Dois dias tem sido, geralmente, o espaço de tempo de que tenho disposto para sair da costumeira habitual. Contingências...
Assim, quando o destino se chama Cerdeira, converter um deles num itinerário ligeiramente vagabundo é, também, uma prática.
Desta vez Viseu, Peso da Régua, Chaves, Vila Real,foi a opção.
- Que tempo bom para viajar! As nuvens escondem o sol.
- Cá está Viseu, a cidade do mítico Viriato, conhecida pela paisagem envolvente, pela História medieval e também, cada vez mais, pelo comércio e indústria da região
- Cá está Viseu, a cidade do mítico Viriato, conhecida pela paisagem envolvente, pela História medieval e também, cada vez mais, pelo comércio e indústria da região
Almoçamos no novo Shopping Center
Palácio do Gelo - dizem que é uma das melhores “Shopping and
Leisure Experiences” do país - e depois, num relance, "damos um
giro" pelas principais ruas da cidade que nunca se cansam de
mostrar o valioso património milenar, e pelos imensos jardins
floridos.
- É mesmo! Espaços amplos para circular,
óptimas zonas de descanso, lojas com marcas e mais marcas, um hipermercado
enorme, imenso entretenimento, seis salas de cinema equipadas com
material digital de última geração, uma pista de gelo, o Bar de Gelo
(único em Portugal), acesso gratuito à Internet wireless, uma
Praça de Restauração, terraços panorâmicos com vista para as Serras da
Estrela/Caramulo, espanhóis e "franceses" q.b.!
- Temos que voltar para explorar este "pequeno-grande mundo".
- Igreja da Misericórdia
- Museu Grão
Vasco, Fachada da Sé de Viseu e um Pelourinho secular
- Fonte barroca das três bicas
- Praça da República, com o edifício da Câmara Municipal. Actualmente é palco de eventos e actividades ao longo do ano.
Porta do Soar
Os poucos
vestígios que restam das muralhas são secções isoladas e destituídas de ligações entre si.A
Porta do Soar ou de São Francisco é o principal elemento remanescente e foi o
eixo fundamental de circulação da cidade. Tem a epígrafe que data a construção
do reinado de Dom Afonso V e um brasão com as armas nacionais. A antiga estrutura defensiva da cidade foi constantemente adulterada em benefício da ampliação de espaços civis.
Anexa à porta, está uma interessante casa civil barroca, o Solar dos Melos.
Em Peso da Régua há muitas casas senhoriais, pequenos palacetes, grandes quintas rurais de “senhores do vinho”, Igrejas e Capelas ou o Museu do Douro, como riqueza patrimonial. Mas o objectivo da nossa "excursão" consistia apenas em deambular despretensiosamente e registar as lindas paisagens do rio Douro, terraços de vinhedos, oliveiras, as pontes...
As paisagens naturais da região são belíssimas e especiais (o Alto Douro está classificado pela UNESCO como Património da Humanidade), quando vistas quer do próprio Rio Douro quer dos vários miradouros da zona.
Muitos dos Cruzeiros que atravessam o rio partem do seu cais fluvial.
Era também de Peso da Régua que se aventuravam a sair os típicos barcos rabelos de madeira transportando barris de vinho até Vila Nova de
Gaia, a fim de envelhecer nas caves.
A construção dos armazéns da Real Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro (criada em 1756 pelo Marquês de Pombal), fomentou o desenvolvimento das primeiras “feiras dos vinhos” e contribuiu para a abertura de vários estabelecimentos comerciais, hospedarias, casas de jogo, que fizeram progredir a localidade.
São três as pontes que atravessam o Douro na Régua - uma ferroviária (1872), outra rodoviária (1932) e outra de construção mais recente.
A ponte metálica não só veio aumentar o estatuto de centralidade da Régua como passou a ser um excelente miradouro.
Devido ao estado de degradação do tabuleiro em madeira, esteve desactivada em 1949 e reabilitada em 2012 só para passeios pedonais e de bicicleta. Foi electrificada para permitir a instalação de iluminação decorativa mas manteve as características originais (pavimento em madeira e pavimento em granito, nos acessos). É uma típica ponte do século XIX que faz parte da chamada “arquitectura do ferro”.
A Ponte Ferroviária da Régua, conhecida por Ponte da Régua, foi construída no âmbito da Linha de Lamego, mas como o projecto não chegou a concluir-se, passou a ser usada para transporte rodoviário. A sua construção em alvenaria fez com que se tivesse destacado entre as pontes da época, normalmente construídas em ferro.
