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sexta-feira, 18 de julho de 2014

"JUDAS ISCARIOTES"... SEM REMORSO

Quando os nossos banqueiros ou o governador do BdP, têm necessidade de assegurar que os bancos portugueses estão de boa saúde, temos boas razões para nos preocuparmos porque, se precisam de dizê-lo, é um mau sinal.
        
A História do Banco do Meu Avô
Por Carlos Paz*

Vamos IMAGINAR coisas…
Vamos imaginar que o meu avô tinha criado um Banco num País retrógrado, a viver debaixo de um regime ditatorial.
Depois, ocorreu uma revolução.
Foi nomeado um Primeiro-Ministro que, apesar de ser comunista, era filho do dono de uma casa de câmbios. Por esta razão, o dito Primeiro-Ministro demorou muito tempo a decidir a nacionalização da Banca (e, como tal, do Banco do meu avô).
Durante esse período, que mediou entre a revolução e a nacionalização, a minha família, tal como outras semelhantes, conseguiu retirar uma grande fortuna para a América do Sul (e saímos todos livremente do País, apesar do envolvimento direto no regime ditatorial).

Continuemos a IMAGINAR coisas…
Após um período de normal conturbação revolucionária, o País entrou num regime democrático estável. Para acalmar os instintos revolucionários do povo, os políticos, em vez de tentarem explicar a realidade às pessoas, preferiram ser eleitoralistas e “torrar dinheiro”.
Assim, endividaram o País até entrar em banca-rota, por duas vezes (na década de 80).
Nessa altura, perante uma enorme dívida pública, os políticos resolveram privatizar uma parte significativa do património que tinha sido nacionalizado.
Entre este, estava o Banco do meu avô.

E, continuando a IMAGINAR coisas…
A minha família tinha investido o dinheiro que tinha tirado de Portugal em propriedades na América do Sul. Como não acreditávamos nada em Portugal, nenhum de nós quis vender qualquer das propriedades ou empatar qualquer das poupanças da família. 
Mas, queríamos recomprar o Banco do meu avô.
Então, viemos a Portugal e prometemos aos políticos que estavam no poder e na oposição, que os iríamos recompensar (dinheiro, ofertas, empregos, etc…) por muitos anos, se eles nos vendessem o Banco do meu avô muito barato.
Assim, conseguimos que eles fizessem um preço de (vamos imaginar uma quantia fácil para fazer contas) 100 milhões, para um Banco que valia 150.
Como não queríamos empatar o “nosso” dinheiro, pedimos (vamos imaginar uma quantia) 100 milhões emprestados aos nossos amigos franceses que já tinham ganho muito dinheiro com o meu avô. Com os 100 milhões emprestados comprámos o Banco (o nosso dinheiro, que tínhamos retirado de Portugal, esse ficou sempre guardado).
E assim ficámos donos do Banco do meu avô. 
Mas tínhamos uma dívida enorme: os tais 100 milhões. Como os franceses sabiam que o Banco valia 150, compraram 25% do Banco por 30 milhões (que valiam 37,5 milhões) e nós ficámos só a dever 70 milhões (100-30=70). Mesmo assim era uma enorme dívida.

Continuemos a IMAGINAR coisas…

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Não será a narração cronológica e subtil dos factos de um verdadeiro enredo…tão antigo quanto actual?


Se os amigos franceses fizeram, ou não, muito dinheiro com o “meu Avô”, não sei, mas foi graças à intervenção de Mário Soares junto de François Mitterrand que o clã Espírito Santo se aliou ao Crédit Agricole para ir a jogo na privatização do BES. E o apoio financeiro do grupo francês foi decisivo para a recuperação do banco, perdido nas nacionalizações de 1975.


Também ninguém pode deixar de constatar que a família cultiva o poder instalado em cada momento. Foi assim com Salazar, Sócrates, Passos Coelho e todos os outros Executivos.
Mas é por Mário Soares que Ricardo Salgado tem uma consideração muito especial…

Um “génio de finança”… com o dinheiro dos outros.

