- Significa "fronteira" ou
"confim", um nome adequado, já que faz fronteira com seis
países: Rússia, Bielorrússia, Polónia, Eslováquia, Hungria, Roménia e Moldávia; - É o centro geográfico da Europa (“mãe da Europa" como lhe chamam).
- A seguir à Rússia é o segundo
maior país da Europa, com um território que excede os 600 mil quilómetros
quadrados (mais ou menos a soma da área da Península Ibérica);
- Com
46 milhões de habitantes, é o sexto país mais populoso da Europa. À frente tem
a Rússia, a Alemanha, o Reino Unido, a França e a Itália;
- Recebeu, juntamente com a Polónia, o
Euro 2012;
- Foi uma República Soviética até
1991, ano em que conquistou a independência;
- É um país muito plano, conhecido
pelas suas terras férteis, sendo a agricultura uma das principais actividades do
país;
- Tem o segundo maior exército da
Europa, logo a seguir à Rússia;
- Depende fortemente do gás natural que
lhe é fornecido pela Rússia com um desconto considerável;
- Em 1986, viveu um dos seus
piores momentos com o acidente nuclear em Chernobyl,o único que
atingiu o nível 7 na Escala Internacional de Eventos Nucleares, o
maior acidente provocado pelo homem em toda a História.
- A reciclagem de lixo doméstico tóxico
ainda está em processos iniciais no país.
- Importa 70% do gás da vizinha
Rússia. Segundo a BBC, há quatro membros da União Europeia que consomem gás
russo em exclusivo e, para doze membros, o gás russo constitui mais de metade
do gás que consomem. - Possui cerca de 5% das fontes minerais
do mundo.
- Está na lista de povos mais educados e eruditos do mundo. O número de cidadãos com
educação superior per capita é maior do que a média europeia. O número de pessoas
sem nível superior é muito pequeno. - Tem uma longa tradição de cafépreparado de geração em geração.
- É possível comprar medicamentos sem receita médica. - Necessita de visto para entrar na maioria dos países da Europa. - A aliança de casamento usa-se na mão direita. - Construiu o primeiro computador da Europa continental, em 1950.
- Tem a segunda estação de metro mais comprida do
mundo com cobertura, wifi gratuita e "licença" para cães, apesar das placas de proibição.
- Odessa é a sua Ibiza
As saunas são uma tradição que envolvem, além de altas temperaturas, uma pequena surra para activar a circulação e um mergulho na água
gelada.
A Ucrânia, claramente!
Um país surpresa, singular, insólito, de contrastes em política e riqueza, aonde nunca fui mas donde, quase diariamente, alguém ucraniano ou não,se tornou seguidor deste blogue e que me despertou a curiosidade para uma Ucrânia que desconhecia.
Vejamos: Produz
aeronaves e navios, camiões e autocarros, automóveis e locomotivas,computadores
e equipamentos electrónicos, instrumentos de precisão e máquinas agrícolas, rádio
e TV, química, têxteis e variadíssimos artigos de consumo. Rica em recursos naturais com 250 tipos de
minerais, explorados apenas em 8000 dos cerca de 20.000 locais existentes, tem
possibilidades de produzir óleo e gás sintéticos e combustíveis para motores. Ocupa o quarto lugar no mundo na produção
de gás metano donde, depois de transformado, se pode obter o diesel. Possui 20% da produção mundial do manganésio,
necessário para fazer aço, tanques e indústria química, além de milhões de
toneladas de carvão. É depositária de titânio - o metal
do futuro - e de vanádio, para endurecer o aço. Argila, sal de
potássio e sal gema abundam numa extensão de 300 km. Diz estar explorando o Mar Negro (nega
ser petróleo ou gás) com a ajuda da Rússia em (?).
Mais de 200 espécies de peixes, recursos
turísticos infindáveis (recebe mais de 12 milhões de turistas
estrangeiros por ano), "Aquífero" potencial de energia da água e um
dos centros básicos mundiais da produção de açúcar, são, também, outras enormes
riquezas da Ucrânia.
Uff! É de tirar o fôlego!
Pode dizer-se que existem na Ucrânia
duas influências culturais diferentes - a ocidental, marcada pelo
império polaco e a oriental, onde a maioria das pessoas fala o russo e mantém os laços da antiga metrópole.
