Dezembro,
30, 2016, foi dia de Cerdeira, uma Cerdeira desabrida, agreste, gelada,
negativa (-2 graus).
-
Vamos rodar pela estrada para “aquecer”?
- É
uma boa proposta; este frio carrancudo não cativa. Que tal ir saber como está o
fim de ano em Salamanca? Falta pouco mais do que um nascer ao pôr-do-sol.
- Mas
qual sol?
-
Apesar de estas nuvens baixas e escuras estarem associadas a períodos de chuva
de intensidade fraca e não o deixarem passar, ele está lá. Usar os termos
“nascer-do-sol” e “por-do-sol” é que poderá ser discutível, na medida em
que é a terra que gira.
-
Pois, mas se a hospitalidade aqui é assim, como será mais para o interior…
- É
diferente. Os espanhóis são alegres e as ruas, de tão cheias, até ficam mais
acolhedoras. Depois, há sempre bares e pubs abertos desde o meio-dia até à
meia-noite onde se pode abancar um pouco para aquecer.
-
Vamos, M?
-
Preferia ficar à lareira e deitar-me cedo.
- Anda
lá. Agasalha-te bem e vem quebrar um pouco essa rotina
O
caminho é longo e o dia continua tristonho. Mas não chove.
Ciudad
Rodrigo já ficou para trás; a E80, percorrida sem companheiros circulantes
(gosto de outros carros por perto…) está a ficar mais curta.
Agora, atentos aos muitos radares (além
dos radares fixos identificados com uma antecedência de mais de mil
metros também existem brigadas de fiscalização para estradas
especificas que, aleatoriamente, colocam radares e simulações
identificados), segue-se em direcção à Rotunda Plaza de Espanha para
começar o nosso itinerário pela famosa Plaza Mayor.
0h! Um carrossel em grande movimento.
"Clic", já está.
A Catedral de Salamanca é um conjunto de duas catedrais,
a Catedral Velha dos séculos XII e XIII e a Catedral Nova,
uma construção do século XVI, erigida para a população que àquela data,
aumentava aceleradamente. A Catedral Velha servia de defesa aos habitantes
e o acesso é feito através da Catedral Nova. A Nova, de estilo
gótico, renascentista e barroco, tem origem e cresce a partir da Velha, de
estilo românico. Na fachada principal, com muitos detalhes, destacam-se
as principais cenas do Nascimento e da Epifania e numa das naves laterais fica
a Capela de San Martín ou do “azeite”, com pintura gótica e figuras
que representam anjos, profetas e santos.
Em frente à fachada encontra-se a estátua do Bispo
de Salamanca, Padre Câmara.
A cidade está repleta de igrejas magníficas e quase todos os caminhos levam a
pequenas praças e igrejas, algumas tão sumptuosas como a de Santo Estêvão.
A Plaza, um pouco mais à frente, lá estava, agitada,
cheia de esplanadas coloridas, de portais (88 arcos em pórtico!) que dão
seguimento a várias ruas, de rostos esculpidos relativos a várias gerações de
história (desde Lord Wellington a Miguel de Cervantes) e de ondas sonoras
reflectidas em italiano, inglês, português, alemão e outras de babélica origem.
Mas vale a pena ficar algum tempo a admirar tanta opulência.
No Pavilhão Real da Plaza há um grande arco que tem uma
varanda com o busto de Felipe V, onde os Reis assistiam às festas taurinas
e outras, que liga à Calle de Toro. O edifício, na fachada norte, tem dois
andares de varandas com colunas coríntio compostas e varandas rematadas
por frontões. O conjunto também está rematado por balaustres com esculturas,
três sinos e um relógio.
O número de arcos é diferente em cada uma das fachadas.
Majestosa!
Há realmente muito frio. A M. parece uma muçulmana a caminhar
apenas com os olhos destapados…
Regista-se um primeiro momento com fotografias e seguimos depois
para outros lugares do bairro histórico, por ruas de paralelepípedo.
