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quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

"CABO ESPICHEL – EM TERRAS DE UM MUNDO PERDIDO"


Aqui por casa, alguns de nós, decidiram partilhar a tarde de Natal com o Atlântico. Nada como o mar para experimentar simultaneamente uma sensação de libertação, de tranquilidade, de harmonia, de Renovação.
As nuvens, induzidas pelos movimentos verticais do ar, mantinham suspensas as partículas de água que mais tarde acabariam por se transformar em chuva e o Sol, assim mascarado, fingia não se importar com os muito ou menos curiosos que visitavam o Cabo Espichel.
O cenário natural é único, deslumbrante, quase místico. Toda a envolvente com a natureza e a impressionante edificação arquitectónica transmitem uma força de afastamento no tempo que nos leva a apreciar acontecimentos seculares.

De antigo lugar de peregrinação passou ao hoje chamado "miradouro dos deuses" – ponto em que os deuses se ligam aos homens, o “fim da terra e o princípio do mistério do mar”.

Para muitos dos actuais romeiros, com o Mosteiro de janelas emparedadas a tijolo e cimento nos antigos albergues para peregrinos, roulottes e tendas tipo feira, à entrada, para venda de uma mescla de objectos vários, bifanas e farturas (função da ASAE ?), pouco mais significará do que um curto e agradável passeio “domingueiro” registado com lindíssimas fotos.

Porém, no belo promontório poderá desfrutar-se, além da paisagem/ mar e céu infinitos, a vista espectacular da Vila de Sesimbra, a Baía dos lagosteiros e da serra de Sintra até Lisboa, a presença do Farol ( donde se vê, dizem, um por-do-sol magnifico), a Casa da Água recentemente reabilitada, um Santuário, uma Igreja, uma Capela (antigo lugar de peregrinação) e, na escarpa (Pedra Mua), as pouco referidas pegadas de Dinossauros que por ali passaram há cerca de 145 milhões de anos, final do período Jurássico, que o povo atribui à mula de Nossa Senhora.
A lenda aparece contada nos azulejos da Ermida da Memória, em banda desenhada setecentista, numa versão composta das duas tradições e lendas -  a da subida da Virgem e das pegadas da mula, narrada por Frei Agostinho de Santa Maria e a dos dois anciãos que descobriram a imagem, narrada por Cláudio da Conceição. 
Desta lenda surgiu o verso popular:
O velho de Alcabideche
E a velha da Caparica
Foram à Rocha do Cabo,
Acharam prenda tão rica!
Público

Acredita-se que o culto de Nossa Senhora do Cabo vem de tempos longínquos e que o Cabo Espichel foi centro de peregrinações.



Com a Costa do Estoril em frente...

O conjunto arquitectónico do Santuário de Nossa Senhora da Pedra Mua, implantado no extremo do Cabo Espichel (apresentando estilos diversos) foi edificado a partir do culto de Nossa Senhora do Cabo e da quatrocentista Ermida da Memória, no século XVIII por ordem de Dom Pedro II e de Dom José.
Dele fazem também parte  a Igreja Seiscentista de Nossa Senhora do Cabo, em estilo chão ( 1701-1707) duas alas rústicas de "hospedarias"
(construídas após 1715 e ampliadas entre 1745-1760 devido à utilização de grande quantidade de círios ), um aqueduto que termina na "Casa da Água" (1770) e a Casa da ópera ( finais de oitocentos) em ruínas.





A Casa da Água - Antes e depois (quanto a mim, descaracterizada)


 Casa da ópera em ruínas.

A Ermida da Memória, sobranceira às escarpas, situa-se a poente da igreja e das hospedarias, local onde a tradição diz ter aparecido a Virgem.


O conjunto arquitectónico foi classificado como Imóvel de Interesse Público pelo decreto nº 37.728 de 5 de Janeiro de 1950 e Zona Especial de Protecção, pela portaria de 29 de Novembro de 1963.

Saborear uns petiscos na Vila de Sesimbra, seria a etapa seguinte.

