. Os sobreviventes viveram em tendas nos arredores da cidade, como ilustra esta gravura alemã de 1755.

Enterrar os mortos (enterrar o passado) e cuidar dos vivos (tratar do presente), foi a grande opção para solucionar as consequências desta gigantesca catástrofe originária de um foco subterrâneo (a que se juntou agitação sísmica no mar - maremoto)!

Há também os terremotos que vêm de dentro/psique", igualmente demolidores que destroem toda a capacidade de raciocínio simples, claro e objectivo, sobretudo se já é demasiado tarde quando se dá por isso.
E a resposta singela do Marquês de Alorna não soluciona este tipo de "sismo", nem o pragmatismo de Pombal substituído pela psicanálise porque, segundo o próprio Freud: 
- "A psicanálise até pode resolver os problemas da miséria neurótica (permite o estudo consciente da inconsciência da pessoa), mas nada pode fazer contra as misérias da vida tal como ela é". 



- Importar-se-ia de dizer ao seu subconsciente que se tranquilize?
- É o meu subconsciente. Lembra-se? Não posso controlá-lo.

– Nolan, Inception –
Ainda, segundo Freud, não sendo a psicanálise uma construção intelectual que visa solucionar todos os problemas de nossa conturbada existência, com base numa hipótese filosófica ou supostamente científica universal, é praticamente impossível conceber um ser humano plenamente feliz . 
A complexa mente humana dividida em três partes - o "ego", parte consciente do sujeito, aquilo que somos de forma controlada e limitada; o “id”, inconsciente regido pelo princípio do prazer e o “superego” das normas morais que vamos interiorizando desde crianças entre a culpa e a moral - não o permite.




Fazer uso de mecanismos de defesa é saudável, do ponto de vista psicanalítico.
O desequilíbrio provoca neuroses ou psicoses. 

Consciência é a parte da psique que se dissolve em álcool. H.D. Lasswell

Eventualmente podem ser experimentados alguns momentos de felicidade:
"Esse homem encontrou a felicidade ao descobrir o tesouro de Príamo, o que prova que a realização de um desejo infantil é o único capaz de proporcionar a felicidade"- Freud 


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quarta-feira, 17 de agosto de 2016

"QUEM DESDENHA QUER COMPRAR"

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A raposa e as uvas é uma das fábulas mais conhecidas atribuídas a Esopo, reescrita também por Jean de La Fontaine.
Essencialmente, é a história de uma raposa que, debilitada pela fome, descobre um vinhedo alto com lindos cachos maduros pendentes e tenta, com esforço, comer um. Já cansada, mas sem sucesso porque fora do alcance, resolve desistir e afasta-se desapontada dizendo:
- Afinal, as uvas estão verdes, não me servem..


Significa que as pessoas, diante de uma frustração (real ou imaginária) preferem ignorá-la fingindo que não veem ou que não querem ver. É uma reacção de defesa inconsciente, penso! E passam a desdenhar, a caluniar e a denegrir a imagem do ser alvo ou a fingir desprezo quando o objectivo não é atingido.

A sabedoria prática contida na fábula não envelhece porque é fundamentada na natureza humana.
Se, de facto, existe uma natureza humana...  



"A maior parte das vezes refere-se a uma característica original, inata, de todos os homens ou de um homem particular, ou de certos homens em particular. Essa natureza original, inata, nunca directamente observada, já foi concebida de várias maneiras: como composta de disposições discerníveis para um comportamento específico (reflexo e instinto); como capacidades ou faculdades da mente; como algo extremamente ou até infinitamente plástico, ou vazio e sem forma.  Já chegaram a identificar as “naturezas humanas” - agora no plural - com as manifestações únicas particulares da humanidade em grupos locais; cada grupo tradicional, ou cultura, teria sua própria natureza humana e, nessa perspectiva, nada pode ser declarado como a verdadeira natureza de todas as pessoas". Blog wordpress.com


