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sábado, 31 de agosto de 2013

AGOSTO DE 1988


Antes de ter passado à situação de reforma, Agosto era o meu habitual mês de férias. As escolas estão fechadas e muitas empresas também. O clima permite ficar horas a tomar sol numa praia de eleição e viajar para locais desconhecidos ou para outros a que sempre queremos voltar, com bagagens mais leves.
Tem como reverso da medalha a maior procura de serviços que torna tudo mais caro

E o arquipélago dos Açores é sempre uma opção fantástica, exótica, onde floresce a natureza em estado puro e se desfrutam boas praias em pleno Atlântico!


Em Agosto de 1988, também Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, foi uma das cidades preferidas, crista de colinas aberta em anfiteatro sobre duas baías separadas pelo extinto vulcão do Monte Brasil, local escolhido pelos primeiros povoadores.  
Mais de uma vez com parte activa na história de Portugal, a UNESCO classificou-a como cidade Património Mundial desde 1983 devido à riqueza da sua herança edificada.


Santa Bárbara,em pedra de Ançã policromada, séc. XV e Fortaleza de S. João Baptista

Em reconhecimento de “tantos e tão destacados serviços”, o Decreto de 12 de Janeiro de 1837 já lhe tinha conferido o título de "mui nobre, leal e sempre constante cidade de Angra do Heroísmo" e condecorou-a com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada.
Apresenta uma paisagem costeira que permite observar um sistema complexo e dinâmico, onde os factores vulcânicos e culturais interagem e evoluem em conjunto e que desce suavemente desde a serra de Santa Bárbara, formando pequenas baías e enseadas.



O imenso património natural de baías, furnas, grutas, ilhéus, lagoas, matas, montes, parques, prainhas, serras, zonas balneares assim como museus e instituições culturais são tantos que, não sendo possível descrevê-los, aconselho vivamente a visitar.



Um pouco cansados (eu, marido e filho de seis anos), jantávamos num dos restaurantes da parte histórica da cidade quando, ao olhar para um aparelho de TV, vejo uma imagem de enormes novelos vermelhos de chamas a sair de edifícios, enchendo o ecrã da RTP.

Uma imagem aterradora. De quase fazer parar a respiração...



Era “o coração de Lisboa que estava a arder”, comentava Mário Crespo, desde a madrugada daquele dia 25 de Agosto.




O incêndio destruiu os armazéns do Grandella e toda a zona envolvente, traduzindo-se na maior catástrofe da cidade após o terramoto de 1755.
Levou quase tudo - a Casa Batalha, a Pastelaria Ferrarri, obras de Fernando Pessoa, a partitura original do Hino Nacional, o espólio da discoteca Valentim de Carvalho e a Perfumaria da Moda. A Versace fechou e a Pompadour também. A Única, a Sopal e muitas outras desistiram. Os clientes divorciaram-se de um Chiado submerso em ruínas.
Além de lojas e escritórios foram destruídos muitos edifícios do séc. XVIII e os piores estragos foram na Rua do Carmo, vedada ao acesso das viaturas de socorro.


O fogo causou dois mortos - um bombeiro e um residente - fez dezenas de feridos, destruiu 18 edifícios, desalojou cinco famílias num total de 21 pessoas e deixou duas mil desempregadas.

Depois foi preciso reedificar de novo, de acordo com o projecto de reconstrução do arquitecto Siza Vieira - recuperar o que se podia recuperar (muitas fachadas originais) e construir de raiz sobre o que já não tinha remédio.



Durante os dez anos seguintes, a área sinistrada esteve submersa em ruínas e escavações.
Demasiado tempo", recorda Vítor Silva, dirigente da Associação de Valorização do Chiado (AVC), entidade criada logo após o incêndio para representar os comerciantes que também queriam participar na reabilitação da zona. “Boa parte dos que escaparam ao fogo não sobreviveu a tantas escavações, abrir e fechar de ruas e calçadas, poeira a infiltrar-se nas fendas das portas e das janelas, barulho das retroescavadeiras e martelos pneumáticos: O Chiado quase que se desarticulou da área envolvente”.




