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sábado, 7 de setembro de 2013

ESCRAVATURA À VISTA


De acordo com a informação estatística disponibilizada pelo Governo aos sindicatos da função pública, serão abrangidos «cerca de 380.000 pensionistas do Estado que vão sofrer cortes entre os 7,87% e os 9,87% nas suas pensões, devido à proposta governamental de convergência entre os regimes da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentações (CGA)».



O ministro-adjunto, Poiares Maduro, reconheceu que no actual contexto "é inevitável" reduzir pensões, considerando que a sustentabilidade da Segurança Social coloca desafios de curto prazo "particularmente graves e difíceis de resolver".

Apre!
Mas que matula de súcios!
Da esquerda à direita, todos têm uma diplopia muito específica - a duplicação mórbida da imagem dos pensionistas…

É como diz Luís Menezes Leitão:
"Ontem foram os salários, hoje são as pensões, amanhã serão provavelmente os depósitos bancários."
Tudo para que possam florescer os swaps, o BPN e as PPP.


Os que serviram o Estado durante décadas são assim sacrificados a benefício de privados que hoje vivem à conta do Estado.


Enquanto os pensionistas sofrem, transformados em cidadãos de segunda classe, os vendedores de swaps prosperam.
 Só se ouvem os seuspregões:
"Olha o swap fresquinho! Baunilha, complexo ou tóxico! Ó freguês fique-me lá com um





Apenas "almas" pequenas, indiferentes, insensíveis e promiscuas se conseguem empanzinar à custa da extorsão dos rendimentos de pessoas sem defesa e, muitas, já famintas.
"Eles comem tudo, eles... e não deixam nada" 



Falta-me inteligência para compreender este tipo infeccioso de comportamentos!




A Proposta de Lei 150/XII, por meio do Decreto nº 166/XII, foi aprovada e enviada para promulgação pelo Presidente da República para posterior publicação no Diário da República, da nova lei que regula a a obrigatoriedade de publicitação dos benefícios concedidos pela Administração Pública a todos os particulares.
Porém, no art.º 2, nº 4, alínea b) excepciona da publicitação "os subsídios, subvenções, bonificações, ajudas, incentivos ou donativos cuja decisão de atribuição se restrinja à mera verificação objectiva dos pressupostos legais", ou seja, ficam protegidas pelo sigilo as subvenções vitalícias dos titulares de cargos políticos desde o 25 de Abril de 1974 - todos os Presidentes da República, os membros do Governo, os deputados à Assembleia da República, os ministros da República para as regiões autónomas, os Juízes do Tribunal Constitucional e os Membros do Conselho de Estado.

- Todos os deputados que estiveram no parlamento durante mais de 12 anos ou membros do governo que exerceram cargos até ao final de 2005 continuam a receber o mesmo que agora...


- Os políticos dão-se a si próprios privilégios e prerrogativas que depois mantêm secretas, à margem da lei
Os nomes dos políticos que pedem ao Estado a atribuição da pensão mensal vitalícia passaram a ser secretos."

- A redução de 10% atinge pensões de invalidez e sobrevivência a partir dos 300 euros 


-Todos os deputados exigiram um assistente pessoal porque quase todos  acumulam o cargo com outros (empresários, advogados, etc.) … 


- Perdem dias e dias de reuniões/plenários para reclamarem a água mineral a que se julgam com direito




António Costa recusa expor as contas públicas ao escrutínio público. O que tem para esconder? 


- O Estado gasta mais 3,5 milhões nas subvenções vitalícias de 383 deputados (e já está legislado para duplicarem o valor aos 60 anos) do que nas reformas de 22.311 pensionistas, após décadas de trabalho
Há uma despesa anual crescente de 9, 1 milhões de euros que desfalca a CGA durante largos anos, porque a lógica do equilíbrio da Segurança Social assenta precisamente no contrário - descontar durante muito tempo para receber em menos anos.

- E a passagem por altos cargos do Estado, longe de ser uma desvantagem, é um trampolim para uma vida profissional opulenta.


Os Juízes e diplomatas jubilados também escapam aos cortes nas pensões.

- Os juízes que invocaram o princípio da "equidade" para bloquear os cortes são os mesmos que se podem reformar após 10 anos de serviço. 



O TC não tem a dignidade institucional que devia ter, porque quando se está de “passagem é difícil desenvolver um pensamento constitucional".
e sobre a polémica das pensões privilegiadas dos juízes do Palácio Ratton – que se podem reformar em apenas 10 anos - os constitucionalistas, ouvidos pelo SOL consideram estas reformas um privilégio injustificado, mas um problema difícil de resolver. Dizem que “não há condições para se rever a lei, sobretudo se forem poupadas outras situações de privilégio, dada a actual tensão entre o Governo e o TC.