Pelos vistos o génio não chegou para fazer face à quebra da economia em 2008, à crise das dívidas soberanas, à queda da capitalização bolsista, ao crédito delinquente

Mas sobrou o suficiente para extorquir as empresas e aproveitar os negócios oportunos que os governos lhe iam proporcionando, desde os fundos europeus até à chegada do crédito barato, durante 30 anos, sempre a lucrar.
E também para “arranjar uma solução!” para o “Banco do meu avô” que agora está “completamente arruinado”...
Porque, como em todos os outros casos, enquanto a Grande Família ES vai vivendo dos rendimentos escondidos, nós, os contribuintes, reforçaremos o BES porque não acredito que o governo tenha coragem para o deixar cair.

O grande “génio da finança” irá conseguir, uma vez mais, libertar-se do “Banco do meu Avô”, da “Rio do meu Avô”, do “Grupo do meu Avô”, com o dinheiro dos outros.

A capacidade incrível que algumas pessoas têm para praticar delitos!

Os bancos tornaram-se demasiado poderosos na medida em que  influenciam a política, a economia e a cultura; mas porque os políticos são fracos e deixam, perante a inquietante indiferença dos cidadãos!

A ambição comete, em relação ao poder, o mesmo erro que a ganância em relação à riqueza: começa a acumulá-la como meio de felicidade, e acaba a acumulá-la como objetivo.- Charles Colton
Alves Reis  (1898 - 1955), o maior burlão da história portuguesa, deve estar a ser ultrapassado pela enorme máfia de banqueiros/políticos - Caso BPN, BPP, BANIF, BES…

"A geração de banqueiros que dominou Portugal nos últimos 30 anos está a cair. Um a um, por causa de irregularidades, más práticas ou mesmo casos de polícia que alguns admitiam existir mas que nunca se pensou que tivessem tal dimensão. Bancos foram extintos, os prejuízos têm-se acumulado, houve que recorrer à linha de crédito da troika para cumprir rácios e encerraram-se centenas de balcões. 
A pergunta é inevitável: os banqueiros ainda são confiáveis? Ainda lhes podemos entregar o nosso dinheiro e dormir descansados? "- Nicolau Santos


JUDAS ISCARIOTES “era um ladrão, e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava”. João 12.6

Mas arrependeu-se e devolveu o dinheiro...

“E ele, atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi-se enforcar.” Mt 27:5


À pergunta deixada no fim, pelo autor do texto: 
- Se esta história em vez de ser IMAGINADA, fosse verdadeira, que fariam ao neto?
Respondo plagiando ainda Nicolau Santos quandoem 11 de Julho de 2014 se refere a Ricardo Espírito Santo, como “O homem que recebeu um presente de 14 milhões”:
- Há cerca de um ano que Ricardo Salgado não devia ser presidente do Banco Espírito Santo
Em meados de 2013, quando se soube que tinha recebido uma comissão de 8,5 milhões de euros de um construtor civil por causa de um qualquer serviço que lhe terá prestado em Angola, nesse mesmo dia o Banco de Portugal deveria tê-lo declarado pessoa não idónea para se manter à frente do banco verde. Era o mínimo. Nos Estados Unidos, uma situação idêntica dá também direito a prisão, com punhos algemados e as televisões a filmarem em directo.


Agora há Vitor Bento e outros “bem relacionados”, como João Moreira Rato...


"(...)
Vítor Bento foi um dos mais implacáveis defensores da austeridade sem limites, tentando no fundo dar dignidade e profundidade intelectuais ao Ai aguenta, aguenta de Ulrich, a mais desgraçada e realista avaliação política feita até agora.
(...)
É uma espécie de lei da rolha aplicada ao BES: está tudo bem e não se fala mais nisso.
A família Espírito Santo pode ir brincar para a Comporta descansada e tudo fica entregue a “tecnocratas”, expressão que é só mais uma fraude de Passos Coelho."

