Máscara: Artefato de papelão, pano, madeira, couro etc., com que se cobre o rosto para disfarce
Disfarce: Aquilo que esconde a verdadeira aparência
Dicionário Online de Português
“O uso de máscaras é velho como o Mundo mas não perdeu o seu papel.” - Jean-Martin Rabot, sociólogo francês, docente na Universidade do Minho
Há máscaras de múltiplas tipologias , desde as que tapam todo o rosto, só os olhos ou a boca.
O fascínio pelas máscaras tem origem, segundo M. Rabot e o psiquiatra Carl Gustav Jung, na pluralidade de aparências do homem, que "não tem uma identidade fixa”.
Definem a persona como "alguém que não é em realidade, mas que é o que ele próprio pensa que é, o que os outros pensam que ele é”. A persona é a mascara.
E assim, nas sociedades primitivas eram usadas nas cerimónias rituais para, através delas, se relacionarem com o mundo dos mortos. Na Grécia antiga, século V a.C., começaram a ser utilizadas em peças teatrais, tornando-se, desde então e até hoje, o símbolo do teatro: duas máscaras gregas bem expressivas, como reforço das emoções do actor - uma alegre e outra triste.
Ao lado das perucas, contribuíram, também, para viabilizar personagens femininas no drama grego.
No Egito, a máscara fazia parte dos adornos colocados nos sarcófagos, junto ao corpo dos faraós, a fim de os proteger e preparar para o mundo divino.
Ao longo da humanidade, as máscaras passaram por várias culturas com significados diversos.
Desde a Antiguidade que se usavam para proteger a pele dos raios solares. A tez clara estava associada a uma classe alta e a pele curtida pelo sol, aos trabalhos físicos das classes sociais mais baixas. Quando as mulheres nobres se deslocavam a pé ou a cavalo ou na rua, protegiam-se tapando a cara com uma máscara de veludo com buracos para os olhos. Anatomie of Abuses (1583).
Mulheres com máscara numa peregrinação ao santuário de Laeken, perto de Bruxelas, em 1601. Óleo anónimo. Mosteiro das Descalças Reais, Madrid.
National Geographic
Mas foi em Veneza, no ano de 1200, com a chegada de mulheres de Constantinopla a passear na rua , de rosto tapado, que os venezianos se vieram a interessar pelo artesanato de máscaras e técnicas de fabrico. A partir daí, a máscara era tão festejada quanto proibida na medida em que, garantindo o anonimato, disfarçava as classes sociais e permitia troçar das autoridades e da aristocracia.
Vídeo - Carnaval de Veneza 2024
Veneza - As máscaras mais bonitas, entre 2013 e 2024
Porem, ao ocultar a identidade, também favorecia roubos, assédios e delitos, o que levou a Sereníssima a limitar o seu uso. E, em 1797, após a queda da República, Napoleão proibiu mesmo os disfarces de Carnaval, excepto nas festas privadas dos palácios venezianos e no Ballo della Cavalchina, em Fenice.
E é, ainda em Veneza que a máscara passa a ser considerada um adereço para o carnaval propriamente dito assim como, de novo, para o teatro. Foi lá que surgiram os três famosos personagens de um triângulo amoroso baseado na comédia italiana do século XVI, (Commedia dell’Arte) Pierrot, Colombina e Arlequim.
Pierrot, Colombina e Arlequim.
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No teatro, a máscara servia para representar inúmeras personagens diferentes. Nos carnavais “permite quebrar a barreira social, acaba com a identidade de género, de status, de classe e permite inverter os papéis sociais, aniquilando as hierarquias”.
Segundo Telmo Baptista, psicólogo e psicoterapeuta, "as pessoas escolhem as máscaras em função da maneira como veem o mundo e de como projetam os seus anseios, medos, desejos. “Com a máscara sou eu e não sou eu. Posso fazer aquelas coisas todas como se fosse, embora saiba que não sou. Estou protegido porque estou por detrás da máscara”.
A escolha do disfarce pode dizer muito sobre a “personalidade, problemas, medos" mesmo que de forma “inconsciente. Dependendo da fantasia, podem exprimir coisas que não exprimiriam. Depende da personalidade, do seu mundo interno.” Mariagrazia Luwisch, psicóloga e psicoterapeuta
A festa foi-se transformando ao longo dos anos mas os bailes de máscaras permanecem vivos para que, pelo menos no carnaval, o ego possa continuar a esconder-se das amarras sociais - não se sabe quem é rico, pobre, homem ou mulher.
E como eu ainda tenho uma ideia dos Carnavais do Estoril nos anos 60, não quero deixar de falar do “ apogeu” dos desfiles de rua no concelho, durante todo o século XX, feitos não só de máscaras mas, também, de convidados como o ator Fernandel e a Girafa de Dali a participar no corso.
Os carnavais eram organizados pelo empresário Teodoro dos Santos, da Sociedade Estoril Sol, e a festa decorria, sobretudo, à volta dos jardins do Casino. "Mas , habitualmente, o transito na Avenida Marginal era tanto, que "havia quem ficasse retido em Carcavelos e perdesse o desfile". Lima de Carvalho
link com o desfile de Carnaval, constituído por carros alegóricos, cabeçudos, mascarados e a participação de Fernandel.
link com a chegada de artistas estrangeiros para participarem no Carnaval do Estoril - Aeroporto da Portela, Lisboa
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