                                                                               Essenciasparaavida-blog


É relevante a facilidade com que catalogamos, a cada momento, a existência de defeitos alheios, bem explícito nesta imagem atribuída a Albert Einstein:
“Para mim os homens caminham pela face da Terra em fila indiana, carregando uma sacola à frente e outra atrás. Na sacola da frente estão colocadas as qualidades/virtudes e na sacola de trás, todos os defeitos/vícios. E assim, durante a jornada pela vida, mantemos os olhos simultaneamente fixos nas nossas virtudes presas ao peito e nos defeitos às costas do companheiro da frente, julgando-nos melhores do que ele sem percebermos que a pessoa que vem atrás de nós também  está pensando a mesma coisa a nosso respeito.”

A imagem é expressiva. Talvez seja importante sair da fila indiana e passar a andar ao lado do outro assim como olhar de frente .

Há quem pense que nunca é culpado, acusado, responsabilizado, transferindo para outrem a causa das carências, inseguranças, desconfortos ou mágoas.
E, invariavelmente, a culpa recai na educação dada ou não dada pelos pais, na infância infeliz, no pai autoritário/ mãe tolerante, nas excessivas facilidades/ condições difíceis, nos costumes estabelecidos, na conjuntura das circunstâncias...
É mais cómodo colocar a solução no outro ou num milagre em vez de ser parte actuante na resolução de problemas. Dessa forma criam mecanismos de defesa como a negação e a projecção.O problema projectado no outro, mora dentro de cada um.

Só que algumas dessas pessoas já não conseguem sair deste ciclo vicioso, tão fortemente instalado no inconsciente individual e colectivo.
Assumir 100% de responsabilidade não significa, de todo, vitimizar-se ou culpar sempre os outros pelos erros/insucessos do dia-a-dia, mas sim conhecer-se e transformar-se. Arriscar e sair da zona de conforto!

Esta é a minha reflexão possível para tentar compreender alguns comportamentos de "superioridade" e de falta de responsabilização por defeitos próprios atribuídos, sempre, aos "estrangeiros" que passam a fazer parte da sua primitiva, imaculada e presumida família.



E posso concluir que, num determinado caso concreto, sem grande margem para "erro", todas as atitudes têm a ver com mecanismos longínquos de defesa e com a velha fábula de Esopo - Quem desdenha quer comprar.

  
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sábado, 13 de agosto de 2016

"REANIMAÇÃO"


Em 25.04.2014 ironizava eu aqui num poste com o titulo "ANTES DA PRIVATIZAÇÃO DO AR" perante as noticias, na altura, sobre "a privatização da água" julgando que, apesar de tudo, o imaginário continuasse a dominar o real por muito mais tempo.
Pois a ficção parece ter deixado de o ser como poderá ver-se no site:
Em 1686, o Parlamento inglês votou a "window tax" ("taxa das janelas"), imposto que vigorou no Reino Unido entre 1696 e 1851 e era constituído por duas parcelas - uma fixa e outra variável (esta última em função do número de janelas existentes no edifício).
Visto pela população como uma espécie de imposto sobre a luz e sobre o ar, muitos proprietários fecharam as janelas com tijolos para escapar da cobrança. Hoje, ainda ali existem edifícios classificados como "de especial interesse histórico" com as janelas tapadas.  
Em França, de 1798-1926, vigorou também um imposto semelhante sobre o número de lareiras.

O efeito é normalmente ilustrado por fotos de prédios com janelas desactivadas (em Edimburgo, todas as casas com pelo menos 7 janelas tinham que pagar imposto).
Curiosamente, Edimburgo é considerada a cidade mais assombrada da Europa com diversos tours sobre o tema, é berço do criador de Sherlock Holmes, Sir Arthur Conan Doyle e morada da famosa escritora J K Rowling, autora dos livros de Harry Potter.





