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quinta-feira, 21 de setembro de 2017

EVASÃO


CAPÍTULO IX







Creio que ele aproveitou, para se evadir, pássaros selvagens que imigravam. Na manhã da partida, pôs o planeta em ordem. Remexeu cuidadosamente os seus dois vulcões em actividade. Pois possuía dois vulcões. E era muito cómodo para aquecer o almoço. Possuía também um vulcão extinto. Mas, como ele dizia “Quem é que pode garantir?”, revolveu também o extinto. Se eles são bem revolvidos, os vulcões queimam lentamente, regularmente, sem erupções. As erupções vulcânicas são como fagulhas de lareira. Na terra, nós somos muito pequenos para revolver os vulcões. Por isso é que nos causam tanto dano.

O principezinho arrancou também, não sem um pouco de melancolia, os últimos rebentos de baobá. Ele julgava nunca mais voltar. Mas todos esses trabalhos familiares lhe pareceram, aquela manhã, extremamente doces. E, quando regou a flor pela última vez e se dispunha a colocá-la sob a redoma, percebeu que estava com vontade de chorar.
– Adeus, disse ele à flor.
Mas a flor não respondeu.
– Adeus, repetiu ele.
A flor tossiu. Mas não era por causa do resfriado.
– Eu fui uma tola, disse por fim. Peço-te perdão. Trata de ser feliz.
A ausência de censuras o surpreendeu. Ficou parado, completamente sem jeito, com a redoma no ar. Não podia compreender essa calma doçura.
– É claro que eu te amo, disse-lhe a flor. Foi por minha culpa que não soubeste de nada. Isso não tem importância. Foste tão tolo quanto eu. Trata de ser feliz… Mas podes deixar em paz a redoma. Não preciso mais dela.
– Mas o vento…
– Não estou assim tão resfriada… O ar fresco da noite irá fazer-me bem. Eu sou uma flor.
Mas os bichos…
– É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas. Dizem que são tão belas! De contrário, quem virá visitar-me? Tu estarás longe… Quanto aos bichos grandes, não tenho medo deles. Eu tenho as minhas garras.
E ela mostrava ingenuamente os seus quatro espinhos. Em seguida acrescentou:
– Não demores assim, que é exasperante. Tu decidiste partir. Vai-te embora!
Pois ela não queria que ele a visse chorar. Era uma flor muito orgulhosa…






sábado, 19 de agosto de 2017

SÃO TRÊS DA MADRUGADA


São 3 horas da madrugada.

Com alguma sonolência, vou tentando ser cordial com Inskeep, Leiper, Gal, Pent, Iapmei ou TER e outros semelhantes; ou bem diferentes, como a CGD, de que estou a desligar-me porque, infelizmente, é mais uma tragédia à portuguesa a padecer dos vícios de politização e gestão sem critério ou N. P. Coutinho (ortopedista), a quem acabo de escrever uma carta em vez do que seria a terceira consulta porque, sorrateiro mal disfarçado, “correu” a juntar-se à conjuntura dos anteriores interventores (N. Rodrigues e P. Fernandes) de um processo mal sucedido mas não assumido.
Porquê ser gentil para com quem nos trata sem sensibilidade?
O mundo é de quem não sente...




São 3 horas da madrugada, não há luz nas janelas nem vultos de humanos ou de cães sem abrigo nas ruas. 
Ouve-se aqui, na casa do lado, uma roncante composição de nariz/garganta e, ao longe, a voz titubeante, típica de quem vacila sobre os pés. 

Apenas.

domingo, 6 de agosto de 2017

CARA OU COROA?



Aí pelos primeiros dias do passado mês de Abril, a probabilidade empírica foi o método escolhido para determinar o trilho quilométrico do dia habitualmente destinado "à descoberta da aventura".
Cara (Ávila) ou coroa (Zamora)?
A repetição optou por Cara/Ávila.
E assim, durante 2 horas e 19 minutos, sempre a rodar, percorremos 249 km de estrada até aos mais de 1100 metros de altitude, a capital da província mais elevada de Espanha.





A mais elevada e também, quanto a mim, a mais bonita cidade murada, é um município de Espanha na província de Ávila, comunidade autónoma de Castela e Leão, tem 231,9 km² de área, 59 258 habitantes (2013), é banhada pelo rio Adaja (Wikipédia) e é caracterizada, essencialmente, pelas muralhas bem conservadas a cercar a cidade velha. 
O Centro Antigo de Ávila inclui a cidade murada, 87 torres semicirculares, nove portões, quatro igrejas extra-muros (San Segundo, San Andres, San Vicente, San Pedro) e foi declarada Património Mundial pela UNESCO, juntamente com as igrejas.



Porém, antes de desfrutar a grandiosidade desta construção optou-se por fazer uma pequena caminhada à volta das muralhas para ver alguns dos muitos outros seus lugares históricos.