A zona mais nobre de Lisboa reabriu aos poucos - chegaram novos habitantes, cafés design e marcas de luxo. 
Voltou a ser um importante centro de comércio de Lisboa e uma das zonas mais cosmopolitas e movimentadas, palco de eventos emblemáticos como o Vogue Fashion's Night Out.




 O novo Chiado

O vereador da Reabilitação Urbana da Câmara de Lisboa, Manuel Salgado diz que, “se não houver imprevistos no decorrer dos trabalhos, a última fase deste plano, a ligação pedonal do chamado «Pátio B» às ruínas da Igreja do Carmo, ao largo do Carmo e ao elevador de Santa Justa, pode ficar concluída em 2014”.
Vai pôr-se aquele espaço a descoberto, a estrutura da cabeceira da igreja à vista e far-se-á «um terraço com uma vista espectacular sobre a colina do Castelo e o Rossio».
A isto junta-se «um elevador que sai da rua do Carmo, do espaço de uma loja municipal para permitir que as pessoas com dificuldades de locomoção possam subir directamente para essa plataforma, e daí, no futuro, ter acesso ao museu de arqueologia».



Vamos então esperar que "não haja imprevistos" para que não se transforme noutra Igreja de Santa Engrácia (actual Panteão Nacional) que levou cerca de 350 anos a construir porque, fundada em 1568, ruiu em 1681, começou a ser reedificada em 1682 e só foi completada em 1966.
Será mais um "elefante branco"?

Outra imagem do novo Chiado

E porque ardeu o Chiado de forma tão galopante?

As causas nunca foram esclarecidas. 
Passados 25 anos ninguém sabe como tudo começou…
Certo, é que as chamas só pararam no edifício do Montepio, que tinha estrutura corta-fogo.

Fazendo referência ao que consta sobre o assunto, encontrei alguns excertos:

- Recordando o que foi dito em 1988 há uma revelação curiosa na primeira pessoa feita por “uma antiga funcionária dos Armazéns Grandella - descobriu que alguém tinha serrado uma torneira de segurança

-O Diário de Lisboa do dia 25 de Agosto de 1988 escreve que o guarda do elevador de Santa Justa afirma que foi só às 3,00 horas que os bombeiros foram avisados do início do incêndio e que «o fogo começou no rés-do-chão, propagando-se muito rapidamente».

- O jornal O Independente escreve na edição de dia 26 de Agosto de 1988, que uma testemunha ocular, Fernando Corte Real, afirma ter visto, na rua do Crucifixo, uma carrinha a sair dos Armazéns Grandella
A PSP, citada pelo mesmo jornal diz que essas declarações «não têm qualquer fundamento».

-Também as fontes sobre a hora a que o incêndio deflagrou nos Armazéns Grandella são diversas e contraditórias. A verdade mais ajustada será a de que terá acontecido entre as 01:00 e as 04:00.

- O Diário de Notícias de 26 de Agosto de 1988 escreve que «eram cerca de cinco horas quando uma pequena coluna de fumo começa a esgueirar-se pela fenda do vidro de uma das montras do Grandella».

João Marques e Joaquim Sintrão, dos bombeiros da Pontinha, aquando do simulacro que assinalou os 25 anos na zona atingida pelas chamas, recordaram algumas coisas insólitas como:

- “Um tanque que descarregou 18 mil litros de água em 17 minutos e que, com a força, levou o fogo de um prédio para o outro, tendo que reagir depressa para tirar quatro homens de um prédio que viria a desabar

- "O Presidente da República [Mário Soares] ao ter vindo sobrevoar a zona de helicóptero, alimentou o fogo com o vento das hélices."

- Para Veiga, "O que falhou foi não terem chamado os bombeiros mais cedo. O fogo começou de madrugada mas ninguém chamou os sapadores. O porquê fica por investigar, mas há os registos que o provam", garante.

