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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

USANÇAS DO TEMPO - VIII


ANOS 70


"Hippie Girl"
Nos anos 70, os hippies que fizeram parte do movimento de contracultura nos anos 60, tiveram nos EUA uma acentuada queda de popularidade embora o mesmo não tenha acontecido noutros países. A inovação "hippie chique" prendeu-se com a combinação de peças que aparentemente não podiam associar-se.

A década anterior ficou também marcada pela invenção do monoquíni e primeira tentativa unissexo, de Rudy (Rudi) Gernreich em 1964, considerado pelo próprio “um pouco cedo demais para aquela altura”.
Mas foi notícia de facto. E chegou a ser nome de canção de Roberto Carlos “Eu sou fã do monoquíni… Não suporto mais o biquíni “.
Para o usar, a mulher teria que ser preferencialmente esbelta e de seios pequenos.


Vários tipos de monoquíni (ele é Lauro Quadros, 1972)

A praia tornou-se um ponto de encontro dando origem ao aparecimento da indústria paralela de vestidos, chapéus, protetores solares, óleos, óculos escuros, toalhas, toldos, cadeiras e outros.

Acessórios hippie chique

Apareceu também o biquíni de croché mas como se deslocava com a água, contribuiu ocasionalmente para o aparecimento da tanga.


Nos fins da década, Gernreich inventou ainda “o fio dental”. 
E um novo tipo de maillot em jersey, quase transparente e aderente faz parte da enorme variedade de vestimenta de banho; nos homens é de lycra e nylon e mais curto.
Farrah Fawcett (maillot - 1976)

O miniquíni - dois triângulos em cima e dois triângulos em baixo, presos por tiras, permitindo um maior bronzeamento, voltou a usar-se.

A década de 70 foi considerada uma época mal definida.

ANOS 80


Princesa Leia,no seu biquíni dourado e Gwen Stefani

É a época dos estilos antagónicos.
A mistura de nylon e lycra passa a ser o tecido mais usado nos fatos de banho, de cores fluorescentes, com estampados ou em relevo, metalizado, fino ou grosso e de inspiração no passado.
Por outro lado, o biquíni foi diminuindo e o “fio-dental”, o “asa delta” e o
modelo tanga, afirmam-se como os chamados “modelos provocantes”.
Tudo era forte, sombras néon, batons vermelhos, azuis, roxos.





ANOS 9O

A década foi dominada pelo fator bem-estar e pela liberdade na forma com que as pessoas se vestiam, sem preconceitos.
O topless só chegou no início, embora já experimentado anteriormente pelas mulheres mais descontraídas.
Até se tornar uma mistura de tudo o que já tinha sido feito no passado, a moda estava criada. A procura de conforto e deliberação na escolha dos modelos de roupas de banho são um reflexo dos protótipos dos anos 40 e 50, mas com outros materiais. A lycra mistura-se a tudo e a preocupação com a reciclagem cresce.



As cores continuavam apaixonantes mas mais moderadas: rosa, azul, amarelo. E o glamour fazia sucesso.
As bolsas de palha, coloridas ou não, eram tendência.



ANOS 2000

Tudo é possível de ser vestido.
Há uma mistura de referências antigas aos anos 70 e 90. Surgem novos modelos sempre diferentes. Na primeira metade da década o biquíni diminuiu bastante para depois aumentar um pouco. Já ninguém critica biquínis, topless, fio dental, fato de banho, miniquínis, shorts, triquínis, tanquínis...
Em 2010, Eva Herzigova usa pela primeira vez um biquíni que pode funcionar como uma roupa.
Actualmente, chama muito mais à atenção uma touca com folhos ou um burquíni...


                                               Em tanquíni e Eva Herzigova

Catálogo muçulmano2012


Presentemente, com as referências anteriores esgotadas, a moda encontra-se num beco sem saída. A busca pelo novo é uma tendência da actualidade. Visando descobrir novos talentos, realizam-se concursos frequentemente.