E numa entrevista ao Diário de Notícias em junho de 2005, era já então presidente da SIBS, foi talvez o primeiro a usar a expressão hoje celebrizada e usada quase à exaustão: "os portugueses estão a viver muito acima das suas possibilidades"- Ladroes de bicicletas, blog





João Moreira Rato, Presidente do Instituto de Gestão do Crédito Público (IGCP) passa a ser, aos 42 anos, administrador financeiro do BES.
geriu o fundo de investimento Nau Capital juntamente com o fundador e gestor João Salgado Poppe que é sobrinho de Ricardo Salgado e um ex-quadro do BES, onde trabalhou durante 12 anos.
Este fundo era participado pelo BES e acabou por ser adquirido pela Eurofin, um grupo suíço especializado em serviços financeiros que, segundo o Expresso do início de abril, se encontra sob investigação pelo Banco de Portugal
Do currículo faz parte a passagem pelo Goldman Sachs… 
Sim," esse que está em todo o lado - a falência do banco Lehman Brothers, a crise grega, a queda do euro, a resistência da finança a toda a regulação, o financiamento dos défices, a crise das dívidas soberanas na Europa e do sub prime nos EUA até a maré negra do golfo do México!" - Marc Roche


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terça-feira, 15 de julho de 2014

A "PAPOULA" E AS OUTRAS


A Linguagem das flores, também chamada floriografia, foi um meio de comunicação da era vitoriana em que se usava o envio de flores e arranjos florais para transmitir mensagens.
A flor, cor e aroma eram considerados factores importantes. As pessoas respondiam "sim" oferecendo uma flor com a mão direita e "não" com a esquerda. 
Presentear com flores e aromas era uma prática realizada tanto por homens como por mulheres.


Quando a Rainha Victoria e o Príncipe Albert se casaram em 1840, a noiva usou um vestido branco considerado invulgar para a época (excepto entre as mulheres ricas) pelo menos até à Primeira Guerra Mundial. 
Apesar da inovação, a jovem Victoria repetiu uma simbologia tradicional ao usar uma tiara de botões de flor-de-laranjeira, costume supostamente oriental e trazido para a Europa pelos Cruzados durante a Idade Média.

E agora poderia divagar sobre esta florigrafia ou muitas outras linguagens de flores mas prefiro distrair-me com uma das minhas formas de expressão.

Para ser linda basta ser flor
Seja simples ou elaborada
Para arranjos ou isolada
Em mensagens codificada
Que jamais perde o fulgor

Flor com listras ou outra flor
Com passarinhos, borboletas
Serão em estilo, vedetas
Pra todos os gostos dilectas
E pousadas do beija-flor


Sentar num banco e respirar
O cheiro das flores do campo
À luz tosca dum pirilampo
Em noites de verão com lampo
É só natureza a exalar

Em apogeu ou declínio
Qualquer flor é marcante
Nas cores, deslumbrante
No perfume, fragrante
Na existência, um desígnio



Gosto do alecrim litorâneo
De gérbera variada
Da camélia avermelhada
Da violeta perfumada
Do rosmaninho espontâneo


As flores não logram enganos
Têm personalidade
Revelam potencialidade
Desafios e sinceridade
Dos sentimentos humanos


                                    A Papoula - The Poppy, 1919, de Van Dongen



No final da I Guerra Mundial, van Dongen foi descoberto pela classe alta. Pintou então muitos retratos, tornando-se um cronista de 1920 a 1930. Os seus retratos expressivos, semelhanças e paisagens receberam muito apreço e alcançaram o sucesso através da sua coloração única. 




E foi só hoje, ao procurar papoilas, flores de que gosto em primeiro lugar, que descobri o autor desta obra que me acompanha (reprodução, claro!) desde os meus 20 anos.
Era frequente perguntarem-me porque não usava mais aquele turbante...(o turbante que nunca tive!)


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sábado, 12 de julho de 2014

QUEM É ANÍBAL CAVACO SILVA? - 4



Alexandra Lucas Coelho foi, em 07 Abril 2014, a vencedora do Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (APE) com o romance “e a noite roda”.