 - "Há o ANTES e o DEPOIS do Chiado e o responsável por essa revolução nos socorros em Lisboa é o coronel Veiga", diz ao lado o comandante Fernando Curto, que não deixa a presença do mentor passar em vão. "Nunca é só uma pessoa", segreda Veiga, como se fechasse um capítulo da história.


Chiado à noite

IMAGENS GOOGLE

terça-feira, 27 de agosto de 2013

QUEM É ANÍBAL CAVACO SILVA - 2


Os astros influenciam as características, os traços psicológicos e evolução da vida das pessoas?

Ou será, antes, uma influência astrofísica?

Mosaico encontrado no piso de uma sinagoga do século VI  em Israel, mostrando os 12 signos do Zodíaco em torno do Sol.

«A chave da astrologia natal é o horóscopo, uma carta que mostra a posição dos planetas no céu no momento do nascimento (não da concepção), em relação às doze constelações do Zodíaco, definidas naquela época como cada uma ocupando 30 graus na eclíptica, e chamadas signos. As posições são tomadas em relação às casas, regiões de 30 graus do céu em relação ao horizonte.
(... )
A necessidade de conhecimento da posição dos planetas levou ao desenvolvimento da astronomia»
Tiago Tatton



O que dizem alguns astrólogos:

«Se o Astro Sol se apagasse, extinguir-se-ia todo o tipo de vida à superfície da Terra, tal como a conhecemos hoje. A Lua influencia as marés. O corpo humano é composto maioritariamente por água. O Universo, que é infinito, é um repositório de energias incontroláveis e imensuráveis cujos efeitos são sentidos  a todo o momento. Chamem-lhe o que quiserem, mas dentro de nós existe uma centelha de energia cósmica vinda do Universo à qual damos o nome de vida. Será possível termos dúvidas acerca da influência que as forças do Universo, berço dos Astros, têm sobre as nossas vidas? Podemos estar certos de que os Astros influenciam as nossas vidas».
Consultório de Astrologia - Maria Helena

«Pode ser que exista alguma verdade nas crenças ancestrais e que nós e os planetas façamos parte de um cosmos unificado.

Akhenaten (Kestner Museum)

Conhecer um pouco a Astrologia pode ajudar-nos a abrir os olhos para muitas coisas, e que a mais importante de todas elas é quem realmente somos interiormente. Talvez seja esse o fulcro central da vida».
"Looking at Astrology",  Liz Greene


«Não Existe a Influência dos Astros.
O que fazemos modernamente é considerar o mapa astrológico como uma estrutura sincronística, que nos permite inferir analogias a respeito do ser ou estrutura que tem início no instante nele retratado. Ele é apenas o retrato de um instante inicial que não aconteceu por acaso. Porque o acaso não existe. Com o auxílio desse mapa podemos cometer a indiscrição de deduzir coisas a respeito da relação de uma certa pessoa com sua mãe, por exemplo, sem que precisemos de conhecer essa pessoa ou de conversar previamente com ela. Podemos retirar um enorme número de informações sobre características psicológicas, físicas e relacionais dessa pessoa (…). E podemos também inferir informações a respeito de etapas futuras da vida dessa pessoa. É o que se chama Previsão Astrológica. »
Astrologia - Milton Maciel




«A falha, caro Brutus, não está em nossas estrelas, mas em nós mesmos.»
William Shakespeare






«Duvidar de tudo ou em tudo crer são duas soluções igualmente cómodas, que nos dispensam, ambas, de reflectir.»


Os cientistas não fazem parte de um clube restrito e sabem que eles não detêm a verdade absoluta e que, a qualquer momento, velhos paradigmas serão quebrados por teorias completamente novas».
A Ciência e a Hipótese - Henri Poincaré


A astrologia não é ciência, embora muitos pensem que é. A astrologia faz associação de configurações astronómicas com eventos terrestres. Uma determinada configuração de astros na esfera celeste é capaz de indicar, sugerir e/ou influenciar a personalidade e o destino de seres humanos nascidos na hora daquela configuração».
Edmund Way Teale





«Talvez as posições das estrelas no céu influenciem realmente as pessoas. 

