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terça-feira, 14 de maio de 2019

SINGULARIDADES (ANOS 60)



Hoje, inadvertidamente, dei com o layout do site da Carris e resolvi sondar, pois é um tema que domino cada vez menos

E encontrei esta (para mim) curiosidade:

“Organização do mapa da cidade de Lisboa com zonas de cores diferentes. As carreiras de autocarros, eléctricos, ascensores e elevador assumem a cor da zona em que actuam".

Assim:



Reportando-me à minha época preferida dos anos 60, a Baixa fazia parte da minha  rotina quase diária – havia que ver as montras das lojas/fazer compras, lanchar, jantar de vez em quando, ir à revista, ao teatro, ao cinema, passear simplesmente ou até registar encomendas e cartas nos correios dos Restauradores.

A deslocação, enquanto não houve “metro”, fazia-se em autocarros de cor verde e branco, abafados e ruidosos, com um ou dois andares. Uma viagem no piso superior era um verdadeiro regalo. Tinha menos passageiros, lugar para sentar, muito mais arejado. Parecia um miradouro donde se podia ir admirando a vastidão da cidade, os ainda elegantes/"robôts" sinaleiros e todo o movimento de peões e automóveis bem “rasteiros” quando comparados com a altura do tal piso dois.



Também o eléctrico, até o metropolitano lhe ter fechado as linhas entre os Restauradores, São Sebastião e o Campo Pequeno e, mais tarde, as linhas para Benfica, Carnide e Lumiar, foi um transporte ecológico de eleição. 
Menos confortável, quase sempre superlotado mas muito mais barato era, para mim,  que vivia muito perto de Entre-Campos, uma excelente opção.




Porem, tudo mudou muito desde essa época - as rotundas e os semáforos substituíram os polícias sinaleiros, a expansão do metro e o aumento de carros particulares modificaram a "paisagem" duma Lisboa europeia periférica, colorida e inesquecível.

O Elevador de Santa Justa (ou elevador do Carmo), maravilha da era industrial, cuja parte exterior é feita de ferro fundido enriquecido com trabalhos em filigrana e hoje considerado Monumento Nacional, juntamente com os eléctricos funiculares da Lavra, Glória e Bica, foi ainda, sobretudo pela sua funcionalidade (liga a Baixa/ Rua do Ouro, ao Bairro Alto/ Largo do Carmo), um dos meus locais de remanso. 

Ali,  no topo da plataforma, existe um restaurante (ou café?) com esplanada donde, em boa companhia, se desfrutavam belas paisagens sobre Lisboa (Castelo de São Jorge, Praça do Rossio, Baixa e estuário do Tejo), especialmente à noite.

Ex-líbris da Baixa e da capital era o único elevador vertical entre os transportes públicos de Lisboa, muito visitado por turistas que o procuram não só para terem acesso ao Miradouro de Santa Justa e a toda a Lisboa pombalina mas também para evitar subir as colinas íngremes no verão.



Não quero deixar de me referir ainda a outros meios  de transporte da década, muito relacionados  com a minha vivência dessa época: 

O Volkswagen (VW Fusca, patinho feio, sinónimo de robustez), cujo condutor nunca substituía por outras marcas ou cor.


O Sinca 1000, muito característico, na altura, de modernidade (1961) e do poder de compra.


O MG vistoso...


Os taxis (carros de praça portugueses), para os quais a portaria de 1961 estabeleceu as cores preto (parte de baixo) e verde-mar (parte de cima)  por serem de "fácil e rápida identificação".


E ainda o taxi preto do sr. Augusto Macedo que, aos 24 anos pediu dinheiro emprestado e comprou o famoso Oldsmobile Cabriolet, modelo XT 303, fabricado em 1928 pela General Motors, porque se tornou uma personagem histórica da cidade. Os turistas espreitavam uma oportunidade para nele se deslocarem.
O carro de matrícula AB-61-86, caixa aberta, foi uma das três viaturas desta série que vieram para a Europa. Nunca quis trocá-lo por qualquer outro recusando, indignado, nos anos 60, uma proposta da General Motors que lhe oferecia um carro novo em troca do seu para fazer parte da colecção da companhia. Estacionava muito na zona da estação de Santa Apolónia e no Cais marítimo de Alcântara.



