Há dias recebi (e verifiquei que muitas outras pessoas também receberam) um email que dizia: NOVA PROFISSÃO LIBERAL
Hum…
para com os meus botões!
Relacionada com
quê? Permissivismo? Generosidade?
Bem, sendo liberal
exige conhecimentos adquiridos com certeza; logo, é de carácter
universitário ou técnico, precisa de estar registada numa ordem ou num conselho
profissional, com responsabilidades não especulativas na remuneração…
Mas, ao
“desenrolar” o conteúdo reparei, com espanto, que não fazia parte de
nenhuma das categorias que me estavam passando pela mente.
Nem pela de muita
gente, deduzo.
Pois é… tal e qual !
O
Sr. Professor Paulo Barradas alugou um escritório em Lamego, onde reside, para
atender os eleitores. E, em nome da “proximidade”, colocou uma placa à porta
que, além do nome gravado, tinha também Deputado e Partido Socialista.
O resultado, dizem,
foi desastroso, dando azo a um montão de jocosos comentários como estes que encontrei:
“Coitados dos alunos que tiveram que o
amargar, com este tipo de carácter”; “O
ridículo tem limites… deve ser um "yes boy”; “Tenha
vergonha seu professorzeco de meia tigela. Não é só em tamanho que você é
pequeno, é pequeno em tudo, até nas atitudes!”; “Ah, sim? Então enumere lá os documentos da
sua autoria apresentados na AR, que visem resolver os problemas expostos no
seu gabinete de atendimento”; “O que é que os eleitores já lucraram em o ter
elegido? Seja humilde e admita a presunção”; “Quem sabe, talvez venda favores políticos”; “Para o caso de alguém estar interessado em pagar
pelos seus serviços, nunca se deve desperdiçar uma grande oportunidade…”; “ Já perderam a noção
do ridículo e a vergonha!”
Etc., etc.
Entretanto, o Diário de Viseu em 30.09.2010, escrevia:
«O deputado Paulo Barradas, eleito nas listas do PS no círculo de Viseu, decidiu retirar uma placa que indicava o local onde tem um
escritório, depois de fotografias da mesma terem gerado polémica nas redes
sociais da Internet.
A placa foi trocada por outra, desta vez apenas com o nome do deputado, e o espaço mantem-se aberto.
- "Mudei a placa para preservar o meu partido e
para fazer também um pouco de pedagogia.
Assumo como uma das
minhas obrigações o estar disponível e facilmente acessível para todos aqueles
que quiserem discutir, interrogar ou sugerir sobre as políticas do governo.
Esse gabinete que está devidamente identificado é, por isso, um ponto de
encontro, um lugar onde e tão só, qualquer cidadão me pode procurar e colocar as
suas questões.
Tudo o
que se possa ou queira pensar além desta disponibilidade é fruto de qualquer má
intenção injustificada. O gabinete manter-se-à incólume de
modo a poder continuar a receber as pessoas para trocas de ideias”.»
Servir no Parlamento devia ser uma honra, não uma carreira, como disse alguém de que agora não me lembro mas com quem estou de acordo.
Segundo a
Constituição, o mandato dos titulares de órgãos das autarquias locais é de 4 anos, tendo sido legalmente
estabelecida, desde 2005, uma limitação de 3
mandatos consecutivos para os presidentes dos órgãos executivos (presidentes
das Câmaras Municipais e das Juntas de Freguesia).
1
- Constituem deveres dos Deputados:
a)
b)
c)
d)
Assegurar o indispensável contacto com
os eleitores;
e)
f)
Aurélio Paulo da
Costa Henriques Barradas, Professor
do Ensino Secundário de profissão (?), licenciado em Humanidades, como deputado na XI Legislatura estaria, portanto, a dar cumprimento à d), embora
duma forma “sui generis” e muito questionável…
O deputado no âmbito do "Parlamento
dos Jovens”e da Comissão de "Educação e Ciência"
Porém, este ano, vejo que Paulo Barradas continua a fazer parte Comissão
Política do PS-Lamego mas não consta como candidato nas eleições autárquicas
em Setembro de 2013 ... ( 14.04.2013)
O Governo PS tem marca em Lamego, através
dos apoios dados nos diversos financiamentos aprovados no concelho
-
“Um orgulho para a concelhia do PS porque
como todos sabemos, nunca o nosso concelho teve tantos apoios por parte do
Governo como nos últimos anos.”
Pois… uma aposta
nos Concelhos e Freguesias da mesma cor política (incluo todos os Partidos)!
Os caciques locais
precisam de se afirmar e os votos são essenciais para se manterem como
deputados - só em vencimentos e encargos
directos e indirectos custam ao País cerca de 700.000 Euros por ano, ou seja,
cerca de 60.000 Euros mês/deputado e têm direitos, muitos direitos (Art.º
10.º).
Pois é... e Parlamento vazio!
