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A
raposa e as uvas é uma das fábulas mais conhecidas
atribuídas a Esopo, reescrita também por Jean de La Fontaine.
Essencialmente, é a história de uma raposa
que, debilitada pela fome, descobre um vinhedo alto com lindos cachos maduros
pendentes e tenta, com esforço, comer um. Já cansada, mas sem sucesso porque
fora do alcance, resolve desistir e afasta-se desapontada dizendo:
- Afinal, as uvas estão verdes, não me servem..
Significa que as pessoas, diante de uma frustração (real ou imaginária) preferem ignorá-la fingindo que não veem ou que não querem ver. É uma reacção de defesa inconsciente, penso! E passam a desdenhar, a caluniar e a denegrir a imagem do ser alvo ou a fingir desprezo quando o objectivo não é atingido.
A sabedoria prática contida na fábula
não envelhece porque é fundamentada na natureza
humana.
"A maior parte das vezes refere-se a uma
característica original, inata, de todos os homens ou de um homem particular,
ou de certos homens em particular. Essa natureza original, inata, nunca directamente observada, já foi concebida de várias maneiras: como composta de
disposições discerníveis para um comportamento específico (reflexo e instinto);
como capacidades ou faculdades da mente; como algo extremamente ou até
infinitamente plástico, ou vazio e sem forma. Já
chegaram a identificar as “naturezas humanas” - agora no plural - com as
manifestações únicas particulares da humanidade em grupos locais; cada grupo
tradicional, ou cultura, teria sua própria natureza humana e, nessa
perspectiva, nada pode ser declarado como a verdadeira natureza de todas as pessoas". Blog wordpress.com
É relevante a facilidade com que catalogamos, a cada momento, a existência de defeitos alheios, bem explícito nesta imagem atribuída a Albert Einstein:
“Para mim os homens caminham pela face da Terra em fila indiana, carregando uma sacola à frente e outra atrás. Na sacola da frente estão colocadas as qualidades/virtudes e na sacola de trás, todos os defeitos/vícios. E assim, durante a jornada pela vida, mantemos os olhos simultaneamente fixos nas nossas virtudes presas ao peito e nos defeitos às costas do companheiro da frente, julgando-nos melhores do que ele sem percebermos que a pessoa que vem atrás de nós também está pensando a mesma coisa a nosso respeito.”
A imagem é expressiva. Talvez seja importante sair da fila indiana e passar a andar ao lado do outro assim como olhar de frente .
Há quem pense que nunca é culpado,
acusado, responsabilizado, transferindo para outrem a causa das carências,
inseguranças, desconfortos ou mágoas.
E, invariavelmente, a culpa recai
na educação dada ou não dada pelos pais, na infância infeliz, no pai
autoritário/ mãe tolerante, nas excessivas facilidades/ condições difíceis, nos
costumes estabelecidos, na conjuntura das circunstâncias...
É
mais cómodo colocar a solução no outro ou num milagre em vez de ser
parte actuante na resolução de problemas. Dessa forma criam mecanismos de defesa
como a negação e a projecção.O problema projectado no outro, mora dentro de cada um.
Só que algumas dessas pessoas já não conseguem sair deste
ciclo vicioso, tão fortemente instalado no inconsciente individual e colectivo.
Assumir 100% de responsabilidade não
significa, de todo, vitimizar-se ou culpar sempre os outros pelos erros/insucessos do dia-a-dia, mas sim conhecer-se e transformar-se.
Arriscar e sair da zona de conforto!
Esta é a minha reflexão possível para tentar
compreender alguns comportamentos de "superioridade" e de falta de responsabilização
por defeitos próprios atribuídos, sempre, aos "estrangeiros" que passam a fazer parte da sua primitiva, imaculada e presumida família.
E posso concluir que, num determinado caso concreto, sem grande margem para "erro", todas as atitudes têm a ver com mecanismos longínquos de defesa e com a velha fábula de Esopo - Quem desdenha quer comprar.
Imagens google
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