- O primeiro-ministro volta a dizer que não vale a pena a lamuria na actual situação do país. Sublinha que o mais importante é que os portugueses saibam enfrentar a crise.
(Será que alguma vez teve que mandar um curriculum?) 




Paula Teixeira da Cruz aconselhou mesmo os sindicatos a negociarem reduções salariais para que fiquem protegidos postos de trabalho.



"Não tardará a cena descrita na Crónica de Damião de Góis, que originou o massacre de Lisboa de 1506 culpando os pensionistas, reformados e idosos em geral, por todos os males de que a Nação padece.
Tal como já hoje é igualmente notícia a sentença do" Imperador" do Japão..."só quando os velhos morrerem...ou todos os velhos morrerem, haverá a salvação dos estados em crise financeira..."
NEOABJECCIONISMO



Até Cavaco Silva de 73 anos:
«Só nos resta esperar que acabem por morrer», dizia há alguns anos, sobre os funcionários públicos reformados»


Mas, enquanto não morrerem (mais pobrezinhos!), terão que ser espoliados no que ainda possuírem...





A forma cínica, a insensibilidade e a tirania económica com que o Governo e os dirigentes políticos estão a tratar os Portugueses “não eleitos”, só têm um objectivo: A ESCRAVATURA À VISTA
.








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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

O INVASOR "MALDITO"


(...)

Jardim da Europa à beira-mar plantado
balsa virente de eternal magia,
onde as aves gorjeiam noute e dia!

louros e de acácias olorosas,
de fontes e de arroios serpeado,
rasgado por torrentes alterosas,
onde num cerro erguido e requeimado
se casam em festões jasmins rosas;

(…)


Pátria! Filha do sol e das primaveras,
rica-dona de messes e pomares,       
recorda ao mundo ingrato as priscas eras                      
em que tu lhe ensinaste a erguer altares. 
Mostra-lhe os esqueletos das galeras
que foram descobrir mundos e mares...
Se alguém desprezar teu manto pobre,
ri-te do fátuo que se julga nobre!


Tomás Ribeiro (1831-1901), D. Jayme, Porto, Ed. Livraria Moré, 1874




E Portugal à beira-mar contínua, mas sem louros, acácias, jasmins e rosas, messes e pomares.
Porque os fátuos filhos de agora não lhe conhecem os segredos nem os saberiam amar. Têm a alma pequena e são genuinamente arrivistas.



O bonito e fértil jardim virou num misto de Marrocos/ Austrália.
Desapareceram carvalhos, azinheiras, sobreiros, nogueiras, pinhal bravo, medronheiros, para darem lugar a um deserto de eucaliptos por todo o país, em benefício económico das indústrias de pasta celulótica e de papel (crescem rapidamente; rentabilizam em 10 anos) e de uma menos-valia para a economia local.



Esta espécie, oriunda da Austrália entrou em Portugal no século XIX, embora o seu cultivo só tenha sido generalizado na década de 80 do século XX. 
Nos dias de hoje, os eucaliptos ocupam um total de 700 mil hectares, a mesma área de montados de sobreiro. Como árvores exóticas, não integradas nos nossos ecossistemas típicos, consomem demasiada água relativamente à capacidade dos solos e esgotam os nutrientes, empobrecendo-os. Comparando com outras formações florestais, a monocultura desta espécie leva à formação de povoamentos pobres em flora e fauna com todas os inconvenientes para o equilíbrio do plantio, erosão e desvalorização da terra onde crescem e terras circundantes.




Também há coalas em Portugal? - Perguntou radiante um jovem neozelandês ao encontrar por cá tantos eucaliptos australianos.



Num ecossistema com níveis de precipitação superiores a 800 milímetros por ano, um hectare de eucalipto pode render cerca de €4.000 ao fim de 10 anos ao passo que para o pinhal são precisos 35 anos até que se possa aproveitar madeira de qualidade.

Apesar da má gestão nas arborizações dos eucaliptos, produzidas em regime intensivo, que põem em causa a regeneração das florestas, a protecção dos próprios cidadãos e bens, a propagação dos incêndios e a erosão do solo, o Governo, garante a Quercus, aprovou um novo regime de arborização e rearborização que favorece “unicamente as celuloses e a fileira do eucalipto”. E garante também que há já proprietários a plantar, ilegalmente, centenas de hectares com eucalipto, sem que haja qualquer pedido de autorização às autoridades competentes
A ONG ambiental, por sua vez, afirma que “prejudica” a diversidade da floresta portuguesa e “compromete outras fileiras económicas”, como o montado de sobro ou o pinho.


