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terça-feira, 21 de outubro de 2014

«A VIDA É UM SOPRO»


 “A vida é um sopro” 
Um bafejo
Um soprozinho
Um assopro
Um bocejo
Em torvelinho

A vida é um eco
Repetido
Infindável
No fim dum beco
Especulativo
Ponderável

A vida é um ciclo
Vicioso
Biológico
Em reciclo
Belicoso
Económico

A vida é uma obra
Em verso ou prosa
Paginada
Que se manobra
Sinuosa
Ou programada

A vida é um minuto
Suficiente
Pra nascer
Bem diminuto
Pra somente
Se morrer


l


sexta-feira, 17 de outubro de 2014

TEM UMA ASA E É FEDORENTO



Após ter visto este video, cujo tema achei muito singular, reportei-me à memória de outros tempos, apesar de ser ainda actual.
Jamais me teria ocorrido que poderia existir um museu só de penicos ou de peças com ele relacionadas, como cadeiras penoqueiras!
E que o mais completo (colecção de 1.230 peças desde o séc. XIII ao séc. XX, provenientes de 27 países), o Museo del Orinol, propriedade do colecionador José María del Arco “Pesetos”,  se encontra na Ciudad Rodrigo, provincia de Salamanca, a 50 km da minha aldeia, localidade onde vou todos os Verões...

“Penico de acordo com os lexicologistas, será um " recipiente em louça, ferro, plástico, etc., usado para urinar e defecar, no qual se depõem urina e fezes" e tem vários significados - bacia de cama, bacio, bispote, calhandro, mictório, pote, senhor doutor, urinol, vaso de comadre, vaso de noite, vasaréu, viasca. 




Fábrica de Faiança das Caldas da Rainha. Rafael Bordalo Pinheiro. Séc. XIX 
Representa John Bull acocorado, com um dos braços formando a asa da peça - adaptação oportuna "dessa figura legendária,
sublinhada por um expressivo modelado e uma coloração cheia de pormenor"




Penico grego para crianças








Lembro-me de a Avó J. estar sentada numa cadeira semelhate a esta (tinha eu 4 anos, segundo a Mãe), e de puxar um pequeno banco para subir e sentar-me no colo dela...


Na Roma Antiga já havia sanitários públicos a céu aberto sem divisórias e sempre próximos de sulcos com correntes de água para que os utilizadores pudessem lavar-se em seguida.



O vaso sanitário (retrete) surge na segunda metade do século XVI, inventado por um poeta e tradutor inglês, 
 Sir John Harringtonque o construiu para a sua casa.



A Rainha Isabel I de Inglaterra, quando teve conhecimento do invento do neto, quiz vê-lo. E considerou-o imoral; mas acabou por encomendar um para o palácio.

Apesar do gesto da Raínha, a Inglaterra, França e Portugal não aprovaram a invenção e durante mais três séculos (até ao século XIX), todos os dias ao amanhecer, os dejectos dos penicos eram lançados pela janela para as ruas, já feitas com com caleiras adequadas ao escoamento e necessário aproveitamento máximo das águas da chuva. 


"Lá vai chuva !"



Hoje em dia, os penicos são usados sobretudo pelas crianças pequenas (e pelos idosos), fabricados em plástico de diversos modelos e cores vistosas.
Alguns são musicais, com depósito removível para facilitar o esvaziamento e a limpeza. Têm um chip musical que se activa pressionando o dedo no botão e podem ser usados a partir dos 18 meses. 


Em localidades onde as casas de banho estão construídas no exterior, os penicos clássicos de plástico ou esmalte, ainda são usados no Inverno durante a noite.
São guardados em mesas de cabeceira ou colocados sob as camas.




Apesar de o penico ter caído em desuso, há alguns adágios que se matêm.

- "Braga é o penico do céu."
- "Não há penico sem tampa."
- "Penico de barro não cria ferrugem."
- "Penico que muitos mexem acaba fedendo."
- "Penico também é branco."
- "Quem não tem cachorro, caça com gato; quem não tem penico, caga no mato."

E lengalengas populares 

“Varre, varre vassourinha
Varre bem esta casinha
Se varreres bem dou-te um vintém
Se varreres mal dou-te um real
Pico pico saltarico
Salta a pulga p'ró penico
Do penico p'rá balança
Disse o rei que fosse à França
Buscar o D. Luís
Que está preso pelo nariz
Os cavalos a correr
As meninas a aprender
Qual será a mais bonita que se irá esconder?”

E adivinhas

“Verde por fora, amarelo por dentro,
Tem uma asa e é fedorento.”