Sesimbra tem boas estruturas turísticas, sobretudo na área da restauração. Há bares, cafés, pastelarias e restaurantes ao longo de toda a sua linha de praias que oferecem grande variedade e qualidade de pratos de peixe, desde saborosas caldeiradas a fresquíssimos mariscos.  

Mas no dia de Natal as portas não se abriram aos forasteiros.

Assim, as praias da Vila, de acesso fácil, puderam exibir a sua  limpíssima areia, permanentemente lavada pela água fria e transparente do mar, rejeitando ser latrina dos excrementos de cães passantes.

E a tarde, não muito acolhedora, iria terminar com o Sol a deixar de aparecer no horizonte, visto da praia.



O post, porém, vou terminá-lo com "Cabo Espichel – Em Terras de um Mundo Perdido", de Carlos Sargedas, com o qual obteve a distinção de melhor documentário estrangeiro no festival Hollywood International Independent Documentary, um certame que premeia mensal e trimestralmente produções documentais.

O documentário mostra todo o património histórico e edificado, passando pela História e mergulhando até profundidades de cerca de 50 metros, assim como a fauna e flora endémica ou a geologia com o foco nos dinossauros, cujas pegadas são únicas em Sesimbra.
Bruno Simões Castanheira

Uma viagem no tempo e na história.


“O documentário custou uma pequena fortuna”, apesar de "espeleólogos, especialistas de dinossauros, directores de museus - Coches, História Natural, Arte Antiga, Geológico - amigos e profissionais da sétima arte terem trabalhado graciosamente, pois filmar debaixo de água a grande profundidade envolve grandes dificuldades e uma equipa especializada. Além de barcos, equipamentos para filmar em altas pressões, iluminação, aluguer de helicópteros, drones ou uma equipa de imagem dos Estados Unidos e da BBC - para tratar as imagens dos dinossauros" 

A este prémio têm-se juntado outros pelo mundo fora (20 prémios internacionais). 

O Cabo Espichel – Em Terras de um Mundo Perdido venceu a Melhor Realização na 7ª edição do SilaFest na Sérvia, Melhor Documentário no 49º Festival Internacional de Cine-Tourism de Karlovy Vary(na República Checa), a Palma de Prata no Festival Internacional de Cinema do México e Melhor Documentário Estrangeiro no Near Nazareth Festival em Israel.
Em relação a Portugal o realizador manifesta-se frustrado: “enviei para alguns dos principais festivais de documentário em Portugal e nem sequer passou na admissão, senti frustração”.


O Documentário em DVD vem incluído num livro com o mesmo nome, com mais de 200 páginas e já em 2 ª edição.



quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

HALLELUJAH’



Taryn Jurgensen patinando para "Aleluia" de Alexandra Burke, coreografada por Karen Kwan-Oppegard, foi a vencedora do Troféu Funakoshi no 2010 Los Angeles Showcase, Burbank, Califórnia.
Segundo referências feitas pela crítica, a plateia emocionou-se com a beleza da composição musical, sublimada pelos movimentos de vida, de liberdade e de grandeza de Taryn Jurgensen

Hallelujah é uma música composta por Leonard Cohen que foi lançada no álbum Various Positions em 1984. Posteriormente gravada por Jeff Buckley em 1994, ficou conhecida como uma das versões mais bonitas da música de Cohen.

Sendo a época natalícia, também para muitos, uma das mais bonitas do ano, fica hallelujah’, música sobre fé e espiritualidade, incorporando o que de belo nela existe, na magnífica interpretação de Taryn Jurgensen...






... E o narrador em primeira pessoa que se dirige a um destinatário acompanhado de um coro a entoar Hallelujah, na versão original. 
O narrador questiona o destinatário que parece ser o detentor dos dogmas religiosos, mas que não possui muita fé.

  


domingo, 17 de dezembro de 2017

AS AMIGAS DE LONGA DATA


As amigas de longa data que tivemos a sorte de escolher através da vida, são os melhores presentes que poderíamos ter recebido - há um mútuo conhecimento participativo, desinteressado e sempre presente.

