Belmira das Neves
7 ª Primeira-Dama de Portugal
Nasceu em Portimão a 5
de Agosto de 1886.
Era filha de João de
Deus, pescador e de Quitéria das Dores, governanta.
Conheceu o conterrâneo Manuel Teixeira Gomes com quem
passou a viver em comum a partir de 1899 por oposição da família do que viria a
ser futuro Presidente da República, ao casamento, devido à discrepância de idades
e diferentes meios sociais.
Assunto: Fotografia retratando uma senhora com três
crianças
Autor: A. Marques Júnior
Data: c. 1915
Fundo: DTE - Documentos Manuel Teixeira Gomes
Tipo Documental: Fotografia
(Fundação Mário Soares)
Pais de Manuel Teixeira Gomes
Manuel Teixeira Gomes era o 3 º filho de Maria da Glória
Teixeira de Seixas Braga e de José Libânio Gomes Xavier, cônsul da Bélgica no Algarve e
proprietário exportador de frutos secos.
Mais velho 26 anos do que Belmira, nasceu em a 27 de Maio de 1860 em Vila Nova de Portimão.Fez a Primária no Colégio
de São Luís Gonzaga, o ensino secundário no Seminário Maior de Coimbra e aos
15 anos matriculou-se no curso medicina que não seguiu por se ter mudado para Lisboa,
onde veio a conviver com Fialho de Almeida e João de Deus, Marcelino
Mesquita, Gomes Leal e António Nobre.
Em 1881, depois de ter cumprido o serviço militar fixou-se no Porto, próximo de Soares dos Reis, Marques de Oliveira e Basílio Teles.
Nos anos de 1885 e 1886 visitou Argel e a Itália, respectivamente.
Retrato de Manuel Teixeira Gomes aos 21 anos, por João
Marques de Oliveira.
Muito ligado às artes e à literatura Manuel Teixeira
Gomes levou uma vida boémia antes de se dedicar aos negócios da família e
assumir cargos na diplomacia portuguesa.
Em 1890, regressou
a Portugal e dedicou-se ao negócio da exportação de frutos secos produzidos
pela sociedade agrícola familiar, durante o qual aproveitou para visitar
monumentos, museus e galerias de arte.
Em 1910 foi nomeado Enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciário de Portugal em Londres, durante o 1 º Governo Provisório, em substituição do Marquês de Soveral.
Da união com Belmira das Neves (05.08.1886) nasceram duas filhas:
- Maria Manuela Teixeira Gomes ( 07.09.1910)
Casou com José
Pearce de Azevedo (II)
- Ana Rosa Teixeira Gomes (1906?)
Casou com José
Gualdino Duarte Calapez
Durante a permanência de Teixeira Gomes em Londres como representante de Portugal, Belmira continuou no Algarve, com as filhas.
Na Fundação Mário Soares existem documentos (correspondência) relativos à troca de notícias entre a família e Manuel Teixeira Gomes:
Assunto: Reclama da pouca atenção dada por Teixeira Gomes às suas cartas. Notícias das filhas
Remetente: Belmira das Neves
Destinatário: Manuel Teixeira Gomes
Data: Domingo, 16 de Novembro de 1913
Fundo: DTE - Documentos Manuel Teixeira Gomes
Remetente: Ana Rosa Teixeira Gomes
Destinatário: Manuel Teixeira Gomes
Termos de referência: Estudos de canto coral no Colégio.
Data: 20. Fevereiro. 1916
Fundo: DTE - Documentos Manuel Teixeira Gomes
Tipo de Documento: Correspondência
Assunto: Estado de saúde de Belmira das Neves.
Notícias das filhas. Mensagem de Ana Rosa.
Remetente: Belmira das Neves e Ana Rosa Teixeira
Gomes
Destinatário: Manuel Teixeira Gomes
Data: Terça, 18 de Novembro de 1913
Fundo: DTE - Documentos Manuel Teixeira Gomes
Em Outubro de 1923, Manuel Teixeira Gomes tomou posse como 7. º Presidente da I República, altura em que
se mudou para o Palácio de Belém.
Belmira das Neves passa a ser a 7.ª Primeira-Dama de Portugal mas nunca visitou
o Presidente, embora as filhas fossem presença assídua na residência oficial do
chefe de Estado.
