O café tornou-se um hábito na vida dos portugueses. Quem, de norte a sul do País, resiste a um café logo pela manhã ou a seguir ao almoço ou mesmo a meio da tarde?
E
não é, por acaso, um mau hábito porque, segundo especialistas de diversos
países, quando bebido com moderação, tem mais benefícios do que malefícios.
Talvez por isso, também o pequeno almoço, hoje em dia, é tomado diariamente no café. Logo nas primeiras horas, ali se “encontram” as pessoas de diferentes profissões, idades e origem social para, apressadamente e ao balcão, tomarem a sua “bica” com uma torrada bem barrada e/ou bolinho.
Fernando
Pessoa, poeta e escritor, usava o café
para as tertúlias com os amigos e para escrever. Ao contrário dos que “mal entram,
logo saem”, ele, Almada Negreiros,
outros escritores, poetas, artistas em
geral, ficavam “até o sol cair”
Assim acontecia no Martinho da Arcada, “café eleito pelas várias gerações de governantes, políticos, militares, artistas e escritores, ao longo de mais de dois séculos, "como ponto de encontro privilegiando com um espaço de convívio singular “. A mesa que Pessoa ocupava (e de mais alguns, posteriormente) ali se mantem com o seu nome.
E na Brasileira do Chiado, espaço centenário que preserva o charme e a elegância originais desde 1905, onde se pode “ fazer uma viagem no tempo”
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Também houve um tempo em que Fernando Pessoa, para tomar um cálice de aguardente, passava pela taberna do Abel Pereira da Fonseca, um importante empresário do século XX , cujo império ocupava quase um quarteirão inteiro no centro de Marvila com produção, comercialização e distribuição de vinhos e licores. No interior existe uma imagem do escritor ao balcão a beber um copo de vinho legendada por Ofélia que diz: "Flagrante delitro”.
Abel Pereira da Fonseca era natural de Malpartida, freguesia raiana, rica em construção histórica como a igreja matriz de estilo romântico. Tem também vestígios arqueológicos importantes de diversas épocas - sepulturas cavadas na rocha localizadas na área de Nave de Mouros, e a atalaia que se julga ter sido erguida no tempo da Guerra da Restauração.
Num deles, todas as manhãs, logo cedo ( não sei precisar bem a hora), reúnem-se as “amigas,” que ora o são, ora não o são, e lá vão ficando, com a ajuda de uma cervejinha, no exercício da troca de fofocas, enredos, mexericos e conspirações secretas (a união faz a força!) no caso serem necessários apoios para a aprovação das suas actividades. A intriga, assunto principal do cavaqueio, tem como finalidade converter o lesado "não amigo" em inimigo malévolo e o prevaricador, em vítima.
- As janelas estão abertas…
(Desaceleram -se os passos e ciciam-se as vozes até à entrada no café).
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