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sexta-feira, 7 de agosto de 2015

ROQUE GAMEIRO - 3



Fez 80 anos no passado dia 5 de Agosto, um ano depois de ter sido nomeado Cidadão de Lisboa em 1934, que Alfredo Roque Gameiro morreu.

Relembrar o universo de uma pintura de delicada sensibilidade e intenso poder evocativo, captada directamente da natureza, é homenagear “solidez na arte e na vida”, características cada vez mais raras no mundo actual.
Como pintor aguarelista, desenhador litográfico e ilustrador de publicações que foi, com uma panóplia tão vasta de temas sobre espaço urbano, mundo rural, orla marítima, inserção da figura humana na paisagem, gentes e costumes, evocação histórica, diário gráfico, que “toques de pincel” escolher?

Talvez a Ilustração, onde foi uma figura relevante da época romântica-naturalista, mas cuja arte se encontra ainda numa listagem menos elaborada...
Em todo o seu trabalho, sobretudo nas obras de ficção, o artista procura localizar e estudar as características reais do espaço onde decorre a acção para melhor adaptar a imagem às descrições paisagísticas e dar às personagens o dinamismo e vida própria, através da exteriorização dos sentimentos e das emoções que o escritor concebeu.

Não sendo possível abranger os longos anos que dedicou à actividade de ilustrador de publicações em programas, capas de livros, livrinhos e edições especiais de Natal dos jornais O Século, Diário de Notícias e Comércio do Porto, desde os finais do século XIX, referirei apenas algumas das numerosas, variadíssimas e deliciosas ilustrações.

- Reconstituição de tipos populares ancestrais (Álbum de Costumes Portuguezes,1888), juntamente com Columbano, Malhoa, Rafael Bordalo Pinheiro e outros.
                                                       Roque Gameiro - Ilustração Portuguesa, 1909                                               
- Coordenação de todo o trabalho ilustrativo da 3.ª edição da História de Portugal, em conjunto com Manuel de Macedo e Alfredo Morais, editada no final do séc. XIX
Quadros da História de Portugal - 1932
«a obra de Pinheiro Chagas, apesar de brilhante, era de uma "apparencia tão mesquinha para assumpto de tamanha magnitude e para labor de tanto fôlego e de tão alto merito, que não podiam attrahir grandemente a attenção do público", pelo que era necessária a "historia commentada com a illustração; o episodio explicado pela aguarella reproduzindo a scena palpitante de vida". Para esse trabalho foi então convidado "um dos mais intelligentes e talentosos illustradores portuguezes, Roque Gameiro, que tão brilhantemente tem sabido desempenhar-se do commettimento que lhe foi confiado."»



- Direcção artística da extraordinária obra História da Colonização Portuguesa do Brasil de 1917 e 1924, respectivamente. 
Deslocou-se ao Brasil para, in loco, estudar o ambiente e recolher dados. 

Os precursores de Cabral
 Retrato de Dom Manuel A Rua Nova dos Mercadores; Reconstituição, segundo o «Livro das horas», de D. Manuel
 Nau Portuguesa do fim do séc. XV - Caravela Portuguesa do séc. XV (Reconstituição feita segundo documentos coevos)
                                            Estaleiro da Ribeira das Naus
 Ermida do Restelo ; A Frota de Cbral ao sair do Tejo 
Imagem de Nossa Senhora da Esperança que acompanhou Pedro Álvares Cabral na viagem de descobrimento do Brasil; Interior de uma nau portuguesa - a parte da ré
Carta de Pedro Vaz de Caminha; Aspecto parcial da Sala dos Veados, no Palácio de Sintra, em cujo tecto artesoado e brasonado se vê o brasão do descobridor do Brasil.
 A partida do «Lusitânia», do Tejo, na manhã de 30 de Março de 1922
 A torre de menagem e residência dos governadores da Praça de Arzila; O Mosteiro de S. Pedro de Rates

Descoberta do Brasil (1900)
 Caravelas passando o Bojador; Nau S. Gabriel, em que Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia
A véspera da partida; «... Assim que eles viram o esquife de Bartolomeu Dias chegaram-se logo todos à água... e viemos... tangendo trombetas e gaitas...»

- Ilustração da Grande edição ilustrada de Os Lusíadas (1839-1915), publicada pela "Empreza da História de Portugal, em 1900".


- Execução artística de outros livros de menor projecção:
Portugal de Algum Dia (1933) com colaboração literária de Gustavo Matos Sequeira, em que são reproduzidas cenas, costumes e usos de outros tempos. 

                                                                 Condução de um doente
 A Traquitana                                                    A Cadeirinha

História das Toiradas (1900), de Eduardo Noronha


- Ilustração dos romances de Júlio Dinis - As Pupilas do Senhor Reitor e A Morgadinha dos Canaviais - e de outros, como A Sereia de Camilo Castelo Branco ou O Romance das Ilhas Encantadas de Jaime Cortesão, sempre resultante de uma pesquisa demorada e conscienciosa

Em As Pupilas do Senhor Reitor, a aldeia idealizada pelo escritor foi recreada através de pesquisas rurais nos locais em que acredita ter decorrido a acção do romance - Minho e Douro. Utilizou mesmo modelos e trajes para melhor descrever os personagens


Gostaria de incluir ainda Lisboa Velha, História Geral dos Jesuítas, A Ambição d’um Rei, História do Palácio Nacional de Queluz e uma série de imagens inspiradas em costumes antigos do século XVIII e inícios do século XIX - reconstituição de trajes e de modos de vida desse período, sobre festividades populares, formas de convívio, trabalhos campestres.
E a minha Beira-Serra, sobre a qual nada encontrei.

Para preencher a lacuna (imagine-se o pedantismo!) dessa decepção, a imagem do meu "nó" na histórica e linda Ermida do Restelo, acima referida.
Interior da Ermida do Restelo - altar

sábado, 1 de agosto de 2015

WHERE'S “WALLY?”



WHERE'S WALLY (Agapanto pintado a AGUARELA)?



O pincel é a extensão da mão, a mão é a extensão do braço, o braço é a extensão do coração.
O que é sentido no coração flui para o braço, para a mão, para o pincel e, finalmente para o papel.
“Pensamento Oriental”