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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

O IMPLACÁVEL “ENTE” PORTUGUÊS - 6


PERSONAGENS:

FAUNA E FLORA PANTANEIRA
Estado, Banco de Portugal, Banca, Presidente da República Cavaco Silva, Assembleia da República/Parlamento, BPN, Paulo Campos, Paulo Morais, Fundações, Offshores, “Face Oculta”, Comissão Parlamentar, César & Cª Lda., João Jardim, líquenes, pombo trocaz, corre-caminhos, Mario SoaresMarques Mendes, Maria José Morgado, os Bárbaros.

“KARAS” - no combate ao crime organizado pelo ENTE
Os impossíveis, Montereyjack, Batffino, Batman&Robin, BufFy-a-caça-vampiros,The Justice Friends, Power Rangers, professor do Dale Rescue Rangers, Tico e Teco-e-os-amigos.


O PÂNTANO PORTUGAL

Cenário:

(Muitas instituições, território disputado, população sem classe média, uma multidão no poder, quase ditaduraparcial na distribuição da riqueza, sem cultura nem diferenças culturais, nação ingovernável, de soberania duvidosa, um pandemónio)


QUINTO (e último) ACTO

A “Moneycracia”, lobo insaciável


CENA I


ESTADO 
- Cheguei ao topo da pirâmide na… corrupção, a de «maior sofisticação» e de «mais difícil detecção»!
E vou ficar com parte do subsídio de férias que o Tribunal Constitucional mandou pagar aos funcionários públicos e pensionistas. Haverá quem receba só 40 por cento do subsídio que vai ser pago neste mês de Novembro!

PRESIDENTE da REPÚBLICA Cavaco Silva 
- Ser progenitor é ter preponderância; sou o pai da divida e das PPP, o destruidor do tecido produtivo português dos anos 80, o padrinho de uma trupe de vigaristas, a maior e muito bem paga nulidade do Portugal Democrático e o meu Palácio de Belém consegue ser mais caro do que Buckingham!
Condecorar todos os meus amigos é primordial.

ASSEMBLEIA da REPÚBLICA 
- Esta casinha só vai custar no ano de 2013, 140.219.365.00 € 
É pena as indigestões não serem mais agradáveis...

Parlamento 
- Originalidade é comigo. Devo ser o único que tem a vantagem de estar repleto de deputados a fazer parte das empresas que obtêm lucros com as PPP, pois a previsão para o custo total derrapa 143 milhões num ano e as da saúde vão levar mais 8,5 milhões em 2014; os contratos assinados pelo Governo Sócrates permanecem num enorme mistério 


GOVERNO
Dizendo ao povo que os ricos têm que ser protegidos porque são eles que movem a economia, aceita perfeitamente a despesa do ESTADO de 183.507,9 M€, a transferência extraordnária 345 M€ do OE atribuida à RTP, a redução progressiva das pensões de valor superior a 1350 €, as atribuições de subvenções pela Assembleia da República, os mais de três milhões gastos em combustível, os 26 veículos do primeiro ministro nem percebe que a arbitragem fiscal é um negócio magnífico em torno da Justiça.!

Comissão parlamentar 
- ironicamente, negoceio com a Tróica através de representantes dos bancos, dos escritórios de advogados, dos interesses imobiliários e das grandes empresas…

POVO 
- O que pode fazer o indignado perante uma nação corrompida? 
Tem medo, desconfia, retrai-se perante a política de desprezo pelo sofrimento. Lentamente vai-se adaptando à ditadura mascarada,à desmobilização controlada pela comunicação social, à destruição do país como uma fatalidade...
Que armas se podem usar? Petições, abaixo-assinados, cartazes, manifestações, para quê?
É, o governo tem a sorte de continuar a meter a mão nos bolsos de um povo ridiculamente conformado, alienado, adestrado e acomodado.


CENA II


BANCO de PORTUGAL - Tenho sido conscientemente uma central de corrupção. Há pessoas da banca privada no meu executivo, estive-me borrifando para a orgia do que se passou no BPN e no BPP, ignorei que os portugueses não tivessem sabido colocar um travão nos empréstimos e usufruo de uma longa lista de privilégios… ofensivos (dizem os invejosos, claro). 
Como se a Quinta da Fonte Santa em Caneças, uma piscina no interior do Complexo do Carregado, um carrinho de golfe, mais de mil euros por dia em telecomunicações móveis, 7 mil euros em agendas do Banco e outras coisas do género, fossem luxo!

BANCA - O meu poder é absoluto sobre o Estado e o Governo. Sou responsável pela falta de qualidade do investimento e, consequentemente, pela estagnação do País, pela gravidade da crise e pelo aumento das desigualdades regionais.
Porém com a futura supervisão bancária única que será assumida pelo BCE no BPI, BCP, CGD e BES, a ligação entre o sistema bancário e o Estado-membro em que está implantado deixará de existir…


BPN - Fui a caixinha de surpresas mais assombrosa com, desde sempre, uma teia de mentiras.