E velhas amigas só existem entre as que conseguiram envelhecer, como eu. Algumas encontram-se frequentemente, outras de vez em quando e outras ainda, só passados anos. Todavia, nada tem mudado; elas estão sempre lá e eu estarei sempre cá.

O telefone e o email, quando a presença se torna inviável, são o grande elo de ligação.

Mas ultimamente, se por qualquer motivo os espaços se protelam, quando se “chega”, é surpresa. 
As coisas, porque a juventude ficou para trás há muitos anos, acontecem com demasiada rapidez.




- Olá L., estamos vivas, que bom!
- Sim, quem fala?
- Ora, ora.
- É a Leninha?
- Não, é outra “inha”!
- Ah! É a Trezinha…
- Pois hoje também não parece a mesma L. de sempre. Que se passa?
- Sim, estou com uma enorme ciática. Deixei de poder viajar e vivo muito sozinha.

Mas conversa puxa conversa e no final lá tinha regressado a antiga L.


Como a época convida aproximação, resolvi telefonar também à M.C. que tem estado “incomunicável “ desde há algum tempo.

- Olá M., afinal o telemóvel tem feedback!
- É a Tijuca?
- Por onde tem andado, que ninguém a vê?
- Sabe lá… estou na Casa de Saúde de … Sentia-me muito cansada e fui ao dr…que me operou à aorta
- ?
- !
- Tem sabido da M. M.?
- Veio ver-me com o filho, o meu afilhado. Mas está a ficar muito “taralhoca”. A nora diz que o médico lhes disse que tem um envelhecimento precoce das células cerebrais (Alzheimer).


Já agora vou também telefonar à A. (amizade menos longínqua) que me pareceu estar a olhar para as montras "sem as ver" quando, há dias, a encontrei num intervalo de almoço.

- Olá, A. Já é tarde, mas como estou aqui a ver entrar emails seus, só quero perguntar pela sua I.
- Linda e com sono
- Está tudo bem consigo?
- Havemos de encontrar-nos e depois falamos. Isto não vai nada bem e não sei mesmo quanto tempo vai durar... Viver ao lado da sogra é muito negativo. 


Céus! Como é que em tão pouco tempo tanta coisa mudou?

Claro! Mudou porque no final da caminhada, embora o envelhecimento não seja uma doença, é um factor de risco para muitas condições diferentes. Não há nenhuma garantia de que se vai sofrer de uma doença relacionada com a idade, mas as hipóteses são maiores. O tempo passa para todos, embora não seja igual para ninguém. A lógica nem sempre explica tudo...

Sinto que ainda devia animar a voz quase inaudível da I.M. que se enclausurou numa casa de repouso com o marido (alzheimer) porque não quer "deixá-lo sozinho" e à R.M. que, num ápice, ficou viúva muito recentemente. Mas, perante os desagradáveis imprevistos (que panorama!), resolvi ficar por aqui.  

A melhor maneira de começar uma amizade é com uma boa gargalhada. De terminar com ela, também.
Óscar Wilde

Não direi que hoje dei gargalhadas mas deixei as minhas interlocutoras bastante mais bem-dispostas. Valeu a pena.



terça-feira, 12 de dezembro de 2017

O DIA 12 DE DEZEMBRO


Todos os dias são dias de efemérides.


Terça-Feira, 12 de Dezembro de 2017:
Portugal arrasa nos Óscares do Turismo - é o melhor destino turístico do mundo com seis prémios mundiais. Segundo Ana Mendes Godinho, que foi ao Vietname para a cerimónia anual dos World Travel Awards, "nem tinha mãos para segurar tantos prémios".