A ponte Miguel Torga atravessa o vale do rio Douro a 90 metros de altura numa zona muito acidentada, junto à Régua. Cruza a linha-férrea do Douro e duas estradas nacionais. Tem um comprimento total de 900 metros (!) com uma plataforma de 26 metros de largura, constituída por um tabuleiro único contínuo. Concluída em 1997, recebeu o Prémio de Engenharia da I Bienal Ibero-Americana de Engenharia e Arquitectura, pela sua inovação e dificuldade tecnológica. Faz parte da A 24 Chaves/Viseu.
Ainda com uma temperatura amenizada pelo céu encoberto, vinhedos e laranjeiras (?) a perder de vista, regressamos à estrada em direcção a Chaves.
Situada junto à saída da A 24, uma imensa
área verdejante desperta a curiosidade.
Com vista para a cidade e para a
montanha, num ambiente invulgar em tranquilidade, rodeado de um viçoso verdor,
o Casino de Chaves, com piscina exterior e esplanadas, domina, sem obstáculos,
um panorama invejável.
Junto ao rio Tâmega e a fazer fronteira
com Espanha, Chaves, a que os Romanos chamaram “Aquae Flaviae” (o nome do
imperador Flávio Vespasiano), seria a próxima paragem.
Em “rodado” apressado, foram revistados os
locais de referência turísticos mais habituais:
A torre
e um troço da muralha (vestígios do castelo que existiu), a Igreja Matriz de raiz medieval junto da
Praça da República, a igreja da
Misericórdia na Praça Caetano Ferreira, o Pelourinho na Praça da República erigido no reinado de D. Manuel (com
as armas do reino e o brasão de Chaves no capitel e a esfera armilar no topo) e
a ponte Romana de Trajano com 12
arcos (no tabuleiro sobre o rio Tâmega existem dois marcos cilíndricos - um que
comemora a construção da ponte e outro, o Padrão dos Povos, que dá a conhecer o
nome dos 10 povos indígenas da época).
- Já me apetecia comer qualquer coisa. Mais
concretamente, umas torradas bem amanteigadas.
- Bem lembrado. Deve haver por aqui
(Praça da República) um café com uma boa esplanada...
Porem, depois de algumas “espreitadelas”
para o interior dos estabelecimentos, nada convidava a ficar – ambientes tristonhos,
sujos, desconfortáveis.
- Talvez as torradas sejam boas...
Não direi que foram as piores, mas a
limonada, foi com certeza.
Sem dúvida que os
pastéis e o presunto de Chaves, o folar de carne, o cabrito, a vitela, o porco bísaro, o cozido ou a
feijoada à transmontana, os milhos à romana e as trutas recheadas com o
presunto seriam as iguarias acertadas, mas mais nada é comestível?
A Vortexmag fez uma lista das mais
bonitas cidades de Portugal (entre as menos conhecidas), e classificou Chaves
em 2 º lugar.
Direi que a história de Chaves se reflecte no seu pitoresco centro histórico - com casas rústicas de cores vivas, comércio tradicional - e que merece uma visita, mas ainda lhe faltam muitas
estruturas básicas para cativar.
Algures, a caminho de Vila Real
De regresso a casa, um registo da já descrita Albufeira /barragem do Pocinho e ponte metálica rodo ferroviária ( 17 de Setembro de 2015).
Olá Teresa,
ResponderEliminarGostei muito do post, nomeadamente a parte respeitante à Chaves.
Sou a mais velha de 4 irmãos, dois rapazes e duas raparigas.
Quando tinha 15 anos - 5 ano do liceu lembra-se ? Era um bocadinho rebelde. Aí, o meu Pai lembrou-se de me mandar para casa de uma prima direita dele, que tinha 6 filhas e um rapaz, por pensar que ela me poderia "domar".
Depois de uma viagem épica - demorava-se na altura quase um dia inteiro para lá chegar (comboio até ao Porto, mudar para o comboio para a Régua e finalmente a camioneta com travessia do Marão até Chaves) fui em Janeiro de 1972 para o Liceu Nacional de Chaves.
Foram tempos incríveis, que relembro com a maior saudade. A prima do meu Pai uma pessoa excepcional - todos os filhos saíram de casa aos 15 anos, não havia 6 e 7 anos em Chaves, e todos tiraram cursos superiores - a vida numa cidade fronteiriça, mesmo nos anos setenta, era muito mais divertida que em Lisboa.
Tudo isto para lhe dizer que não me lembro de comer torradas para lá do Marão, eles comem bola, pastéis de Chaves e talvez um bolinho de bacalhau...
Ana
Olá, Ana
ResponderEliminarChaves!
Já não ia lá há umas boas dezenas de anos e agora, mais atenta a outros pormenores, achei-a muito pouco convidativa. Mas pedir torradas em Chaves, pelo aspecto e pelo tempo que demoraram a chegar, deve ser considerada uma anomalia, sim.
É que, de repente, lembrei-me (também com saudade!) das fantásticas que se comiam há uma eternidade, na "Mexicana", em Lisboa...