Em 2008 -2008 e 2001

Acessórios 2011 e em 2011

FOTOS CAPTADAS EM GOOGLE

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

USANÇAS DO TEMPO - VII


"KEEP WALKING A evolução do fato de banho feminino"

1950's


No início, as mulheres não estavam preparadas para usar peças de vestuário tão reduzidas e o bikini não é posto em prática nas praias da Europa e do Mediterrâneo, nos países católicos e até no 1º concurso Miss Mundo; nalguns foi mesmo proibido, incluindo Portugal.
A imprensa, que supostamente é mais aberta às coisas novas, também não o aprovou, chegando mesmo a dizer que a moda não duraria mais do que 15 dias. O bronzeado ainda era identificado com as pessoas que trabalhavam ao sol.
Nem as modelos da época o quiseram vestir para ser apresentado por admitirem ser tão minúsculo…
Réard só conseguiu mostrar a sua invenção nas instalações de uma piscina parisiense vestido por uma bailarina dum casino de Paris.
E para o tornar aceitável, teve que modificar um pouco o modelo. Subiu a parte de baixo de forma a tapar o umbigo e colocou-lhe folhos para disfarçar as formas. A parte de cima transformou-a numa espécie de soutien, fazendo-o parecer com o estilo da década que era constituído por duas peças de tamanho grande, sendo já foi considerado ousado quando apareceu.


1950 - praia do Mediterrâneo e Laranjal, Brasil 
1946 - fato de banho ousado para a época  e Bikini de Réard modificado


Em 1952 houve o 1º concurso Miss Universo e as primeiras cinco finalistas da História foram da Alemanha, Finlândia, Grécia, Hawaii e Hong-Kong, sendo eleita a finlandesa. Como não havia ainda coroa específica para Miss Universo, foi coroada com uma pequena coroa vinda da Rússia, do tempo do Império russo e que tinha pertencido a três czarinas, entre elas Catarina a Grande.

Fotos captadas em Wikipédia

E enquanto muitos continuavam a protestar, o biquíni recebia o apoio das elites e, sobretudo, de grandes atrizes como Brigitte Bardot, Marilyn Monroe, Rita Hayworth, Ava Gardner, Joan Collins e Úrsula Andress que não só o mostravam claramente nas praias mas também o usavam como elemento de sedução em filmes e fotos.
Em 1957 Brigitte Bardot faz um splash no Festival de Cannes e foi fotografada em diversas praias francesas. Em 1956, com o filme “E Deus Criou a Mulher”, B. B. eternizou o novo duas peças ao usar um modelo Vichy nas entretanto mais famosas praias de Saint Tropez.

Brigitte em "E Deus Criou a Mulher"

Marilyn Monroe, Esther Williams, Ava Gardner e outras, seguem-lhe o exemplo. 

Marilyn e Ava Gardner

Passados sete anos, o fato de banho de duas peças torna-se mais popular que, embora de aceitação crescente, continuava a ser vestido pelas mais ousadas.



Em 1959 com a marca DuPont apareceu a revolucionária lycra. De secagem mais rápida e mais leve, o biquíni e toda a outra roupa nunca mais foi igual.


1960’s

A década de 60 ficou marcada pelo sucesso do biquíni, que atingiu o auge da popularidade. A música acompanhou a evolução e era usado também como contestação política e social; tornou-se um símbolo pop.
Em 1960, Brian Hyland com apenas 16 anos, lança o single”Itsy Bitsy Teenie Weenie Yellow Polka Dot Bikini”.
Dois anos mais tarde Úrsula Andress sai das ondas exibindo um biquíni branco com cinto, como Honey Ryder, em "Dr. No".


Em Portugal cantarolava-se: “Era um biquíni pequenino às bolinhas amarelas…”, adaptação de uma música dos Beatles quando lançaram o filme a “Hard Day’s Night”, em 1964.