SANTA SENHORINHA de BASTO
Pondo agora a PLACA e a POLÍTICA ao lado, vou explorar a outra faceta de Paulo Barradas - Mestrado em História e Cultura Medieval Portuguesa e Frequência de Doutoramento em História Medieval, constantes nas suas habilitações literárias em 2010 (porque também sou uma curiosa pela Cultura Medieval).
Entretanto, já fez a prova de doutoramento em Letras, área de História, na especialidade de História da Idade Média, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Quando procurava a designação da tese - “Martyrologium Lamecense”- encontrei, na busca, “Memórias literárias da vida e milagres
de uma santa medieval - Senhorinha de Basto”.
Nas biografias medievais em latim, Senhorinha (apelido carinhoso que seu pai lhe dava) nasceu em 924 da era cristã e faleceu em 982, com 58 anos de idade. Era filha de D. Ufo Ufes também conhecido como Ataúlfo Ataúlfes, um Rico homem e Cavaleiro medieval do Condado Portucalense, da Casa de Sousa, «Conde e Senhor do território de Vieira e Basto», na diocese bracarense.
Há ainda referência a outros milagres como o do obediente silêncio imposto pela Santa a rãs ruidosas, o do aparecimento de grandes quantidades de farinha no mosteiro da Santa em tempo de grande falta de pão, o da fonte de Basto que transformou a água em vinho e o da cura de um cego de nascença que viera a Basto visitar o seu «sepulcro»
Na igreja de São Victor, em Braga, existe um considerável conjunto de azulejos alusivos à vida de Santa Senhorinha.
Como conheci algumas pessoas chamadas Senhorinha e tinha uma vaga ideia sobre Santa Senhorinha, decidi divagar por aqui.
Nas biografias medievais em latim, Senhorinha (apelido carinhoso que seu pai lhe dava) nasceu em 924 da era cristã e faleceu em 982, com 58 anos de idade. Era filha de D. Ufo Ufes também conhecido como Ataúlfo Ataúlfes, um Rico homem e Cavaleiro medieval do Condado Portucalense, da Casa de Sousa, «Conde e Senhor do território de Vieira e Basto», na diocese bracarense.
Fez-se monja aos 15 anos, recusando um nobre pretendente,
«hum cavaleyro muy principal & muy rico, o qual dizem que era Conde muy
chegado à casa Real» e aos 36 anos era abadessa do mosteiro beneditino
de Vieira (Vieira do Minho) onde as monjas tinham uma vida austera e muito retirada.
Foram-lhe atribuídos numerosos milagres ainda antes da
sua morte. E depois, o seu túmulo foi um grande centro de peregrinações de ”padecentes de maleitas” ao longo da Baixa Idade Média; os réis Dom Sancho I e Dom Pedro I faziam parte dos devotos.
Conta-se que a Santa curou o futuro rei D. Afonso III quando, em pequeno, foi levado por seu pai D. Sancho I junto ao túmulo para que intercedesse pela sua débil saúde, embora haja também quem não o confirme.
Conta-se que a Santa curou o futuro rei D. Afonso III quando, em pequeno, foi levado por seu pai D. Sancho I junto ao túmulo para que intercedesse pela sua débil saúde, embora haja também quem não o confirme.
Fonte
Há ainda referência a outros milagres como o do obediente silêncio imposto pela Santa a rãs ruidosas, o do aparecimento de grandes quantidades de farinha no mosteiro da Santa em tempo de grande falta de pão, o da fonte de Basto que transformou a água em vinho e o da cura de um cego de nascença que viera a Basto visitar o seu «sepulcro»
É descrita como uma pequena imagem vestida anacronicamente
que existia na capela da destruída Casa de Quintela, em S. Clemente de Basto ( Santa
Senhorinha é «anterior à introdução da vida beneditina na nossa região,
patrocinada pelas determinações do Concílio de Coyança em 1050, favorecida por
Afonso VI de Leão»). A iconografia conhecida apresenta-a como uma austera abadessa beneditina, de olhar no Alto, báculo na mão e rosto alvo, quase coberto.
A túnica do hábito que envolve o cadáver, de severo regime ascético, com relevo para o «martírio» de «sanguinolentos açoites e auto infligidas punhadas " (socos), impede que
alguém lhe atribua o carácter humano da alegada e frágil beleza - A tradição biográfica
fazia esta virgem de "ilustre por geração" e «dotada de todas as boas partes
naturais».
Igreja de S. Victor
Na igreja de São Victor, em Braga, existe um considerável conjunto de azulejos alusivos à vida de Santa Senhorinha.
José Mattoso diz que "Religião e Cultura na Idade Média
Portuguesa, ed. cit., 375, a mais antiga versão em latim da biografia de Santa
Senhorinha, «mais do que um documento sobre a sua vida, deve ser empregada para
estudar a espiritualidade e os costumes das monjas beneditinas no fim do século
XII ou princípios do seguinte»
Imagens Google
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