O mandato
presidencial, num contexto de enorme perturbação política e social, foi marcado por uma crescente
fragmentação partidária e instabilidade governativa. Afonso Costa, chamado várias vezes para a liderança do Ministério não aceita.
A 12 de Dezembro de 1925, Teixeira Gomes abandona Belém e
refugia-se na sua casa em Gibalta, Cruz Quebrada. Dias depois embarca no cargueiro holandês Zeus, com rumo a Bougie, Argélia,"uma Sintra à beira-mar”, em auto-exílio voluntário. Antes, porem, durante 6 anos percorre França, Itália, Holanda, Tunísia e Argélia. Dedica-se
à escrita, tornando-se um ponto de referência no panorama literário português
Nunca mais regressou a Portugal.
E Belmira das Neves não voltou a vê-lo; recebia apenas uma carta de vez em quando.
Teixeira Gomes morreu em 1941.
A pedido da família,
os seus restos mortais são transladados para Portimão a 18 de Dezembro de 1950.
O funeral constituiu uma grande manifestação de fé na República, com a urna envolta na bandeira nacional, guardas de honra, agraciamentos a título póstumo mas apenas com "um único representante do Estado - o ministro do Interior Trigo de Negreiros" in Notícias Magazine (Revista sobre Manuel Teixeira Gomes: Um rumor insistente)
«A veneranda
figura que se refugiou em Bougie (e não, por exemplo, em Nice) tinha razões de
um peso particular» - Pulido Valente em 2006 no blogue O Espectro. «O
Norte de África, como Gide amorosamente descreveu, era o paraíso dos
pedófilos», e lugar de refúgio para os homossexuais europeus.
"As
biografias falam de um homem brilhante, cosmopolita e de pensamento avançado. E
falam, normalmente em letras mais pequenas, da sua alegada homossexualidade. A
hipótese chegou a circular por Lisboa nos anos 1920, sob a forma de boato, e há
hoje quem diga que se trata apenas de uma lenda".
As filhas, Ana Rosa Teixeira Gomes Calapez e Maria Manuela Teixeira Gomes Pearce de Azevedo estiveram presentes na cerimónia de "regresso".
Outros descendentes:
- “1861 é o prelúdio de uma longa era de actividade diplomática que confere a esta família de comerciantes um carisma social que se prolongou até aos nossos dias na pessoa do Dr. José Manuel Gomes Pearce de Azevedo (20.03.1930), casado com Maria Josefa Mexia de Matos”.
Foi 1.º Presidente da Comissão Regional de Turismo do Algarve
(1970), cônsul honorário Britânico no Algarve por
mais de três décadas - armado cavaleiro pela Rainha Isabel II com a condecoração Order of the British
Empire (OBE), pela forma como exercia o cargo desde 1965 - primeiro presidente da Comissão Regional de Turismo do
Algarve (1970-1974) e presidente da Junta Autónoma dos Portos do Barlavento
(1963-1998).
- Vasco
Nuno Teixeira Gomes Pearce de Azevedo, casado com N de Mendonça
- Vasco Miguel de Mendonça Pearce de Azevedo ( 1961),
maestro
- Torre dos Azevedos
- Nuno Campos Inácio com a neta de Manuel Teixeira
Gomes, D. Manuela Callapez
- O neto de Manuel Teixeira Gomes, Dr. Pearce de Azevedo,
com a filha
- Descendentes procuram nomes na inauguração da escultura "Árvore Genealógica de Manuel Teixeira "
Desconheço qual
a colaboração de Belmira das Neves para
constar em:
Feminae - Dicionário Contemporâneo
Letra B
0158. Belmira das Neves
“O Dicionário
Feminae constituirá certamente um valioso instrumento para que seja esse olhar
integrado e integrador da diversidade humana, presente em homens e mulheres,
que configure a actuação política e a intervenção de organismos públicos e privados,
da sociedade civil e dos movimentos sociais, numa época de profundas alterações
da vida de homens e de mulheres.”A Comissão para a
Cidadania e a Igualdade de Género
Feminae
– Dicionário Contemporâneo, na sequência do Dicionário do Feminino (séculos
XIX-XX), pretende manter vivas muitas mulheres que marcaram com o selo da sua
presença e acção o seu tempo.
Belmira das Neves faleceu em Portimão em 1967