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quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

A MISSA



A Missa ou Celebração Eucarística foi instituída por Cristo na noite de Quinta-feira Santa, antes da Sua morte.

Lê-se nas Escrituras:
E, enquanto ceavam, tomou Jesus um pão e, tendo dado graças, o partiu, e o serviu aos seus discípulos, dizendo: “Tomai, isto é o meu corpo”…(Marcos, 22-24).
E, havendo pegado um cálice, Ele deu graças e ordenou: Tomai do cálice e partilhai entre vós (Lucas, 22-17)
Da mesma maneira, depois de cear, pegou o cálice, explicando: “Este cálice significa a nova aliança no meu sangue, derramado em vosso benefício (Lucas, 22-25)
No fim, pediu-lhes que repetissem esse gesto em Sua memória.
Entretanto, outros barcos chegaram de Tiberíades, próximo do lugar onde o povo havia comido o pão, após o Senhor haver dado graças. (João, 6-23)

Assim fizeram os discípulos de Jesus, os primeiros cristãos e sempre,  até aos nossos dias, praticamente com a mesma estrutura - a liturgia da palavra (textos bíblicos) e a liturgia eucarística (consagração do pão e do vinho e comunhão).


As fórmulas usadas para a consagração na Eucaristia eram apresentadas na Didaqué  (Doutrina dos Doze Apóstolos),  um antigo catecismo redigido entre os anos 90 e 100 na Síria, na Palestina ou talvez na própria Antioquia,  antes mesmo de alguns livros da Bíblia Cristã e da definição do cânon bíblico.

Segundo a doutrina católica, "cada missa é um sacrifício verdadeiro, na qual o Cristo ressuscitado está presente corporalmente no altar como uma vítima que é oferecida outra vez pela Igreja a Deus Pai, como expiação pelos pecados da humanidade."

Desde muito pequena, até por volta dos vinte e tal anos, fui católica praticante ou, melhor dizendo, cristã católica não praticante  (dificilmente alguém é um católico praticante perfeito), fruto de uma herança cultural antiga transmitida pelos meus avós, pais, família e pelo ambiente que me rodeava. Recebi o Baptismo, fiz a Primeira Comunhão depois da Catequese e fui ungida com os óleos do Crisma. Ia à Missa ao Domingo como todos os paroquianos da freguesia e, diariamente, durante o período de aulas pois era uma mais valia para a Disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica…


O véu rendilhado sobre os cabelos era um adorno feminino (branco ou preto) em que geralmente se investia para uma exibição envaidecida ...


O latim, “língua universal da fé”, era o idioma utilizado. Os fiéis ajoelhavam-se imensas vezes, incluindo o momento de receber a Sagrada Comunhão. O padre colocava a hóstia na boca com a patena sob o queixo para que nenhuma partícula fosse profanada. Havia intervalos para meditar em silêncio total. O sacerdote permanecia de frente para a cruz do altar durante quase toda a cerimónia, seguindo uma liturgia extremamente codificada. Como música oficial da Igreja cantava-se o Canto Gregoriano e o Missal,  livro de orações que continha as passagens bíblicas usadas no ritual da Missa (Saudação, Acto penitencial, Glória, Ofertório, Comunhão, etc.), era indispensável. 
A minha prenda de Primeira Comunhão foi exactamente um pequeno Missal como o que se mostra abaixo e que preservo ainda.


Participava, assim, numa Missa cujo ritual se mantinha há quase 1400 anos (de 600 d.C. até 1970 d.C.) partilhada  praticamente por todos os Papas, Santos e cristãos do Ocidente. 
Porem, as minhas estruturas cristãs ritualizaram, “adormeceram” e não se orientaram para uma procura do acreditar e do ter fé.

Todavia, o ritual da Missa passou por algumas alterações até estar como hoje o conhecemos.

Durante os primeiros séculos, a celebração da Missa era simples para evitar tudo o que desviasse a atenção do mistério central. 

A partir do segundo milénio, com a introdução do sacrário ou Tabernáculo, o pão e o vinho tornaram-se os elementos centrais de toda a celebração e a leitura da Palavra passou para segundo plano. 

Sacrários/ Tabernáculos

Mais tarde a Igreja considerou que a Missa deveria ter um ritual uniformizado e passou a ser celebrada em latim com o sacerdote virado para o altar, junto à parede. Os fiéis limitavam-se a esperar pelo momento da comunhão ou pela Adoração do Santíssimo Sacramento sem participar na liturgia da palavra.
No período barroco as grandes inovações ornamentais, o uso excessivo de incenso, de coros e organistas afastaram mais os fiéis da verdadeira celebração.
Pelos finais do século XIX e inícios do século XX, já com o ritual bastante distanciado do original dos primeiros séculos, a Igreja sentiu necessidade de voltar ao padrão do inicio através de uma reflexão profunda sobre o seu papel no mundo.
O Papa João XXIII , cuja simpatia e simplicidade lhe valeram o apelido de o Papa Bom ( Arquivo / 03/12/1962)
 e o Concílio Vaticano II, evento que  marcou fortemente a vida da Igreja e de toda a sociedade.