Charles Dickens escreveu, a propósito, que a expressão "livre como o ar" se tinha tornado obsoleta porque desde a imposição da taxa "nem o ar nem a luz são grátis".








Para maior “justiça fiscal”, disse o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais Fernando Rocha Andrade: 
- Vamos ter a nossa versão de “imposto sobre as janelas”.

O Governo resolveu alterar a fórmula de cálculo do Imposto Municipal de Imóveis (IMI) - tributar mais as casas com boa orientação solar (viradas para Sul) e aliviar aquelas que estão viradas a Norte- assim como agravar os impostos sobre as habitações com uma boa vista ou terraços.



Vamos então preparar-nos resignadamente para a "reanimação" do imposto sobre janelas... ou barricar-nos atrás do cimento/tijolos que as eliminará.


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domingo, 31 de julho de 2016

ANCORADOIRO


Tarde de Julho.
No Ginásio do meu bairro, quase vazio, sobra espaço para treinar.
Que tempo quente! Instintivamente consulto a meteorologia no telemóvel.
Pois, a sombra das árvores em rua ascendente não chega para “arrefecer” 34 graus...Mais uns passos, porque onde vai o ferro, vai a ferrugem! 
Inesperadamente, um vento leve começa a  brincar com os cabelos e inclina as ramagens na direcção do pequeno jardim ao lado onde alguns bancos vazios se dispõem para ancoradoiro.

Diria que as árvores parecem “ouvir”/ “falar”com o espaço...
E sento-me, submissa ao meio envolvente.

Cheira a erva recém-cortada; o jardineiro orienta a água como quer, atento aos salpicos sobre os passantes; o cão rafeiro insiste em namorar a Yorkshire, apesar das agressivas dentadas de defesa e os donos, olhos nos olhos primeiro, riem-se depois e trocam umas palavras; uma antiga vizinha reconhece-me e esboça de longe um sorriso largo.

Rafeiro                                              Yorkshire

Ainda não vi formigas...

Mas o chilreio dos pássaros sobrepõe-se sem pausas. São de Monsanto, aqui bem perto, que alberga uma diversidade considerável de aves.
Voam, saltitam, aproximam-se, debicam, cantam e passeiam cores ímpares entre as copas dos cedros, das acácias, dos pinheiros mansos, dos plátanos, do abrunheiro bravo e das madressilva, "companheiras cromáticas, de ciclo de vida" que "purificam o ar e trazem cor e bailado aos jardins e às ruas", (Bagão Félix). 
Distinguem-se alguns como o chapim azul, de cabeça azul escuro, asas azuis brilhantes e parte inferior amarelo limão; o chapim real, bem maior e robusto, com uma mancha preta na cabeça e um colar cervical a contrastar com as bochechas; os pardais, fáceis identificar e bem conhecidos por todos; os papa-moscas, grandes caçadores de insectos; o estorninho, preto brilhante, de cabeça parecida com a do melro mas mais barulhento;o pombo-torcaz com o pescoço de várias cores; a rola-turca, de meio-colar preto na parte superior do pescoço. 
E o pintassilgo, o chamariz, o gaio comum, o periquito, além de outros, andam de certeza também por aqui.


chapim azul                                        chapim real
papa-moscas cinzento                                  casal de pardais
pombo torcaz                                          estorninho preto
rola turca                                                 pintassilgo português

Será que estou a ouvir grilos?