O biquíni era ousado, com o umbigo bem visível e a cava maior do que nos anos 50. No início da década, Jayne Mansfield foi a pioneira a usar um fato de banho desse modelo, suscitando ainda motivo para escândalo em Hollywood.
Em 1966, Rachel Welch ao vestir um biquíni de pele no filme “One Millions BC” fica mais famosa do que a própria longa-metragem.


Em 1967 estima-se que 65% das mulheres norte-americanas aceitam o biquíni, devido à influência de posters, filmes e média.
1969, Vinícius de Moraes “adere” ao biquíni quando canta a “Garota de Ipanema”:
Olha que coisa mais linda
Mais cheia de graça
É ela a menina, que vem e que passa
Num doce balanço a caminho do mar
Moça do corpo dourado
Do sol de Ipanema
O seu balançado é mais que um poema
É a coisa mais linda que já vi passar…

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

USANÇAS DO TEMPO - VI




A moda preocupa-se com a sofisticação e o conforto da mulher moderna que valoriza a elegância. O tempo em que ir para a praia significava despojar-se de todos os acessórios acabou. As areias nos meses de sol preparam-se para receber biquínis, triquinis e fatos de banho.

Faz parte da nossa rotina as revistas de moda (de verão, neste caso) falarem da inspiração para a coleção da época.
A Women’screat, por ex., escolheu para 2012:
Timeless - motivos às riscas, tribais ou lisos em cores sóbrias como o castanho e sobretudo o preto.
Sweet & Cute- combina os tons vermelhos, azuis e violeta numa abordagem floral, riscas e quadrados em harmonia e suavidade
Azteca - com as cores terra, verdes, azuis-escuros e dourados, devolve-nos o mistério da terra, da natureza e das figuras de ouro típicas da civilização azteca
Denim Stories - linha mais fresca e descontraída. Os azuis, vermelhos e verdes turquesas dominam. Misturam-se motivos aos quadrados, riscas e flores
Hawai- uma linha tropical onde as flores e os hibiscos são inspiração
Just merrid- as cores principais são três: verdes, castanhos e brilhos,  para criar o look completo de lua-de-mel

OS FATOS DE BANHO ao longo dos anos:

ANTIGUIDADE
As mulheres da Roma Antiga que praticavam desportos são as precursoras do biquíni, de acordo com mostra encontrada em mosaicos romanos numa escavação arqueológica numa antiga Vila Romana, na Sicília. Usavam duas peças em linho ou lã para o desporto e nadavam nuas.



Século IV a. C. -"Bikini girls"

1886
Annete Kellerman, nadadora australiana e defensora das causas das nadadoras profissionais, popularizou os fatos de banho de uma peça, atitude considerada escandalosa para a época. Eram feitos de malha elástica, sem mangas, decote redondo e calções cobertos por uma mini-saia.

Em 1907, quando usava um dos seus fatos de banho numa praia de Massachusetts foi presa por atentado ao pudor.


Annette Kellerman - 1º fato de banho in A breve

Antes, no início de 1900, segundo um jornal australiano, as mulheres usavam combinação e calças para nadar. E apenas ia à praia quem tivesse indicação médica para banhos medicinais. Alem disso, ter a pele bronzeada não era socialmente superior por ser próprio das pessoas que trabalhavam no campo.
Da roupa de banho fazia parte uma túnica comprida em lã ou sarja a cobrir o corpo todo para que os banhistas não apanhassem resfriados a seguir à entrada na água fria e tamancos ou botinas.



Traje de banho - 1900 in"Tricolina"

Apanhando sol- 1904 e
Palm beach - 1905
Traje1905 e
1908
A popularidade resultou na criação de roupa de banho para mulher a partir da sua própria linha “Annette Kellerman’s”. Foi o primeiro passo para as roupas de banho femininas modernas.