Em 1996 foi a vedeta do filme Taxi Lisboa, do realizador alemão Wolf Gaudlitz, onde Augusto Macedo conquistou, aos 93 anos, o prémio de melhor actor amador atribuído no Festival de Pescara. Nunca sofreu um acidente. Faleceu em Janeiro de 1997, no dia em que se estreava o filme que interpretara e no ano, também, em que caducava a carta de condução. Augusto Macedo era o mais antigo taxista do mundo ainda no activo. 
A Câmara de Lisboa distinguiu-o dando o seu nome a uma rua de Carnide (Rua Augusto Macedo – taxista, 1904-1997).

Imagens e complementaridade de dados online

quinta-feira, 9 de maio de 2019

À DERIVA



Quando preciso de respirar paz vou passar um FS à minha Beira Alta. E, de lá, para contrastar,  vou "respirar VIDA" a Espanha.


Desta vez, Cáceres foi a opção. Uma pérola de história que valeu a pena conhecer - tudo harmonioso, limpo, aprazível, identificado, bem documentado, quase mítico, num emaranhado de estilos românico, gótico, árabe e influência do Renascimento italiano
Com praças deslumbrantes e ruelas estreitas, de chão empedrado, ladeadas por monumentais edifícios de pedra - museus renascentistas, catedrais, casas-fortaleza medievais, arcos e torres" -  esta cidade da Estremadura, perfeita para explorar a pé e à deriva, foi classificada Património da Humanidade pela UNESCO, em 1986.

"Uma cidade governada entre os séculos XIV e XVI por poderosas facções rivais, facto que se reflecte na sua configuração espacial dominante com casas fortificadas, palácios e torres. Esta cidade na Estremadura carrega os traços de influências muito diversas e contraditórias. O desenho urbano na área dentro das muralhas é um exemplo de uma cidade medieval, cujo aspecto actual foi sendo moldado ao longo dos séculos". – in UNESCO.

O dia ameno, sem frio ou calor demasiados, “empurrou-nos” para um espaço muito agradável, com serviço de qualidade e comida/bebida excelente, tipicamente mediterrânica - a esplanada EL Mirador de Galarza.


Deste lugar singular, saboreando suculentas carnes grelhadas, vinho e queijos (tudo local) rematados por um semi-frio de amoras e um café Delta, registámos as primeiras fotos

Panorâmica da cidade
Plaza Mayor, onde se encontra Torre Bujaco do séc. XII e onde acontecem  quase todas as festas e comemorações
Catedral de Cáceres 
 Igreja de São Francisco


E muitas mais torres (cerca de 30), casas brasonadas/fortificadas, igrejas, praças, costumes...


Porém o "contraste" que acima refiro, não foi aqui tão acentuado como na "outra Espanha" que tenho conhecido. As pessoas também parecem felizes e divertidas. Mas são mais simpáticas, sentem-se mais próximas, mais bucólicas, mais viradas para o viajante, de sotaque mais forte e difícil, e, diria até, mais "silvestres" (influência das lindas paisagens circundantes?) 

O estudante ERASMUS e o turista português parecem ser os que mais circulam pela Old Town. O custo de vida não é elevado e os produtos comercializados também não. 

Cáceres é a sexta cidade espanhola mais económica para viver.

sexta-feira, 19 de abril de 2019

UMA FILOSOFIA DE VIDA





Todas as pessoas, umas mais cientes do que outras, adoptam uma filosofia de vida que norteia o seu modo de ser e de agir ao longo da vida. A nossa personalidade e o nosso comportamento, ao interagirem com a realidade do mundo em que se vive, determinam a forma que se elege para viver nesse mundo que nos cerca.
As situações com que nos deparamos e que somos obrigados a escolher, são muitas - desafios, problemas, indecisões, oportunidades, pontos críticos controversos. Às vezes optamos por  assumir riscos ou por escolher caminhos não desejados,  deixando para trás oportunidades que, não tendo sido exploradas, nos fazem sofrer sucessivos fracassos.
E assim, à medida que o tempo passa, com uma vida cheia de experiências negativas /positivas, vamos construindo o nosso sistema de valores mais personalizado, incompatível mesmo, algumas vezes, com outros valores da sociedade em que nascemos ou vivemos.

