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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

A "FONTE DA CERDEIRA" em... CASTELO BOM


Partir de Lisboa em Agosto, fazer 350 Km pela autoestrada da Beira Interior e chegar à Cerdeira (Beira Alta), pode dizer-se que é uma viagem rápida (+/- 3,00 horas) dispendiosa (€ 45,60 de ida-volta) e “colorida”.

A paisagem parece um palco onde se vão desenrolando vários cenários de vistas verdesflorestas devastadas pelo fogo ou noites feitas de cinzas e fumo recortadas pelas chamas, sob um céu ora azul, ora escurecido, ora vermelho.
Sente-se o cheiro a queimado, ouve-se ao longe o som estridente das sirenes, o silêncio sofrido dos “violentados”, as rinchavelhadas dos possíveis malfeitores, o movimento do ar que se desloca ou o chilrar isolado de alguma ave desenrascada.
Há os que parecem seguir o mesmo roteiro e os que se cruzam connosco. Uns que fazem pausas em áreas de serviço e outros que optam pela regularidade.

Em Coutada, concelho da Covilhã, o fogo desfrutava em duas frentes activas e um bombeiro viria a morrer no combate às chamas.
Em Aldeia Viçosa, concelho e distrito da Guarda, um incêndio com três  extensões estava a ser combatido por dezenas de bombeiros, dois helicópteros e 26 veículos. 


Mas o Alto do Leomil aproximava-se com outra paisagem.
O horizonte é longo de pedras, giestas, pinheiros novos e restolho que se prolonga para lá de Espanha. Vazio de pessoas, o silêncio adverte para os baixos níveis de poluição atmosférica, o encanto genuíno da natureza e a memória histórica das aldeias em redor.


                    Penedo com vestígios rupestres

Já na direcção do Sabugal e a descer até ao rio Noémi, dum lado e doutro dele, fica a terra onde nasci.
Sabe sempre bem voltar mais uma vez para reviver momentos, lugares, pessoas (poucas), convívios.
Agosto é o mês das festas mas a mais importante celebra-se todos os anos no dia 15 em honra de Nossa Senhora do Monte, concorrida também pelos habitantes das povoações vizinhas.
A Ermida, muito antiga, semelhante à Capela do Mileu da Guarda, fica a 2 Km da aldeia, num monte donde se avista um deslumbrante panorama de todos os cumes situados à volta da bacia do Côa - Marofa, Malcata, Estrela, Gardunha, Caramulo, Montemuro, Gata, Leomil e Lapa.

Verifiquei, com agrado, que este ano não houve fogo-de-artifício.



Permanecendo por aqui uns dias, faz sempre parte do programa revisitar lugares vizinhos como por ex. Castelo Bom, freguesia do Concelho de Almeida ou as Termas do Cró situadas entre as freguesias da Rapoula do Côa e do Seixo do Côa, a 15 km do Sabugal ou ainda dar um salto a Ciudad Rodrigo, para lá de Vilar Formoso.

CASTELO BOM, aquando da Guerra da Restauração (1640-1668), desempenhou um papel importante na defesa do território nacional. Na fase mais crítica foi refúgio para os Governadores da Beira, devido à sua localização estratégica e aos melhoramentos efectuados no castelo (construção de estruturas de apoio aos civis em caso de cerco). Também foram construídos os Poços da Escada e d'El-Rei para garantirem o fornecimento de água à população da vila em caso de necessidade, durante a assinatura do tratado de paz Alcañizes, com Leão e Castela, em 12 de Setembro de 1297, que definiu as fronteiras de Portugal.
Talvez o nome de Bom tenha aí a sua origem…


Brasão de armas da Vila e Porta da Vila

Tal como a maioria das aldeias do Interior de Portugal, é afectada por um dramático envelhecimento da população e pela fuga dos mais jovens para outros destinos.
A densidade populacional é de 8,6 hab/km² e os idosos, hospitaleiros, permanecem sentados junto das portas de casa a fim de avistarem algum forasteiro como eu. 
Indiferentes, passeiam-se muitos gatos pelas ruas.