O Grande Prémio é patrocinado pela Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, pela Câmara Municipal de Grândola, a Fundação Calouste Gulbenkian, a Imprensa Nacional-Casa da Moeda, o Instituto Camões, a Sociedade Portuguesa de Autores.

"A palavra a Alexandra Lucas Coelho, a mulher sem papas na língua. Aliás, agora que falo nisto, acho que está mas é na hora de eu formar um partido, o partido das pessoas sem papas na língua. PPSPM. A Alexandra seria das primeiras pessoas que eu convidaria. Ah mulher valente que não as poupa!"
"Um discurso que levanta muitas pedras e as atira para cima da mesa. Perigosa, perigosa, ela. Alexandra Lucas Coelho, que recebeu o prémio APE pelo romance E a Noite Roda, é bem o exemplo de como são perigosas as mulheres que escrevem"
in Um jeito manso - blog

"Para além de um belo texto sobre a escrita literária, é também uma vigorosa e indignada denúncia das políticas e dos medíocres personagens políticos que hoje mais directamente protagonizam o encaminhamento do país para o desastre" - in triplov blog Informação



Por ALEXANDRA LUCAS COELHO*




Discurso de  Alexandra Lucas Coelho na cerimónia de entrega do prémio APE pelo seu romance "E a Noite Roda".

«Quero agradecer em primeiro lugar à equipa da Tinta-da-china, minha casa, Bárbara Bulhosa, Inês Hugon, Vera Tavares, Madalena Alfaia, Rute Dias, Pedro Serpa.
Agradeço em seguida…
(…)
Este prémio é tradicionalmente entregue pelo Presidente da República, cargo agora ocupado por um político, Cavaco Silva, que há 30 anos representa tudo o que associo mais ao salazarismo do que ao 25 de Abril, a começar por essa vil tristeza dos obedientes que dentro de si recalcam um império perdido.
E fogem ao cara-cara, mantêm-se pela calada. Nada estranho, pois, que este presidente se faça representar na entrega de um prémio literário. Este mundo não é do seu reino. Estamos no mesmo país, mas o meu país não é o seu país. No país que tenho na cabeça não se anda com a cabeça entre as orelhas, “e cá vamos indo, se deus quiser”.
Não sou crente, portanto acho que depende de nós mais do que irmos indo, sempre acima das nossas possibilidades para o tecto ficar mais alto em vez de mais baixo. Para claustrofobia já nos basta estarmos vivos, sermos seres para a morte, que somos.
Partimos então do zero, sabendo que chegaremos a zero, e pelo meio tudo é ganho porque só a perda é certa.
O meu país não é do orgulhosamente só. Não sei o que seja amar a pátria. Sei que amar Portugal é voltar do mundo e descer ao Alentejo, com o prazer de poder estar ali porque se quer. Amar Portugal é estar em Portugal porque se quer. Poder estar em Portugal apesar de o governo nos mandar embora. Contrariar quem nos manda embora como se fosse senhor da casa.
Eu gostava de dizer ao actual Presidente da República, aqui representado hoje, que este país não é seu, nem do governo do seu partido.
É do arquitecto Álvaro Siza, do cientista Sobrinho Simões, do ensaísta Eugénio Lisboa, de todas as vozes que me foram chegando, ao longo destes anos no Brasil, dando conta do pesadelo que o governo de Portugal se tornou: Siza dizendo que há a sensação de viver de novo em ditadura, Sobrinho Simões dizendo que este governo rebentou com tudo o que fora construído na investigação, Eugénio Lisboa, aos 82 anos, falando da “total anestesia das antenas sociais ou simplesmente humanas, que caracterizam aqueles grandes políticos e estadistas que a História não confina a míseras notas de pé de página”.
Este país é dos bolseiros da FCT que viram tudo interrompido; dos milhões de desempregados ou trabalhadores precários; dos novos emigrantes que vi chegarem ao Brasil, a mais bem formada geração de sempre, para darem tudo a outro país; dos muitos leitores que me foram escrevendo nestes três anos e meio de Brasil a perguntar que conselho podia eu dar ao filho, à filha, ao amigo, que pensavam emigrar.
Eu estava no Brasil, para onde ninguém me tinha mandado, quando um membro do seu governo disse aquela coisa escandalosa, pois que os professores emigrassem. Ir para o mundo por nossa vontade é tão essencial como não ir para o mundo porque não temos alternativa.
Este país é de todos esses, os que partem porque querem, os que partem porque aqui se sentem a morrer, e levam um país melhor com eles, forte, bonito, inventivo. 
(...)
Este país é do Changuito, que em 2008 fundou uma livraria de poesia em Lisboa, e depois a levou para o Rio de Janeiro sem qualquer ajuda pública, e acartou 7000 livros, uma tonelada, para um 11º andar, que era o que dava para pagar de aluguer, e depois os acartou de volta para casa, por tudo ter ficado demasiado caro. Este país é dele, que nunca se sentaria na mesma sala que o actual presidente da República.
E é de quem faz arte apesar do mercado, de quem luta para que haja cinema, de quem não cruzou os braços quando o governo no poder estava a acabar com o cinema em Portugal. Eu ouvi realizadores e produtores portugueses numa conferência de imprensa no Festival do Rio de Janeiro contarem aos jornalistas presentes como 2012 ia ser o ano sem cinema em Portugal. Eu fui vendo, à distância, autores, escritores, artistas sem dinheiro para pagarem dívidas à segurança social, luz, água, renda de casa. E tanta gente esquecida. E ainda assim, de cada vez que eu chegava, Lisboa parecia-me pujante, as pessoas juntavam-se, inventavam, aos altos e baixos.
Não devo nada ao governo português no poder. Mas devo muito aos poetas, aos agricultores, ao Rui Horta que levou o mundo para Montemor-o-Novo, à Bárbara Bulhosa que fez a editora em que todos nós, seus autores, queremos estar, em cumplicidade e entrega, num mercado cada vez mais hostil, com margens canibais.
Os actuais governantes podem achar que o trabalho deles não é ouvir isto, mas o trabalho deles não é outro se não ouvir isto. Foi para ouvir isto, o que as pessoas têm a dizer, que foram eleitos, embora não por mim. Cargo público não é prémio, é compromisso.
Portugal talvez não viva 100 anos, talvez o planeta não viva 100 anos, tudo corre para acabar, sabemos. Mas enquanto isso estamos vivos, não somos sobreviventes.»


