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domingo, 31 de maio de 2015

"... NÃO QUERER É PODER "





"Todo o poder é triste."
Será, no mínimo, uma declaração enigmática.
Pois se o poder não possui alegria, se é desagradável ou infeliz, porque há tanta gente atraída pelo compulsivo fascínio de qualquer pedacinho dele?

Mas quem o define assim, é Émile-Auguste Chartier  (1868 - 1951), filósofo francês, jornalista e ensaísta, em “Considerações II”, utilizando um dos vários pseudónimos literários, Alain.
Como defensor acirrado da liberdade de pensamento e do indivíduo, as suas crónicas, consideradas de alta qualidade literária, abordavam a política, a economia, a religião, a educação e a estética, sempre com a mesma finalidade - a luta pacifista. Em 1934 foi, até, um dos fundadores do Comitê de Vigilância dos Intelectuais Antifascistas (CVIA). 
Apesar de pacifista, alistou-se no exército francês e, no plano político, dedicou-se ao movimento radical em favor de uma república liberal, estritamente controlada pelo povo.
Logo, tem fundamentos para sustentar a veracidade de tal constatação…

É triste porque, segundo vários filósofos, antes de tudo, é uma negação.
O que fascina no poder é o prazer sadomasoquista de permitir e consentir o que antes era proibido e já estava negado.
 “A tristeza do poder nasce pelo facto de que todo o poder (Kratos) é uma forma de negar a potência (Dynamis) vital do ser. Todo o poder se manifesta no não”.
Alimenta-se da impotência.

Luiz Fuganti (filósofo, arquitecto, professor, escritor), defende que só o impotente pode dominar.
O impotente, não encontrando meios de crescer sozinho, investe no poder porque não suporta a potência do outro. Captura apostando numa sedução de falsas promessas. Ele cria a tristeza e depois oferece a salvação. Coloca-se assim a aceitação na mão do outro.


Se eu preciso de pedir autorização a alguém para fazer, ou obter, ou querer ou sonhar alguma coisa, é porque antes eu não podia fazer, obter, querer ou sonhar por mim mesmo. O poder bloqueia a minha vida.

Porque deixamos que o poder se exerça sobre nós? 
Porque sem nós, o poder não tem sentido.
A miséria, a desqualificação e a hipocrisia são muito importantes para o poder. E é muito importante para o poder incluir-nos na miséria - com a ajuda da justiça e da lei.

O sacerdote precisa da tristeza dos seus fiéis, precisa que eles se sintam culpados.




Hegel (1770-1831), filósofo alemãodiz: “O senhor é aquele que é reconhecido pelo escravo e o escravo é aquele que prefere a sobrevivência à vida (…). Aí o senhor empina o pescoço”







Nietzsche (1844-1900), filólogo, filósofo, crítico cultural, poeta e compositor alemão, interroga: “Que senhor é esse, que precisa do olhar do escravo para ser senhor?”





A grande contradição é que tanto o senhor como o escravo são vítimas do poder porque a perversão faz parte de todos nós, embora em proporções diferentes.
Não há reconciliação entre poder e potência porque o poder faz do corpo uma função e a potência faz da vida uma criação.
“Só somos efetivamente livres quando nós criamos – não apenas objectos no mundo, mas quando nós criamos as condições da produção dos objectos, as condições dos movimentos, dos afectos, das acções e das paixões, das experimentações sensíveis do corpo, as condições da produção e da invenção do pensamento, porque pensar antes de tudo é inventar. Não basta imaginar para pensar. Pensar é inventar realidade. (…) “ 
Fuganti




Foucault (1926-1984), historiador e filósofo francês, também diz que "o poder não age tanto por repressão, ele age muito mais por sedução. Power está em toda parte "e" vem de todos os lugares " e, nesse sentido, é uma espécie de "metapower" ou "regime de verdade" que permeia a sociedade e que está em constante fluxo e negociação.



Muitas vezes o homem deseja ser ofendido para se poder vingar.
As pessoas sentem prazer em guardar raiva, rancor e ressentimentos porque, embora lhes provoquem sofrimento, também lhes dão a sensação de poder, de um “ego certo” perante o “errado do outro”. 
Acontece a mesma condição de superioridade quando julgamos e criticamos, ainda que só mentalmente.