Actualmente, a política do governo
ucraniano está orientada para promover e reavaliar o seu riquíssimo passado
artístico assim como a língua. A música ucraniana tem raízes em tradições
orais antigas que relatam os feitos heróicos e as cavalgadas fantásticas dos
cossacos. Nas áreas rurais ainda se matem totalmente vivo e o festival de
Kiev no final de Maio, é também uma enorme demonstração do folclore ucraniano.
Existe um sentimento de família muito
forte e a ajuda mútua é um princípio de vida. Hospitaleiros, estão sempre
prontos e curiosos em relação aos visitantes estrangeiros.
O ovo tem para os ucranianos um grande
significado. Simboliza a origem da vida. Depois de ornamentados e
pintados de várias cores, cada um se torna particular e são usados
como amuletos tanto pelos agricultores, para conseguirem boas colheitas como pelas
famílias para obterem protecção.
Como povo predominantemente ortodoxo, o Natal
comemora-se de acordo com o calendário juliano e não
gregoriano e com muitas representações bíblicas. Do jantar tradicional fazem parte
doze pratos tradicionais com destaque para o típico kutia, uma espécie de
guisado feito de trigo cozido, acompanhado com sementes de papoila e mel. A Ucrânia orgulha-se da sua herança
religiosa; nas igrejas, com estrutura de madeira coberta por abóbadas, lâmpadas
e cúpulas, há ícones magníficos, mosaicos, frescos coloridos e manuscritos
iluminados.
Sobre o que recolhi acerca das
especialidades da cozinha ucraniana, não me parece que venha a ser apreciadora. E
passo a citar algumas:
Borchtch (sopa feita com repolho
branco, beterraba vermelha e outros vegetais); pampouchky (bolo de farinha
cozida em água com alho picado e frito depois em bacon);tovtchenyky (peixe
cozido em curto e servido com cebola frita); kholodets (carne de
porco, aves ou pernas de vitela servida com gelatina);holodec (carne fria em gelatina),
preparado com alho, cebola, folha de louro, pimenta preta, etc., servido com a
raiz, mostarda e vinagre.
Pelo que acabo de descrever, diria que a Ucrânia é um lugar rico, fantástico, auto-suficiente, invejável, com um solo fértil, reservas de carvão e de minérios de titânio,etc.
Mas é, com certeza, porque tem tudo isso que a situação política, neste momento, está agitada. Confrontos entre o exército e os
separatistas pró-russos forçaram os turistas a renunciar
a viagens a determinadas destinos do país como a Crimeia. Desde o início dos confrontos já morreram mais cinco mil
pessoas. A destruição tornou-se uma realidade nas ruas daquele país.
No interior da Ucrânia, os cidadãos estão
divididos. Uns preferem uma aproximação à União Europeia e um afastamento da Rússia, devido a sentimentos de ódio relacionados com a ocupação
soviética e outros, muitos de origem russa, querem reforçar a aliança com
Moscovo.
Manifestantes anti governo
Tudo começou em Novembro de 2013. O governo
ucraniano, presidido por Viktor Yanukovytch, do Partido das Regiões
(pró-russo), suspendeu a assinatura de um acordo de associação e livre
comércio entre a Ucrânia e a União Europeia.
Grande parte dos ucranianos não gostou e
veio para a rua manifestar-se. Inicialmente eram, sobretudo jovens universitários mas,em pouco
tempo, juntaram-se outros sectores para
expressar "uma vontade de mudar a vida na
Ucrânia", alimentados por uma percepção de "corrupção generalizada
do governo, abuso de poder e violação dos direitos humanos". Wikipédia
As manifestações duraram algum tempo e, em
confrontos, morreu cerca de uma centena de pessoas.Esta onda de manifestações ultra-nacionalistas, conhecida como
"Euromaidan"terminou com
o derrube do governo de Viktor Yanukovytch. Em resposta, os
separatistas pró-russos, sobretudo ucranianos habitantes das zonas leste
e sul do país, iniciaram depois uma série de protestos.
Em memória às pessoas que morreram
Num referendo, a Crimeia, uma república autónoma no sul
da Ucrânia, decidiu que queria ser
anexada à Federação Russa. E foi o que aconteceu apesar da Comunidade Internacional
não ter reconhecido a decisão. Depois a Ucrânia foi a votos para encontrar o seu novo
presidente. Apesar de mais de três quartos dos eleitores terem votado na visão pró-ocidental dePetro Poroshenko, a guerra civil não parou.
