No dia 21 de Maço de 1983, porque era o
dia da árvore, distribuíam-se pinheirinhos (e outras pequenas plantas) por vários locais de
trabalho. É também o
dia de nascimento do meu filho L.
Sobre isso, escrevi eu, então, no poste
de 20 de Fevereiro de 2012:
(…)
“Ao associar as datas, escolhi um pinheirinho
para, juntos, se acompanharem nos aniversários e crescimento.
Era um
pinheiro de viveiro, enraizado num pequeno torrão envolto num saco de plástico,
pronto para plantar.
E
assim, colocando a pequena árvore num vaso de terracota (para melhor respirar)
e perfurado (para não acumular água) a que juntei mais terra, dei as boas
vindas às duas primaveras. Com regas e alguns fertilizantes, foi
crescendo rapidamente nos primeiros anos.
Depois,
um pouco menos, até deixar mesmo de aumentar.
Por
fim, dava sinais de que estaria a secar ou a ficar doente; perdia folhas em
grande número, mesmo antes de ficarem secas. Devia ser a lagarta do pinheiro
que, agrupada em grande quantidade se alimentava delas.
O
vaso, com o tempo, começava também a ficar com um visual verde - esbranquiçado.
(…)
Como
estávamos decididos a não abdicar do nosso objectivo, estudámos então uma área
que abrangesse o horizonte visual a partir da varanda.
- Ali do outro lado da rua, há um cantinho que
pertence ao Centro de Dia da Paróquia e que se vê daqui; vou lá falar com o
zelador…
(…)
Tornou-se
num lindo pinheiro manso de copa densa e arredondada, pernadas grossas viradas
para cima, raminhos curvos e folhas persistentes.
Tem
resina, pinhas, flores e parece feliz.”
E assim,
ao longo dos anos o L., quando passava junto dele,
fazia sempre uma pequena pausa como que para “conversar”.
Por vezes também fazia comentários:
- O meu pinheiro está mesmo grande!
- É pena o sr. H. não estar cá;
precisava que lhe cortassem os ramos laterais. Ele sabia fazer o corte rente ao
tronco e nunca ficavam tocas.
- Parece que a terra está muito seca. Vou
lá deitar-lhe uns baldes de água.
- As pinhas que caíram são boas para a
lareira.
Pois hoje, alguém pensou que o pinheiro
estava a mais. E mandou abatê-lo. Trucidados cruelmente, alvos de escárnio, os
ramos iam caindo desamparados no solo e aconchegavam-se, inaptos, ao som do ruído da torturadora.
Parecia um cenário de crime. Não consegui ver mais.
Mas sei que até esventraram a terra para arrancar
a raiz.
O L., quando soube, depois de uns
momentos de tristeza/revolta, apanhou algumas pinhas, procurou sementes e colocou-as
em terra para germinarem.
Será?
O pinheirinho foi crescendo, crescendo... até ser abatido e expirar, desmantelado, no chão.
A Ana escreveu:
ResponderEliminarSabe, Teresa, apesar da floresta ser o meu dia a dia, e de por vezes ter que mandar cortar sobreiros mortos, e abater alguns pinheiros por estarem muito em cima uns dos outros comprometendo o saudável desenvolvimento das árvores, ainda hoje não consigo assistir ao derrubar de uma árvore, acredite que me dói mesmo.
Compreendo bem o que devem ter sentido.
Bj e bom fim de semana
Enviado do meu iPad