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terça-feira, 24 de setembro de 2019

MAIS UM OUTONO


Hoje começa, oficialmente, a minha estação predilecta - o outono (Outono, no tempo em que aprendi a representar as palavras, caracteres e sinais gráficos através da escrita) 
Com as novas regras do Acordo Ortográfico de 1990, as estações do ano passaram a escrever-se com inicial minúscula, ficando as iniciais maiúsculas reservadas para os nomes próprios de lugares, de pessoas e de entidades mitológicas.
Apesar de não aceitar este Acordo (nem qualquer outro!), não vejo nenhuma razão sintáctica para não usar outono em vez de Outono.

E aí está ele outra vez...



O Outono em Portugal

Na antiguidade só eram conhecidos o verão e o inverno: o verão, um período mais longo (ver ou veris, do termo em latim veranum) que englobava  as actuais estações da primavera, verão e outono e que significava o tempo primaveril, seguido de um período mais curto com mau clima, o inverno (hiems ou hibernus tempus”)
Como ao período longo correspondiam muitos meses, essa grande estação passou a ser dividida em duas mais pequenas: primo ver (o “primeiro verão”), ou primavera depois e deveranum tempus ou veranum tempus (período de maior calor) ou verão, posteriormente. 
Porem, no seu final, o veranum tempus ainda considerado grande, começou a ser chamado aestivum (estio).
Mais tarde, o hiems ainda foi dividido em tempus autumns (“prelúdio do inverno”, “tempo do ocaso”), hoje outono e hibernus tempus (“tempo de hibernar “) o  inverno em si.
No século XVI chegaram a existir cinco estações: primavera, verão, estio, outono e inverno, com durações diferentes.
A partir do século XVII, o verão foi anexado ao estio e deu origem a uma nova divisão, as quatro estações actuais. O início de cada período seria determinado pelos equinócios e pelos solstícios.

Na natureza esta fase é marcada pela renovação, obrigatória, para a sobrevivência e desenvolvimento da vida. Este processo de libertação do antigo é essencial, pois é no desprender e libertar que se abre espaço para o novo que a Primavera virá preencher.


Gosto do outono. Estação da temperatura ideal, de transição entre o verão muito quente e o inverno muito frio, é também de preparação, do amadurecimento dos frutos e da colheita. Com manhãs mais tardias e anoiteceres mais prematuros, os dias começam a diminuir, convidando ao recolhimento. Um chá quente já é reconfortante e a lareira, um local apetecível.
As folhas adquirem uma enorme gama de cores desde o amarelo, ao laranja, marrom, verde e vermelho. As paisagens enchem-se desses tons vibrantes e passear pelos parques ou pelos jardins cobertos, faz-nos respirar ao ritmo dum ruído seco e crocante, provocado pelo pisar das folhas caídas.
A comida é mais apetitosa com enchidos, sopas, assados, massas e castanhas quentes, a substituir as saladas.
O frio e a chuva são a desculpa perfeita para fazer compras e renovar o guarda-roupa ou para ver o filme que estava aguardando.
O cheiro a canela começa a sentir-se e os enfeites de Natal vão surgindo por todo o lado nas ruas, nos shoppings, nas casas.

Enfim, pode dizer-se que o outono está associado ao começar de um novo ciclo com o regresso ao trabalho ou à escola, o fim da época de férias, a preparação dos animais para a hibernação, a caça, as vindimas

Nesta estação

Alimentos: Os derivados do milho e do trigo e todos os tipos de raízes e sementes, como batata, cenoura e noz.


Bebidas: Consumé, sumo de frutas, vinho

Cores: Amarelo, laranja, marrom, verde, lilás, vermelho

Frutos: Maçã, romã

Incenso: Benjoim, mirra, sálvia

Pedras: Ágata, cornalina, lápis-lazúli, safira

E outros símbolos: 


Imagens Google

sábado, 14 de setembro de 2019

A BODA/ BODAS



Era Setembro, dia vinte
Quando os Pais rumaram 
Prá Igreja Paroquial.
A noiva, de vestido à medida
Com jóias que lhe juntaram 
O noivo, de fato e gravata
Dizem os que brindaram

Dois ilustres irmãos
Apadrinharam o casamento
Aos santos, a Avó Zéfinha 
Pelo bem parecido genro
Fez um agradecimento
Felizes, os Avós paternos
A boda doaram pró evento