Catedral de Ávila (Catedral de Cristo Salvador de Ávila), histórica e fisicamente ligada à muralha da cidade por muros comuns que, segundo parece, ainda tem partes inacabadas devido a desentendimento entre o Vaticano e a UNESCO.


Convento e Museu de Santa Teresa de Jesus, edificado em 1636 sobre a sua casa natal. Na igreja destaca-se a fachada, de estilo barroco. 


Basílica de San Vicente, construída no século XII, principal templo religioso da cidade, depois da CatedralA cor alaranjada da pedra de Villamayor de Salamanca torna este edifício numa das mais belas jóias do Românico espanhol. 


A também românica igreja de São Pedro, construída no Séc. XII, uma maravilha na Praça do Mercado Grande.

Caminhar ao longo da Muralha e ir lendo e ouvindo a diversa informação estrategicamente colocada, é a melhor maneira de obter uma visão panorâmica da cidade e de perceber a sua história.

O nosso percurso começou na Puerta de Carnicerías, ao lado da Catedral, onde há um posto de venda de bilhetes e uma pequena “Oficina de Turismo”.
E porque o trilho é longo, fica a hiperligação para imprimir este elaborado pela Diputación de Ávila e para portas, basta aceder aqui, assim como imagens obtidas durante a caminhada.




Exaustos e de cegonha vigilante, outros rodados 249 km vão afastar-nos da bonita terra de Santa Teresa de Jesus, de Ávila.




quarta-feira, 19 de julho de 2017

AS PALAVRAS NÃO SERVEM PARA NADA

.
"As palavras são como as cerejas: vão umas atrás das outras"

Sossego, quietude, paz, silêncio
Silêncio, saber, ignorância, mistério
Mistério, sorriso, enigma, abismo
Abismo, ruína, oceano, voragem
Voragem, desordem, falácia, sofisma
Sofisma, chicana, enredo, conluio
Conluio, intriga, fusão, aliança
Aliança passiva, relativa, oblíqua.








Palavras que voam e caem no chão
Palavras renováveis, “eus”, cruzadas
Palavras febris, sem voz, de papelão
Palavras vãs, sem regras, desbocadas.

Palavras blá-blá, fininhas, ardidas
Palavras esdrúxulas, "seres",  genuínas
Palavras pomposas, comuns, sortidas
Palavras similares, gregas, latinas



"Foi quando aprendi que as palavras não servem para nada; que as palavras nunca se adaptam nem mesmo ao que elas querem dizer. Quando ele nasceu compreendi que a maternidade foi inventada por alguém que tinha de arranjar uma palavra para isso, porque as que tinham os filhos não queriam saber se havia ou não uma palavra para isso. Compreendi que o medo foi inventado por alguém que nunca tinha tido medo; o orgulho, por quem nunca tinha sentido orgulho." 
William Faulkner, in 'Na Minha Morte' 



Bem, "as palavras são como as cerejas..., quando comparadas na sequência, mas nem sempre " não servem para nada".

Assim, considerando apenas as cerejas, elas são óptimas quando frescas, doces, firmes, de haste verde brilhante, com a sua cor natural (dependendo da variedade)! 
As cerejas pisadas, manchadas ou com fissuras, são bem diferentes.  


E as palavras servem, então, para quê? 
Por um lado, servem para organizar os nossos pensamentos falando connosco mesmo e por outro, servem para comunicar os nossos pensamentos a outras pessoas.
O que muitas vezes acontece é que nem sempre o que se transmite é interpretado igualmente pelo receptor. Depois, quase sempre, não se pode falar ou escrever tal como se pensa. Os preconceitos “obrigam” a elaborar a expressão comunicacional...

Hipocrisia/ Fingimento?
Prudência/ Ponderação?

Enfim, as palavras, penso, servem sempre para comunicação interna ou externa, embora nalguns casos pareçam não servir para nada” e 
noutros tenham como resultado um poder avassalador, quer quando fortemente positivas, quer quando rotineiras e imbuídas de intensa negatividade. 

Imagens Google


quinta-feira, 6 de julho de 2017

FAMÍLIA É ASSIM






Seis mesmo, sim.
Ramada de árvore
Sem princípio nem fim

A família era, é e será
Dela se vem e se nasce
Com o anexo crachá

Tal como na ramada
Aumentam os anos
E vira rapaziada

Dinâmica, a cultura,
Ao sofrer mudanças
Transforma a postura

Perdem-se traços
Juntam-se outros
Formam-se laços

Uns são discretos
Alguns, complicados
E muitos completos

Família é assim
Surge, cresce, aparece
Como folhetim




Primeira:





Segunda:





Terceira:


                

                                   
                                                      



Quarta:
 
     
                           
           



Quinta

         




Sexto:

        





A família como unidade social, enfrenta uma série de tarefas de desenvolvimento, diferindo a nível dos parâmetros culturais, mas possuindo as mesmas raízes universais. (MINUCHIN,1990).


Desenhos Google