O porta-voz do Alto Comissário das
Nações Unidas para os Refugiados, falou, numa "tragédia
humanitária", contabilizando um milhão e 600 mil pessoas forçadas a partir para outras regiões ou países vizinhos. Os que se
recusam a partir lutam diariamente pela sobrevivência, sem água, nem electricidade, em Invernos são rigorosos.
«1944», interpretada por Jamala, fala da " história dos Tártaros da Crimeia (povo com uma língua própria, o tártaro da
Crimeia, e de maioria muçulmana, a que Jamala pertence) que, durante a II
Guerra Mundial, foram deportados por Estaline para a Ásia Central,acusados de serem colaboradores dos nazis.
A família da cantora foi deportada
para o Quirguistão (onde Jamala nasceu) e só regressou à Crimeia após o fim da
União Soviética. Em 2001, apenas 12% dos habitantes da Crimeia eram tártaros.
A deportação de 1944 foi um episódio
marcante para este povo que já estava a ser subjugado pelos russos
há mais de cem anos. No final do século XVIII, em 1783, a Crimeia foi anexada
pelo império russo e muitos tártaros começaram a abandonar aquela zona, no Mar
Negro, onde viviam e estavam em maioria desde o século XV.
A Crimeia esteve sob domínio russo até
1954, ano em que passou a ser administrada pela então República Socialista
Soviética da Ucrânia (que só deixou de ser uma república soviética em 1991).
Receia-se um conflito mundialcom o envolvimento activo do Ocidente e da Rússia na Guerra da Ucrânia jornalissimo
Uff, que grande poste! Só mesmo para uma grande Ucrânia!
Mas não posso ainda deixar de referir o
filme de Sergei Eisenstein, grande obra-prima,
"O Encouraçado Potemkin”, um dos mais importantes da história do
cinema.
Baseado em factos reais, representa dois
momentos da Revolução Russa de 1905. Impossível assistir a cena das escadarias
de Odessa e não traçar um paralelo com a Revolução Euromaidan. “Acontece na vida, acontece na
TNT”. O filme é uma pérola da sétima arte e é interessante entender todo o
conceito e a ideologia que estão por trás das imagens e como é possível
transmitir uma mensagem sem dizer uma palavra.
“Sepultar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos”, terá dito o General Pedro D’Almeida, Marquês de Alorna, quando, após o terremoto de 1755, o rei Dom José lhe perguntou: "E agora?".
A resposta simples, espontânea e objectiva - esquecer o passado, cuidar do presente e não deixar que novos terremotos surjam sem prevenção - deu origem à Baixa Pombalina de hoje, uma das zonas mais nobres da cidade.
Pragmático, o Marquês do Pombal, Ministro da Guerra e futuro Primeiro-ministro de Portugal, ordenou ao exército a imediata reconstrução de Lisboa. Foram contratados arquitectos e engenheiros e, em menos de um ano, os trabalhos iam adiantados. O Rei queria uma nova cidade ordenada, com grandes praças e avenidas largas (“um dia hão-de achá-las estreitas"...) e rectilíneas. Foram construídos os primeiros edifícios mundiais com protecção anti-sísmica, testada em modelos de madeira e com tropas a marchar para simular as vibrações.
Localização potencial do epicentro do terremoto de 1755 e tempos de chegada do tsunami, em horas, após o sismo. NOAA's National Geophysical Data Center (NGDC)
Ruínas de Lisboa, após o terramoto. Os sobreviventes viveram em tendas nos arredores da cidade, como ilustra esta gravura alemã de 1755.
Enterrar os mortos (enterrar o passado) e cuidar dos vivos (tratar do presente), foi a grande opção para solucionar as consequências desta gigantesca catástrofeoriginária de um foco subterrâneo (a que se juntou agitação sísmica no mar - maremoto)!
Há também os ”terremotosque vêm de dentro/psique", igualmente demolidores que destroem toda a capacidade de raciocínio simples, claro e objectivo, sobretudo se já é demasiado tarde quando se dá por isso.
E a resposta singela do Marquês de Alorna não soluciona este tipo de "sismo", nem o pragmatismo de Pombal substituído pela psicanálise porque, segundo o próprioFreud: - "A psicanálise até pode resolver os problemas da miséria neurótica (permite o estudo consciente da inconsciência da pessoa), mas nada pode fazer contra as misérias da vida tal como ela é".
- Importar-se-ia de dizer ao seu
subconsciente que se tranquilize?
