Número total de visualizações de páginas

quinta-feira, 12 de julho de 2012

RETROSPECTIVA


Com um dos meus chapéus e a famosa mini saia

Antes de finalizar “Usanças do Tempo” com as décadas de 80/90, vou ensarilhar no contexto as minhas preferências, adaptações, condicionalismos, realidades, comparações e simpatias ao longo duma já dilatada série de instantes.


Até por volta dos meus anos de adolescente, a palavra “moda” nem tinha significado na minha existência.








Imagem de " Rua dos Dias que Voam"



A chita fazia parte do vestuário do dia-a-dia das crianças. Era um tecido em algodão muito colorido com motivos quase sempre de flores miudinhas, alegres e simples que, na época, até se ajustava bem à ingenuidade daquela fase da vida.

Chitas



Entretanto, transitei da primária para o secundário.
Também não foi essencial dar importância à moda porque do meu trajo fazia parte um uniforme - bata preta com gola branca engomada - vestido durante todo o tempo de aulas/estudo, das 8,00 às 20,00 horas.

A moda/ vestuário é uma das muitas formas que o ser humano tem para se exprimir. E em Portugal era feito pelas elites dentro dos restritos clubes sociais.




Só uma vez experimentei o canotier.



Tive também um fraquinho por conjuntos e vestidos tricotados na máquina ou à mão.
Para as malinhas e os sapatos de saltos altos e finos, sempre conjugados, entrava nas muitas sapatarias minhas preferidas - Arte, Contente (Jean Bottier), A Deb, Luís XV, Lisbonense, Teresinha e Presidente.











Só comprava (fechou) na loja do Rossio porque sempre achei que era a mais nobre.

Ana Salazar foi quem colocou a moda de Portugal no estrangeiro. A sua primeira loja, a Maçã, passou a ser uma das minhas predilectas. Trazia roupa diferente e giríssima de Londres; se alguma vez tivesse que usar óculos de sol (não gosto de óculos escuros), seriam da sua irreverente colecção.






sexta-feira, 6 de julho de 2012

USANÇAS DO TEMPO - V


DÉCADA DE 60


                                            ANO 63 - MODELO de DIOR
ANO 61 - COLAR E TURBANTE de CARTIER


ANO 66 - BRINCOS de PLÁSTICO de PACO RABBANE / ANO 67 -RELÓGIOS FLUORESCENTES E ANEIS BRILHANTES
Pode dizer-se que a década de 60 passou por duas etapas distintas: a de 60/65, caracterizada por um certo idealismo, luta pelo povo, realização de projectos culturais e ideológicos, literatura beat e a de 65/69 (8), manifestada pela revolução sexual, protestos juvenis contra os governos, experiência de drogas - os Beatles trocaram as doces melodias por letras surreais e letras distorcidas.

A imagem de rebeldia associada aos jovens de blusão de couro,“penacho” e jeans, motos ou lambretas, como James Dean e Marlon Brando passou a ter outros ídolos de influência para o uso de calças cigarette.





Com o sucesso do rock-and-roll, Elvis Presley foi o maior símbolo do início da época



O filme “O Acossado” abriu as portas da Nouvelle Vague. O figurino dos personagens lançou a moda dos anos 60. Jean Seberg é idolatrada pelos jovens críticos, com novas e descontraídas roupas, cabelo curto, ar ora grave ora descomprometido, imagem de elegância feminina liberta e fresca.


Em 61, Bob Dylan, um jovem compositor, encanta Nova Iorque com diversos estilos da música folk e Audrey Hepburny usa o vestido preto-tubo modelo de Givenchy no filme Breakfast at Tiffany´s. Ao preto-básico criado em 1929 e recreado ao longo das décadas, Givenchy deu-lhe nova cara, eternizando-o. Yves Saint Laurent abre atelier em Paris

GIVENCHY





Algumas personalidades de características diferentes como Natalie Wood, Audrey Hepburn, Anouk Aimée, Twiggy, Jean Shrimpton, Veruschka, Joan Baez, Catherine Deneuve, Brigitte Bardot, Françoise Dorléac,  Marianne Faithfull e  Françoise Hardy passaram a ser as novas influências na atitude e, consequentemente, na moda.


CATHERINE DENEUVE e JEAN SHRIMPTON
EM 63, Úrsula Andress faz sucesso com o célebre bikini branco no filme “007 contra o Satânico Dr. No". Vidal Sasson criou um novo corte de cabelo, o geométrico de cinco pontos “cabelo tigelinha”, também conhecido como Pageboy.