Poço da Escada e Poço d'El Rei

Na minha caminhada lenta, contagiada pelo sossego reinante e sob um sol ardente, ao esquadrinhar alguns recantos descobri, com surpresa, uma seta onde se lia “Fonte da Cerdeira” (e dezenas de outras fontes e chafarizes históricos).
Não consegui encontrar qualquer descrição sobre as origens da dita Fonte de mergulho dos séculos XVII e XVIII, mas constatei que era igual a uma das que há na minha aldeia. 
É um monumento não classificado, de arquitectura civil.

"Fonte da Cerdeira"

A Arquitectura civil surge no Reinado de Dom Dinis.
Filho de D. Afonso III de Portugal e da infanta Beatriz de Castela foi aclamado em 1279 e subiu ao trono com 17 anos. Em 1282 desposou Isabel de Aragão, conhecida como Rainha Santa.
O Rei mandou construir e remodelar inúmeras fortificações, castelos, residências senhoriais e reais. Ao longo de 46 anos a governar os Reinos Portugal e dos Algarves foi um dos principais responsáveis pela criação da identidade nacional e pelo início da consciência de Portugal.


Gato, Calvário, Casa alpendrada e Solar do Largo da Igreja

Nas TERMAS DO CRÓ existem indícios de utilização das águas medicinais que apontam para uma possível presença romana no local mas a referência mais antiga é de 1726, da autoria de Francisco F. Henrique que já falava dos extraordinários efeitos curativos dos banhos.
Os primeiros testes químicos da água foram feitos em 1891.
Em 1909, Ivens Ferrás, tentou implementar o primeiro projecto sério de reestruturação e exploração e em 1935, construiu-se o balneário, marcante durante várias décadas. 



Posteriormente, devido a vários factores, foi totalmente vandalizado.

O Município do Sabugal adquiriu o local em 1980 e iniciou uma nova era de reabilitação e dinamização, com a abertura de um moderno Balneário em 2011
Agora, um novo complexo spa nas Termas do Cró oferece aos visitantes procedimentos curativos e preventivos. A água, pela sua composição química, é utilizada no tratamento de doenças do sistema locomotor e respiratórias.


Novo balneário e espaço exterior

O espaço exterior é agradável, está bem cuidado, tem bons acessos e muitos lugares para estacionamento. Várias pessoas, só ou pequenos grupos, visitam as ruínas dos velhos edifícios das termas, separadas por um pontão que liga as duas margens do rio "vestidas" de juncos e amieiros, mesmo com a pouca água que actualmente ali corre.


As termas do Cró, além de serem com certeza um bom local para tratar a saúde são também, pelo património que conservam, um excelente pretexto para uma visita ou passar uma tarde de domingo.


Se a reforma autárquica avançar nos termos em que está definida no Documento Verde, Vilar Formoso, Rapoula do Côa, Leomil e Castelo Bom, irão desaparecer como freguesias juntamente com mais 46, só no Distrito da Guarda…


Imagens Google e outras

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

QUEM É ANÍBAL CAVACO SILVA - 1


A poucos dias de eleições Presidenciais,*Helena Vasconcelos escreveu um texto sobre as razões que, numa vertente sociológica, dariam como certa a vitória do Professor Cavaco Silva.
E como achei a descrição deliciosamente apropriada, resolvi integrá-la dentro do tema que a espaços me proponho revistar:

- QUEM É ANÍBAL CAVACO SILVA



«(…) Há quem se interrogue, fugazmente é certo, em relação ao facto do senhor em questão, uma pessoa tão absolutamente nula e vazia, ter sido e certamente irá continuar a ser – de acordo com a bola de cristal do Professor Marcelo Rebelo de Sousa e das mais fidedignas “sondagens” – tanta coisa e durante tanto tempo em Portugal? Pois bem, ele representa o “sonho português” e por isso, é fácil compreender o impacto da sua augusta personalidade. Cavaco Silva é um ícone, uma imagem de sucesso.
E porquê?
Porque grande parte dos portugueses se revê nele e aprecia os seus atributos.
Aqui fica uma pequena lista das suas inigualáveis qualidades que contribuirão para que, de mansinho, ele fique no poder mais uns anitos:
(Nota: As minhas desculpas pelo abuso de diminutivos – que abomino – mas que são necessários neste contexto.)