Paulownia tomentosa 
Paulównia fortunei

E como se o eucalipto não fosse já um grave problema que necessita de medidas a desenvolver e a implementar pelos organismos estatais responsáveis e proprietários florestais, o Governo estará a estudar um pedido para a plantação, em Portugal, de um novo tipo de árvore que cresce tão ou mais rapidamente que o eucalipto - um híbrido de duas espécies da paulównia, originária da Ásia, para a produção de madeira e fabricação de pasta de papel.

José Vingada, biólogo, acredita que "vale a pena, porque o nosso mercado precisa de madeira nobre" e que “pode até substituir a que vem de florestas tropicais”


O ICN ainda não está convencido da sua inocuidade. Há referências de que “a paulownia fortunei - uma das espécies que compõem o híbrido em causa - pode ser uma praga nalgumas zonas da Austrália e nos Estados Unidos, existem preocupações invasoras quanto à paulownia tomentosa (pode crescer mais de 3 metros/ano) a espécie que já existe em alguns jardins em Portugal e que, curiosamente, pode ser introduzida livremente no país, uma vez que é legalmente considerada como sendo de interesse para a arborização”. 



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sábado, 31 de agosto de 2013

AGOSTO DE 1988


Antes de ter passado à situação de reforma, Agosto era o meu habitual mês de férias. As escolas estão fechadas e muitas empresas também. O clima permite ficar horas a tomar sol numa praia de eleição e viajar para locais desconhecidos ou para outros a que sempre queremos voltar, com bagagens mais leves.
Tem como reverso da medalha a maior procura de serviços que torna tudo mais caro

E o arquipélago dos Açores é sempre uma opção fantástica, exótica, onde floresce a natureza em estado puro e se desfrutam boas praias em pleno Atlântico!


Em Agosto de 1988, também Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, foi uma das cidades preferidas, crista de colinas aberta em anfiteatro sobre duas baías separadas pelo extinto vulcão do Monte Brasil, local escolhido pelos primeiros povoadores.  
Mais de uma vez com parte activa na história de Portugal, a UNESCO classificou-a como cidade Património Mundial desde 1983 devido à riqueza da sua herança edificada.


Santa Bárbara,em pedra de Ançã policromada, séc. XV e Fortaleza de S. João Baptista

Em reconhecimento de “tantos e tão destacados serviços”, o Decreto de 12 de Janeiro de 1837 já lhe tinha conferido o título de "mui nobre, leal e sempre constante cidade de Angra do Heroísmo" e condecorou-a com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada.
Apresenta uma paisagem costeira que permite observar um sistema complexo e dinâmico, onde os factores vulcânicos e culturais interagem e evoluem em conjunto e que desce suavemente desde a serra de Santa Bárbara, formando pequenas baías e enseadas.



O imenso património natural de baías, furnas, grutas, ilhéus, lagoas, matas, montes, parques, prainhas, serras, zonas balneares assim como museus e instituições culturais são tantos que, não sendo possível descrevê-los, aconselho vivamente a visitar.



Um pouco cansados (eu, marido e filho de seis anos), jantávamos num dos restaurantes da parte histórica da cidade quando, ao olhar para um aparelho de TV, vejo uma imagem de enormes novelos vermelhos de chamas a sair de edifícios, enchendo o ecrã da RTP.

Uma imagem aterradora. De quase fazer parar a respiração...



Era “o coração de Lisboa que estava a arder”, comentava Mário Crespo, desde a madrugada daquele dia 25 de Agosto.




O incêndio destruiu os armazéns do Grandella e toda a zona envolvente, traduzindo-se na maior catástrofe da cidade após o terramoto de 1755.
Levou quase tudo - a Casa Batalha, a Pastelaria Ferrarri, obras de Fernando Pessoa, a partitura original do Hino Nacional, o espólio da discoteca Valentim de Carvalho e a Perfumaria da Moda. A Versace fechou e a Pompadour também. A Única, a Sopal e muitas outras desistiram. Os clientes divorciaram-se de um Chiado submerso em ruínas.
Além de lojas e escritórios foram destruídos muitos edifícios do séc. XVIII e os piores estragos foram na Rua do Carmo, vedada ao acesso das viaturas de socorro.


O fogo causou dois mortos - um bombeiro e um residente - fez dezenas de feridos, destruiu 18 edifícios, desalojou cinco famílias num total de 21 pessoas e deixou duas mil desempregadas.

Depois foi preciso reedificar de novo, de acordo com o projecto de reconstrução do arquitecto Siza Vieira - recuperar o que se podia recuperar (muitas fachadas originais) e construir de raiz sobre o que já não tinha remédio.