Quando tinha oito-dez anos, no tempo de férias, eu e as irmãs passávamos tardes inteiras estiradas na relva fresca dos lameiros com os olhos nos animais que pastavam e o ouvido junto aos orifícios onde os grilos se escondiam a “cantar” (o grilo do campo cava uma toca subterrânea para hibernar).
E havia umas pequeninas gaiolas de madeira com tiras coloridas e estreitas onde eram colocados para cantar e não fugirem.Mas acho que acabavam todos por morrer porque, além da alimentação vegetal e água, mais nenhum outro cuidado lhes era prestado (limpeza do receptáculo, etc.) por falta de conhecimentos.
Na realidade, os grilos não cantam; esfregam o primeiro par de asas quitinosas, ou seja, a fita fina e dentada da asa direita contra uma aresta da asa esquerda. O som varia, em ritmo e frequência, de um grilo (só machos) para o outro. Cantam com as asas...
O grilo do campo é um insecto geralmente de cor preta e brilhante. Tem antenas longas, costas lisas e duras sobre as asas, desloca-se aos saltos ou em corridas curtas e alimenta-se durante a noite. Os ouvidos estão situados sob um dos pares de pernas e a fêmea é atraída pelo som estridente do macho.


Pronto, acabou-se o devaneio.
Ele, de tranças, franja e bigodinho, fuma, fuma...
Ela, segurando um cão pela trela que ladra, ladra, e também fuma, fuma...
Fica o som do grilo abafado pelos guinchos do cachorro e os vocábulos dum qualquer dicionário de calão. 


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terça-feira, 19 de julho de 2016

DE "ARION" POR "JÓIAS" DO ADRIÁTICO - 3



Montenegro (talvez a terceira nação mais jovem do mundo...), para mim um país desconhecido como destino turístico, revelou-se um deslumbrante roteiro de viagem com os parques naturais, as vilas protegidas pela UNESCO, os mosteiros ortodoxos, as praias de água tépida e areia grossa, a riviera do Adriático, a belíssima povoação piscatória em Boka Kotorska, que se retem na memória sem qualquer esforço. 
Praia privativa                                   Praia comum de areia grossa

Todos a bordo!


O 6º dia de cruzeiro está a findar. São 20,30 horas e o Arion, sulcando de novo as águas do Adriático, parte durante a noite com destino a Ploče.

O Porto marítimo de Ploče, perto da foz do rio Neretva é, desde 2010, o segundo maior porto de carga na Croácia. Representa uma extensão marítima de rotas ferroviárias e rodoviárias modernas ligadas a autoestradas que fazem parte da rota Europeia (Zagreb, Budapeste e Viena), à Bósnia /Herzegovina e outras.Todos os cais do porto estão ligados por trilhas a uma linha caminho de ferro para Mostar, Sarajevo, Osijek e Budapeste.

Porto de Ploče

 E Mostar,capital do cantão de Herzegovina-Neretva, é onde o autocarro de transfere nos leva, com passaporte na mão para atravessar a fronteira, acompanhados por uma pessoa do staff do Rivage Du Monde do Arion primeiro, e por um guia local na cidade,depois.
No trajecto do percurso foi referenciada a vila de Medugorje um grande centro de peregrinação católica da Europa devido às supostas aparições da Virgem a seis crianças (1981?) numa montanha dos arredores,ainda que nunca tenham sido reconhecidas pelo Vaticano.


 Igreja de Santiago
Quando o autocarro se aproxima da fronteira entre os dois países, o condutor, com todos os passaportes recolhidos, desaparece durante alguns minutos
(uma fila de carros aguarda a vez para que os guardas verifiquem os documentos e façam a vistoria detalhada a alguns carros).
Cerca de 30 minutos depois, com boas estradas e bem sinalizadas, a grande atracção do dia, lá estava.
Porem, as primeiras imagens são chocantes... 
Um pouco por todo o lado há ainda edifícios destruídos, em ruínas ou com marcas de balas bem visíveis.