- É o meu subconsciente. Lembra-se? Não
posso controlá-lo.
– Nolan, Inception –
Ainda, segundo Freud, não sendo a psicanálise uma construção intelectual que visa solucionar todos os problemas de nossa conturbada existência, com base numa hipótese filosófica ou supostamente científica universal, é praticamente impossível conceber um ser humano plenamente feliz . A complexa mente humana dividida em três partes - o "ego", parte consciente do sujeito, aquilo que somos de forma controlada e limitada; o “id”, inconsciente regido pelo princípio do prazer e o “superego” das normas morais que vamos interiorizando desde crianças entre a culpa e a moral - não o permite.
Fazer uso de mecanismos de defesa é saudável, do ponto de vista psicanalítico. O desequilíbrio provoca neuroses ou psicoses.
Consciência é a parte da psique que se dissolve em álcool. H.D. Lasswell
Eventualmente podem ser experimentados alguns momentos de felicidade: "Esse homem encontrou a felicidade ao descobrir o tesouro de Príamo, o que prova que a realização de um desejo infantil é o único capaz de proporcionar a felicidade"- Freud
A
raposa e as uvas é uma das fábulas mais conhecidas
atribuídas a Esopo, reescrita também por Jean de La Fontaine.
Essencialmente, é a história de uma raposa
que, debilitada pela fome, descobre um vinhedo alto com lindos cachos maduros
pendentes e tenta, com esforço, comer um. Já cansada, mas sem sucesso porque
fora do alcance, resolve desistir e afasta-se desapontada dizendo:
- Afinal, as uvas estão verdes, não me servem..
Significa que as pessoas, diante de uma frustração (real ou imaginária) preferem ignorá-la fingindo que não veem ou que não querem ver. É uma reacção de defesa inconsciente, penso! E passam a desdenhar, a caluniar e a denegrir a imagem do ser alvo ou a fingir desprezo quando o objectivo não é atingido.
A sabedoria prática contida na fábula
não envelhece porque é fundamentada na natureza
humana.
Se, de facto, existe uma natureza humana...
"A maior parte das vezes refere-se a uma
característica original, inata, de todos os homens ou de um homem particular,
ou de certos homens em particular. Essa natureza original, inata, nunca directamente observada, já foi concebida de várias maneiras: como composta de
disposições discerníveis para um comportamento específico (reflexo e instinto);
como capacidades ou faculdades da mente; como algo extremamente ou até
infinitamente plástico, ou vazio e sem forma. Já
chegaram a identificar as “naturezas humanas” - agora no plural - com as
manifestações únicas particulares da humanidade em grupos locais; cada grupo
tradicional, ou cultura, teria sua própria natureza humana e, nessa
perspectiva, nada pode ser declarado como a verdadeira natureza de todas as pessoas". Blog wordpress.com
Essenciasparaavida-blog
É relevante a facilidade com que catalogamos, a cada momento, a existência de defeitos alheios, bem explícito nesta imagem atribuída a Albert Einstein:
“Para mim os homens caminham pela face da Terra em fila indiana, carregando uma sacola à frente e outra atrás. Na sacola da frente estão colocadas as qualidades/virtudes e na sacola de trás, todos os defeitos/vícios. E assim, durante a jornada pela vida, mantemos os olhos simultaneamente fixos nas nossas virtudes presas ao peito e nos defeitos às costas do companheiro da frente, julgando-nos melhores do que ele sem percebermos que a pessoa que vem atrás de nós também está pensando a mesma coisa a nosso respeito.”
A imagem é expressiva. Talvez seja importante sair da fila indiana e passar a andar ao lado do outro assim como olhar de frente .
Há quem pense que nunca é culpado,
acusado, responsabilizado, transferindo para outrem a causa das carências,
inseguranças, desconfortos ou mágoas.
E, invariavelmente, a culpa recai
na educação dada ou não dada pelos pais, na infância infeliz, no pai
autoritário/ mãe tolerante, nas excessivas facilidades/ condições difíceis, nos
costumes estabelecidos, na conjuntura das circunstâncias...
É
mais cómodo colocar a solução no outro ou num milagre em vez de ser
parte actuante na resolução de problemas. Dessa forma criam mecanismos de defesa
como a negação e a projecção.O problema projectado no outro, mora dentro de cada um.
Só que algumas dessas pessoas já não conseguem sair deste
ciclo vicioso, tão fortemente instalado no inconsciente individual e colectivo.