Aníbal Cavaco Silva é:


1) - Professor: foi sempre uma profissão respeitável, embora os professores (do primário e do secundário) estejam agora muito mal cotados. No entanto, Cavaco é professor universitário, o que o coloca acima do comum dos mortais. Com o já citado Professor Marcelo Rebello de Sousa – com quem forma uma espécie de dupla “os dois estarolas” – mostra como está bem informado em relação a tudo, mesmo tudo, o que se passa neste País.


2) – De origem humilde: muito importante. Se é de origem humilde é boa pessoa. E reflecte o tal sonho “português” de chegar a político – ou a jogador de futebol (mas estes trabalham que se fartam e retiram-se mais cedo!) – duas profissões cheias de oportunidades.


3) - “Amigo” dos pobres – Cavaco Silva foi, e é, muito amigo de alguns pobres que ficaram imensamente ricos, o que representa mais um exemplo de como ele fomenta “o sonho”. De notar que a sua ideologia – capitalismo selvagem – não tem como prioridade (que eu saiba) melhorar o nível de vida das “pessoas com baixos rendimentos” – sim, chamam-se “pobres”, é isso mesmo! Cavaco Silva é amigo dos pobres mas com a condição que estes – a grande maioria e não os seus amigos – continuem a ser pobres, para ele poder continuar a ser amigo deles.


4) - A pessoa que está há mais tempo em lugares de poder no País – outra característica que incute confiança nos portugueses principalmente naqueles que, mesmo sem o confessarem abertamente, sentem pontadas de nostalgia em relação ao senhor de Santa Comba Dão. É muito bom que Cavaco Silva seja “uma cara conhecida” com “provas dadas”. (Quais, não se sabe, se pusermos de lado a forma leviana como distribuiu a riqueza que chegou a este país na altura do “bodo aos pobres. Curiosamente só agora na campanha eleitoral fala da solução para problemas que vêm muito detrás)
 

5) – Alguém que nunca fez nada na vida que marcasse seja o que fosse ou quem quer que fosse (a nível público) – um “must” entre os portugueses porque quem alcança alguma coisa positiva e espectacular torna-se suspeito. Exemplo: Saramago ganhou o Nobel, mas…




6) – “ Honesto” quanto baste – arranjou uns dinheiritos por fora, acumula reformas mas é tudo poucochinho. Que diabo, ninguém quer um santo na Presidência!

7) – Alguém que acredita sinceramente num modelo económico que prega o aumento do capital – e da riqueza – sem trabalho correspondente, isto é, e curiosamente, o modelo que nos tramou a todos. Mas os portugueses acham bem. Na verdade, para quê trabalhar se se pode entregar o dinheiro num banco e vê-lo crescer sem esforço e sem questionar seja o que for? E se o dinheiro desaparecer no espaço por artes mágicas há sempre a esperança de se ganhar o euro milhões

 .

8) - Matreiro e gosta de se vitimizar: perfeito para a imagem. Os portugueses gostam de as fazer pela calada e de ostentarem ar de santos indignados quando apanhados com a boca na botija.


9) - Católico e um espertalhão – vide Salazar que só se chegava à Igreja por conveniência. Como católico, Cavaco desperta a admiração dos beatos e das beatas com um fervor “religioso” há quem só queira tocá-lo como se faz com os santos. (Caramba, somos um país cheio de fé). Lá vai deixando passar leis que indignam as santas almas deste país mas depois redime-se quando mostra uma indignação ofendida: aborto, casamento entre pessoas do mesmo sexo? Coisas do demónio que ele, infelizmente, não tem as necessárias competências para extirpar – coitado, os poderes de presidente não são suficientes. (Ah! Se fossem, ele bem saberia o que fazer!)