Estrela de Belém

A sensação de olhar para elas e contemplar toda a beleza de um céu estrelado realmente toca no fundo da alma da maioria das pessoas. Sem dúvida esta é a maior influência que elas exercem sobre nós – que o digam os poetas, pintores e compositores»
Adilson de Oliveira - Departamento de Física
Universidade Federal de São Carlos


Tendo em conta estas vagas considerações sobre o valor da Astrologia, com os dados - nascido a 15 de Julho de 1939 às 8, 30 horas a.m., Boliqueime, Loulé, Portugal (37N08, 8W02), data e hora dum determinado discurso, por ex., maior ou menor exposição da sua Lua natal e mistura de sentimentos uranianos/ neptunianos - qualquer astrólogo de Escola poderá ter feito já um mapa astrológico de Aníbal Cavaco Silva.




Mas como não encontrei nenhum que lhe tenha sido adaptado, faço uma síntese da leitura das características atribuídas aos nativos de CARANGUEJO, descritas por vários autores no assunto (Tão aplicável a ele como a qualquer pessoa reservada, sensível e retraída -  penso).

É o signo da família! Gostam de estar rodeados por ela e pelos amigos. São bons anfitriões. Julgam-se o centro de um pequeno universo.



São excelentes a realizar dinheiro, distinguindo-se entre os melhores.


De vez em quando, precisam de ter espaço e de estar sós.
*Fecham-se e defendem-se contra a pressão que as exigências “do mundo real” exercem sobre a sua natureza. Ressentem-se por terem de ceder em nome do "colectivo".

*Dificilmente rompem com o passado. Evitam tudo o que é novo. Procuram sempre modelos.
Evitam a abordagem directa e detestam pedir mas conseguem levar as pessoas a fazer o que eles desejam, quer abusando de chantagem emocional quer através de atalhos ou outros caminhos.



Apesar de muito sentimentalistas, fazem o possível e o impossível para não se tornarem prisioneiros dos seus sentimentos.
Introvertidos e difíceis de entender, gostam de levar uma vida o mais misteriosa e secreta possível até encontrarem alguém em quem possam confiar plenamente.


Se magoados, escondem-se na sua “concha” e muito dificilmente voltam a sair porque são muito complicados a nível sentimental. Ora são amáveis ora são rudes, simpáticos ou antipáticos. De salientar que a antipatia e a frieza servem para esconder a sua própria insegurança e timidez.
Não têm capacidade para aceitar a crítica negativa - pensam sempre que é um ataque pessoal.



Deus significa Algo de muito profundo, é a sua filosofia. 
Quando estão apaixonados são dedicados, fiéis e autênticos. Dão grande valor ao casamento e protegem a sua cara-metade com unhas e dentes
Preferem seduzir a ser seduzidos; são uns amantes excepcionais.



Com tendência para problemas digestivos, de fígado e depressões, necessitam sempre de um suporte familiar.
São malandros com cara de santo; reflectem seriedade e lealdade.



Têm grande capacidade de liderança, bom discernimento e boa memória; são muito disciplinados e habilidosos de mãos.
Ao fazerem um bom trabalho, acham que vão conquistar o mundo! E afiam as garras sempre que se apercebem que alguém os está a atrapalhar. Só são felizes se sentirem que são necessários, úteis e valorizados.



Precisam de libertar o stress acumulado durante o dia, geralmente através de qualquer tipo desporto.
São bons professores, médicos, farmacêuticos e têm perspectivas de intervenção política progressiva

*Os hábitos são as suas raízes. Em casa não substituirá a sua velha poltrona. No trabalho, empregará palavras como "expandir", em vez de "mudar para". O nativo de Caranguejo é agarrado a tudo, pois as coisas têm sempre muito valor! São parte integrante dos locais por onde passam. 

