O Sabugal, na sequência dos postes de 28.10. e de 22.11.2017 aqui dedicados ao Centro de Portugal - Região da Serra da Estrela – é o local a "visitar"
Quer pela descrição de antas já desaparecidas,
quer pela descoberta recente de uma outra em Sacaparte e ainda pela
existência de vários artefactos encontrados em escavações feitas no centro
histórico do Sabugal, a região data de meados do III milénio a.C.
Perto do Convento de Sacaparte, existem ainda os restos
(3 pedras do primitivo monumento) de um dólmen, o Dólmen de Sacaparte.
Achados diversos indicam que os povoados de altitude (o próprio Sabugal Velho, cujo nome primitivo se desconhece), surgiram na Idade do Bronze. E foi a abundância de minérios de estanho e de cobre utilizados na produção do bronze que contribuiu para a importância que a região de Ribacôa chegou a atingir. A Idade do Ferro, marcada também em vários
relevos com povoados fortificados (Castros e Castelos) tem vindo a ser descoberta por uma equipa de arqueologia da Câmara do Sabugal no âmbito do Plano de Acção de Regeneração Urbana (PARU) da cidade.
Escavações arqueológicas no centro histórico da cidade do Sabugal revelaram "uma grande estrutura habitacional", com cerca de 3.000 anos e também materiais dos séculos XII e também materiais do século XII/XIII, quando o Sabugal ainda pertencia a Leão e Castela
O Museu Municipal, localizado no edifício das antigas finanças, apresenta os objectos recolhidos no concelho, em exposição permanente, para dar a conhecer a história da ocupação do Homem nas terras de Ribacôa ao longo dos séculos.
Museu Municipal
Da
Pré-História: pedra lascada, pedra polida, machados de pedra e bronze, estelas
(blocos em granito, em forma de paralelepípedo com gravuras) pré-históricas,
fíbulas (pequena fivela utilizada há muito tempo para prender as roupas),
contas de colar;
Da
Época Romana: dois marcos de estradas e uma colecção de pedras com inscrições
funerárias e de escrutínio;
Da
Idade Média: objectos do tempo da ocupação por Leão e de bens do domínio de terras da coroa
portuguesa após a assinatura do Tratado de Alcanizes - cerâmicas, fivelas,
moedas, uma colecção de armamento dos séculos XVII a XIX e ainda uma colecção
de cerâmica de várias épocas.
Estela encontrada na Aldeia Velha, concelho do Sabugal, a
uma altitude de 883 metros.
"arqueofundao" - blog
Como Património construído, existe um legado de arquitectura popular, religiosa, militar e erudita muito diversificado que se encontra um pouco por todo o concelho.
O território do actual concelho do Sabugal esteve distribuído, desde a Idade Média até ao século XIX, por cinco vilas medievais /concelho: Alfaiates, Sabugal,
Sortelha, Vila do Touro e Vilar Maior, onde existem vestígios (mais conservados numas do que noutras) da sua importância no passado
Castelo de Sortelha
Ruínas do castelo de Vila do Touro
Castelo de Vilar Maior
Em
2009, o Instituto Nacional de Estatística (INE) com a nova classificação de freguesias, considerou a freguesia do Sabugal, sede de concelho,
como Área Mediamente Urbana e as restantes, de cariz predominantemente rural.
As ÁMU são “polarizações urbanas
que desempenham papéis de equilíbrio do sistema urbano, face à tendência
hegemónica de crescimento das grandes metrópoles” (Portas, 2007:57). No caso
português considera-se que uma cidade média terá uma população entre 20.000 e
100.000 habitantes (embora haja excepções no âmbito da análise da
rede urbana nacional).
Cidade de Sabugal - Turismo do Centro de Portugal
Gostaria de falar da cidade
de Sabugal, concelho a que pertence a minha aldeia, Cerdeira, com mais entusiasmo e
orgulho.
Porem, ao contrário, para quem
diz ser uma cidade “bonita, tão doce e frágil como agreste e resistente”, eu
direi que a vejo como uma cidade marginalizada, envelhecida, desertificada,
de paisagem pouco humanizada, sem mobilização competitiva, inestética, triste, sem
capacidade para aproveitar economicamente o vasto património histórico-cultural,
de mercado local pouco atractivo em cada vez menos estabelecimentos, de reduzida
procura de serviços de apoio social, com falta de estratégia para promover o Sabugal como destino turístico, deficiente em
estabelecimentos de qualidade para atrair segmentos elevados de procura, de pouca expressão urbanística e de edificação ao longo das últimas décadas.