10) – A pessoa que ajudou os amigos de boa fé e não percebeu que eles eram uns crápulas – a lealdade é uma coisa muito importante. Cavaco Silva fez o que qualquer cidadão respeitável faria: ajudou os amigos e deixou que eles o “ajudassem”. E não é bonito fazer perguntas incómodas aos amigos. (A ingenuidade de Cavaco – que nunca percebeu nada do que se passou com o seu dinheiro entregue em boas mãos no BPN – é outra mais valia do candidato e actual Presidente.)


11) – Um ex futuro Presidente que tem uma mulher perfeita: também é professora, é “muito simples”, dá uns saltinhos engraçados à volta do marido e nunca diz nada de relevante. Comete gafes em nome dessa mesma “simplicidade” e bonomia, o que é óptimo porque mostra que não é “vaidosa” e não liga nenhuma a protocolos e outras xaropadas. É capaz de aparecer na televisão com o pano da cozinha à volta da cintura o que mostra quão próxima ela está de todas as boas esposas e donas de casa deste país. Não tem opinião nem presença, deixa-se ficar atrás da figura imponente do marido, o que representa o ideal feminino por excelência. Podemos vê-la – simpaticamente – sentada no sofá, a ver televisão, ao lado do marido.


12) – Na continuação da alínea anterior – Cavaco deu mostras de ser um bom marido ao falar em nome da mulher, queixando-se por a coitadinha ter uma reforma miserável de 800 euros por mês. Prometeu tomar conta dela o que suscita grande simpatia, uma vez que mostra grande generosidade e altruísmo.

13) – Um Presidente que prefere a sua modesta casinha ao Palácio de Belém um exemplo extraordinário e exemplar. Na sua infinita simplicidade, gosta mais de dormir na sua própria caminha e rejeita os “esplendores” da residência oficial. Claro que tem segurança à porta, o motorista buscá-lo e levá-lo, etc., etc., etc. mas Cavaco e sua esposa preferem assim.


14) - Um homem de família uma família impecável, em que todos são heterossexuais com bons empregos. Nada de luxos mas tudo muito como deve ser.

15 – Um homem cujas atitudes dão mostras de uma certa esquizofrenia, algo que os portugueses apreciam muitíssimo. Exemplos: afirma que o País seria uma desgraça sem ele, que os céus se abririam e a ira dos deuses se abateria sobre nós se ele não estivesse firme e sereno ao leme da barcaça – mas, quiçá no mesmo discurso, afirma com veemência que o País está num estado calamitoso; diz que é quem percebe mais de economia e finanças neste País – e não só – mas nunca percebeu o que se estava a passar na banca e as implicações de tudo isso na economia e nas finanças; proclama que é um experimentado mestre na arte da política e na forma de dirigir o país – mas, quiçá na mesma frase afirma não ser político e ser isento de qualquer favorecimento partidário.


16) - Finalmente, Cavaco Silva tem uma qualidade muito apreciada pelos portugueses: a verdadeira aversão à Cultura. Ele não é culto e detesta quem o seja. Porquê? Primeiro porque a cultura é um “luxo” desnecessário – só aceitável se representar dividendos em cash para o país – depois porque as pessoas cultas o colocam numa situação desvantajosa que ele não suporta – e ainda porque os malditos intelectuais não percebem nada de contas.


*jornalista, crítica literária e ensaísta, é dinamizadora da storm magazine e uma activa promotora da leitura.


Imagens Google (não faziam parte do texto)

domingo, 11 de agosto de 2013

NOVA PROFISSÃO LIBERAL V/S SANTA SENHORINHA


Há dias recebi (e verifiquei que muitas outras pessoas também receberam) um email que dizia: NOVA PROFISSÃO LIBERAL 

Hum… para com os meus botões!

Relacionada com quê? Permissivismo? Generosidade?
Bem, sendo liberal exige conhecimentos adquiridos com certeza; logo, é de carácter universitário ou técnico, precisa de estar registada numa ordem ou num conselho profissional, com responsabilidades não especulativas na remuneração…

Mas, ao “desenrolar” o conteúdo reparei, com espanto, que não fazia parte de nenhuma das categorias que me estavam passando pela mente. 
Nem pela de muita gente, deduzo.