Perante as criticas de Alexandra Lucas Coelho a Cavaco Silva e ao governo PSD/CDS-PP, que acusou de mandar embora os portugueses como se fosse “senhor da casa”, Jorge Barreto Xavier hostilizou a escritora, afirmando que a mesma deveria “estar grata por estarmos em democracia” e por" poder dizer o que disse e que deveria agradecer ao governo pelo prémio que estava a receber".

"Barreto Xavier, um sujeitinho pequenino e infantilmente primariozinho, na entrega do Prémio à Escritora e Jornalista Alexandra Lucas Coelho", in Um jeito manso - blog






Na foto (arquivo): O Presidente da Republica, Cavaco Silva, entrega o Grande Premio Gazeta as jornalistas Cândida Pinto (c) e Alexandra Lucas Coelho, na cerimonia realizada nas ruinas do Convento do Carmo, Quarta-feira, 13 de Setembro de 2006, em Lisboa.
João Relvas/ lusa



*Alexandra Lucas Coelho nasceu em Dezembro de 1967, estudou teatro e trabalhou na rádio durante 10 anos. É jornalista do Público desde 1998. Recebeu prémios de reportagem pelo Clube Português de Imprensa, Casa da Imprensa e o Grande Premio Gazeta em 2005.
Publicou quatro livros de reportagem/viagem: Oriente PróximoCaderno AfegãoViva México eTahrir  – os três últimos publicados no Brasil pelas editoras Tinta Negra, Tinta da China Brasil e Língua Geral, respectivamente.
É a autora do blogue Atlântico Sul onde vai colocando as suas crónicas, escritas originalmente para o jornal Público 
Estava onde o mundo parecia mudar: Moscovo, Afeganistão, México, Israel, Palestina, Egito, Brasil. 
Mora no Alentejo.