Inventadas na Idade Média
Por um alemão burguês
Pró dia da união lembrar 
As bodas foram alastrando
Com razoável rapidez
Mais simbologia própria
Pra um ano de validez

E assim sendo, os meus Pais 
As Bodas de Café evocariam
Porque 79 anos seriam
Os que neste dia fariam

 


Cada  vez mais distantes e diferentes, ainda estamos todos por cá! 
Geralmente, planeava as minhas férias de modo a incluir esta data pois era, para eles,  a de maior significado.


quinta-feira, 12 de setembro de 2019

ROSA MOTA - CAMPEÃ AOS 61 ANOS



ROSA Maria Correia dos Santos MOTA


Rosa Mota voltou a conquistar uma medalha de ouro aos 61 anos... 

"A atleta, campeã da Maratona em 1988, venceu no passado domingo a prova de corta-mato para mais de 60 anos no Europeu Masters de Atletismo, que está a decorrer em Veneza, Itália".

Não é fantástico?


E ainda há quem defina como idosa a pessoa com idade igual a 60 anos (ou 65, mais comum)!

A idade e o processo de envelhecimento possuem outras dimensões que ultrapassam a idade cronológica, embora haja uma categorização para as pessoas mais velhas - os idosos jovens (dos 65 aos 74 anos) activos e vigorosos e os idosos velhos (dos 75 aos 84 anos) que, tal como os idosos mais velhos (dos 85 anos em diante) já  têm maior propensão para doenças e mais dificuldade em desempenhar algumas actividades da vida diária (Papalia, Olds & Feldman, 2006).
As pesquisas  revelam, cada vez mais, que o processo de envelhecimento é uma experiência individual vivida, o resultado das experiências passadas, a forma como se administra a própria vida no presente e as expectativas futuras, com envolvimento biológico, cronológico, psicológico e social.

O significado do envelhecimento populacional, tão relevante no século XX, empurrou a velhice para idades mais avançadas. A terceira idade é uma criação recente no mundo ocidental. Prado (2002)

A simpatia de Rosa Mota e o sucessivo acumular de tantas vitórias pelo Mundo, proporcionou-lhe, depois de se ter retirado da sua actividade competitiva, o acesso a um convívio com gente das várias facções partidárias, bem visível na recente homenagem que lhe foi feita quando da passagem dos 20 anos sobre a vitória da primeira maratona feminina, realizada em 1982 no âmbito do Campeonato da Europa de Atletismo, em Atenas (campeã da Europa da Maratona). Havia políticos de vários governos, gente da música, das artes, da poesia e amigos

Hoje é a verdadeira embaixadora do desporto português, disponível para estar em qualquer lugar e acção, sem pagamento de portagens ou dinheiro para o combustível. 
E tanto a atleta como o médico José Pedrosa já não estão no activo... Mas sabe-se que vivem dos investimentos feitos no tempo em que ganharam muito bons prémios. 
A invejável condição física  de Rosa é adquirida no treino de bicicleta e na natação em piscina de água aquecida, na sua residência
Chamam-lhe a campeã da solidariedade porque usa a sua influência em contactos de ajuda (raramente recusada) para atletas doentes ou acidentados.

Rosa Mota é, então, a campeã das maratonas, a alegria, o sentimentalismo, a solidariedade, embaixatriz do desporto e bem lusa.

Mas que “velha” esta, hein? 


As seis medalhas de Rosa Mota

Ouro no Europeu de Atenas’1982
Foi a primeira maratona feminina de grandes competições e a estreia de Rosa Mota

Bronze  nos Jogos Olímpicos de Los Angeles’1984
Com 37 segundos de vantagem sobre a quarta, a norueguesa Ingrid Kristiansen, recordista europeia

Ouro no Europeu de Estugarda’1986
Aos 15 km já estava isolada e terminou com mais de quatro minutos de vantagem sobre Laura Fogli, segunda em Atenas’82.

Ouro no Mundial de Roma’1987
Nunca um campeão mundial ou olímpico tinha terminado com tanta vantagem: 7m e 21s! Enquanto esperou pela segunda, deu a volta de honra com a bandeira, tirou as fotos e teve os beijinhos habituais

Ouro nos Jogos Olímpicos de Seoul’ 1988
Foi a vitória mais difícil mas também a mais saborosa da carreira, com a australiana Lisa Martin e a alemã Katrin Dörre coladas

Ouro no Europeu de Split’ 1990
Foi a medalha mais sofrida. À meia-maratona  estava com 1m e 42s de vantagem. Mas a soviética Valentina Yegorova, dois anos depois campeã olímpica em Barcelona, recuperou e colou-se. Rosa teve que reagir para  manter a ligeira vantagem de cinco segundos até à meta.