A poinsétia, flor de Natal ou estrela de Natal é uma flor mexicana que floresce no solstício de inverno, coincidindo com o Natal e serve de decoração natalícia já desde o século XVI. É uma planta de interior que também pode ser plantada no exterior e as folhas largas definem - se por várias cores. Foi introduzida nos Estados Unidos em 1825 por Joel Roberts Poinsett, primeiro embaixador americano no México, falecido a 12 de Dezembro de 1851. O nome da planta deriva, pois, do nome do embaixador e a data comemora-se em sua homenagem




"Frutas loucas", pintado por ImShampoo a 12 de Dezembro do 2012



Este foi também o dia em que nasceu Francis Albert "Frank" Sinatra, cantor, actor e produtor americano, um dos mais populares e influentes artistas musicais do século XX (12 de Dezembro de 1915 – Maio de 1998).

Em baixo, três Tenores - Luciano Pavarotti, Plácido Domingo e José Carreras gravam My Way, com Frank Sinatra na plateia.



Muitas outras coisas aconteceram, claro, como o nascimento de Marcelo Nuno Duarte Rebelo de Sousa (12 de Dezembro de 1948), Presidente da República Portuguesa que comemora hoje o seu 71 º aniversário...



... e o de uma ROSA, a pequena Carolina, que também escolheu a magia do Outono para nascer (12 de Dezembro de 2017), não  entre o aplauso das estrelas mais belas porque as quatro horas da noite escura se divertiram a mergulhá-las num traquino horizonte de Inverno, mas repleto de paz e de um protegido perfume de jasmim.


 Alex Greenshpun Photography


sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

MADRID / CERDEIRA



Madrid está (é) uma cidade agitada, com os passeios repletos de pessoas que, num vaivém, se movimentam freneticamente. Por isso, nesta fase do ano, de forma a evitar aglomerações desordenadas nas ruas que circundam a Porta do Sol, a capital espanhola aplica o sistema de sentidos únicos e viragens obrigatórias no trânsito de peões.
Com temperaturas de menos 4 graus centígrados, muito tapados ou nem por isso, os passeantes parecem caminhar hipnotizados, como formigas, uns atrás dos outros, entupindo as ruas.
Esta medida, que funciona nas sextas-feiras, sábados, domingos, feriados e vésperas de feriados durante todo o mês de Dezembro, assegurada por agentes da polícia colocadas nas esquinas das referidas ruas produz, com certeza, os resultados esperados. Porém, para os condutores estrangeiros como nós, que precisam de usar ”guia turístico” GPS veicular para localizar endereços e indicar como chegar até lá, torna-se complicado quando ele insiste em orientar-nos por caminhos não permitidos durante a época festiva, transformando os percursos em "pescadinha de rabo na boca"   

Assim, o que poderia ser um óptimo programa madrileno, não passou de um almoço no El Corte Inglès, de algumas voltas pela cidade e de uma maior permanência (por opção) na zona da Plaza de Cibeles, um dos espaços mais representativos de Madrid, situada no centro da cidade, no cruzamento entre o Paseo del Prado e a Calle Alcalá. 

A praça tem uma bela fonte, a Fonte de Cibelos, rodeada de imponentes edifícios construídos entre o final do século XVIII e início do XX.  




Autocarro de Natal

A fonte, construída para abastecer os madrilenos com água, foi desenhada pelo arquitecto Ventura Rodríguez em 1782 e representa a deusa Cibeles sobre uma carroça puxada por leões. Mas tarde, transferida para o centro da praça como elemento decorativo, passou a ser o lugar onde se celebram as vitórias do Real Madrid, da Selecção Espanhola de futebol e de basquetebol.


Um edifício que merece ser destacado é o Palácio de Cibeles, inaugurado em 1919, que funcionou como sede central dos Correios até ser reformado para abrigar a Prefeitura e um centro cultural.

O Palácio de Buenavista, o Banco de Espanha (interiormente decorado com uma excelente colecção de pintura como obras de Goya, Mengs, Maella e Vicente López) e o Palácio de Linares (que pretende fomentar as relações culturais entre a Espanha e os países ibero-americanos), são também de considerável importância.

Para debelar o frio por algum tempo, soube bem saborear uns aperitivos no sofisticado ambiente do Mercado de San Antón, um dos mercados must go de Madrid. 

