Abro o computador. Leio as notícias em diagonal. Vejo o correio electrónico.
O windows dispõe uma página em branco. Resolvo preenche-la. Sem esquemas nem
ideias. As palavras vão surgindo ao ritmo da perscrutação de hábitos, rotinas e
comportamentos. Sem espaço para fantasias.
O pequeno
assento estofado ganhou um inquilino. Vive ali povoado de pensamentos
negativos. Sem fome e sem vontade. "Não aguenta mais". Deixou de ter planos e
compromissos. Sem energia, não lhe apetece fazer nada.
Tomara que tudo isso fosse apenas uma máscara. Mais cedo ou mais tarde as
máscaras caem. Mas não é. Porque amanhã será igual. E depois de amanhã.
Ouve-se um cão
a latir (parece que “chora”). Dia após dia. À noite ladra. E aos fins de semana também (parece sentir-se "protegido").
Os cães ladram quando brincam, cumprimentam, têm
medo, querem atacar ou receber atenção; quando estão sozinhos, frustrados, excitados ou ouvem
outros cães. Diz-se que ladram por tudo ou por nada.
Comunicam através do latido para informar sobre o seu estado emocional. As
características acústicas do latido são consistentes consoante a situação ou o tamanho
do animal – agudos, graves, mais ou menos longos.
Geralmente, os
que são emitidos em isolamento são agudos para chamar a atenção do dono.
Julgo ser o caso do cão a que me estou referindo.
Só que, quem o ouve não é o dono… e ouvir
um cão a latir continuamente pode deixar os vizinhos em stress.
Ah! O bolero de Ravel… Alegre, inspirado
pelo ritmo da dança espanhola. Alguém aqui bem perto está a deliciar - se com a
riquíssima exploração dos timbres de todos os instrumentos da orquestra.
Um por um, vão entrando em volume baixo.
Num ritmo sem variação, vão-se repetindo, ganhado massa e corpo, criando forma e
volume.
Final de música apoteótico,
hipnotizante!
Obrigada, Maurice Ravel!
Obrigada, vizinho (a) por me ter deliciado com esta melodia linda!