Rosa Mota participou em 21 maratonas entre 1982 e 1992, numa média de duas maratonas por ano e ganhou 14.

No inicio da carreira vivia-se um ambiente de tal maneira sadio no atletismo que Rosa Mota disse: "se pudesse, dividia a medalha por todos os atletas". Teve também a sorte de encontrar José Pedrosa, o companheiro que conjugou todos os esforços para o seu sucesso

Imagens e pesquisa Google

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

SAIR DE NÓS E "VOAR"...


Devia não ser importante continuar a fazer o que não interessa (ou interessa  pouco) e poder mudar quantas vezes se quisesse, sem quaisquer pressões, até se encontrar aquilo de que apenas se gosta, fazendo-nos sentir únicos. 

Fantasiar é, de certo modo, uma actividade produtiva em que a imaginação ganha um possível `embalo´ para a mobilização do tempo `congelado´.

Quem não gostaria de romper com o quotidiano e de se perder por algum tempo no sonho de um mundo de fantasias?

Gosto muito da minha Beira Alta, como tenho aqui sublinhado tantas vezes , das suas características históricas e paisagísticas únicas. 
Gosto do meu pequeno e tranquilo refúgio ambiental na aldeia, onde o silêncio rapidamente faz uma reconciliação com a paz, interrompido/completado apenas pelo cantar do galo, pelo toque dos sinos (da Igreja ou da Torre), pelo rodar dos veículos na estrada ao lado, pelo apito do comboio em frente, pelo latido dos cães ou pela voz menos melodiosa de algum transeunte.


Gosto, mas não por muito tempo. As pessoas de agora não têm nada a ver com as da minha geração. A empatia é escassa. E o relacionamento local tem que fazer parte do modo de vida diário...

Então, rompendo também com esta já ausência de fantasia, optaria por locais não identificados em rotas turísticas da costa alentejana/vicentina, magistral, quase surrealista, pura na forma de ser e de estar, onde tudo faz sentido e o belo ultrapassa a imaginação nos seus limites (até a pureza das gentes é diferente na sua simplicidade)

Com passaporte sem visto, desligando a mente e deixando para trás todo o mundo digital, iria exactamente para uma das mais secretas praias do mundo, a Praia dos Canudos, Sines, local em que ainda se encontram algumas aves a nidificar e seres vivos em vias de extinção.
De acordo com uma pesquisa feita por Guida Brito , as gigantescas formações esburacadas da misteriosa, silenciosa e deserta praia, tem origem na existência de uma floresta da última glaciação na terra que foi coberta por areias.

“As areias calcárias consolidaram-se, transformaram-se em pedra; muitos dos troncos apodreceram deixando os seus moldes impressos nas rochas – dando o nome à Praia dos Canudos. Com a erosão das dunas e da falésia, árvores, antigos riachos e outras formações curiosas estão, hoje, a céu aberto.” Guida Brito

Fotos de Guida Brito


É uma praia muito extensa que fica quase toda imersa durante a maré alta e a  falésia, encimada por um vasto sistema de dunas, acompanha toda esta praia selvagem.

Num quase torpor, acomodada na toalha estendida sobre a areia quente e ouvindo o som rítmico das ondas a quebrar, esperaria que elas se encarregassem de esvaziar a memória e a ligassem à energia do universo...
Nos períodos em que a água do mar recua, a praia fica mais “larga” e, quando avança sobre a faixa de areia, fica mais “estreita”.
A praia deserta transmite energia, boa disposição, menos peso sobre os ombros,  sensações harmoniosas. 


As marés divertem-se com a atracção gravitacional exercida pela Lua e pelo Sol sobre o mar: ora sobem, ora  baixam ...                                                                                                  
 Por O Incrível Pontinho Azul Publicado a 08/08/2018

E não perderia um fim de tarde na baía de Sines para ver as deslumbrantes cores do Sol desaparecendo, engolidas pelo mar. 

Imagem Google

Desta vez o refúgio ficaria por aqui - 2/3 dias, como habitualmente.