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domingo, 5 de abril de 2020

29 DE MARÇO 2020, UM VULGAR DIA DE QUARENTENA


Panorama fotográfico registado ao longo de 22 Km percorridos junto ao Tejo, em bicicleta, entre Linda-a-Velha/Algés/Dafundo e o Parque das Nações a 29 de Março de 2020, um vulgar dia de quarentena.

A bela Torre de Belém, sem quórum, para narrar a História do rei Dom Manuel, do rinoceronte, de Vasco da Gama, dos vários brasões que a adornam...

Nos jardins, entre os frondosos pinheiros mansos, os bancos receptivos para quem, numa pausa relaxante, poderia desfrutar um ambiente de paz, sossego, liberdade, os sons da própria natureza e o sol que vai aparecendo. 

Nas estradas os carros não circulam...E as casas têm as portas e as janelas fechadas
Até o caixote do lixo, sem utentes, parece sentir-se ali a mais.
Sob a maior ponte suspensa da Europa, com dois andares - o superior para carros e o inferior, para comboios - a Ponte 25 de Abril (Ponte Salazar – o seu a seu dono), não passam catamarãs. 

E os comboios?

Não há carros (nem arrumadores!). A cervejaria Portugália está encerrada.
Duas (três?) pessoas ao fundo e outra que corre, em oposição às recomendações ditadas pelo Governo perante o estado de emergência.
O vazio é um cenário de uma beleza assustadora, sem gente, profundamente melancólico. Ouve-se o silêncio dos turistas ausentes...

E  o silêncio longínquo da prisão da Duquesa de Mântua e da morte do secretário de estado Miguel de Vasconcelos que foi atirado de uma janela do palácio para o Terreiro (1640); do destruído Arquivo Real com documentos relativos à exploração oceânica; do assassinato do rei Dom  Carlos e filho, Dom Luís Filipe (1908);   do desembarque da Marinha no Cais das Colunas (1910) e da Rainha Isabel II, do Reino Unido, quando da visita a Portugal (1957); de alguns dos discursos do Presidente do Conselho, Dr. Oliveira Salazar proferidos à janela dos ministérios; de acontecimentos relacionados com o derrube do governo de Marcello Caetano (1974); da celebração de uma missa pelo Papa Bento XVI (2010); das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades (2016) Informação Wikipédia
E o das vitórias na Ásia e na América, visíveis nas serpentes e nas figuras que envolvem o Rei Dom José e o seu cavalo... 


Um carro mais uma motinha a tentar passar o sinal verde ...
Este é o cruzeiro MSC Fantasia que acostou no Porto de Lisboa a 22 de Março com passageiros de 39 nacionalidades, maioritariamente da União Europeia, Reino Unido, Brasil e Austrália e tripulantes de 50 nacionalidades. 

Até ao momento, e já a navegar há 10 dias em alto mar, não existe nenhum passageiro com Covid-19 a bordo, ou mesmo algum caso suspeito”, era a informação do Porto de Lisboa
 Um motociclista no deserto asfaltado
 A Altice Arena, antigo Pavilhão Atlântico. Duas bicicletas sem usuário.

Um pouco por todo este percurso o cenário é semelhante. Antes, estava cheio de turistas. Agora, quase não há viv´alma. Há um silêncio ensurdecedor numa guerra contra um inimigo invisível, o Covid-19.
O navio de cruzeiros “Funchal” à espera de melhores dias!
Dos 52 restaurantes de média  e grande dimensão, 48 decidiram não abrir portas para evitar a concentração em espaços fechados
Os que optaram por servir refeições take away,” não têm mãos a medir”
Antes, havia magotes de pessoas que circulavam junto ao rio e grandes filas para entrar nalguns deles. Lá está encerrado, também, o D´Bacalhau, meu preferido.
E o vazio é assustador
O cenário repete-se...

Diz o secretário de Estado que estamos no mês mais crítico desta pandemia e que não podemos baixar a única defesa que temos no combate à epidemia, que é a contenção social. 
E à qual estamos longe de lhe ver o fim. (acrescento eu)

"A quarentena auto-imposta por Marcelo Rebelo de Sousa foi um enorme erro político e, se continuar enfiado em Cascais, irá atirar pela janela todo o capital político que amealhou ao longo de quatro anos". Público

E a GNR está a recordar aos condutores que “a Covid-19 não vai de fim de semana” 

"A doença não faz com que a vida pare". Há vida além do Covid-19, literalmente. É urgente reunir mais e melhor informação antes de a divulgar.  Isto poderia contribuir para uma sociedade mais equilibrada, mais forte e mais capacitada para o que aí virá. Não vai ficar tudo bem mas o melhor possível. Depende de cada um de nós. Não podemos viver na angústia da contagem diária de mortos e de infectados. "O medo é razoável, mas é nossa obrigação ultrapassá-lo". Ramalho Eanes, ex-presidente da República e actual conselheiro de Estado, em entrevista a Fátima Campos Ferreira, na RTP1,

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