Mostar foi a cidade mais bombardeada de toda a Bósnia devido à importância estratégica da via férrea Sarajevo - Mostar - Ploce que liga a capital ao mar, durante o qual se perderam muitos edifícios históricos e religiosos em duas guerras distintas – a de 1992 e 1993 que uniu croatas e bósnios partidários da independência recém-declarada contra o exército sérvio contrário à segregação, e a do pós expulsão dos sérvios, quando os croatas se voltaram contra os bósnios, dividindo a cidade ao meio (croatas na parte ocidental e muçulmanos no lado oriental) - os croatas com o intuito de manter uma república bósnia própria, para mais tarde se poderem unir à Croácia, destruíram a zona muçulmana bósnia, incluindo a Ponte Velha do século XVI, a única que tinha resistido incólume ao cerco sérvio.

 Foto da ponte original, década de 1970 - Wikipédia
 Sobre o rio Neretva, uma belíssima construção curvada cuja estrutura em pedra foi erguida em 1566

DESTRUCTION OF THE OLD BRIDGE IN MOSTAR .wmv

Após a destruição, foi assinado o acordo de Dayton em 1995 que pôs fim às hostilidades e permitiu que a cidade fosse sendo reconstruída nos anos seguintes.

Ponte velha ("Stari Most"), reconstruída. Elegante e simples.

A demolição da Ponte foi símbolo de guerra por um lado e a sua reconstrução (praticamente idêntica à original) concluída no início de 2004, um sinal de esperança para a paz, por outro. 
Em 2005, a UNESCO declarou a ponte e a antiga cidade de Mostar , Património Mundial.
Mas as feridas parecem continuar abertas porque as diferentes etnias levam vidas paralelas - dois hospitais, escolas diferentes, redes telefónicas separadas, duas estações de autocarros, marcas da guerra por toda a parte (casas ainda em ruínas, elevadíssimo número de sepulturas nos cemitérios feitos em parques, praças e campos de futebol), divisão da cidade entre croatas e bósnios...


A antiga Mostar, com os minaretes das mesquitas desenhados no céu, já teve muralhas que a cercavam durante a idade média com portões de entrada para a cidade.  
    
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Um dos poucos portões que sobraram
By MoserB - (Original text: 'selbst fotografiert = Own work (photo)), Public Domain, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=12539216 - Wikipédia


E a Ponte Velha (Stari Most) sobre o rio Neretva, seria a principal atracção, da programada visita turística pela Cidade Antiga limitada, na realidade, a uma rua que passa por ela.
Para a transpor, é necessário algum cuidado devido ao seu formato convexo que a torna íngreme. Para apoiar os pés, em vez de degraus, existem barras transversais ao longo da calçada de mármore claro. A paisagem linda presta-se a belas fotos dos dois lados da cidade, das águas verdes do rio e das mesquitas. 
Quem tiver disponibilidade pode assistir à abordagem dos turistas por jovens saltadores que, a  troco de umas moedas, atiram-se da ponte a 22 metros para as águas gélidas do rio - tradição muito antiga desde (?).
Apesar das cores da pedra denunciarem a reconstrução recente, continuam a chamar-lhe orgulhosamente a “ponte velha”. Junto dela existe uma pedra com dois morteiros cravados e a inscrição a negro, apelando aos visitantes: “Don’t forget ’93“.

 Ponte e périplo balcânico 

Ultrapassando a ponte, a rua tem sucessivas lojas e tendas com todo o tipo de artigos típicos e artesanato.
Um video fará melhor a descrição.




Outros lugares visitados

Interior da Old Town, donde se podem registar belíssimas fotos

 Uma típica casa otomana antiga em estilo Turco dos habitantes de Mostar,
 aberta ao público.

Os tapetes cobrem todo o chão, cadeiras, sofás e outros móveis.Há mais compartimentos da casa, a cozinha e um pequeno museu no anexo, além de fotos e lembranças na saída. 





Houve quem preferisse passar a manhã na praia de Gradac, a 10 km de Ploce. A meio caminho entre Split e Dubrovnik, é uma das áreas mais turísticas conhecida como "Makarska Riviera" (Pebble Beach), muito comprida e de água tão limpa e transparente que se podem ver as mil cores das pedras do fundo do mar.