Saindo por um dos portais, entra-se
na Plaza del Corrillo, de data anterior à Plaza Mayor, onde se pode ver
uma série de pequenas barracas com lembranças.
Alguns capitéis das colunas têm figuras
de deuses mitológicos (planetas) que representam os dias da semana. A
segunda-feira é uma Lua, a Terça-feira é Marte, a quarta é Mercúrio, a
quinta-feira é Júpiter, a sexta-feira é Vénus, o Sábado é Saturno devorando os
filhos e domingo é o sol.
Na Praça do Poeta destaca-se a
escultura dedicada a Alberto Churriguera e a José del Castillo y Larrazabal,
arquitectos que iniciaram as obras da plaza Mayor e da Catedral Nova
de Salamanca. Logo a seguir, está a Igreja de San Marcos em cuja
fachada existe um relevo de São Marcos, sentado a escrever.
A igreja das Clerecías, um dos templos
católicos mais importantes da cidade, fica em frente à Casa das Conchas (actualmente
em restauração), um edifício invulgar decorado com milhares de conchas, símbolo
do casamento (diz-se) entre duas famílias nobres.
A Catedral de Salamanca é um conjunto de
duas catedrais, a Catedral Velha dos séculos XII e XIII e
a Catedral Nova, uma construção do século XVI, erigida para a
população que àquela data, aumentava aceleradamente. A Catedral
Velha servia de defesa aos habitantes e o acesso é feito através da
Catedral Nova. A Nova, de estilo gótico, renascentista e barroco, tem
origem e cresce a partir da Velha, de estilo românico. Na fachada
principal, com muitos detalhes, destacam-se as principais cenas do Nascimento e
da Epifania e numa das naves laterais fica a Capela de San Martín ou
do “azeite”, com pintura gótica e figuras que representam anjos, profetas e
santos.
Em frente à fachada encontra-se a estátua do Bispo
de Salamanca, Padre Câmara.
A cidade está repleta de igrejas magníficas e quase todos os caminhos levam a pequenas praças e igrejas, algumas tão sumptuosas como a de Santo Estêvão.
O dia começa a escurecer, a M. diz estar cansada e com
frio (apesar de bem agasalhada) mas é imprescindível passar pela Cidade
Universitária e ficar com uma imagem da noite iluminada pelas, ainda,
luzes do natal.
Na Universidade de Salamanca, de estilo
arquitectónico exclusivo do renascimento espanhol (estilo
plateresco) estudaram, entre outras figuras ilustres, o fundador da Companhia
de Jesus, Ignácio de Loyola e o escritor Miguel de Unamuno. A fachada,
rica em detalhes e figuras, tem também, uma rã minúscula que, segundo a
tradição, dá sorte aos estudantes que a conseguem descobrir
A cidade tem um comboio turístico que
faz o circuito do Bairro Histórico.
Uma chuva miudinha instiga-nos a procurar qualquer
lugar ali por perto, de ambiente tranquilo e sossegado onde se pudesse
relaxar um pouco os músculos, aquecer e comer qualquer coisa.
Uma música de fundo suave e um agradável cavaqueio entre os clientes,
convence-nos a entrar em La Dolce Vitamina, situado no centro de Salamanca.
E pronto.
Foi uma tarde diferente, passada em Salamanca, a “Mãe de Virtudes e
Ciências”, o “Berço do pensamento” a “Cidade de arte, conhecimento e touros”,
da dança e da música; uma cidade universitária, antiga, “dourada” (mais ainda
se houvesse sol), linda e que, em época de aulas deverá ser também alegre,
jovem e barulhenta.
De regresso a casa pelo mesmo trilho, agora iluminado e repleto de gente
tagarela e sem frio, completamente alheia aos -3 graus, como demonstram algumas
vestes de passeantes, até deu para concluir que o nosso "canto"
não era tão inóspito como parecia.
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