Assumir 100% de responsabilidade não
significa, de todo, vitimizar-se ou culpar sempre os outros pelos erros/insucessos do dia-a-dia, mas sim conhecer-se e transformar-se.
Arriscar e sair da zona de conforto!
Esta é a minha reflexão possível para tentar
compreender alguns comportamentos de "superioridade" e de falta de responsabilização
por defeitos próprios atribuídos, sempre, aos "estrangeiros" que passam a fazer parte da sua primitiva, imaculada e presumida família.
E posso concluir que, num determinado caso concreto, sem grande margem para "erro", todas as atitudes têm a ver com mecanismos longínquos de defesa e com a velha fábula de Esopo - Quem desdenha quer comprar.
Em 25.04.2014 ironizava eu aqui num poste com o titulo "ANTES DA PRIVATIZAÇÃO DO AR"perante as noticias, na altura, sobre "a privatização da água" julgando que, apesar de tudo, o imaginário continuasse a dominar o real por muito mais tempo. Pois a ficção parece ter deixado de o ser como poderá ver-se no site:
Em 1686, o Parlamento inglês votou a "window tax" ("taxa das janelas"), imposto que vigorou no Reino Unido
entre 1696 e 1851 e era constituído por duas parcelas - uma fixa e outra variável (esta última em função do número
de janelas existentesno edifício). Visto pela população como uma espécie de imposto sobre a
luz e sobre o ar, muitos proprietários
fecharam as janelas com tijolos para escapar da cobrança. Hoje, ainda ali existem edifícios classificados como "de especial interesse histórico" com as janelas tapadas. Em França, de 1798-1926, vigorou também um imposto semelhante sobre o número de lareiras.
O efeito é normalmente
ilustrado por fotos de prédios com janelas desactivadas (em Edimburgo, todas as casas com pelo menos 7 janelas tinham que pagar imposto).
Curiosamente, Edimburgo é considerada a
cidade mais assombrada da Europa com diversos tours sobre o tema, é berço
do criador de Sherlock Holmes, Sir Arthur Conan Doyle e morada da famosa
escritora J K Rowling, autora dos livros de Harry Potter.
Charles Dickens escreveu, a
propósito, que a expressão "livre
como o ar" se tinha tornado obsoleta porque desde a imposição da taxa
"nem o ar nem a luz são grátis".
Para maior“justiça fiscal”, disse o secretário
de Estado dos Assuntos Fiscais Fernando Rocha Andrade: - Vamos ter a nossa
versão de “imposto sobre as janelas”.
O Governo resolveu alterar a fórmula de
cálculo do Imposto Municipal de Imóveis (IMI) - tributar mais as casas com boa
orientação solar (viradas para Sul) e aliviar aquelas que estão viradas a
Norte- assim como agravar os impostos sobre as habitações com uma boa vista ou
terraços.
Vamos então preparar-nos resignadamente para a "reanimação" do imposto sobre janelas... ou barricar-nos atrás do cimento/tijolos que as eliminará.
No Ginásio do meu bairro, quase vazio, sobra
espaço para treinar.
Que tempo quente! Instintivamente consulto a meteorologia no
telemóvel.
Pois, a sombra das árvores em rua
ascendente não chega para “arrefecer” 34 graus...Mais uns passos, porque onde vai o ferro, vai a ferrugem! Inesperadamente, um vento leve começa a brincar com os cabelos e inclina
as ramagens na direcção do pequeno jardim ao lado onde alguns bancos vazios se dispõem paraancoradoiro.
Diria que as árvores parecem “ouvir”/ “falar”com o espaço...
E sento-me, submissa ao meio envolvente.
Cheira a erva recém-cortada; o
jardineiro orienta a água como quer, atento aos salpicos sobre os passantes; o
cão rafeiro insiste em namorar a Yorkshire, apesar das agressivas dentadas de defesa e os donos, olhos nos olhos primeiro, riem-se depois e trocam umas palavras; uma antiga vizinha
reconhece-me e esboça de longe um sorriso largo.
Rafeiro Yorkshire
Ainda não vi formigas...
Mas o chilreio dos pássaros sobrepõe-se sem pausas. São de Monsanto, aqui bem perto, que alberga uma diversidade considerável de aves.
