Não é romance no qual se relatam factos imaginários,
nem conto da treta, nem crónica de apreciação pessoal de factos; tão pouco uma
fábula inventada ou a expressão figurada de um sentimento/pensamento; nem Apólogo. Quem dera que tudo não passasse de uma lenda, lenga-lenga, em que, a haver um momento real, não
fosse verdadeiro…
Mas , sem nada de fictício, é
(será) uma narrativa bem real, com acção, personagens, tempo e espaço que aqui vou reescrevendo um pouco ao sabor dos diversos episódios
UM
- Gostava de corrigir esta minha
ligeira escoliose. O Dr. P. (nosso amigo desde há algum tempo) conhece, aqui no hospital, um médico ortopedista sabedor
e simpático?
- Conheço, sim senhor. O dr. L
B
Dr. L B
- Boa tarde, sr. Dr.
- Venho à sua consulta por indicação
do sr. Dr. P …
Porem, mal comecei a explicar
ao que ia, sem sequer olhar para mim, disse que não era com ele que tinha que marcar mas, sim, com o dr. N, levantando-se de imediato e encaminhando-me para
a porta simultaneamente.
Posta assim na “rua”, paguei a
“consulta” e fui marcar, então, para o Dr. N.
Hoje penso que, perante tão
inusitado incidente, deveria ter ficado logo por ali …
Mas a nossa intuição é, por vezes, paradoxal e nem sempre o processo de reconhecimento duma decisão se limita a confiar/ ignorar os próprios instintos. Não é
invulgar agarrarmo-nos ainda mais às nossa ideia quando existem factos
contrários.
“O cérebro protege-se do
contra argumento como se ele fosse uma ameaça física enviando uma mensagem de
perigo e defesa para o corpo” Daniel Kahneman e Gary Klein, dois dos principais
estudiosos da intuição
Se a intuição não é uma paranóia
e raramente falha, foi mesmo uma loucura eu não ter acreditado nela porque houve, enquanto atravessava os corredores entre as duas consultas, um momento de hesitação (lucidez?)
para repensar.
Aquilo que se esperava que
fosse, pelo menos, uma relação como tantas outras (médico ciência/ arte –
utente), conhece os primeiros obstáculos ...