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segunda-feira, 16 de julho de 2012

PRAIA DO REI - COSTA DA CAPARICA


Praia do Rei 

a Directora da Escola onde eu trabalhava tinha familiares com quinta e casa para férias naquela zona e de vez em quando, nos domingos, convidava algumas de nós (geralmente as de origens mais distantes) para irem lá passar o dia.

Terminal do Cais do Sodré em 1947 e actualmente


Partia-se num Ferry boat que saía da Terminal Fluvial do Cais do Sodré para Cacilhas, juntamente com o Mini Morris de cor creme.




Ferry boat 1960 (Foto António Homem Cristo); "Eborense" de 1957 (em actividade?) e um dos actuais

Chegadas lá, íamos então de carro até à referida praia. Penso que ainda não devia haver parque de estacionamento porque me lembro de caminhar por entre vegetação e dunas até chegar às diminutas barracas.

Mas a odisseia - levantar cedo, viagem um tanto turbulenta - rapidamente ficava compensada perante a amplidão dum mar tão azul, imponente, convidativo, relaxante e a vastidão dum areal branco, limpo, quase desabitado, só nosso!



Ponte 25 de Abril captada de "AlmaDalmada"

E a Costa da Caparica continuou a fazer parte do meu roteiro após a inauguração da Ponte agora mais comodamente, com pequenas variantes entre as mais próximas. Não era necessário procurar praias distantes porque todas eram excelentes - grandes areais limpos e sem multidões. Na praia da Mata o carro podia ficar estacionado debaixo das árvores.

Praia da Mata e limpando a areia

Lá encontrava sempre as mesmas famílias nas suas casas de madeira muito coloridas, com um poço de água doce à porta (!) para veraneio. E tinha amigos que também alugavam os rurais e populares bungalows por um custo bastante acessível para usufruírem não só da praia mas também da simpática e piscatória terra Caparica, de ruas pacatas, durante o maior tempo possível.

As crianças esperavam ansiosas pela senhora dos bolos que os transportava numa caixa branca de letras vermelhas sobre a cabeça, equilibrada por uma rodilha. E pelo vendedor de “Há fruta ou chocolate”, referindo-se aos deliciosos e fresquinhos rajás.
 
Vendedor de batatas fritas, gelados, bolachas e pipocas mas não de bolas de berlim, na Costa (foto de Jorge Alexandre)
Á tarde podia presenciar-se a chegada dos pescadores que, ajudados pelos familiares (e por muitos dos curiosos) puxavam as redes.

 Pescadores da Caparica (Peças soltas)

Como os dias eram compridos, um passeio de meia hora nas locomotivas abertas do transpraia até à Fonte da Telha (cerca de 9 Km de linha), era o máximo!
                                  Inauguração do Transpraia em 1960
Segundo o proprietário, é um dos poucos ícones da Costa que ainda existem. Criado há 50 anos, diz-se que está em risco de deixar de circular por falta de passageiros, devido à mudança do terminal para a Nova Praia.

Será que já terminou?
.
                               Estação (foto Vespa Clube de Portugal)

E pouco depois do 25 de Abril, deixei definitivamente de ir para a Costa.

O caravanismo permanente de roulotes que dificilmente sairão sem reboque, o crescimento acelerado na segunda metade do século XX que transformou a Vila num caos urbanístico, a destruição de dunas e vegetação, o amontoado de barracas que se ergueu na mata de Santo António acabando mesmo por se estender para terrenos vizinhos e antigas matas nacionais do Instituto de Conservação da Natureza - constituído na sua maioria por pessoas vindas das ex-colónias portuguesas - e o banditismo, eram demasiados motivos para não voltar.


Fotos captadas em Google

quinta-feira, 12 de julho de 2012

RETROSPECTIVA


Com um dos meus chapéus e a famosa mini saia

Antes de finalizar “Usanças do Tempo” com as décadas de 80/90, vou ensarilhar no contexto as minhas preferências, adaptações, condicionalismos, realidades, comparações e simpatias ao longo duma já dilatada série de instantes.


Até por volta dos meus anos de adolescente, a palavra “moda” nem tinha significado na minha existência.








Imagem de " Rua dos Dias que Voam"



A chita fazia parte do vestuário do dia-a-dia das crianças. Era um tecido em algodão muito colorido com motivos quase sempre de flores miudinhas, alegres e simples que, na época, até se ajustava bem à ingenuidade daquela fase da vida.

Chitas



Entretanto, transitei da primária para o secundário.
Também não foi essencial dar importância à moda porque do meu trajo fazia parte um uniforme - bata preta com gola branca engomada - vestido durante todo o tempo de aulas/estudo, das 8,00 às 20,00 horas.

A moda/ vestuário é uma das muitas formas que o ser humano tem para se exprimir. E em Portugal era feito pelas elites dentro dos restritos clubes sociais.




Só uma vez experimentei o canotier.



Tive também um fraquinho por conjuntos e vestidos tricotados na máquina ou à mão.
Para as malinhas e os sapatos de saltos altos e finos, sempre conjugados, entrava nas muitas sapatarias minhas preferidas - Arte, Contente (Jean Bottier), A Deb, Luís XV, Lisbonense, Teresinha e Presidente.











Só comprava (fechou) na loja do Rossio porque sempre achei que era a mais nobre.

Ana Salazar foi quem colocou a moda de Portugal no estrangeiro. A sua primeira loja, a Maçã, passou a ser uma das minhas predilectas. Trazia roupa diferente e giríssima de Londres; se alguma vez tivesse que usar óculos de sol (não gosto de óculos escuros), seriam da sua irreverente colecção.