Oito de Março, dia Internacional da
Mulher...
Adepta, ou nem por isso, desta relevância (depende
dos diversos significados que lhe atribuo) como representante de uma parte da
humanidade, sinto-me sempre impelida a respingar umas letras no blogue.
A primeira marcha no dia 8 de Março feita
por trabalhadoras que se reuniram para reclamar por
melhores condições de trabalho e pela não entrada da Rússia na
Primeira Guerra Mundial, aconteceu em 1917. A partir dos anos 1960 a data
passou a ser escolhida frequentemente para os protestos a favor da igualdade de
género e em 1975, a ONU declarou-a como o Dia Internacional da Mulher.
A inserção feminina no mercado de trabalho,
resultante da longa história da mulher em busca da liberdade de escolha e
da igualdade de direitos,” provocou alterações significativas e esse
processo social adquiriu uma dimensão estrutural no mundo contemporâneo” (LEONE,
2003)
“Quanto vale o homem?
Menos, mais que o peso?
Hoje mais que ontem?
Vale menos velho?
Vale menos morto?
Menos um que outro
…”
Carlos Drummond de Andrade
Cada ser humano tem um valor único.
Ontologicamente, por derivar da própria existência
de ser humano, todos têm dignidade em grau idêntico. Mas a palavra
“dignidade” tem mais do que um sentido. Assim, a chamada “dignidade moral” será
a bagagem que cada um constrói com o uso da sua liberdade
Prefiro defender o individuo de acordo com a sua
moralidade e não um género como um todo. Os movimentos feministas actuais,
em cujo centro das causas está o comportamento dos homens para com as mulheres,
nada tèm a ver com Carolina Beatriz Ângelo, Zoya
Kosmodemyanskaya (“Tanya”), Marie Gouze, Clara Zetkin, Millicent
Fawcett, Christine de Pisan, Marie de Gournay, Mary Wollstonecraft,
Harriet Tubman, Ayn Rand, Marie Curie, Luísa Alzira Teixeira Soriano, Maria
Lacerda de Moura ou Deirdre McCloskey. Cada uma delas – através dos seus desejos,
carreiras e aptidões - lutou pelo direito de igualdade perante a lei e
pelo direito de ser livre, inspirando outras mulheres a acreditar no valor
das suas individualidades e propósitos. Não se anularam. Não usaram o
corpo para ultrapassar os obstáculos do seu tempo. Foi com o
desenvolvimento intelectual que provaram que nenhum homem é superior a uma mulher.
Negar as diferenças entre homens e mulheres, é negar o papel da
biologia. Elas já aparecem no primeiro dia de vida.
De acordo com experiências de Simon Baron-Cohen e
colegas, ao serem apresentadas, simultaneamente, a fotografia do rosto de uma
mulher e de um móbil mecânico a 102 bebés recém-nascidos, de sexo ainda
não revelado, o filme registou a atenção prestada por cada um em cada objecto e
a análise mostrou que mais meninos preferiram olhar para o móbil mecânico e as
meninas para o rosto (Miller & Kanazawa, 2007). Em todas as
sociedades humanas conhecidas, principalmente entre os mamíferos, os machos
são, em média, mais agressivos, violentos e competitivos e as fêmeas, em média,
mais sociáveis, atenciosas e dedicadas à criação, nutrição e educação (Pinker,
2004; Miller & Kanazawa, 2007). O perigo está na aplicação das
generalizações estatísticas a casos individuais, que podem ou não ser excepções
(Miller & Kazanawa, 2007).
As mulheres que eu admiro,
incutem a nunca deixar que nenhum homem ou qualquer outra pessoa, nos faça
sentir inferiores ao que somos.