Pois é… tal e qual !


O Sr. Professor Paulo Barradas alugou um escritório em Lamego, onde reside, para atender os eleitores. E, em nome da “proximidade”, colocou uma placa à porta que, além do nome gravado, tinha também Deputado e Partido Socialista.

O resultado, dizem, foi desastroso, dando azo a um montão de jocosos comentários como estes que encontrei:
Coitados dos alunos que tiveram que o amargar, com este tipo de carácter”; “O ridículo tem limites… deve ser um "yes boy”; Tenha vergonha seu professorzeco de meia tigela. Não é só em tamanho que você é pequeno, é pequeno em tudo, até nas atitudes!”; Ah, sim? Então enumere lá os documentos da sua autoria apresentados na AR, que visem resolver os problemas expostos no seu gabinete de atendimento”; “O que é que os eleitores já lucraram em o ter elegido? Seja humilde e admita a presunção”; “Quem sabe, talvez venda favores políticos”; Para o caso de alguém estar interessado em pagar pelos seus serviços, nunca se deve desperdiçar uma grande oportunidade…”; “ Já perderam a noção do ridículo e a vergonha!
Etc., etc.



Entretanto, o Diário de Viseu em 30.09.2010, escrevia:

«O deputado Paulo Barradas, eleito nas listas do PS no círculo de Viseu, decidiu retirar uma placa que indicava o local onde tem um escritório, depois de fotografias da mesma terem gerado polémica nas redes sociais da Internet.
A placa foi trocada por outra, desta vez apenas com o nome do deputado, e o espaço mantem-se aberto.
- "Mudei a placa para preservar o meu partido e para fazer também um pouco de pedagogia.
Assumo como uma das minhas obrigações o estar disponível e facilmente acessível para todos aqueles que quiserem discutir, interrogar ou sugerir sobre as políticas do governo. Esse gabinete que está devidamente identificado é, por isso, um ponto de encontro, um lugar onde e tão só, qualquer cidadão me pode procurar e colocar as suas questões.
Tudo o que se possa ou queira pensar além desta disponibilidade é fruto de qualquer má intenção injustificada. O gabinete manter-se-à incólume de modo a poder continuar a receber as pessoas para trocas de ideias”.»

Servir no Parlamento devia ser uma honra, não uma carreira, como disse alguém de que agora não me lembro mas com quem estou de acordo.

Segundo a Constituição, o mandato dos titulares de órgãos das autarquias locais é de 4 anos, tendo sido legalmente estabelecida, desde 2005, uma limitação de 3 mandatos consecutivos para os presidentes dos órgãos executivos (presidentes das Câmaras Municipais e das Juntas de Freguesia). 

1 - Constituem deveres dos Deputados:
a)
b)
c)
d) Assegurar o indispensável contacto com os eleitores;
e)
f)

Aurélio Paulo da Costa Henriques Barradas, Professor do Ensino Secundário de profissão (?), licenciado em Humanidades, como deputado na XI Legislatura estaria, portanto, a dar cumprimento à d), embora duma forma “sui generis” e muito questionável…

O deputado no âmbito do "Parlamento dos Jovens”e da Comissão de "Educação e Ciência"

Porém, este ano, vejo que Paulo Barradas continua a fazer parte Comissão Política do PS-Lamego mas não consta como candidato nas eleições autárquicas em Setembro de 2013 ... (14.04.2013)

O Governo PS tem marca em Lamego, através dos apoios dados nos diversos financiamentos aprovados no concelho
- “Um orgulho para a concelhia do PS porque como todos sabemos, nunca o nosso concelho teve tantos apoios por parte do Governo como nos últimos anos.”

Pois… uma aposta nos Concelhos e Freguesias da mesma cor política (incluo todos os Partidos)!
Os caciques locais precisam de se afirmar e os votos são essenciais para se manterem como deputadossó em vencimentos e encargos directos e indirectos custam ao País cerca de 700.000 Euros por ano, ou seja, cerca de 60.000 Euros mês/deputado e têm direitos, muitos direitos (Art.º 10.º).


