Número total de visualizações de páginas

domingo, 16 de junho de 2013

FOLHAS



 Folhas de Outono

Candidatas caducas ao melhor tapete de chão, desfilam na passerelle vestidas de vermelho, alaranjado, dourado, cobre e castanho e despedem-se do calor do sol, balanceadas pela brisa suave.
O ambiente propicia o recolhimento, a introspecção, a quietude e a nostalgia.
Ouve-se o barulho dos pássaros pisando folhas secas.





Folhas de Verão 


Em plena maturação, escolhem tons de verde-escuro, tornam as árvores frondosas e cheias, com sombra convidativa e provocadora.

“hand in hand, side by side,
with the summer sky as our guide,
beating hearts keeping time
as our exhalations start to rhyme,
and the heavens all align,
and your body fits with mine,
and the metronome grows faint
as god starts to finger paint;
and the crickets do their dance,
fireflies swirling in a trance,
softly filling up the night
with a thousand beams of light,
your hair tickling my ears –

we are young beyond our years.”

Dollesque





Folhas de Primavera 

Jovens, cheias de vigor, exuberantes, de intensa cor verde-claro, rebentos e brevemente … vestidos bordados de flores.
Há uma primavera em cada vida: é preciso cantá-la assim florida, pois se Deus nos deu voz, foi para cantar! E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada que seja a minha noite uma alvorada, que me saiba perder...para me encontrar...”Florbela Espanca




Folhas de Inverno 

Despem as árvores e, apodrecidas, hibernam geladas em cima da relva, decompondo-se no adubo que serve a Primavera
Folhas mortas, indiferentes ao céu escuro, às nuvens que passam, à chuva que chega, ao vento que as dança em folguedo, aos guarda-chuvas abertos, ao frio que vem para ficar.
Folhas caídas, por turnos, entre árvores e arbustos perenifólios que recusam desnudar-se.

As botas são estrelas; jeans, lenços, casaquinhos e jaquetas fazem o look para espanta-inverno.




Folhas de cálculo, folhas de impressão, folhas de corrida, folhas de partilha, folhas de rosto, folhas soltas... 
Mil-folhas.


Imagens Google

domingo, 9 de junho de 2013

O MÊS DAS FESTAS POPULARES




(... )
"Quando Lisboa vem cantar prá rua
Para alegrar os nossos corações
Parece que no céu a própria lua
Se debruça a ouvir suas canções
Os bairros da cidade estão em festa
Os santos saem na rua aos seus altares 
E não há noite alegre como esta  
Que é dedicada aos santos populares!"
 Amália 


Após algumas rupturas pelo meio, os festejos dos Santos Populares regressaram a Lisboa a partir de 1925, numa festa em homenagem ao padroeiro da cidade, Santo António.
Em 1932, além das cerimónias litúrgicas, o figurino renova-se no que respeita aos arraiais, ao enfeite de ruas, becos e pátios alfacinhas, «tronos de Santo António» e introdução das Marchas Populares.

1930

E Junho é o mês das Festas.

Concertos, arte de rua, marchas e arraiais populares, desfiles, espectáculos, exposições, oficinas e ateliers, workshops, festivais, artesanato, mostras de cinema, teatro, fado dentro e na rua, sardinhas assadas, manjericos com e sem quadras populares, fogo-de-artifício, bailarico todas as noites, arcos de flores de papel e balões, fogueiras, casamentos, procissões e cerimónias em honra de Santo António, dão cor e alegria à cidade.

As marchas populares, os manjericos, os casamentos de Santo António e as típicas sardinhas assadas são alguns dos símbolos mais queridos dos lisboetas e que também não deixam indiferente quem passa.

paixão por Santo António alcançou verdadeira fama de santidade ainda durante a vida. Embora se tenha mantido sem interrupções desde o século XIII em Portugal, na Diocese de Pádua e dentro das Ordens Franciscanas, só começou a estender-se a todo o mundo a partir do século XV.

Nasceu em Lisboa, Alfama, entre 1191-1192 e morreu em Itália a 13 de Junho de 1231.


Cerca Moura-Torre de Alfama, do tempo do domínio muçulmano


Depois da canonização, em 1232, os habitantes do bairro, ao saberem que um dos seus vizinhos tinha sido canonizado pelo Papa Gregório IX, "rejubilaram e começaram a chamar-lhe o seu Santo", favorecendo o nascimento de um culto espontâneo, original e livre, a um amigo muito querido.