E muito possivelmente será filha de um dos irmãos (Eduardo, Ernesto António, Carlos Maria ou João Manuel) de Maria E de M Lucas Coelho D da F., minha colega de turma na Escola Regional do Colégio da Cerdeira. 
Porém, não encontro qualquer referência aos ascendentes...

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quarta-feira, 9 de julho de 2014

AQUI HÁ GATO


Há dias, ao passar os olhos pelas notícias, pouco diversificadas desde há longo tempo, deparei com uns enormes olhos curiosos a fixarem-se nos meus como que a desafiarem-me, desconfiados, para uma “conversa”.

Um gato, um minúsculo gato de orelhas peludas, pontiagudas e triangulares, grandes bigodes, jovial, engastado em rochas da mesma cor, com poucas riscas escuras e só facilmente visíveis na parte alta das patas dianteiras.

Parece doméstico!
Mas vive em tocas, nas rochas…

Gato-do-deserto - leio mais adiante!

Ou seja, nome popular de um animal mamífero, carnívoro, da família dos Felídeos, género Felis - uma das menores espécies (Felis Margarita - nome científico).

Existem 6 subespécies do gato-do-deserto:


- Felis Margarita Margarita (gato-do-deserto-do-norte-da-África)
- Felis Margarita Airensis (gato-do-deserto-do-Níger)




- Felis Margarita Harrisoni (gato-do-deserto-da-península-arábica)
- Felis Margarita Thinobia (gato-do-deserto-do-mar-Cáspio)




- Felis Margarita Scheffeli (gato-do-deserto-do-Paquistão)
- Felis Margarita Meinertz saharahageni (gato-do-deserto-do-Sahara)
Por josé luiz  (SP)

O gato-do-deserto é o mais pequeno do género Felis, juntamente com o gato-bravo-de-patas-negras. Não chega a medir mais do que 50 cm de comprimento (cabeça e corpo) e 30 cm de cauda. Os maiores machos atingem os 3.5 kg de peso

Para encontrar parceiras, o macho produz um som agudo similar a um latido. A audição sensível da fêmea consegue detectar esse som a uma longa distância.

Além das riscas nas patas dianteiras, a ponta da cauda também possui coloração escura. 
Ao contrario de outros felinos, a planta dos pés está totalmente coberta de pelo a fim de os proteger em relação ao contacto com as ardentes areias do deserto; disfarça as pegadas e não permite que se afundem na areia.
Vive bem adaptado em zonas áridas do norte de África, da Arábia, da Ásia central e do Paquistão.

Parece-se mais com os gatos domésticos do que com os outros gatos selvagens e, tal como eles, permanece sempre brincalhão.

As grandes orelhas contribuem essencialmente para a sua sobrevivência; ajudam-no a detectar predadores e presas tanto acima como abaixo do solo - o som não se propaga tão bem nas vastas extensões de terreno quando coberto com areia. Por outro lado, como estão forradas com uma espessa camada de pelagem branca, ficam protegidas contra o vento arrastado pela areia.






Alimenta-se basicamente de pequenos mamíferos, roedores e aves - ratos, lebres, serpentes, víboras venenosas, lagartos, aranhas e insetos.
Apresenta hábitos preferencialmente crepusculares ou noturnos, passando as horas mais quentes do dia protegido entre as rochas. 
Sai da sua toca pela calada da noite, pára e olha em redor, atento a qualquer barulho. Depois começa sua caça silenciosa quase rastejando sobre a areia do deserto e,de repente, salta sobre sua presa distraída.
Após a refeição, continua a caçar durante toda a noite, enterrando na areia o que sobra. 

Embora a caça desta espécie esteja proibida em vários países, tal como muitas outras, está classificado de “quase ameaçado” devido à apreensão para o tráfico de animais exóticos e comercialização das peles. 
Por outro lado, sofrem predação de chacais e aves de rapina.