Resumindo, parece uma cidade decadente, cada vez mais distante no tempo, com grande tendência
para se transformar num local “esquecido”.
Falta de massa crítica ao nível da formação? De apoios? De iniciativa de capacidade empreendedora? Desinteresse ?
Alguma inabilidade (tanto de funcionários públicos como de profissionais liberais) na comunicação com o cliente menos comum, também não favorece o retorno, a fidelidade ou o passa-palavra...
No Sabugal, toda a zona antiga, com destaque para Edificações do Centro Histórico e sua Envolvente, com interesse Patrimonial, merece ser visitada.
Perante o vasto Património que o Concelho do Sabugal encerra, a minha relevância limitar-se-á, apenas, a parte do Património da cidade
Igreja Matriz do Sabugal
É também conhecida como Igreja de São João e pertence à segunda metade do século XVIII. Barroca, de origem medieval, tem no seu interior o coro-alto
de madeira assente em colunas de granito.
Atente-se, porem, no enquadramento edificado em que está inserida…
Igreja da Misericórdia
“Igreja românica, de planta longitudinal constituída por
dois rectângulos justapostos e uma nave única e uma capela-mor mais baixa
e estreita. Pensa-se ter sido construída no século XIII ou XIV e remodelada em
1673.”
Torre Sineira e Porta da antiga Vila do Sabugal
É a única porta da muralha medieval que
subsistiu. Foi reforçada com uma torre onde, mais tarde, foi
instalado um sino que lhe deu o nome.Tem planta quadrada rematada por uma
cornija com gárgulas de canhão. A cobertura é feita com abóbada de cantaria
Pelourinho
É uma réplica do original (desenho em baixo - Capeia Arraiana), por ter ficado muito danificado, ao contrário de todos os outros das antigas vilas, embora não pareça ter qualquer semelhança...
Câmara Municipal
Ocupa, actualmente, o conjunto formado pelos edifícios da antiga Câmara, Tribunal e Cadeia,
todos ligados interiormente
Solares e casas
abastadas
No Sabugal não têm grande expressão. No entanto, a Casa
dos Britos que pertenceu a Brito Távora Silva no séc. XVII, conserva a
entrada nobre. Aqui viveu também, Luís Cândido de Faria Vasconcellos, meu tio-bisavô, enquanto presidente da Câmara, irmão de Antónia de Faria Vasconcellos casada com o que foi, também, Presidente da Camara, Dr. José Maximino da Silva Azevedo,
Chafariz
É uma enorme fonte de 1904, próxima do local onde terá
existido uma fonte de mergulho da época de Dom Dinis. Constituída por um pequeno
pátio ao qual se acessa através de uma dupla escadaria, tem três bicas, um
frontão curvilíneo com as prováveis armas reais de Dom Dinis e um pináculo.
Casa da Memória Judaica da raia Sabugalense
Inaugurada em 2017, está instalada num edifício junto ao castelo. Foi adquirido pelo Município que o transformou num espaço
evocativo e interpretativo da presença judaica na antiga Vila.
Desde o século XIII que viveram judeus nesta
cidade. Após o decreto de Dom Manuel I de 1496, muitos optaram por sair do país ou converter-se ao cristianismo. Os que ficaram, ao continuarem as suas práticas judaizantes em segredo, entre 1544 e 1795, mais de uma centena de cristãos-novos foi apanhada na Vila pela Inquisição.
Deixaram diversos vestígios judaico-religiosos e cruciformes que permanecem no centro
histórico intra muralhas da cidade.
De sublinhar, são, também, os sobrenomes de origem judaica e os já portugueses adoptados por judeus convertidos ao cristianismo, geralmente relacionados com nomes de plantas, animais, objectos (Pereira, Leite, Coelho, Machado), mas também Faria,
Fernandes, Fonseca, Menezes, Monteiro, Ribeiro, Teixeira, Henriques, Costa e
muitos outros
As calçadas (e pontes, miliários, artefactos de tecelagem, olaria) feitas pela "revolução" romana nas terras de Ribacôa ainda estão (muitas) preservadas na cidade.