Se algum caranguejo tiver um negócio será, por ex., uma pousada com o nome "O repouso dos anjos”. 
E pode ser definido na frase: Não tenho tudo o que amo, mas amo muito tudo o que tenho”


*«Sozinho, completamente sozinho, o dr. Cavaco Silva conseguiu arruinar a Presidência da República. A Presidência da República não tem hoje autoridade, influência ou prestígio».
Vasco Pulido Valente - Público
*«Ocorreu-lhe que a vida toda de um homem era desempenhar um papel, e que achava perigoso abandonar, por um momento que fosse, a sua falsa personalidade.» 
1984, George Orwell


Imagens Google

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

A "FONTE DA CERDEIRA" em... CASTELO BOM


Partir de Lisboa em Agosto, fazer 350 Km pela autoestrada da Beira Interior e chegar à Cerdeira (Beira Alta), pode dizer-se que é uma viagem rápida (+/- 3,00 horas) dispendiosa (€ 45,60 de ida-volta) e “colorida”.

A paisagem parece um palco onde se vão desenrolando vários cenários de vistas verdesflorestas devastadas pelo fogo ou noites feitas de cinzas e fumo recortadas pelas chamas, sob um céu ora azul, ora escurecido, ora vermelho.
Sente-se o cheiro a queimado, ouve-se ao longe o som estridente das sirenes, o silêncio sofrido dos “violentados”, as rinchavelhadas dos possíveis malfeitores, o movimento do ar que se desloca ou o chilrar isolado de alguma ave desenrascada.
Há os que parecem seguir o mesmo roteiro e os que se cruzam connosco. Uns que fazem pausas em áreas de serviço e outros que optam pela regularidade.

Em Coutada, concelho da Covilhã, o fogo desfrutava em duas frentes activas e um bombeiro viria a morrer no combate às chamas.
Em Aldeia Viçosa, concelho e distrito da Guarda, um incêndio com três  extensões estava a ser combatido por dezenas de bombeiros, dois helicópteros e 26 veículos. 


Mas o Alto do Leomil aproximava-se com outra paisagem.
O horizonte é longo de pedras, giestas, pinheiros novos e restolho que se prolonga para lá de Espanha. Vazio de pessoas, o silêncio adverte para os baixos níveis de poluição atmosférica, o encanto genuíno da natureza e a memória histórica das aldeias em redor.


                    Penedo com vestígios rupestres

Já na direcção do Sabugal e a descer até ao rio Noémi, dum lado e doutro dele, fica a terra onde nasci.
Sabe sempre bem voltar mais uma vez para reviver momentos, lugares, pessoas (poucas), convívios.
Agosto é o mês das festas mas a mais importante celebra-se todos os anos no dia 15 em honra de Nossa Senhora do Monte, concorrida também pelos habitantes das povoações vizinhas.
A Ermida, muito antiga, semelhante à Capela do Mileu da Guarda, fica a 2 Km da aldeia, num monte donde se avista um deslumbrante panorama de todos os cumes situados à volta da bacia do Côa - Marofa, Malcata, Estrela, Gardunha, Caramulo, Montemuro, Gata, Leomil e Lapa.

Verifiquei, com agrado, que este ano não houve fogo-de-artifício.



Permanecendo por aqui uns dias, faz sempre parte do programa revisitar lugares vizinhos como por ex. Castelo Bom, freguesia do Concelho de Almeida ou as Termas do Cró situadas entre as freguesias da Rapoula do Côa e do Seixo do Côa, a 15 km do Sabugal ou ainda dar um salto a Ciudad Rodrigo, para lá de Vilar Formoso.