Então, o Papa João XXIII logo se mostrou disponível para lhe dar novo rumo e convidou a Igreja a acolher os novos “sinais dos tempos”.
Convocou os bispos de todo o mundo para reformar, entre outros aspectos, a celebração da Eucaristia. E no dia 11 de Outubro de 1962 começou oficialmente a preparação de um dos mais importantes concílios da história da Igreja, o Concílio Vaticano II. Quebrando rotinas, dele saíram reformas significativas como o regresso à presença real de Cristo no pão e no vinho, nova importância para a liturgia da palavra, relação com líderes de outras grandes religiões e abolição obrigatória do latim nas práticas que fazem parte do culto religioso.

Assim, o altar foi deslocado para um lugar central frente a todas as pessoas, a Missa passou a ser celebrada na própria língua e o púlpito das leituras foi disposto de modo a que toda a assembleia participasse na celebração. Tornou-se mais abrangente - os fiéis participam como convidados da Ceia do Senhor e desempenham diferentes ministérios - leitores, cantores, acólitos, outros - uma "revolução no estilo, na linguagem e na mentalidade". 

“As grandes conquistas da humanidade, nos últimos séculos, deram-se fora da Igreja, contra a Igreja, mas fundadas em valores evangélicos”Walter Kasperteólogo e cardeal

Porem, de acordo com Agenor Brighentio, o Concílio Vaticano II deveria ter acontecido ainda no Concílio de Trento (1545-1563), uma vez que se vinha achando necessária, desde longa data, uma profunda reforma na Igreja. Por outro lado,  em vez de uma contra-Reforma, a Igreja deveria ter aproveitado por ex., algumas das reformas exigidas por Lutero e outros

Os resultados  do Concílio não foram proporcionais às expectativas,  sublinha o Prof. Roberto de Mattei,  no encontro de 17 de Março de 2012

E justifica-se citando-se a ele próprio: “o colapso da segurança dogmática; o relativismo da nova moral permissiva; a anarquia no âmbito disciplinar, o abandono do sacerdócio e da vida religiosa por parte dos sacerdotes e dos religiosos e o distanciamento da prática religiosa de milhões de fiéis, a infiltração da heresia através dos novos catecismos e novos ritos, as contínuas profanações da Eucaristia, o massacre das almas enquanto as igrejas se livravam do altar, mesas da comunhão, crucifixos, imagem de santos, mobiliários sacros, quadros que acabaram em catálogos de antiquários.  A ‘primavera da fé’, que deveria seguir ao Concílio Vaticano II, aparecia mais como um rígido inverno, documentado sobretudo pelo colapso nas vocações e do abandono da vida religiosa”.

  
"O balanço global dos quarenta anos pós-conciliares 1965-2005, com respeito às perdas totais e percentuais dos principais institutos religiosos, será ainda mais dramático".  Angelo Pardilla

Concílio de Trento
"Actualmente celebra-se a Missa de acordo com as reformas instituídas pelo Concílio Vaticano II. No entanto, recentemente, o Papa Bento XVI permitiu que fossem celebradas também Missas tridentinas  (Relativo a Trento, Itália) - Missas em latim, de acordo com o missal publicado no século XVI por São Pio V, renovado em 1962 pelo Papa João XXIII.)" Wikipédia
O Concílio de Trento (1545 a 1563), um dos três concílios fundamentais na Igreja Católica, também conhecido como o Concílio da Contra-reforma” (Manuel Augusto Rodrigues), foi convocado pelo Papa Paulo III para garantir “a unidade da fé e a disciplina eclesiástica". 

Num mundo crise como o de hoje, cada vez mais pessoas (especialmente jovens) procuram alternativa ao “mundo moderno” e isso inclui um retorno à "Missa de Sempre", àquela que, para preservar durante a Reforma Protestante, os mártires católicos deram a vida e que  uniu Cristãos através de continentes e de séculos. 

Segundo o padre Bruce Júdice há uma sede de espiritualidade entre os jovens. Uns procuram ioga, meditação, natureza; outros preferem a missa tridentina à missa contemporânea do Concílio Vaticano II. 

"O rito contemporâneo não é para mim; no antigo, a meditação, o silêncio e a beleza encantam"; "Fiquei tão encantada com as primeiras celebrações que não parei mais de frequentar as missas. Adoro a vestimenta" e "Ele mostra a dignidade da mulher, exalta seu carácter sagrado", são alguns dos comentários de um público crescente de jovens e de pessoas curiosas sobre o ritual tridentino.

As Cores Litúrgicas –  Verde, branco, vermelho, roxo, rosa e preto

Rito tridentino


Imagens Google

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