Voam, saltitam, aproximam-se, debicam,
cantam e passeiam cores ímpares entre as copas dos cedros, das acácias, dos pinheiros mansos, dos plátanos, do abrunheiro bravo e das madressilva,"companheiras cromáticas, de ciclo de vida" que
"purificam o ar e trazem cor e bailado aos jardins e às ruas", (Bagão Félix). Distinguem-se alguns como o chapim azul, de cabeça azul escuro, asas
azuis brilhantes e parte inferior amarelo limão; o chapim real, bem maior e
robusto, com uma mancha preta na cabeça e um colar cervical a contrastar com as
bochechas; os pardais, fáceis identificar e
bem conhecidos por todos; os papa-moscas, grandes caçadores de insectos; o estorninho, preto
brilhante, de cabeça parecida com a do melro mas mais barulhento;o
pombo-torcaz com o pescoço de várias cores; a rola-turca, de meio-colar preto
na parte superior do pescoço.
E o pintassilgo, o chamariz, o gaio comum, o
periquito, além de outros, andam de certeza também por aqui.
chapim azul chapim real
papa-moscas cinzento casal de pardais
pombo torcaz estorninho preto
rola turca pintassilgo português
Será que estou a ouvir grilos?
Quando tinha
oito-dez anos, no tempo de férias, eu e as irmãs passávamos tardes
inteiras estiradas na relva fresca dos lameiros com os olhos nos animais que pastavam e o ouvido junto
aos orifícios onde os grilos se escondiam a “cantar” (o grilo do campo cava uma toca subterrânea para hibernar).
E havia umas pequeninas gaiolas de madeira com tiras coloridas e estreitas onde eram colocados para cantar e não fugirem.Mas acho que acabavam todos por morrer
porque, além da alimentação vegetal e água, mais nenhum outro cuidado lhes era
prestado (limpeza do receptáculo, etc.) por falta de conhecimentos.
Na realidade, os grilos não cantam;
esfregam o primeiro par de asas quitinosas, ou seja, a fita fina e dentada da
asa direita contra uma aresta da asa esquerda. O som varia, em ritmo e
frequência, de um grilo (só machos) para o outro. Cantam com as asas...
O grilo do campo é um insecto geralmente
de cor preta e brilhante. Tem antenas longas, costas lisas e duras sobre as
asas, desloca-se aos saltos ou em corridas curtas e alimenta-se durante a
noite. Os ouvidos estão situados sob um dos pares de pernas e a fêmea é atraída
pelo som estridente do macho.
Pronto, acabou-se o devaneio.
Ele, de tranças, franja e bigodinho, fuma, fuma...
Ela, segurando um cão pela trela que ladra, ladra, e também fuma, fuma...
Fica o som do grilo abafado pelos guinchos do cachorro e os vocábulos dum qualquer dicionário de calão.
O Montenegro (talvez a terceira
nação mais jovem do mundo...), para mim um país desconhecido como destino
turístico, revelou-se um deslumbrante roteiro de viagem com os parques naturais, as vilas protegidas pela UNESCO, os mosteiros
ortodoxos, as praias de água tépida e areia grossa, a riviera do
Adriático, a belíssima povoação piscatória em Boka Kotorska, que se retem na memória sem qualquer esforço.
Praia privativa Praia comum de areia grossa
Todos a bordo!
O 6º dia de cruzeiro está a findar. São 20,30 horas e o Arion, sulcando de novo as águas do Adriático,parte durante a noite com destino aPloče. O Porto marítimo de Ploče, perto da
foz do rio Neretva é, desde 2010, o segundo maior porto de carga na
Croácia. Representa uma extensão marítima de rotas ferroviárias e rodoviárias
modernas ligadas a autoestradas que fazem parte da rota Europeia (Zagreb,
Budapeste e Viena), à Bósnia /Herzegovina e outras.Todos os cais do porto estão ligados por trilhas
a uma linha caminho de ferro para Mostar, Sarajevo, Osijek e Budapeste.
Porto de Ploče
E Mostar,capital do cantão de Herzegovina-Neretva, é onde o autocarro de transfere nos leva, com passaporte na mão para atravessar a fronteira, acompanhados por uma pessoa do staff do Rivage Du Monde do Arion primeiro, e por um guia local na cidade,depois. No trajecto do percurso foi referenciada a vila deMedugorjeum grande centro
de peregrinação católica da Europa devido às supostas aparições da Virgem a seis crianças (1981?) numa montanha dos arredores,ainda que nunca tenham sido reconhecidas pelo Vaticano.