Em Milão, uma pequena empresa de malhas que já tinha iniciado a atividade em 1958, ganhou maior visibilidade e começou a experimentar o rayon-viscose; porem, foi um vestido chique tricotado em algodão, tipo hippy no final de 60, que deu fama à empresa.








A camisola canelada e justa esteve muito na moda, assim como os motivos de xadrez e pied-de-poule.
Lançamento da calça Saint-Tropez, de cintura baixa que deixava as mulheres com o umbigo de fora.
Em 64, o designer Rudi Gernreich lança o topless, dispensando a parte de cima do bikini.


O fordismo instalou a era do automóvel; a pesquisa científica traduziu-se em aplicações tecnológicas ao alcance de todos através de estratégias de marketing e economia de escala e Lichtenstein encontrou para isso todas as magias do saber.

Em 65 o estilista francês André Courrèges operou uma verdadeira revolução na moda com a sua colecção de roupas de linhas rectas, minissaias, botas brancas, roupas com materiais sintéticos, plásticos e cores metálicas. Inicialmente, as botas brancas traziam uma referência espacial ao futurismo e à modernidade e a sua colecção entrou para a história da moda com o nome de “space age”.


Mary Quant divide com ele a sua criação, afirmado mesmo que a “ideia da minissaia não é minha nem de Courrèges. Foi a rua que a inventou”. A partir de meados da década a moda dos estilistas passou a ser tendência nas ruas de Londres e Paris
A moda jovem masculina teve a influência dos Beatles - colarinhos à Pierre Cardin, cabelos com franja, gravata, casaco, silhueta ajustada.
Modernismo. Jaquetão curto de pescador. Casaco de Mao



"Se a década de 60 foi a década de transição do séc. 20, 1965 foi o ano de transição da década de 60"- Eric Hobsbaun
Em 66, a minissaia agita a moda e muda os hábitos, difundida pela estilista Mary Quant através de Twiggy, magra, olhos grandes, cabelos curtos, cílios pintados com rímel e delineador e meias coloridas. Foi o primeiro modelo a tornar-se um ídolo de massas.
Moda jovem, alegre, andrógena, de óculos grandes, em movimento, desenhos psicadélicos inspirados em elementos da Art Nouveau do Oriente e do Egipto Antigo, romântico ou geométrico.



MARY QUANT e TWIGGY

E assim, por influência da arte, os desenhos de bolinhas, riscas, flores e frutos, foram substituídos.  
Yves Saint Laurent apresenta pela primeira vez o smoking feminino, com uma blusa transparente e uma calça masculina passando o traje a desfilar desde então, em todas as coleções do estilista.



O unissex ganhou força com os jeans, as camisas sem gola e os tecidos floridos para homens. A mulher vestia roupa tradicionalmente masculina pela primeira vez.
Inspirado pela amizade com Andy Warhol, criou a coleção Pop Art Look
Saint Laurent cria o jaquetão curto e a coleção sahariennes (safari) atualizações de tendências de rua e o vestido- tubo inspirado nos quadros neoplasticistas de Mondrian.

Roupas inspiradas na Arte:


YVES SAINT LAURENT/MONET e BONARD - SANIT LAURENTe BRAQUE




SAINT-LAURENT - MONDRIAN/POLIAKOFF/UNGARO

Em 67, cerca de 10.000 hippies, na sua maioria com menos de 30 anos, juntam-se pacificamente no Central Park em Nova Yorque. Na Califórnia, 50.000 de cabelos compridos e flores reúnem-se à volta de atrações como The Birds e The Mamas and the Papas, num Festival Pop Internacional. S. Francisco era agora o reduto jovem mundial, berço do movimento hippie que pregava a paz e o amor através do women’s lib, flower, black and gay power. Ao conjunto destas manifestações pelo mundo, chamou-se contracultura - um outro tipo de vida underground, de cabelos compridos, roupas coloridas, descalços, drogas, música, misticismo oriental. As mulheres usavam saias compridas e fitas no cabelo.

Paco Rabanne experimentou alumínio como matéria- prima em botões e bijuteria e Pucci desenhou lindos estampados psicadélicos.
A linha trapézio foi usada ao longo da década por Courrèges, Yves Saint Laurent, Pucci, Paco Rabanne e Mary Quant.
A alta-costura perdia terreno e as boutiques prêt-à-porter de luxo multiplicavam-se pelo mundo…
Em 69, cerca de 500.000 pessoas vivem três dias de prazer à chuva e à fome no Festival de Música e Arte de Woodstock e mais tarde acontece a grande manifestação pacífica em Washington, exigindo o fim da guerra do Vietname.

FOTOS CAPTADAS EM GOOGLE