E o regresso a casa fez-se atravessando novamente os caminhos gelados ou com neve (agora quase invisíveis) de  Collado/Villalba, Villa Castim, Ávila, Salamanca, Portugal, Cerdeira, durante algumas horas. 







Madrid, o bulício de ruas cheias de gente divertida, bem humorada e vistosa, de movimento, de conversas audíveis, de euforia, deu lugar à solidão da quietude da Cerdeira.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

SULCOS






Quando um mundo desencantado, alheio ao destino e à integridade intelectual do ser nos persegue, corre-se o risco de se desaparecer na insignificância da vida banal acabando por se fazer um pacto com a mediocridade de viver.
E se o estado de espírito transborda de mágoa, qualquer apontar de dedo depreciador ou expectativa que não acontece, pode ser a gota de água...



A árvore quando está a ser cortada, observa com tristeza que o cabo do machado é de madeira. 
Provérbio árabe





NATAL?
Apenas um substantivo masculino, etm. do latim natalis, que significa dia de nascimento ou o dia em que algo ou alguém fica um ano mais velho, escrito com um N maiúsculo; 


domingo, 26 de novembro de 2017

O NATAL


Aproxima‑se o Natal.

A intensidade do sentimento de cada um em relação ao Natal depende muito da maturidade, personalidade e experiência de vida.

Assim, pode dizer-se que o Natal é:
A época simbólica da ideia mágica em que todos os problemas e conflitos parecem desaparecer por alguns dias;
Um intervalo de tempo em que o mundo pára de trabalhar para sentir. Sentir…
Um ritual de “ninho” quando existe;
O período mais alegre do ano;
Um Christmas blues esperando que Janeiro vire a página;
Fazer as pazes com a vida;
Aceitar a diferença entre o que se viveu e o que se está a viver, sem que essa diferença anule o que passou nem hipoteque o que está para vir”.(Filipa Jardim da Silva);
"A Festa em louvor ao nascimento de Jesus, celebrada no dia 25 de Dezembro, estabelecida pela igreja ocidental desde o século IV e pela igreja oriental desde o século V".(Dicionário de Português online);
O período das imagens da propaganda e dos programas de TV com pessoas sempre extremamente felizes;
O peso da solidão e do abandono;
Uma maior recordação de pessoas que estiveram ali antes;
O bacalhau cozido com couves e batatas e a abertura das prendas à meia-noite;
Um misto de desilusão e ternura, na descoberta do Pai Natal ou do Menino Jesus;
A invenção de  um plano (Publicidade comovente/apelativa? Chantagem emocional/tóxica? Terapia de choque que faz rir/chorar?) para reunir toda a família na festa natalícia; 




O Natal das crianças, primordialmente.




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quinta-feira, 23 de novembro de 2017

NA HORA DA DESPEDIDA


.

Quem me dera estar contente
Enganar minha dor
Mas a saudade não mente
Se é verdadeiro o amor.

O Mini tem mais encanto
Na hora da despedida.
O Mini tem mais encanto
Na hora da despedida.

Não me tentes enganar
Com a tua formosura
Que para além do luar
Há sempre uma noite escura.

O Renault tem mais encanto
Na hora da despedida.
O Renault tem mais encanto
Na hora da despedida.

Que as lágrimas do meu pranto
São a luz que lhe dá vida.

O Mini tem mais encanto
Na hora da despedida.
O Renault tem mais encanto
Na hora da despedida.

(Adaptado  de Balada da Despedida, de Fernando Machado Soares)








quarta-feira, 22 de novembro de 2017

VIAJANDO PELO "SERTÃO" DE PORTUGAL - 1


Com muitos monumentos, parques naturais, cidades e aldeias únicas, o Centro de Portugal tem muito para oferecer e são vários os motivos para que uma "viagem" a esta região seja gratificante.