Igreja de Santiago
Quando o autocarro se aproxima da
fronteira entre os dois países, o condutor, com todos os passaportes recolhidos, desaparece durante alguns minutos
(uma fila de carros aguarda a vez para que os guardas verifiquem os documentos e façam a vistoria detalhada a alguns carros).
Cerca de 30 minutos depois, com boas
estradas e bem sinalizadas, a grande atracção do dia, lá estava.
Porem, as primeiras imagens são chocantes... Um pouco por todo o lado há ainda edifícios destruídos, em ruínas ou com marcas de balas bem visíveis.
Mostar foi a cidade mais bombardeada de
toda a Bósnia devido à importância estratégica da via férrea Sarajevo - Mostar - Ploce que liga a capital ao mar, durante o qual se perderam muitos edifícios históricos e religiosos em duas guerras distintas – a de 1992 e 1993 que uniu
croatas e bósnios partidários da independência recém-declarada contra o
exército sérvio contrário à segregação, e a do pós expulsão dos sérvios, quando os croatas se voltaram contra os
bósnios, dividindo a cidade ao meio (croatas na parte ocidental e muçulmanos no
lado oriental) - os croatas com o intuito de manter uma república bósnia própria, para mais tarde se poderem unir à Croácia, destruíram a zona muçulmana bósnia, incluindo a Ponte Velha do século XVI,a única
que tinha resistido incólume ao cerco sérvio.
Foto
da ponte original, década de 1970 - Wikipédia
Sobre o rio Neretva, uma belíssima construção curvada cuja estrutura em pedra foi erguida em 1566
DESTRUCTION OF THE OLD BRIDGE IN MOSTAR .wmv
Após a destruição, foi assinado o acordo de Dayton em 1995 que pôs fim às hostilidades e permitiu que a cidade fosse sendo reconstruída nos anos seguintes.
Ponte
velha ("Stari Most"), reconstruída. Elegante e simples.
A demolição da Ponte foi símbolo de guerra por um lado e a sua reconstrução (praticamente idêntica à original) concluída
no início de 2004, um sinal de esperança para a paz, por outro.
Em 2005, a UNESCO declarou a ponte
e a antiga cidade de Mostar , Património Mundial. Mas as feridas parecem continuar
abertas porque as diferentes etnias levam vidas paralelas - dois
hospitais, escolas diferentes, redes telefónicas separadas, duas estações de
autocarros, marcas da guerra por toda a parte (casas ainda em ruínas,
elevadíssimo número de sepulturas nos cemitérios feitos em parques, praças e
campos de futebol), divisão da cidade entre croatas e bósnios...
A antiga Mostar, com os minaretes das mesquitas desenhados no céu, já teve muralhas que a cercavam durante a idade média com portões de entrada para a cidade.
.
Um dos poucos portões que sobraram
By
MoserB - (Original text: 'selbst fotografiert = Own work (photo)), Public
Domain, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=12539216 - Wikipédia
E a Ponte Velha (Stari Most)
sobre o rio Neretva, seria a principal atracção, da programada visita turística pela
Cidade Antiga limitada, na realidade, a uma rua que passa por ela.
Para a transpor, é necessário algum cuidado devido ao seu formato convexo que a torna íngreme. Para apoiar os pés, em vez de degraus,
existem barras transversais ao longo da calçada de mármore claro. A paisagem linda
presta-se a belas fotos dos dois lados da cidade, das águas verdes do rio e das
mesquitas. Quem tiver
disponibilidade pode assistir à abordagem
dos turistas por jovens saltadores que, a troco de umas moedas, atiram-se da ponte a 22 metros para as águas gélidas
do rio - tradição muito antiga desde (?). Apesar das cores da pedra denunciarem a
reconstrução recente, continuam a chamar-lhe orgulhosamente a
“ponte velha”. Junto dela existe uma pedra com dois morteiros cravados e a inscrição a negro, apelando aos visitantes: “Don’t forget ’93“.
Ponte e périplo balcânico
Ultrapassando a ponte, a rua tem sucessivas lojas e tendas com todo o tipo de artigos típicos e artesanato. Um video fará melhor a descrição.
Outros lugares visitados
Interior da Old Town, donde se podem registar belíssimas fotos
Uma típica casa otomana antiga em estilo Turco dos habitantes de Mostar, aberta ao público.