Pelos meus órgãos sociais passaram cinco ministros e um secretário de Estado dos assuntos fiscais: Dias Loureiro, Daniel Sanches, Rui Machete, Arlindo de Carvalho, Oliveira e Costa e Miguel Cadilhe. Era um verdadeiro governo sombra do PSD, com donos como Cavaco Silva e tudo! 
O meu peso no poder político garantiu impunidade.



CENA III


Marques Mendes 
- “Há 14.000 entidades, 900 fundações, 100 empresas do estado central e local com duplicação de funções, de despesas e desperdícios absurdos alimentadas por dinheiros públicos e tutelados pelo governo que funcionam em regime de apagão orçamental
Se o ministro das finanças passa a vida a perguntar onde se cortar... aqui há muito por onde cortar”
Somando as parcelas, o total é de «apenas» 5.018,4 mil milhões €. 


Paulo Morais 

- Impedi negociatas ilegais na ordem dos 600 a 700 milhões de euros no sector imobiliário, através de 30 queixas…
Porque não investiga a Justiça os ganhos de ex-goverantes nas PPP?





Maria José Morgado

- «Não vale a pena estudar leis que não são leis e podem sempre ser anuladas por outras leis em interpretações imprevisíveis.
Substituíram as leis por manuais de instruções, o que compromete a livre capacidade de pensar e de decidir dos magistrados
Os códigos de processo e de direito penal têm sofrido alterações de dois em dois anos ditados por interesses sem rosto ou inconsequentes
Vamos substituindo a degradação das contas públicas de um Estado laxista por um Estado fantasma e impotente. O Estado é a raiz do mal, pois matemos o Estado. E com quê? Com mais Estado cobrador, num totalitarismo atípico deslizante.»
A corrupção, em parceria com a fraude fiscal, tende a medrar no túnel das quimioterapias orçamentais.
Despojos de um Estado velho e apodrecido incapaz de se proteger da tempestade e de construir um novo com a ajuda dos seus melhores.Um Estado que morreu.»


CENA IV


Paulo Campos
- Posso dizer que roubei nas PPP mas não roubei sozinho.
Acrescentem aí o Tribunal de Contas, o Ministério das Finanças de Teixeira dos Santos, o crivo do Conselho de Ministros e até o do Presidente da República


OFFSHORES 
- Foram detectados, até ao momento, 22 nomes e 12 companhias offshores associados a moradas em Portugal ou com nacionalidade portuguesa na vasta base de dados de 2,5 milhões de documentos do Offshore Leaks, a maior fuga de informação sobre paraísos fiscais da história do jornalismo e que envolve uma rede de investigação com quase 90 jornalistas de 47 países.


“FACE OCULTA” 
- José Sócrates é o meu protagonista e Noronha Nascimento o meu distinto coveiro.






César & Cª Lda. 
- Pretendo impedir que se crie uma comissão de inquérito para apurar responsabilidades sobre o Processo ‘confuso do encalhado Atlântida´




CENA V


Mário Soares
Tenho a moradia do Vau guardada por quatro elementos da PSP em turnos diários de 6 horas e mais quatro em horario igual, no Campo Grande. Na residência de Nafarros é a Guarda Nacional Republicana que se reveza, também com quatro agentes, de 6 horas em 6 horas. Depois, ainda tenho mais dois agentes da PSP que me seguem, alternadamente, por todo o lado. 
Feitas as contas, estão ao meu serviço 14 elementos destacados. Dizem que é quase como se existisse uma esquadra ou um posto de polícia às minhas ordens...
Durante os anos que ocupei o Palácio de Belém, visitei 57 países (alguns várias vezes como por exemplo Espanha que visitei 24 vezes e a França 21 vezes) num total de 992.809 KM o que corresponde a 22 vezes a volta ao mundo!
Sou uma pessoa diferenciada. Não é qualquer um que pode pisar a bandeira nacional, mandar atirar os colonos brancos aos tubarões, ganhar 65.000€, ter 2 Fundações (uma minha e outra da minha mulher), e outras coisas.


João Jardim 
- Gastar milhões, foi o meu maior prazer. 
Construí 2 heliportos para voos zero, estádios sem valor oficial, piscina que está quase sempre fechada, fóruns sem comércio e sem clientes, marinas sem barcos, túneis colossais para desviar trânsito de vilas sem trânsito, escolas básicas com conservatório de música, campo de golfe apenas para aumentar a dívida da região, praia de areal dourado com pouco mais de 100 metros, uma igreja de milhões para um só credo, Museu da Baleia no Caniçal que custou sete vezes mais, matadouro municipal da Ribeira Brava para a já era evidente diminuição da produção de carne regional, rotunda do Estreito da Calheta…, etc., etc.
Na Câmara Municipal do Funchal, é tudo à grande. Aqui não há austeridade; vou mesmo gastar 11.500 euros num cocktail/jantar


Líquenes 
- Basta!
E se houver um aluvião no Laurissilva, onde estão as infraestruturas de apoios sociais?

Pombo trocaz 
- E porque não há hospitais para os feridos?

