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"As palavras são como as cerejas: vão umas atrás das
outras"
Sossego, quietude,
paz, silêncio
Silêncio,
saber, ignorância, mistério
Mistério,
sorriso, enigma, abismo
Abismo,
ruína, oceano, voragem
Voragem,
desordem, falácia, sofisma
Sofisma,
chicana, enredo, conluio
Conluio, intriga, fusão, aliança
Aliança passiva, relativa, oblíqua.
Palavras que voam e caem no chão
Palavras renováveis, “eus”, cruzadas
Palavras febris, sem voz, de papelão
Palavras vãs, sem regras, desbocadas.
Palavras blá-blá, fininhas, ardidas
Palavras esdrúxulas, "seres", genuínas
Palavras pomposas, comuns, sortidas
Palavras similares, gregas, latinas
"Foi quando aprendi que as palavras não
servem para nada; que as palavras nunca se adaptam nem mesmo ao que elas querem
dizer. Quando ele nasceu compreendi que a maternidade foi inventada por alguém
que tinha de arranjar uma palavra para isso, porque as que tinham os filhos não
queriam saber se havia ou não uma palavra para isso. Compreendi que o medo foi
inventado por alguém que nunca tinha tido medo; o orgulho, por quem nunca tinha
sentido orgulho."
William Faulkner, in 'Na Minha Morte'
Bem, "as palavras são como as cerejas..., quando comparadas na sequência, mas nem sempre " não servem para nada".
Assim, considerando apenas as cerejas, elas são óptimas quando frescas, doces, firmes, de haste verde brilhante, com
a sua cor natural (dependendo da variedade)!
As cerejas pisadas, manchadas ou com fissuras, são bem diferentes.
E as palavras servem, então, para quê?
Por um
lado, servem para organizar os nossos pensamentos falando connosco mesmo e por outro, servem para
comunicar os nossos pensamentos a outras pessoas.
O que muitas vezes acontece é que nem
sempre o que se transmite é interpretado igualmente pelo receptor. Depois, quase sempre, não se pode falar ou escrever tal como se pensa. Os preconceitos “obrigam” a elaborar a expressão comunicacional...
Hipocrisia/ Fingimento?
Prudência/ Ponderação?
Enfim, as palavras, penso, servem sempre para comunicação interna ou externa, embora
nalguns casos pareçam “não servir para nada” e
noutros tenham como resultado um poder avassalador, quer quando fortemente positivas, quer quando rotineiras e imbuídas de intensa negatividade.
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