Localizada no centro da Cova da Beira, Belmonte (Belo Monte), frente à encosta oriental da Serra da Estrela e da qual dista apenas 9 km, caracteriza-se, essencialmente, por duas referências históricas: a história dos Cabrais e a história dos Judeus.
Pedro Álvares Cabral, o navegador, que no ano de 1500 comandou a segunda armada à Índia e durante a qual se descobriu oficialmente o Brasil, nasceu em Belmonte. O castelo e a torre, construídos com a autorização de Dom Afonso III, foram doados por Dom Afonso V a Fernão Cabral, pai de Pedro Álvares Cabral, para sua residência, secundando assim as anteriores funções militares. Porém, após um violento incêndio, pressupõe-se que a família se tenha instalado na Casa dos Condes, actual Museu dos Descobrimentos.
O castelo foi declarado como Monumento Nacional por Decreto publicado em 15 de Outubro de 1927. Presentemente existe no seu interior um anfiteatro destinado à apresentação de espectáculos e material arqueológico de presença romana recolhido em escavações, exposto ao público, no interior da torre de menagem. A fachada principal do castelo, orientada para o Sul, é rasgada por um portal de arco de volta perfeita, encimado por uma esfera armilar e pelas armas dos Cabral




O Solar dos Cabrais foi habitação da família Cabral e actualmente contem a Biblioteca e o Arquivo Municipal. Na fachada principal, sobre o portão, ostenta o brasão dos Condes de Belmonte, o único que conseguiu escapar aos tempos da Primeira República. No logradouro do edifício foi construído de raiz o Museu dos Descobrimentos, "projecto interactivo, de sensações e afectos que transporta o visitante para uma história de 500 anos de construção de um País e da Portugalidade"



Em termos da aposta feita no turismo religioso (Touring Cultural e Religioso), Belmonte, Guarda e Trancoso são 3 municípios da Serra da Estrela que preservam a herança judaica portuguesa mas Belmonte é a comunidade judaica activa com mais significado histórico porque, vivendo aqui há mais de 600 anos, praticaram o seu culto religioso de forma secreta durante mais de metade do tempo. É a única comunidade peninsular herdeira legítima da antiga presença histórica dos judeus sefarditas.
O interesse de profissionais deste nicho de mercado em visitar Portugal, é cada vez maior e, mais concretamente a Serra da Estrela. Só em 2011 o Museu Judaico de Belmonte recebeu a visita de 1.539 turistas israelitas e de 537 turistas americanos. 
O turismo religioso assume-se como uma actividade que abrange viagens que combinam fé, cultura e lazer. Assumem-se como actividades turísticas decorrentes da busca espiritual da prática religiosa, onde o turista é um utente da religião que procura bem estar, lazer e conhecimento de outros lugares (Cavaco e Simões, 2009)




O Museu mostra peças da Idade Média ao séc. XX, utilizadas por judeus e cristãos-novos no quotidiano ou nas práticas religiosas e é o primeiro do género em Portugal.


A Sinagoga, de traça arquitectónica recente, projectada pelo arquitecto Neves Dias, localiza-se próximo do castelo e foi inaugurada em 1996, 500 anos após o édito de Dom Manuel I de expulsão dos judeus de Portugal. Para além de estar orientada para Jerusalém, tem representações do candelabro na porta e nas grades e a estrela de David, nos portões

Mas Belmonte é muito mais, desde a Torre Centum Cellas, o Museu do Azeite, a Quinta dos Termos, as igrejas Matriz, de São Tiago e Santa Maria, a villa da Quinta da Fórnea e restaurantes até às pequenas belas casas de granito.


Há sempre um pouco de nós em cada espaço que se visita através de pessoas que fizeram ou fazem parte da nossa convivência.
Daqui, recordo A M.T. e a M. A. Cabral Faria que foram minhas contemporâneas nos primeiros cinco anos do secundário, no Colégio da minha aldeia. No jogo do ringue (ainda se praticará?) a M.T. era arrasadora. Mas os diferentes rumos profissionais apagaram, ao longo dos anos, qualquer vestígio para um hipotético reencontro...

Imagens e vídeos GOOGLE