Felis é um género de mamíferos do grupo dos felídeos, como ficou dito atras, constituído por seis espécies:



- Gato-selvagem
- Gato-doméstico (evoluiu a partir do gato-bravo e é considerado como sua subespécie)



- Gato-de-pallas 
- Gato-do-deserto (já descrito) 





- Gato-da-selva 
- Gato-bravo-de-patas-negras 



- Gato-chinês-do-deserto 
- Gato-dourado-africano 

Todas as famílias da ordem Carnívora são carnívoros obrigatórios, porque necessitam de enzimas para digerem a matéria vegetal. 


Têm garras longas e encurvadas, unhas retráteis (alguns deles) nos cinco dedos das patas da frente e nos quatro das de trás. Sã privilegiados com muito bom olfacto, elevada audição e grande capacidade para ver à noite devido à
existência de uma membrana chamada tapetum lucidum, que reflete a luz de volta ao globo ocular dando-lhe o famoso brilho dos olhos.
Possuem e controlam mais de 500 músculos e a espinha é flexível para treparem facilmente.



Os Gatos-do-deserto são fundamentalmente solitários, mas não territoriais. É comum que vários indivíduos frequentem os mesmos refúgios, ainda que nunca os compartilhem ao mesmo tempo. 




Quando em cativeiro, é extremamente sensível a doenças respiratórias e infecções do tracto respiratório superior

Filhote de gato-do-deserto apresentado em zoológico de Brookfield


Gato de patas negras do jardim zoológico de Brookfield, que nasceu 14 de fevereiro está indo bem. O gatinho, de 3 meses de idade, ainda está fora de exposição. Ele continua a ganhar peso e está ficando mais forte a cada dia.


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domingo, 6 de julho de 2014

426 DIAS, 4 HORAS E 45 MINUTOS


Perante o desfecho inédito dos acontecimentos, Isaltino Morais foi protagonista num dos meus postes ("Uma Gota no Oceano").
E porque numa história há sempre um virar de página, a continuidade faz parte dela.

Era uma vez...


24 Abril 2013

 ... um presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, que foi detido pelo Grupo de Investigação Criminal da PSP de Oeiras e levado para a zona prisional anexa à PJ, na Rua Gomes Freire, em Lisboa, a fim de cumprir uma pena de dois anos de prisão efectiva sentenciados pelo Supremo Tribunal de Justiça, por branqueamento de capitais e fraude fiscal.



Considerando o facto invulgar, insólito, surgiram as mais diversas reacções entre os cidadãos, incrédulos quanto à veracidade da situação.
- "Se começam a prender os políticos corruptos, o que vai ser deste país ? Ficamos sem Presidente, sem Governo, sem Assembleia da República, sem Presidentes da Câmara ... o que vai ser de nós?" (lido no facebook)

E destaco a mais peculiar, quanto a mim (embora não sendo original) - a criação, logo depois, de uma página na Internet para contabilizar, ao segundo, o tempo que o autarca passaria na prisão, a partir daquele momento… conforme se demonstra no video abaixo.



Isaltino estava no Estabelecimento Prisional da Carregueira (Sintra).




- O Isaltino ainda está preso?
- NÃO!




Tinham passado exactamente 426 dias, 4 horas e 45 minutos quando, em 24 de Junho passado, um homem mais magro, crispado, parco em palavras, envelhecido, de cabelo branco ondulado, barba em vez da anterior pêra, saco de plástico preto na mão, calças de ganga e em mangas de camisa, saía em liberdade condicional

Segundo o tribunal, Isaltino foi posto em liberdade porque possui "meios próprios de subsistência e suporte familiar", pelo seu "arrependimento" e por inexistente perigo de "reincidência"

- "Faz todo o sentido. Roubou, pagou ao fisco com o dinheiro que roubou e vai viver do dinheiro roubado. Está tudo bem, portanto. "Siga", que não há tempo a perder... Amanhã já ninguém se lembra" - um leitor



Isaltino: “Eu sou um optimista, senão já me tinha suicidado”




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