CASTELO BOM, aquando da Guerra da Restauração (1640-1668), desempenhou um papel importante na defesa do território nacional. Na fase mais crítica foi refúgio para os Governadores da Beira, devido à sua localização estratégica e aos melhoramentos efectuados no castelo (construção de estruturas de apoio aos civis em caso de cerco). Também foram construídos os Poços da Escada e d'El-Rei para garantirem o fornecimento de água à população da vila em caso de necessidade, durante a assinatura do tratado de paz Alcañizes, com Leão e Castela, em 12 de Setembro de 1297, que definiu as fronteiras de Portugal.
Talvez o nome de Bom tenha aí a sua origem…


Brasão de armas da Vila e Porta da Vila

Tal como a maioria das aldeias do Interior de Portugal, é afectada por um dramático envelhecimento da população e pela fuga dos mais jovens para outros destinos.
A densidade populacional é de 8,6 hab/km² e os idosos, hospitaleiros, permanecem sentados junto das portas de casa a fim de avistarem algum forasteiro como eu. 
Indiferentes, passeiam-se muitos gatos pelas ruas.

Poço da Escada e Poço d'El Rei

Na minha caminhada lenta, contagiada pelo sossego reinante e sob um sol ardente, ao esquadrinhar alguns recantos descobri, com surpresa, uma seta onde se lia “Fonte da Cerdeira” (e dezenas de outras fontes e chafarizes históricos).
Não consegui encontrar qualquer descrição sobre as origens da dita Fonte de mergulho dos séculos XVII e XVIII, mas constatei que era igual a uma das que há na minha aldeia. 
É um monumento não classificado, de arquitectura civil.

"Fonte da Cerdeira"

A Arquitectura civil surge no Reinado de Dom Dinis.
Filho de D. Afonso III de Portugal e da infanta Beatriz de Castela foi aclamado em 1279 e subiu ao trono com 17 anos. Em 1282 desposou Isabel de Aragão, conhecida como Rainha Santa.
O Rei mandou construir e remodelar inúmeras fortificações, castelos, residências senhoriais e reais. Ao longo de 46 anos a governar os Reinos Portugal e dos Algarves foi um dos principais responsáveis pela criação da identidade nacional e pelo início da consciência de Portugal.


Gato, Calvário, Casa alpendrada e Solar do Largo da Igreja

Nas TERMAS DO CRÓ existem indícios de utilização das águas medicinais que apontam para uma possível presença romana no local mas a referência mais antiga é de 1726, da autoria de Francisco F. Henrique que já falava dos extraordinários efeitos curativos dos banhos.
Os primeiros testes químicos da água foram feitos em 1891.
Em 1909, Ivens Ferrás, tentou implementar o primeiro projecto sério de reestruturação e exploração e em 1935, construiu-se o balneário, marcante durante várias décadas. 



Posteriormente, devido a vários factores, foi totalmente vandalizado.

O Município do Sabugal adquiriu o local em 1980 e iniciou uma nova era de reabilitação e dinamização, com a abertura de um moderno Balneário em 2011
Agora, um novo complexo spa nas Termas do Cró oferece aos visitantes procedimentos curativos e preventivos. A água, pela sua composição química, é utilizada no tratamento de doenças do sistema locomotor e respiratórias.


Novo balneário e espaço exterior

O espaço exterior é agradável, está bem cuidado, tem bons acessos e muitos lugares para estacionamento. Várias pessoas, só ou pequenos grupos, visitam as ruínas dos velhos edifícios das termas, separadas por um pontão que liga as duas margens do rio "vestidas" de juncos e amieiros, mesmo com a pouca água que actualmente ali corre.


As termas do Cró, além de serem com certeza um bom local para tratar a saúde são também, pelo património que conservam, um excelente pretexto para uma visita ou passar uma tarde de domingo.


Se a reforma autárquica avançar nos termos em que está definida no Documento Verde, Vilar Formoso, Rapoula do Côa, Leomil e Castelo Bom, irão desaparecer como freguesias juntamente com mais 46, só no Distrito da Guarda…


Imagens Google e outras