Alfama

Hoje em dia, o povo conhece minimamente a sua vida e a sua história (mestre, professor, advogado) mas continua a dar mais importância aos relatos de milagres e episódios lendários.
Festeja-se desde o século XVI com danças, cortejos e procissões em que os participantes de todos os bairros da cidade se esforçavam por caprichar nos seus enfeites.

A origem parece estar numa adaptação da Marche Aux Flambeaux” que nasceu em França na Idade Média, relacionada com as “danças de entrudo”; cada bairro, mercado ou local que festejasse o Santo António formava pequenos grupos de marchantes que desfilavam pelas ruas, exibindo-se frente às portas e janelas dos Paços Reais, palácios e casas ricas, orientados por um ensaiador soprando um apito.

Na Casa-Igreja de Santo António festeja-se o dia 13 de Junho com enorme solenidade.


Durante o dia celebram-se várias Missas, desde a manhã até à noite, e em todas elas se benze o pão que os devotos compram depois, cá fora, para o produto da venda ser entregue ao Orfanato antoniano de Caneças.
À tarde, faz-se a procissão com o Santo pelas ruas antigas do Bairro de Alfama adornadas com colchas nas janelas e pétalas de flores lançadas no momento em que passa a imagem.
Ao longo do percurso, imagens de outros Santos de capelas do Bairro vão sendo incorporados numa procissão que chega a ter vários quilómetros.


Na Casa-Igreja, destruída no terramoto de 1755 (excepto a imagem e a cripta), conserva-se o lugar que dizem ter sido o quarto de Santo António. A reconstrução que se seguiu deu lugar à Basílica actual, onde se conserva uma passagem para o quarto do Santo, no piso inferior, através da sacristia.

Apesar de já não existirem casas mouriscas, o bairro conserva um pouco do ambiente, do casbá com as suas ruelas, escadarias e roupa a secar nas janelas.

O momento mais importante da festa civil é a noite do dia 12 com as Marchas Populares, que representam diversos bairros lisboetas.
Cada bairro vai em grupo em direcção ao centro da cidade com as pessoas a cantar e a marchar ao som da música que as acompanha. Os pares levam um pequeno arco de flores de papel com um balão, a imagem de Santo António ou outro motivo.
O grande desfile alegórico das Marchas, organizadas e ensaiadas meses antes por uma colectividade local com o patrocínio da Câmara Municipal, desce a Avenida da Liberdade e junta milhares de espectadores.


A festa acaba com os arraiais montados nos mais típicos bairros de Lisboa, em especial Alfama e Madragoa, onde o centro das celebrações é a sardinha assada e a sangria


Desde há muitos anos que se tornaram um concurso entre bairros, ganhando o que apresentar a melhor marcha popular, a melhor música e letra da canção, a melhor coreografia e o melhor vestuário.
Este ano as Marchas que constam na lista de participantes são: Infantil, dos Mercados, de Marvila, do Alto do Pina, de Penha de França, do Bairro Alto, da Ajuda, do Lumiar, de Alfama, de Benfica, de Alcântara, de São Vicente, dos Olivais, de Belém, da Mouraria, da Bica, da Madragoa, da Graça, do Castelo, de Carnide e de Sta. Engrácia.
Todos os grupos têm padrinhos que são pessoas conhecidas do público.

Em 1958 associaram-se aos festejos as «noivas de santo António», por iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa, com mais de uma dezena de casais unidos religiosamente na Sé Patriarcal, numa única cerimónia. A iniciativa foi interrompida em 1973 e retomada em 1997. 
Recebem ofertas do município e de diversas empresas


Tudo começou por uma ideia do jornal "Diário Popular", que ajudava os mais pobres a fazer uma festa de casamento no dia do Santo. O enxoval e os equipamentos domésticos eram oferecidos por vários comerciantes para promoção dos seus produtos. 


1967
manjerico veio da Índia, onde era usado como erva aromática sagrada. Tem folhas muito perfumadas e simbologia diferente.

Na Roma antiga era considerada uma erva dos namorados e os italianos do sul, mantendo a tradição, ofereciam um vaso com manjerico à rapariga que queriam pedir em casamento; na Grécia, significa luto; em Portugal é um negócio rentável pelos Santos Populares.


O presidente da junta de freguesia de Pedrouços (Maia), Joaquim Araújo, tira da terra entre “30 mil a 40 mil manjericos” para venda nacional, no mês de Junho. Começa por semear em viveiros, nos fins de Fevereiro. Diz que é muito” trabalhoso” e “cansativo”, mas que, apesar da crise, acredita na venda, cujo preço pode atingir 10 €, consoante o tamanho.

Algumas quadras já saem espetadas nos vasos de barro dos seus manjericos namoradeiros e assegura que “um manjerico com uma boa quadra é meia conquista feita”.