Os tapetes
cobrem todo o chão, cadeiras, sofás e outros móveis.Há mais compartimentos da casa, a cozinha e um
pequeno museu no anexo, além de fotos e lembranças na saída.
Houve quem preferisse passar a manhã na praia
de Gradac, a 10 km de Ploce. A meio caminho entre Split e Dubrovnik, é
uma das áreas mais turísticas conhecida como "Makarska Riviera" (Pebble
Beach), muito comprida e de água tão limpa e transparente que se
podem ver as mil cores das pedras do fundo do mar. Com esta significativa "decoração" da porta de casa...Até sempre, Mostar!
Koper espera por nós;o Arion vai partir. E como é a última noite a bordo, há jantar de Gala de despedidaservido no Restaurante, digestivo musical e show no Salão de Festas, dança e snacks distribuídos pelos pelos salões do navio. Apesar do ambiente de "Festa", sente-se o vazio da despedida - separação de lugares e rostos com que foram estabelecidos laços talvez efémeros, mais ou menos fortes, mas laços. "Pedimos gentilmente aos nossos Passageiros que se dirijam, antes do jantar à Recepção onde vos serão entregues tiquets de várias cores para colocarem nas bagagens a fim de estarem devidamente identificadas de acordo com o vosso destino" Logo pela manhã, transfere de autocarro
para oporto de Piran, considerado a jóia daRiviera Eslovena, também conhecido
por ser o local de nascimento do famoso compositor italiano Giuseppe Tartini. A
cidade foi renovada quase no seu todo e manteve oestilo italiano, proveniente do domínio pelo império Venetian
do final do século XIII até ao fim do século XVIII e depois pela Itália, de 1918
até 1947.
Marina de Piran
Piran é provavelmente a mais
bela das cidades costeiras da Eslovénia, no alto de um pequeno pedaço de terra
que se projecta para o mar. Dado que não havia programas pré estabelecidos (não me recordo de nenhum...) penso que o tempo ficou livre para opções individuais.
Regresso em transporte privativo ao ponto de partida - Veneza - para uma noite antes de embarcar no avião para Lisboa. Como se pode verificar, há enormes semelhanças entre os dois lugares...
Vasco Calixtto e sua mulher, Dona Maria Luisa (fazendo o trasfere no porto de Piran e entrando no Hotel do alojamento em Veneza, nas fotos acima), são dois companheiros de viagem que, pelas suas características, não podem deixar de ser destacados.
Vasco (Amadora, 12 de
Janeiro de 1925), contador de histórias (jornalista, escritor,
viajante), simpático e jovial,sempre activo e bom conversador, espírito
de aventura, homem sem fronteiras, um verdadeiro humanista é,
na sua aparente simplicidade,“pacatez de hábitos e costumes, cativante
graciosidade e discreta classe, um grande senhor - um bom condutor do
passado ao presente", como dizem alguns dos autores de textos
introdutórios aos seus cerca de 50 livros publicados. É colaborador da
imprensa portuguesa desde a década de 1940. .
Em 1964
realizou a primeira grande viagem pelas estradas da Europa guiando o primeiro automóvel de matricula
portuguesa montado em Portugal,(o 0pel Kadett cl-74-03) ao ponto
mais setentrional do continente europeu (13.512 km em 44 dias).
Em
1964 o nosso sócio Vasco Callixto fez a ligação Lisboa-Cabo Norte, por estrada.
Uma aventura que partilhou com a sua família e que foi relatada no livro “Viagem
às Terras do Sol da Meia-Noite”. O autor reeditou a obra para celebrar a
efeméride, cuja apresentação decorreu na sede do ACP, em Lisboa. “Ao longo da
leitura deste livro percebemos o quanto esta família viveu uma epopeia de 44
dias até chegar ao ponto mais setentrional da Europa, o Cabo Norte”
Miguel Horta e Costa, vice-presidente do
clube, que fez a apresentação do livro, juntamente com Gonçalo Cadilhe,
escritor de viagens.
Todas as viagens foram feitas sempre na companhia um do outro (casal). E muitas vezes,também na dos dois filhos, segundo afirmação do próprio.
Vasco (91 anos) e Maria Luísa (93 anos) inseparáveis,simpáticos e joviais
"Memórias de uma vida" a comemorar os 85 anos de idade (2009), foi o livro publicado para cujo lançamento teve a amabilidade de me convidar.
Prá Ana, a fomentadora do relato deste cruzeiro, um abraço.