Fernando Pessoa (1888 – 1935), filósofo e escritor - o mais universal poeta português:
“Querer não é poder. Quem pôde, quis antes de poder só depois de poder. Quem quer nunca há-de poder, porque se perde em querer”.
Livro do Desassossego




Diz-se que a consciência é a voz da razão. 
Que útil seria se chegasse antes de se tomarem tantas decisões importantes!


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domingo, 24 de maio de 2015

"HOJE O MUNDO É VERMELHO"



Apesar de ser considerado o desporto mais popular do mundo e de a actividade mais antiga que se assemelha ao futebol moderno datar dos séculos III e II a. C. (dados baseados num manual de exercícios correspondentes à dinastia Han, antiga China), não fazia parte da minha expressão cultural.
Nem mesmo, penso, da expressão da maior parte das mulheres pois, sendo considerado essencialmente um desporto para homens, nem permitia o ingresso feminino.
O primeiro jogo feminino com regras de futebol ocorreu em Glasgow no ano de 1892. Proibido em Inglaterra de 1921 a 1969 (não noutros países), o primeiro encontro internacional de selecções só aconteceu em 1972.
E, actualmente, segundo uma pesquisa realizada pela FIFA, existem cerca de 26 milhões de jogadoras no mundo (1 para cada 10 jogadores).


Mas a Seleção Nacional Portuguesa fazia parte do Campeonato do Mundo de 1966. 
E Eusébio ajudou-a a alcançar um injusto terceiro lugar (lembro-me de muita imprensa ter divulgado o “roubo” do primeiro, pela Inglaterra), foi o maior marcador da competição, recebeu a Bota de Ouro e a Bola de Bronze.

E Eusébio era do Benfica

E o Benfica passou a ser o meu Clube preferido …

E ontem o Benfica foi campeão nacional pela 33ª vez …


José Rosa Rodrigues, um dos fundadores do então Sport Lisboa em 28 de Fevereiro de 1904, foi o primeiro Presidente.


As estimativas em relação ao número de adeptos apontam para cerca de 14 milhões espalhados por todo o mundo (confirmado pela FIFA na revista The Weekly em Fevereiro 2014)…

Era o clube dos emigrantes. Penso que continuará maioritariamente a sê-lo.  
É, também por isso (além da magia de Eusébio), que gosto de me juntar a eles. As minhas melhores amigas de infância andam por lá. E o mesmo acontece aos jovens de agora …


“Hoje o mundo é vermelho
É indiscutível, o Benfica é o maior clube nacional e as imagens da festa dos benfiquistas emigrantes em todas as partes do mundo fazem crer que o Benfica não só é o clube com mais adeptos em Portugal, a avalancha de emigrantes que nos últimos anos tem deixado Portugal tem feito também do Benfica um dos clubes com mais adeptos em todo o mundo. Em Londres, Paris, Bruxelas, Luanda, São Paulo e um pouco em cada país do mundo se festejou a vitória do Benfica. E se as imagens da festa dos benfiquistas pelo mundo servem para alguma coisa, servem para constatar o enorme número de portugueses por todo o mundo.
É, também, no futebol que essas pessoas encontram um pouco de Portugal. Por mais longe que se encontrem, o futebol leva-lhes um pouco da nossa idiossincrasia enquanto portugueses, que – nunca escondemos – gostamos de futebol.
Onde quer que haja um português há o cheiro a bacalhau salgado, um galo de Barcelos e um cachecol do Benfica. Mesmo que sejamos de outras cores clubísticas, como eu, estas festas têm a capacidade de aproximar os emigrantes com este pequeno triângulo a que chamamos de Portugal.
Façam a festa, emigrantes. Celebrem Portugal!
André Vinagre


 Macau                                               New Jersey

 Luxemburgo                                              FALOP


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domingo, 17 de maio de 2015

VIVE-SE PARA APRENDER


Tratar as pessoas com o mesmo grau de importância que nos tratam - aprende-se com as boas ou más lições da vida.  

As imagens e frases que se seguem foram retiradas do blog Stuff No One Told Me  (Coisas que ninguém me contou)

1 - Está tudo bem em relação a mudar a sua opinião sobre pessoas ou coisas da sua vida… Apenas tente manter a coerência.


2 - Boa imaginação é sinal de inteligência.



3 - Não confie em pessoas que não confiam em ninguém.


4 - Algumas vezes, desistir é a decisão mais corajosa.


