A estrada deserta, ladeada de uma beleza
austera e fascinante, é só nossa. Há um silêncio no ar, interrompido apenas
pelo barulho das rodas do carro.
Em frente, onde o céu parece tocar a terra, o largo horizonte rendilhado por pequenas elevações e copas de pinheiros, escondia um pinhal ancestral. Porque pode até já nem ter pinheiros - os
incêndios, os “desvios”, as muitas lareiras da aldeia ...
O horizonte estende-se até onde
alcança o olhar, símbolo do indefinido, do mistério, do mundo a descobrir,
objecto de luz das lentes da máquina fotográfica.
Clic!
Bem lá no alto, antes de
chegar ao habitual reduto cerdeirense, vê-se a antiga freguesia da Miuzela, local de
gente que pertencia/era da grande tribo dos zoelas ou zelas do norte de
Portugal e de Espanha.
Tem mercado mensal no 2.º Sábado de cada mês. Espero encontrar por lá um cesto em verga para
lenha.
O relógio da torre faz soar as cinco da tarde. Abro a porta da
varanda e sento-me num pequeno banco a desfrutar um inesperado calor solar.
Houve um tempo em que achei aquele espaço suficientemente grande para fazer os “trabalhos
de casa” da 3.ª classe, ao lado da prima M. !
- Olá, D. Tresinha. Então está por cá?
- É. De vez em quando venho arejar a
casa (e as ideias). Novidades?
- Nenhumas. Crianças não nascem mais e os velhos,
como vão morrendo, são poucos. Lembra-se da Sra M. E., ali do canto? E da
Dra L. N.?
- Lembro-me muito bem. O que lhes
aconteceu?
- Já as levaram para um Lar. É assim…
Até logo. Já cá volto. Vou ali fechar a nossa casa (Igreja).
Até logo. Já cá volto. Vou ali fechar a nossa casa (Igreja).
E por momentos o eco do silêncio passou
a preencher um vazio tranquilo.
Cururu…Cururu…
É um canto alegre!
"À meia-noite se levanta o francês,
sabe das horas e não sabe do mês,
tem esporas e não é cavaleiro,
tem serra e não é carpinteiro,
tem picão e não é pedreiro,
cava no chão e não acha dinheiro."
sabe das horas e não sabe do mês,
tem esporas e não é cavaleiro,
tem serra e não é carpinteiro,
tem picão e não é pedreiro,
cava no chão e não acha dinheiro."
Porque canta o galo?
Porque canta a esta hora?
Porque canta sempre ao amanhecer?
Segundo um estudo, realizado por
Tsuyoshi Shimmura e Takashi Yoshimura, da Universidade de Nagóia, publicado na
revista americana "Current Biology", o canto do galo ao amanhecer
"é controlado pelo ritmo circadiano" (uma espécie de relógio biológico). Regula a actividade de cada um dos galos segundo um ritmo próprio e define ainda quando é o momento oportuno para cantar.
Continuando a seguir a investigação ,Tsuyoshi Shimmura explica:
"A vocalização inata é comum à maior
parte dos animais e cada espécie vocaliza de forma diferente. Essa característica é regulada por um gene, cujo
mecanismo se desconhece ainda. A equipa
usou o canto do galo como modelo, por ter uma forma de vocalização inata" .
“Quando se juntam galos que não se
conhecem, começam uma luta entre si”. “Depois de serem identificados os mais
fortes, o combate diminui, continuando por vezes os melhor posicionados na
hierarquia a provocar os outros com bicadas.”
Um novo estudo publicado na revista Scientific Reports mostra que o ciclo circadiano, diferente para cada galo, é submetido à hierarquia social e depende sempre do ritmo do galo líder - é ele que marca o passo do coro de vozes que se lhe seguem.
“Se o galo no topo da hierarquia for retirado do grupo, o que está em segundo lugar comporta-se como se fosse o primeiro”.
“Se o galo no topo da hierarquia for retirado do grupo, o que está em segundo lugar comporta-se como se fosse o primeiro”.
“Pensa-se que o canto do galo é também
um modo de demarcação de território”. “Na experiência verificou-se que
quando um galo era mantido sozinho, a frequência do canto ia decrescendo
gradualmente até que deixava finalmente de cantar.”
Anteriormente, outros cientistas teriam concluído que o canto do galo líder suprimia por completo o dos subordinados.
Durante o dia cantam para se imporem perante galos que cantam noutros lugares, a qualquer distância, chegando a formar um coro de vários galos cantantes.
Foi uma fracção de tarde calma, soalheira e toada em linguagem de galo.
Esperamos que a noite, na sequência, seja menos rude do que a anterior.
Esperamos que a noite, na sequência, seja menos rude do que a anterior.
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