Castelo do Sabugal (Castelo
das Cinco Quinas)
O Castelo tem uma torre de menagem pentagonal, única em Portugal e está
erigido num planalto da serra da Malcata, com vista para o rio Côa.
Devido
a conflitos de interesse entre senhoriais, a coroa e a população no século XIII,
as suas fortificações foram feitas e desfeitas até integrar o território português através do Tratado de Alcalinizes,
a 12 de Setembro de 1297 e quando Dom Dinis o começou a ampliar com muralhas
mais fortes e mais torres, incluindo a Torre de Menagem. Ao longo dos séculos (séculos
XVI e XVII) foi utilizado por vários Reis mas com as invasões francesas e o tempo
foi perdendo relevância.
Em muito
bom estado de conservação, o castelo é Monumento Nacional desde 1910, está gratuitamente aberto
ao público e do topo da torre de menagem pode desfrutar-se uma deslumbrante vista panorâmica.
A muralha, reforçada
por duas barbacãs, envolvia uma vasta área da vila. Da cerca, apenas resta um pequeno troço junto ao castelo, uma porta,
protegida pela torre sineira, e alguns vestígios no Lapidário e bases das paredes de várias casas
O Bardo
Pequeno
bar rústico e acolhedor, localizado numa casa antiga, toda em pedra, com uma pequena esplanada e de ligação gratuita à Internet
Restauração
Truta do rio Côa, cabrito e borrego assados ou ensopado
de Javali ?
Primordialmente, para mim, o cabrito assado no restaurante Robalo
Adenda
Como nota final, alegra-me sublinhar que os meus pessimistas diagnóstico /prognóstico no inicio deste poste acabaram por ficar mesclados de esperança com a “descoberta”
de algumas preciosas estratégias de
valorização e desenvolvimento local, tanto a nível de revitalização e promoção
do património, como na promoção da melhoria da qualidade de vida dos seniores
do concelho ou no aumento da oferta turística.
Refiro-me
ao evento temático ‘Muralhas com História’ promovido pela Câmara Municipal do
Sabugal, ao evento de fotografia de natureza ‘Naturcôa’, ao projecto dinâmico
da Universidade Sénior aberta desde 2010 e à aquisição da antiga Casa do
Castelo fechada em Setembro de 2013 – A Casa da
História Judaica da Raia Sabugalense que, como o Presidente da Câmara Municipal
refere, “vem juntar-se ao castelo e ao museu municipal, dois espaços que atraem
muitos turistas para aquele concelho localizado junto da fronteira com Espanha”.
Mas, e reduzindo o comentário apenas a uma das viagens que fiz ao pais vizinho, Espanha, as vias de ligação não precisarão de ser mais atractivas?
Melhoradas?
Fronteira - Rua da Cancela
Falando de melhoramentos, há que referir o Apeadeiro do Barracão
“Nunca percebi porque chamam àquela espécie de apeadeiro
alcunhado de «Barracão» a estação do Sabugal. Seria mais lógico considerar a
estação da Cerdeira como a verdadeira estação do Sabugal… “Joaquim Matos,
presidente da Juntada Freguesia da Cerdeira
A estação
do Barracão é um apeadeiro que dista do Sabugal cerca de 27 Km e fica entre as estações de Covilhã e da Guarda. Devido a obras de reabilitação, a Rede Ferroviária Nacional, em 2009, suspendeu o trânsito ferroviário no troço Sabugal-Covilhã. E a Estação Barracão-Sabugal lá ficou com dois carris, devoluta, envelhecida, de
relógio parado. O comboio nunca
mais passou desde 9 de Março de 2009 prejudicando, com certeza, o desenvolvimento do Concelho do Sabugal.
i - Apeadeiro do Barracão-Sabugal
ii-Retrete
Estação ferroviária de Cerdeira
O prolongamento da linha 1 de Belmonte utilizando as
travessas que sobraram da intervenção de 2009 para colocação dos
carris que já se encontram às portas do Barracão.
"Finalmente,
entre o apeadeiro do Sabugal e o túnel, avista-se a construção de uma estrutura
de betão junto à antiga balança do cais de mercadorias."
Fotografia de Samuel
Inácio
Imagens e motor de busca Google