Imagens Google

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

DESENVOLVIMENTO E SENESCÊNCIA


As etapas do ciclo de vida de um ser vivo (nascer, desenvolver, reproduzir e morrer) como um entretém em biologia sem a metodologia cientifica rigorosa:


A flor antes de desabrochar
O nascimento do feto, a despontar




Começa a abrir o botão floral
 Início da 1.ª infância, fase neonatal



Flor de pétalas externas semi abertas
2.ª infância, aprendizagem, descobertas



Flor de pétalas mais alargadas
Puberdade, fantasias, maturações firmadas 




Flor aberta, quase totalmente
2.ª adolescência, mais mudanças no corpo e na mente  



A flor abre completamente 
Juventude, auto-realização, necessariamente 



Inicio de manchas necróticas nalgumas pétalas externas
Idade adulta intermédia, actividades intensas e paternas




Pétalas externas com manchas necróticas em quantidade
Idade adulta, a fase das transições ou da estabilidade?



Flor murcha, de pétalas com  manchas de necrose generalizada 
Etapa avançada da vida adulta, alteração do estilo de vida, acentuada



Queda de pétalas, total
A velhice/Senescência, declínio físico e mental 



Flor murcha e seca, inclinada
A velhice/Senilidade, declínio com mente desorganizada



Imagens Google

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

IRONIA


Opinião (Partilhado, a pedido)


Crónica publicada na VISÃO 1123, de 11 de Setembro

Ricardo Araújo Pereira










Clube dos socialistas mortos

Exmo. Sr. Presidente da Federação do PS de Braga,

Na qualidade de socialista falecido em 2005, venho felicitar a sua federação por possibilitar a participação de mortos no processo eleitoral. Durante demasiado tempo, só pessoas vivas eram chamadas a votar, pelo que se saúda o alargamento do espectro eleitoral a espectros eleitores. A iniciativa de V. Exa. produz efeitos ideológicos que, tenho a certeza, hão-de marcar a história do socialismo. A velha divisa cubana "Socialismo ou morte" terá de merecer actualização, na medida em que a federação socialista de Braga demonstra que socialismo e morte não são conceitos que se excluam. Talvez em Cuba os cidadãos sejam obrigados a escolher "socialismo ou morte", mas em Braga podemos ter "socialismo e morte", tudo ao mesmo tempo. É, literalmente, o melhor de dois mundos: este e o outro.

Note que não falo em nome dos mortos-vivos, mas sim dos muito mais prosaicos mortos. Os mortos-vivos, pese embora a fama de que vêm gozando, não merecem direito de voto. As criaturas lendárias já estão muito bem representadas na vida política pelos vampiros. Acrescentar os mortos-vivos seria redundante. Os mortos, em contrapartida, nunca obtiveram representação política. O falecimento, ocorrência tantas vezes alheia à vontade do cidadão, retira-lhe o direito de voto, sem que seja apresentada uma justificação válida. A ausência de actividade cerebral não serve de desculpa, uma vez que também se verifica, quer em outros eleitores, quer em boa parte dos eleitos.

Como é evidente, coloca-se a questão de saber de que modo pode o morto participar no processo eleitoral, dadas as suas limitações. Neste ponto, permita-me que lhe apresente o meu sobrinho Nelson, que é bruxo em Esposende. É a ele que estou a ditar estas palavras. Por uma verba simbólica, o Nelson está disponível para colaborar com a concelhia do PS, transmitindo aos seus dirigentes a posição política de um vasto leque de defuntos. Todos os dias, o Nelson recebe a visita de inúmeras almas de antigos socialistas, ansiosos por participar na vida partidária. O morto, hoje em dia, já não se satisfaz com as tradicionais aparições fantasmagórico em casa dos familiares para bater com portas e abrir torneiras. O defunto moderno quer continuar a ter uma palavra a dizer na vida cívica. O meu sobrinho Nelson pode ajudar a concelhia a registar as opiniões de antigos socialistas, por apenas dois euros por alma. No entanto, o Nelson está preparado para lhe oferecer um preço especial por atacado, a saber: 15 euros por cada palete de 10 defuntos.

Creia que somos muitos, neste lado, a querer participar. E está aqui um senhor chamado Engels que quer dar uma palavrinha a V. Ex.a. acerca do que é, na verdade, um partido socialista.

Com os melhores cumprimentos,

Fernando Manuel T. Guedes

Defunto

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

AS PRIMEIRAS-DAMAS DE PORTUGAL - 7



Mariana de Santo António Moreira Freire Correia Manuel Torres de Aboim do Canto e Castro

5ª Primeira-Dama de Portugal


Nasceu em Lisboa a 13 de Junho de 1865.
É filha de Josefina Arcângela Pereira de Castro Teles de Eça Monteiro e Cunha e de João Baptista Moreira Freire Correa Manuel Torres de Aboim

Teve cinco irmãos
- Arcângela da Madre de Deus Moreira Freire Correa Manuel Aboim (1853 ) casada c/ Joaquim Germano Jorge

- Francisco Moreira Freire Correa Manoel Torres de Aboim (1º Visconde de Idanha), casado c/1ºc/Maria José da Silva Rego ,c/ 2º c/ Maria Vidigal Perdigão Alvarez de la Fuente de Torralba y Baygorri.
(Este título nobiliárquico foi criado para Francisco por D. Carlos I de Portugal, por Decreto de 7 de Junho de 1894)





- Maria da Luz Moreira Freire Correa Manuel de Aboim (1855) casada c/ Teotónio Flavio Henriques Leça da Veiga.