Pois é... e Parlamento vazio!


SANTA SENHORINHA de BASTO

Pondo agora a PLACA e a POLÍTICA ao lado, vou explorar a outra faceta de Paulo Barradas - Mestrado em História e Cultura Medieval Portuguesa e Frequência de Doutoramento em História Medieval, constantes nas suas habilitações literárias em 2010 (porque também sou uma curiosa pela Cultura Medieval).

Entretanto, já fez a prova de doutoramento em Letras, área de História, na especialidade de História da Idade Média, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

Quando procurava a  designação da tese - “Martyrologium Lamecense”- encontrei, na busca, “Memórias literárias da vida e milagres de uma santa medieval - Senhorinha de Basto”.


Como conheci algumas pessoas chamadas Senhorinha e tinha uma vaga ideia sobre Santa Senhorinha, decidi divagar por aqui.

Sé de Basto (Igreja de Santa Senhorinha )

Nas biografias medievais em latim, Senhorinha (apelido carinhoso que seu pai lhe dava) nasceu em 924 da era cristã e faleceu em 982, com 58 anos de idade. Era filha de D. Ufo Ufes também conhecido como Ataúlfo Ataúlfes, um Rico homem e Cavaleiro medieval do Condado Portucalense, da Casa de Sousa, «Conde e Senhor do território de Vieira e Basto», na diocese bracarense.
Fez-se monja aos 15 anos, recusando um nobre pretendente, «hum cavaleyro muy principal & muy rico, o qual dizem que era Conde muy chegado à casa Real» e aos 36 anos era abadessa do mosteiro beneditino de Vieira (Vieira do Minho) onde as monjas tinham uma vida austera e muito retirada.



Foram-lhe atribuídos numerosos milagres ainda antes da sua morte. E depois, o seu túmulo foi um grande centro de peregrinações de ”padecentes de maleitas” ao longo da Baixa Idade Média; os réis Dom Sancho I e Dom Pedro I faziam parte dos devotos.
Conta-se que a Santa curou o futuro rei D. Afonso III quando, em pequeno, foi levado por seu pai D. Sancho I junto ao túmulo para que intercedesse pela sua débil saúde, embora haja também quem não o confirme.


Fonte

Há ainda referência a outros milagres como o do obediente silêncio imposto pela Santa a rãs ruidosas, o do aparecimento de grandes quantidades de farinha no mosteiro da Santa em tempo de grande falta de pão, o da fonte de Basto que transformou a água em vinho e o da cura de um cego de nascença que viera a Basto visitar o seu «sepulcro»

É descrita como uma pequena imagem vestida anacronicamente que existia na capela da destruída Casa de Quintela, em S. Clemente de Basto ( Santa Senhorinha é «anterior à introdução da vida beneditina na nossa região, patrocinada pelas determinações do Concílio de Coyança em 1050, favorecida por Afonso VI de Leão»)A iconografia conhecida apresenta-a como uma austera abadessa beneditina, de olhar no Alto, báculo na mão e rosto alvo, quase coberto.
A túnica do hábito que envolve o cadáver, de severo regime ascético, com relevo para o «martírio» de «sanguinolentos açoites e auto infligidas punhadas " (socos), impede que alguém lhe atribua o carácter humano da alegada e frágil beleza - A tradição biográfica fazia esta virgem de "ilustre por geração" e «dotada de todas as boas partes naturais».

Igreja de S. Victor

Na igreja de São Victor, em Braga, existe um considerável conjunto de azulejos alusivos à vida de Santa Senhorinha.



José Mattoso diz que "Religião e Cultura na Idade Média Portuguesa, ed. cit., 375, a mais antiga versão em latim da biografia de Santa Senhorinha, «mais do que um documento sobre a sua vida, deve ser empregada para estudar a espiritualidade e os costumes das monjas beneditinas no fim do século XII ou princípios do seguinte» 



Imagens Google