Durante os dez anos seguintes, a área sinistrada esteve submersa em ruínas e escavações.
Demasiado tempo", recorda Vítor Silva, dirigente da Associação de Valorização do Chiado (AVC), entidade criada logo após o incêndio para representar os comerciantes que também queriam participar na reabilitação da zona. “Boa parte dos que escaparam ao fogo não sobreviveu a tantas escavações, abrir e fechar de ruas e calçadas, poeira a infiltrar-se nas fendas das portas e das janelas, barulho das retroescavadeiras e martelos pneumáticos: O Chiado quase que se desarticulou da área envolvente”.




A zona mais nobre de Lisboa reabriu aos poucos - chegaram novos habitantes, cafés design e marcas de luxo. 
Voltou a ser um importante centro de comércio de Lisboa e uma das zonas mais cosmopolitas e movimentadas, palco de eventos emblemáticos como o Vogue Fashion's Night Out.




 O novo Chiado

O vereador da Reabilitação Urbana da Câmara de Lisboa, Manuel Salgado diz que, “se não houver imprevistos no decorrer dos trabalhos, a última fase deste plano, a ligação pedonal do chamado «Pátio B» às ruínas da Igreja do Carmo, ao largo do Carmo e ao elevador de Santa Justa, pode ficar concluída em 2014”.
Vai pôr-se aquele espaço a descoberto, a estrutura da cabeceira da igreja à vista e far-se-á «um terraço com uma vista espectacular sobre a colina do Castelo e o Rossio».
A isto junta-se «um elevador que sai da rua do Carmo, do espaço de uma loja municipal para permitir que as pessoas com dificuldades de locomoção possam subir directamente para essa plataforma, e daí, no futuro, ter acesso ao museu de arqueologia».



Vamos então esperar que "não haja imprevistos" para que não se transforme noutra Igreja de Santa Engrácia (actual Panteão Nacional) que levou cerca de 350 anos a construir porque, fundada em 1568, ruiu em 1681, começou a ser reedificada em 1682 e só foi completada em 1966.
Será mais um "elefante branco"?

Outra imagem do novo Chiado

E porque ardeu o Chiado de forma tão galopante?

As causas nunca foram esclarecidas. 
Passados 25 anos ninguém sabe como tudo começou…
Certo, é que as chamas só pararam no edifício do Montepio, que tinha estrutura corta-fogo.

Fazendo referência ao que consta sobre o assunto, encontrei alguns excertos:

- Recordando o que foi dito em 1988 há uma revelação curiosa na primeira pessoa feita por “uma antiga funcionária dos Armazéns Grandella - descobriu que alguém tinha serrado uma torneira de segurança

-O Diário de Lisboa do dia 25 de Agosto de 1988 escreve que o guarda do elevador de Santa Justa afirma que foi só às 3,00 horas que os bombeiros foram avisados do início do incêndio e que «o fogo começou no rés-do-chão, propagando-se muito rapidamente».

- O jornal O Independente escreve na edição de dia 26 de Agosto de 1988, que uma testemunha ocular, Fernando Corte Real, afirma ter visto, na rua do Crucifixo, uma carrinha a sair dos Armazéns Grandella
A PSP, citada pelo mesmo jornal diz que essas declarações «não têm qualquer fundamento».

-Também as fontes sobre a hora a que o incêndio deflagrou nos Armazéns Grandella são diversas e contraditórias. A verdade mais ajustada será a de que terá acontecido entre as 01:00 e as 04:00.

- O Diário de Notícias de 26 de Agosto de 1988 escreve que «eram cerca de cinco horas quando uma pequena coluna de fumo começa a esgueirar-se pela fenda do vidro de uma das montras do Grandella».

João Marques e Joaquim Sintrão, dos bombeiros da Pontinha, aquando do simulacro que assinalou os 25 anos na zona atingida pelas chamas, recordaram algumas coisas insólitas como:

- “Um tanque que descarregou 18 mil litros de água em 17 minutos e que, com a força, levou o fogo de um prédio para o outro, tendo que reagir depressa para tirar quatro homens de um prédio que viria a desabar

- "O Presidente da República [Mário Soares] ao ter vindo sobrevoar a zona de helicóptero, alimentou o fogo com o vento das hélices."

- Para Veiga, "O que falhou foi não terem chamado os bombeiros mais cedo. O fogo começou de madrugada mas ninguém chamou os sapadores. O porquê fica por investigar, mas há os registos que o provam", garante.

 - "Há o ANTES e o DEPOIS do Chiado e o responsável por essa revolução nos socorros em Lisboa é o coronel Veiga", diz ao lado o comandante Fernando Curto, que não deixa a presença do mentor passar em vão. "Nunca é só uma pessoa", segreda Veiga, como se fechasse um capítulo da história.


Chiado à noite

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