- Jacinto (morreu em 1919)

- Luisa Moreira Freire Correa Manuel de Aboim (1860), casada c / Francisco de Paula de Azevedo Borges.

Armas 1º Visconde de Via Boim



É ainda sobrinha paterna do 1.º Visconde de Vila Boim e parente do escritor, poeta e jornalista, 2.º Visconde de Idanha, Raul Rego Correia Freire Manoel Torres de Aboim (1882-1940), filho primogénito do 1º casamento de Francisco.





Descendnte de famílias de tradição aristocrática, teve uma formação católica e monárquica adequadas.


Em 1891 casou com João do Canto e Castro Silva Antunes (1862), filho do General de Infantaria José Ricardo da Costa da Silva Antunes, Secretário do Tribunal Superior de Guerra e da Marinha, Comendador da Ordem de Aviz e Cavaleiro da da Torre-e-Espada  e de Maria da Conceição do Canto e Castro Mascarenhas Valdez.


Do casamento nasceram três filhos:

- Maria da Conceição do Canto e Castro (1892). Casou com Afonso Nobre Veiga.
- José do Canto e Castro(1894)
- Josefina de Aboim do Canto e Castro (1896). Casou com José da Costa Salema

Em Dezembro de 1918, João do Canto e Castro, por morte de Sidónio Pais, é chamado à chefia do Estado e é eleito como 5º Presidente da República pelas duas câmaras do Parlamento. 


Mariana de Santo António Moreira Freire Correia Manuel Torres de Aboim do Canto e Castro torna-se então Primeira-Dama (16 de Dezembro de 1918 a 5 de Outubro de 1919) 

Um Monárquico, Presidente da República


Almirante, Ministro da Marinha Governador de Lourenço Marques e Deputado da Nação durante a Monarquia, foi condecorado com todas as ordens honoríficas portuguesas.
Porem, apesar de monárquico convicto, aceitou o cargo pondo os interesses da Nação à frente das suas convicções pessoais

Durante o seu mandato houve duas tentativas de revolução - a primeira, liderada pelos republicanos Cunha Leal e Álvaro de Castro e a segunda, de cariz monárquico, liderada por Paiva Couceiro que ainda manteve a "Monarquia do Norte" por algum tempo e muitas greves generalizadas.


No entanto, com prudência e saber, conseguiu equilibrar as duas forças através dum"governo de concentração”(com a presença de todos os partidos políticos - Democrático, Unionista, Evolucionista, Nacional Republicano, Socialista - e até sidonistas independentes) e manter a chefia da Nação até António José de Almeida ser eleito em 5 Out.1919


Foi ainda neste conturbado clima que  partiu do porto de Cherbourg o primeiro contingente de prisioneiros militares do Corpo Expedicionário Português a ser repatriado (prisioneiros de guerra provenientes de campos de concentração alemães).


Na recepção aos militares, o Presidente da República Almirante João do Canto e Castro Silva Antunes, acompanhado pela sua comitiva ( imagemi tirada momentos antes de o navio atracar ao cais do Posto de Desinfecção)


A família viveu o mandato envolvida numa enorme tristeza, motivada pelo afastamento de muitos familiares e amigos, adeptos da causa monárquica.

Mariana permaneceu sempre em sua casa.

Mas o estado de saúde de Canto e Castro, que sofria de angina de peito desde muito cedo, agravou-se.  E a necessidade de assistência médica motivou a mudança da família para o Palácio Real da Cidadela de Cascais, de Maio a Setembro de 1919.

Morreu a 14 de Março de 1934 e está sepultado no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa
Mariana morreu mais tarde, em 18 Jan. 1946, também em Lisboa



A Sala Árabe, no primeiro piso, com vista para a Baía de Cascais, foi o espaço escolhido pelo Rei Dom Luís I para morrer olhando o mar que tanto amava.


E o Rei Dom Carlos dizia: “Cascais é a terra onde o povo é mais nobre e na qual a nobreza é mais popular!

O conjunto da Cidadela de Cascais, incluindo o Forte de Nossa Senhora da Luz, a Torre de Santo António de Cascais e toda a parte fortificada que está compreendida entre a Ponta do Salmodo e o Clube Naval, é imóvel de interesse público desde 1977. 
Herança da Torre Tarda de D. João II (1485), ampliada por Filipe I, as obras prosseguiram com D. João IV (1681). Teve depois várias adaptações. Após alguns anos de um certo abandono é, hoje, um dos lugares mais visitados com a, também, luxuosa Pousada Cascais.

Dpois da proclamação da República, em 1910, o Palácio passou a depender da Presidência, tendo sido utilizado por diversos Chefes de Estado como Óscar de Fragoso Carmona, Craveiro Lopes e outros.

Imagens Google