Partindo destas considerações, não posso estar totalmente de acordo com a citação de Joy Adamson - “As pessoas tiram da vida exactamente o que investiram nela” - e, menos ainda, “Quando a Vida Nos Muda a Vida” , a vida, estrada de via única, sem manobra de inversão do sentido de marcha, com sinalização a indicar o caminho sempre em frente.

Joy Adamson


quarta-feira, 20 de março de 2019

DEIXEM PASSAR

.

Os dias estão a clarear
O sol despe-se pra brilhar
Há aromas a balsamizar
Cores de flores a ornamentar
A natureza quer extasiar
A vida parece animar

Deixem a Primavera passar
Porque ela está já a chegar









Imagens Google 

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

AINDA A DÉCADA DE 60



Quando a sensação de incompletude e os valores inversos à vida são demasiado sufocantes, dou uma escapadela no tempo à década de sessenta, a década da revolta que mudou o mundo de modo a que nada voltasse a ser como dantes.
Porem, neste caso concreto, refiro-me, especialmente, à primeira etapa, caracterizada por uma certa sensação de lirismo, evidente idealismo e uma mudança cultural nos mais variados grupos sociais desde a música, as transmissões televisivas a cores, as personalidades-líderes e artistas, Neil Alden Armstrong, o cinema de grandes musicais, a influência pelas ideias de liberdade...




Filho de pai irlandês e mãe mexicana, 13 filhos, com "cara de índio", um autêntico monstro-sagrado, grande figura mítica do palco e do cinema, '' maior do que a vida'', inesquecível (como tantos desta época), exemplo de alguém que soube vencer apesar dos obstáculos, carismático,  senhor de uma energia empolgante, é a minha estrela preferida para o post de hoje no filme  “Zorba, o Grego, 1964”Anthony Quinn. 

Uma interpretação magistral no papel de Alexis Zorba, um simples camponês grego com um enorme amor pela terra e pela vida"
A famosa cena onde o personagem interpretado por Quinn dança o Sirtaki, rodada na praia do vilarejo de Stavros.


"Zorba the Greek", é um inesquecível e absorvente filme (Hollywood Reporter) greco-americano de 1964 , baseado no romance e filmado na ilha de Creta que mostra o lado bom da vida.
O tema principal é a amizade construída entre um tímido e reservado escritor inglês, Basil (Alan Bates), que chega a Creta para trabalhar numa mina herdada do pai, grego e Alexis Zorba (Anthony Quinn), um camponês extrovertido e exuberante, cheio de amor pela vida. Zorba concorda em trabalhar na mina abandonada de Basil originando-se, durante o contacto entre ambos, uma  gradual passagem de observador do mundo (por Basil) a participante. Ele descobre que a vida é mais rica do que a mina herdada do pai, que é mais misteriosa e imprevisível do que ele imaginava, que "não deixa romper as horas sem saborear os minutos". 
Temos e havemos de aprender a passar pelo mundo"Gdantas, em recanto das letras - resenhas de filmes). 
Para ter esse olhar mais amplo sobre a existência, o amor e a amizade, Basil e Zorba dançam junto ao  mar imenso, "símbolo do inconsciente, de profundezas que só aprendemos ousando, indo ao encontro do desconhecido, da arte de saber viver". Obvious magazine
Zorba,  transcende a mediocridade e a burocracia do sistema. É um ser livre, espontâneo e responsável pelas suas opções.


No início dos anos sessenta os adolescentes/jovens agrupavam-se em pequenos grupos para fazer as festas em garagens, casa de amigos, Clubes, Casas de Recreio, Sociedade de Belas Artes, etc.
“A Lareira” era uma "boite" em Lisboa, situada na Praça das Águas Livres, que se apresentava como uma casa de chá onde se podia dançar à hora do “lanche”, ao som dos discos da época de The Animals, The Beach Boys, Freddie & the Dreamers, The Rolling Stones, The Beatles, The Crickets, The Swinging Blue Jeans e outros.


Mas o Zorba acabava de chegar, era a dança do momento. Todos unidos em circulo, treinando, treinando até acertar o ritmo. 
Porem, confesso, nunca cheguei a acertar lá muito bem os meus passos com os do grupo...


Imagens Google