Com esta significativa "decoração" da porta de casa...Até sempre, Mostar!


Koper espera por nós;o Arion vai partir.

E como é a última noite a bordo,  jantar de Gala de despedida servido no Restaurante, digestivo musical e show no Salão de Festas, dança e snacks distribuídos pelos pelos salões do navio.
Apesar do ambiente de "Festa", sente-se o vazio da despedida - separação de lugares e rostos com que foram estabelecidos laços talvez efémeros, mais ou menos fortes, mas laços.

"Pedimos gentilmente aos nossos Passageiros que se dirijam, antes do jantar à Recepção onde vos serão entregues tiquets de várias cores para colocarem nas bagagens a fim de estarem devidamente identificadas de acordo com o vosso destino"

Logo pela manhã, transfere de autocarro para o porto de Piran, considerado a jóia da Riviera Eslovena, também conhecido por ser o local de nascimento do famoso compositor italiano Giuseppe Tartini. A cidade foi renovada quase no seu todo e manteve o estilo italiano, proveniente do domínio pelo império Venetian do final do século XIII até ao fim do século XVIII e depois pela Itália, de 1918 até 1947.


Marina de Piran

Piran é provavelmente a mais bela das cidades costeiras da Eslovénia, no alto de um pequeno pedaço de terra que se projecta para o mar.
Dado que não havia programas pré estabelecidos (não me recordo de nenhum...) penso que o tempo ficou livre para opções individuais.



Regresso em transporte privativo ao ponto de partida - Veneza - para uma noite antes de embarcar no avião para Lisboa.
Como se pode verificar, há enormes semelhanças entre os dois lugares...

Vasco Calixtto e sua mulher, Dona Maria Luisa (fazendo o trasfere no porto de Piran e entrando no Hotel do alojamento em Veneza, nas fotos acima), são dois companheiros de viagem que, pelas suas características, não podem deixar de ser destacados. 


Vasco (Amadora, 12 de Janeiro de 1925), contador de histórias (jornalista, escritor, viajante), simpático e jovial,sempre activo e bom conversador, espírito 
de aventura, homem sem fronteiras, um  verdadeiro humanista é, na sua aparente simplicidade,“pacatez de hábitos e costumes, cativante graciosidade e discreta classe, um grande senhor - um bom condutor do passado ao presente", como dizem alguns dos autores de textos introdutórios aos seus cerca de 50 livros publicados. É colaborador da imprensa portuguesa desde a década de 1940. . 
Em 1964 realizou a primeira grande viagem pelas estradas da Europa guiando o primeiro automóvel de matricula portuguesa montado em Portugal,(o 0pel Kadett cl-74-03) ao ponto mais setentrional do continente europeu (13.512 km em 44 dias).

Em 1964 o nosso sócio Vasco Callixto fez a ligação Lisboa-Cabo Norte, por estrada. Uma aventura que partilhou com a sua família e que foi relatada no livro “Viagem às Terras do Sol da Meia-Noite”. O autor reeditou a obra para celebrar a efeméride, cuja apresentação decorreu na sede do ACP, em Lisboa. “Ao longo da leitura deste livro percebemos o quanto esta família viveu uma epopeia de 44 dias até chegar ao ponto mais setentrional da Europa, o Cabo Norte” 
Miguel Horta e Costa, vice-presidente do clube, que fez a apresentação do livro, juntamente com Gonçalo Cadilhe, escritor de viagens.

Todas as viagens foram feitas sempre na companhia um do outro (casal). E muitas vezes,também na dos dois filhos, segundo afirmação do próprio.

Vasco (91 anos) e Maria Luísa (93 anos) inseparáveis,simpáticos e joviais

"Memórias de uma vida" a comemorar os 85 anos de idade (2009), foi o livro publicado para cujo lançamento teve a amabilidade de me convidar.

Prá Ana, a fomentadora do relato deste cruzeiro, um abraço.