5 - Coisas são somente coisas. Não se apegue a elas.


6 - Coisas que são difíceis de falar são normalmente as mais importantes.

7 - Confie nos seus instintos.


8 - Os problemas da sua família não são os seus.


9 - Pessoas que só ligam quando precisam de alguma coisa, não são seus amigos.


segunda-feira, 11 de maio de 2015

FRAGMENTOS DE ROTAS DE CRUZEIROS - O MAR


A voz do mar sussurra, clama, murmura, convida a alma a vaguear, perde-se em labirintos de contemplação interior, é sensual, envolve o corpo num enorme abraço!
Olhar o mar é quase uma oração que não é para qualquer um, penso. 





No Porto Grande da iha de S. Vicente, em Cabo Verde, encruzilhada de barcos de várias origens, centro das principais rotas de navegação através do Atlântico, ancorou também o Island Escape que permitiu apreciar as belíssimas praias de água tépida e cristalina, a pitoresca cidade do Mindelo encaixada entre o mar e um agreste maciço rochoso, o espectacular panorama da ilha vulcânica de Santo Antão e o Ilhéu dos Pássaros, considerado o ponto mais ocidental de África, com o seu farol Dom Luiz I, frente á ilha de S. Vicente, cercado pelo mesmo mar de águas mornas.


As águas do mar do Forte de S. Marcelo, S. Salvador da Baia, de planta circular, inspirado no Castelo de Santo Ângelo  (Itália) e na Torre do Bugio  (Portugal), não são de um azul transparente mas de um verde forte devido à fusão com o céu azul.
A coloração é causada principalmente por várias partículas minerais ou orgânicas, em suspensão na água. A matéria orgânica decomposta produz um pigmento amarelo que, misturado com a luz, faz o mar parecer verde-azulado ou verde.

No alto mar
A luz escorre
Lisa sobre a água.
Planície infinita
Que ninguém habita.
O Sol brilha enorme
Sem que ninguém forme
Gestos na sua luz.
...
Sophia de Mello Breyner Andresen

O pescador do mar alto
Vem contente de pescar.
Se prometo, sempre falto:
Receio não agradar.
Fernando Pessoa



Deitada numa das várias espreguiçadeiras que circundam o amplo deck, com as pernas elevadas, é bom estar no meio do mar, no mar planura fabulosa, que parece muito mais perto do que na realidade está
O mar, no oceano abertoé puro e claro.
A partir de uma certa profundidade, as cores começam a ser absorvidas - a vemelha aos seis metros, a amarela aos quinze e abaixo de mais ou menos 30, toda a luz parece de um azul monocromático, sem sombras.

Bem perto do arquipélago Fernando de Noronha, o mar é tranquilo e límpido. Avistam-se praias de areia branca de formas e dimensões diversas, alguma vegetação nos declives, um porto de abrigo para embarcações de recreio, um verdadeiro paraíso...



O sol, subindo acima do horizonte, vem iluminar o Costa Fortuna, no Mar Mediterrâneo, a caminho de Nápoles.
Formado a partir das águas do Oceano Atlântico, o Mar Mediterrâneo não é um mar calmo, embora seja muito raro ver ondas de 5 metros. Integra a categoria de mar interior, o maior do planeta e a salinidade aumenta à medida que nos afastamos do estreito de Gibraltar, tornando a água mais densa.
Ao longo da costa da Toscana, o paraíso natural tem mar cristalino com tons diferentes de azul que banham lindas praias entre penhascos.


À noite, o azul "Mar da Madeira", visto do Costa Fortuna parece fazer parte do quadro dum OVNI em forma de barco ou um pouco da beleza que há na tisteza dos quadros de marinha de António Machado.



sexta-feira, 1 de maio de 2015

DIA UM DE MAIO




- Gostava de ter na minha casa uma parede inteira apenas com esta foto aumentada em alta resolução. 
Será possível?
- Talvez. 
Vou saber se o M. consegue obter a cotação junto do fornecedor de imagens e impressão que trabalha para ele.
- O mar reconforta, o horizonte é tranquilo, há velas imaginárias que ultrapassam a realidade
- O mar tem segredos…
- Saberá qual “o sítio certo na hora certa”?
Enquanto o sol se põe no Ocidente, um outro dia surge no Oriente!

E olha uma vez mais para o curriculum que o levará ao céu… ou ao inferno da frustração novamente.