1910
Em 1910 a Europa vivia em paz. Os portugueses usavam a moda de Paris e praticavam desportos ingleses. Toda a gente usava chapéu.
Os fatos de banho não deixavam ver grande coisa - os homens de fato inteiro às risquinhas e elas, as mais novas, mostram a perna quase até ao fim da coxa. A água é o ídolo universal. Logo ao amanhecer desfilam nas praias quase vestidas para manter a pele branca. Deixar os braços e as pernas de fora já era ousado
1910

1913
Treze anos depois de ter sido permitido às mulheres participar nas Olimpíadas, o estilista Carl Jantzen desenha o primeiro fato de banho moderno de duas peças a fim de melhorarem os resultados desportivos - calção cobrindo o umbigo para a parte de baixo e um top com mangas na parte de cima.


No entanto, porque eram um pouco mais colados ao corpo, causaram escândalo, ficando de venda limitada até 1968 "Área Mulher" 


Praia da Nazaré - 1913 "MatrizNet"
1914
A revolucionária Madame Channel desfila um simples fato de banho inspirada num pullover masculino. Era o fim das anquinhas e da pele branca



1920

É na década de 20 que os fatos de banho começam a diminuir devido ao manifesto gosto pelo bronzeado que passou a ser símbolo de vida desafogada. O saiote foi muito reduzido, o decote aumentou, as mangas desapareceram e são confecionados em malha elástica, evidenciando as formas femininas. Um pouco mais tarde, surgem os fatos-de-banho com costas a descoberto.

1920 e 1921 - in Superstars

1922 - policia verificando a altura e  rapazes e raparigas na praia -  1923

1924
Jean Patou é o primeiro costureiro a abrir uma loja especializada em fatos de banho num elegante complexo balnear em Deauville. E também dele a primeira loção para bronzear "Huile de Chandée", assim como vários perfumes.


  
in"Prosimetron"
1934
Com a introdução do lastex e do nylon, os fatos de banho ficaram mais justos e com decote até à cintura conseguido através da colocação de alças.
O racionamento de tecido durante a Segunda Guerra Mundial e as atividades desportivas contribuíram para que na Europa as mulheres começassem a usar fatos de banho a mostrar mais a região da cintura.

Os anos 30 elegeram as costas femininas como o centro das atenções. A mulher devia ser magra, bronzeada e desportiva, tipo Greta Garbo.
Os estampados e a art-déco dominaram a década de 30.



1940
Surgiu a banda elástica para disfarçar as gorduras

Um ano depois, este fato de banho seria considerado imoral in "Aterrem em Portugal"

1941- passaram a ser assim em Portugal

1946       
Com o fim da Guerra, dois estilistas franceses criaram trajes semelhantes - o bikini moderno a que deram um nome relacionado com a bomba atómica
Jaques Heim em 1946 introduziu o Atome, a mais reduzida roupa de praia na época. Três semanas depois, Louis Réard, exibiu o bikini vestido por Micheline Bernardini pela primeira vez numa piscina parisiense e entrou com patente para proteger a sua criação.


 

Bikini "atome" e  Bikini de Atoll (Fez 66 anos em 05 /07/2012 que foi apresentado ao público)

sábado, 4 de agosto de 2012

LENGALENGA



Sol,  de Isabel Magalhães


É sombrio o lugar onde não dá sol.
Nem tudo o que é sombrio é triste.

Quem aprecia iscas de fígado de porco come-as alegremente em qualquer lugar. Sobretudo se já está no primeiro grau de embriaguez e que de tão alegre começa a confundir-se com o relógio de parede.

Uma melodia pode ofuscar o contentamento. Ao perder o brilho não reflecte luz. E o lugar torna-se sombrio, que pode ou não estar coberto de nuvens. Deixando entrar uns raios de sol, talvez entusiasme o descontente a sentir-se alegre novamente.

Sol, meio-ébrio, iscas, relógio, são alegres mas podem fazer parte de lugares sem brilho, sombrios.

Fica a deixa para os que gostam de imaginar fantasias sobre uma qualquer
lengalenga.


 "Casa Decoração"