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sexta-feira, 30 de julho de 2021

OTELO, UM ÍCON DO 25 DE ABRIL

 

Otelo Nuno Romão Saraiva de Carvalho, capitão de Abril, morreu a 25 de Julho, com 83 anos, de insuficiência cardíaca, sem luto nacional.

Como irá a história lembrá-lo, é a polémica em torno da qual muitas opiniões  divergem.

Personagem paradoxal, político utópico, revolucionário corajoso e arbitrário, estratega solitário e comandante operacional do 25 de Abril, radical, um símbolo do PREC/terror das FP-25, de voluntarismo idealista mas não facilmente instrumentalizável, sem formação e estrutura política suficientes e agora a votar no Bloco de Esquerda, ficará sempre na memória,  com certeza, como uma marcada figura de Abril.  

Durante o PREC  foi um apoiante  entusiasta das nacionalizações e da reforma agrária, procurando instaurar a democracia de base popular em que acreditava. Assinou mandatos de detenção em branco e ameaçou concentrar a “reacção” no Campo Pequeno. Quanto aos actos de terrorismo que provocaram mais de uma dezena de mortes, sempre afirmou a sua inocência.

-  «Nunca tive nada a ver, sublinho de novo, com nenhuma acção praticada pelas FP-25, nunca tive nada a ver com bombas, assaltos, homicídios. Verifico, com desgosto, que a minha biografia é sempre rematada de uma forma extremamente negativa, género “envolveu-se com grupos esquerdistas, de luta armada, que o levaram à prisão”. Ora, eu gostaria que não ficasse na História essa mentira.» (excerto de uma entrevista a Otelo Saraiva de Carvalho por ocasião dos 30 anos do 25 de Abril,  também documento e auto-retrato), por José Carlos de Vasconcelos

Porem, relacionado com este tipo de acções, assisti, quando caminhava na R. Professor Reinaldo dos Santos com o meu filho pela mão, ainda muito pequeno, ao disparo de vários tiros de uma arma de fogo através da janela de um dos edifícios, para abater um dos transeuntes mas que, segundo vozes no local do momento, não chegaram a matar. O medo pairava nas ruas

Otelo, um vencedor no plano militar, um derrotado no processo revolucionário (felizmente) e, sem dúvida, uma figura histórica diferenciada . 


Imagens Google

domingo, 25 de julho de 2021

"A BELEZA DOS NÚMEROS"


A beleza dos Números”, era o nome do e-mail que acabava de entrar no meu PC. Interessante, pensei, depois de o ter lido. E optei logo por fazer uma interrupção nos planos do momento para  explorar o tema um pouco mais.

Fiquei surpreendida com  a associação da palavra beleza a tantas outras, nem sempre simpáticas para, sobretudo, muitos estudantes.  É o caso de a “beleza da Matemática”, a "Matemática da beleza", a "beleza nos resultados matemáticos", a “beleza da Geometria”,  a “beleza dos Números Primos”, a “beleza do Número de Oiro”.

A beleza da Geometria


As abelhas podem resolver resultados matemáticos sem usar números

Porem, quem  não odeia o assunto nem teve de superar um bloqueio mental  face aos métodos de ensino quase sempre não adaptados ao funcionamento cognitivo de cada aluno, acaba mesmo por ficar do lado dos que gostam.

Na matemática cada capítulo é importante para compreender o próximo, ou seja, a matéria é cumulativa, exige revisão contínua dos conceitos leccionados em cada aula. Por outro lado, dá sempre jeito ter um bom raciocínio lógico, capacidade de dedução, uma certa intuição para perceber o enunciado de cada exercício e alguma criatividade . Mas se a forma  de transmitir o conteúdo não for eficaz, nenhuma destas capacidades poderá contribuir plenamente para um melhor resultado. 

A Matemática da beleza

Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci é um manual de aplicação da beleza nas pinturas, nas esculturas e nos edifícios. As Villas Palladianas, o Duomo de Brunelleschi, as hipérboles de Gaudí, apresentam, todas, variações da constante real algébrica com o valor de 1,618, utilizada desde a Antiguidade. Encontra-se também na “Quinta Sinfonia de Beethoven, na obra de Debussy, nos traços de Mondrian, no Nascimento da Vénus de Botticelli, no Davi de Michelangelo, nas estrofes da Ilíada de Homero, no Pentâmetro iâmbico (descreve um determinado ritmo que as palavras estabelecem em cada verso) de Shakespeare. E no mundo natural das galáxias, nas espirais das conchas, nos ventos, pétalas, sementes e flores. Miguel Pinto de Magalhães em Archtrends Portobello


A beleza da Matemática - simetria dos números numa multiplicação
Fascinante!


Divertido

Até já era capaz de ficar aqui a noite toda…

O cérebro está sempre em desenvolvimento, graças à capacidade da neuro plasticidade. Embora as mudanças mais profundas se verifiquem até à primeira infância, o órgão pode ser moldado e desenvolvido durante toda a vida, se estimulado.

Mas não devo deixar de referenciar ainda Paul Erdős (1913 – 1996), um matemático húngaro que apresentou e resolveu problemas na teoria dos números e fundou o campo da matemática discretaPara ele, a matemática era ordem e beleza no seu estado mais puro; transcendia o mundo físico. Desenvolveu o Método Probabilístico, uma nova forma de demonstração de existência.

Paul Erdős

"É como perguntar porque é bela a sinfonia de Beethoven. Se não vê porquê, ninguém poderá explicar-lhe. Sei que os números são belos. Se não são belos, então nada o é." (Erdös, cit in Hoffman)



Imagens Google

sexta-feira, 2 de julho de 2021

GENEROSIDADE

Seiji Ozawa, famoso maestro japonês, tem Alzheimer.  Zubin Mehta quis prestar- lhe uma homenagem e levou-o a conduzir um pequeno concerto. É impressionante ver Ozawa  “distraindo -se” do seu papel e como Metha o reintroduz no show. Ele reage imediatamente apontando alguma entrada de metal. Repare-se na cumplicidade e no carinho entre os dois maestros e na alegria dos professores de orquestra.



Seiji Ozawa

As pessoas com doença de Alzheimer reconhecem uma canção que ouviam há muito tempo mas não se lembram do nome dos seus familiares. 

A explicação, de acordo com estudos recentes, é que as memórias musicais se  conservam mesmo em fases avançadas da doença. E isto acontece  porque as áreas cerebrais responsáveis pelas memórias musicais são diferentes das responsáveis pelas outras memórias. A  atrofia cerebral dá-se de forma mais lenta e gradual.

E como as memórias que mais perduram são as que estão ligadas a uma vivência emocional intensa (a música está relacionada com as emoções), é  possível que as pessoas com doença de Alzheimer, ao ouvi-la, a recordem, a cantem e a dancem, mesmo nas fases mais avançadas da demência, embora não se lembrem do nome dela. Mariana Mateus, Neuroser