Imagens Google

quarta-feira, 5 de junho de 2013

BISPO PORTUGUÊS, "VENERÁVEL"




"Papa abre caminho para beatificação de bispo português”

Era um dos temas da actualidade no SAPO Portugal Online de hoje.

Completamente surpreendida pela notícia e mais ainda pela nacionalidade do digno prelado, não hesitei em procurar saber quem seria.
E o “segredo”, aberta a caixa de Pandora, nem por isso me deixou muito admirada quando, mais à frente, li:
“Decreto reconhece `as virtudes heróicas´  de D. João de Oliveira Matos (1879-1962), bispo auxiliar da Guarda, que recebe assim o título de `venerável´”.


Aliás, já me tinha referido a ele, muito superficialmente, em 17 de Maio passado, na altura em que recordei o seu grande amigo Dr. Alberto Dinis da Fonseca.
Embora muito remotamente, tenho presente a figura carismática e o trabalho evangelizador que, durante décadas, num período muito difícil, realizou na Diocese da Guarda através da imprensa, de visitas pastorais e da Liga dos Servos de Jesus



D. António Moiteiro Ramos, bispo auxiliar de Braga e vice-postulador da causa de canonização reconhece:

 "A figura deste homem é a de um verdadeiro pastor, dedicado totalmente ao Povo de Deus", destacando o seu trabalho na "renovação do tecido eclesial" e no “comprometimento, em particular, na formação dos leigos”.







Também D. Manuel Felício, actual bispo da Guarda, enaltece algumas virtudes heróicas:

"Este homem era de uma proximidade às pessoas invulgar. Ele gastava o seu tempo por aí, de terra em terra, a falar com todos, a instruir todos, sem ter medo nem do frio, nem da fome, nem do cansaço. Naquela altura não havia carros como hoje, mas ele não estava no paço episcopal - ele andava aí de terra em terra, dormia aqui, comia acolá e quando não havia de comer, não comia."


Foi D. João de Oliveira Matos que criou a Liga dos Servos de Jesus em 1924 e que na passada semana assinalou 50 anos de vida

A ideia de fundar uma obra de Igreja surgiu quando fazia as suas visitas pastorais e conheceu o Dr. José Dinis da Fonseca, desembargador, que vivia na Cerdeira com a casa sempre à disposição dos transeuntes para pernoitarem, a caminho de Coimbra, antes de se dirigirem a Fornos ou a Mangualde a tomar a diligência.
Guarda
Cerdeira

Foi nesta casa com o Desembargador, duas sobrinhas e respectivos bens, que nasceu a obra Liga dos Servos de Jesus e a Escola Regional Dr. José Dinis da Fonseca onde, depois de ter passado por muitas fases, também eu fiz o liceu (ensino secundário).

Irmã Maria Rita Dinis da Fonseca (2ª Directora)

Em 1938, abriu um Colégio masculino no Outeiro de S. Miguel que se tem mantido até hoje.


Ambas as Escolas começaram por ser orientadas por cada uma das sobrinhas, Irmã Maria Cândida e Irmã Palmira, respectivamente.






É, como beneficiária dos valores que me foram transmitidos através de tão relevante iniciativa, que me congratulo com o reconhecimento das virtudes de D. João de Oliveira Matos, pelo Papa Francisco.

Imagens Google

sábado, 1 de junho de 2013

SILÊNCIOS




O silêncio dos mortos é irreversível.  
O dos vivos triunfa ou é vencível.

Há o silêncio que faz recordar
O das festas que não dá pra brindar
O da táctica defesa/agressão
O da angústia/repressão.
O do olhar que grita e clama
Sem as palavras com que chama.
O do espaço sem horizonte
Que deixa ouvir a água da fonte
E as cordas do contrabaixo
Ou a pedra pela serra abaixo.
O que protesta pra entrar
E que uma palavra pode findar.
O que se repete nos ouvidos
Em som plangente como gemidos.
O dos sonhos por realizar
Ou o que acaba por libertar
O de cadências sem música
E o que faz reféns sem súplica.
O das palavras que se vai sem adeus
Como um errante ter com Zeus
O sortudo que o sol aquece
Quando pela janela resplandece

SILÊNCIO. 
Ponto final no lugar da vírgula




”Day is done, gone the sun  
From the lakes, from the hills, from the sky
All is well, safely rest
God is night.
Fading light dims the sight
And a star gems the sky, gleaming bright
From afar, drawing near
Falls the night
Thanks and praise for our days
Neath the sun, neath the stars, neath the sky
As we go, this we know
God is nigh.”