PESSOAS SEM /COM PRAZO DE VALIDADE

Apesar de  estar emergindo outro conceito mais positivo e  inclusivo de se viver a velhice,  a imagem que o jovem faz do velho ainda é de que ele vive um mundo diferente - nos hábitos, transformações corporais / declínio biológico e afastamento com a modernidade tecnológica.

Há muitos preconceitos que precisam de ser revistos e muitas ideias novas e mais reais que é necessário fazer surgir, não só para evitar estigmatizar os idosos mas, também, para os ajudar a ser capazes de criar uma outra forma de viver o envelhecimento na sociedade de todos.

Porém, a maneira como o velho encara a sua velhice tem muita influência neste processo.

A identidade é, em cada caso, uma relação que compreende a  capacidade de nos reconhecermos e na possibilidade de sermos reconhecidos pelos outros. Campedelli, M.A. (2009). A identidade do velho no mundo contemporâneo

É essencial preservar a saúde neurológica e mental. A perda de vigor, da atração e da saúde, definem o esboço de que o ciclo está a fechar-se.

Idadismo

Vem isto a propósito, de alguns médicos, talvez porque são jovens, só trabalharem com pacientes sem "prazos de validade". Para eles, as pessoas que têm idade superior a 65 anos já viveram tanto que não vale mais a pena tratar/operar.

- Talvez se pudesse fazer aqui uma cirurgia minimamente invasiva. Mas tem y anos … Está mesmo disposta a isso?

- Mas eu não me sinto velha! E acho que todos os pacientes têm direito a tratamento médico de qualidade, independentemente da faixa etária.

Já tenho saudades de viver sem krrrrrrrrrrr , sem tropeçar nas pedras da calçada e de fruir o novo nicho de mercado do idoso!  

- Vamos de férias. Pense nisso e depois falamos

"Não é a velhice que está a ficar mais longa, é a meia-idade. E precisamos ser muito, muito mais ambiciosos sobre o que isso significa nas nossas vidas." Vive-se mais tempo e a grande questão é como viver melhor esse "tempo extra". Cavendish , Tempo Extra - 10 lições para um mundo em envelhecimento (Ed. Vogais)

"Ser novo é não ser velho. Ser velho é ter opiniões. Ser novo é não querer saber de opiniões para nada.

Ser novo é deixar os outros ir em paz para o Diabo com as opiniões que têm, boas ou más - boas ou más, que a gente nunca sabe com quais é que vai para o Diabo."

Álvaro de Campos
(Heterónimo de Fernando Pessoa| Juventude)