Corre-caminhos 
- Sim, e os “esconderijos” da nova vegetação para a nidificação?
A Madeira não é o Dubai, onde só se constrói para ricos!


CENA VI


"KARAS"

- Não. Isto é demasiado bárbaro! 

O nosso papel na luta contra este crime organizado no grande PÂNTANO PORTUGALpelos homens do suposto misterioso Ente, acabou.

Afinal, esse "Ente" é um conjunto, bem visível, de bandos de parasitas instalados que lançam mão de todos os expedientes para manterem a actual situação de total descontrolo.
São ladrões descarados, sem vergonha, cínicos, insolentes.





A nossa sagacidade não consegue demover a ganância de tantos lobos insaciáveis com estômagos descomunais que comem ovelhas sem parar. E engordam, engordam…

O que acontecerá quando não houver mais ovelhas para comer? Os lobos acabarão por morrer também…

Só assim se extinguirá a corrupção institucionalizada na classe política, nas câmaras municipais, nas freguesias, no Ministério da Justiça, no mundo da “Moneycracia”.



Irmanados por um destino comum, só a morte resolverá todos os conflitos;
a não ser que haja, como no ano 410 da nossa era, uma outra "queda de Roma", uma implosão civilizacional da Europa. 

Nenhuma sociedade resiste ao egoísmo e individualismo, ao desvanecimento da virtude, do respeito pela lei, do sentido de grandeza.


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terça-feira, 29 de outubro de 2013

FRAGMENTOS DO PORTUGAL SINGULAR


No dia 22 de Setembro, com temperaturas próximas das médias mais altas registadas nos últimos anos, o Outono chegou quente. E seco.
Porém, a sul, na passada sexta-feira, as nuvens desfizeram-se em pancadas de chuva que foram transformando ruas em ribeiros, calçadas em poças de lama e degraus em armadilhas até a água, a serpentear por entre a areia da praia, encontrar o mar.




Chuva passageira.



No dia seguinte o sol regressa e tudo se agita de novo num ruído pouco distinto em coloridos fatos de banho como se o Verão apenas se tivesse retraído por cortesia.

Portugueses, espanhóis, franceses, alemães, outros e sobretudo muitos ingleses, misturam as vozes e o convívio dispersados pela esplanada, miradoiro, areia, rochas e ondas a tombar ininterrupta e suavemente na praia.

De frente para o mar, no miradoiro, um pequeno grupo de canadianos de língua francesa, ora sentados no muro ora nos bancos de jardim, desfrutam o mar e as características das rochas:


- De ce point de vue, nous pouvons profiter d'une belle vue panoramique sur la mer. C´est possible d'identifier les caractéristiques des roches qui encadrent la Plage.
Une couleur noire devrait être principale; le Black Rock -  vous savez ? C´est une formation de roche volcanique au milieu d’une autre composition calcaire et, par conséquent, sa couleur sombre se détache
- Voie, les eaux sont calmes et limpides…


Numa das esplanadas em baixo, sobre a praia, à volta de duas mesas, nativos e ingleses residentes falam da história do local (Um dos casais, com dois cães rafeiros presos por coleiras, bebe chá e outros comem fish and chips...):

- The 1755 earthquake destroyed much of the Algarve. Tremors of destruction felt everywhere and led to the loss of many important buildings
- Yes…
-The Algarve has become much more important for the findings being used as one of the main ports of departure. The Algarve was part of the maritime adventures and occupation of African territory.

- But the beach…
- It is a magnificent beach with its soft sand bank, framed by cliffs and geodesic, white houses and the palm trees.
- The beach itself is divided into two parts, one with fine white sand, characteristic of the region, and the other with rocks.
Very nice ...very nice …

 -Ever heard of the German submarine?
Wilhelm Krag is one of four ships sunk off the coast of Algarve Beach 1917 by the German submarine in full World War.
The German submarine chased and sank off the coast of the Algarve two freighters Danes, the other Norse, plus a French vessel.
L'épave sert de refuge à de nombreuses espèces de la faune marine
- I see...

Outros residentes e turistas comem gelados e bebem refrescos, cocktails coloridos, bebidas espirituosas.

- Nos reunimos con el traje discoteca por la noche?
- Llega incluso un helado?
- Adiós, entonces.

Jovens pais e crianças muito loiros e brancos, pouco vestidos, deslocam-se pela praia e pelas ruas da freguesia.

O sol começa a desaparecer. 
Para trás fica um belíssimo dia de Outono algarvio.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

NOTA ESCRITA - TESTEMUNHO


Van Gogh, Noite Estrelada


A 14 de Outubro passado, o “sistema irreversível de cessação das actividades biológicas necessárias à caracterização e manutenção da vida não deixou que M.J.M.P. completasse 90 anos dentro de muito poucos dias.

Filha de Pai militar e de Mãe de nacionalidade francesa tinha uma personalidade marcante e aspecto altivo. Era determinada, optimista, exigente, carismática, elegante, senhora.
Nos que lhe eram menos próximos, suscitava simultaneamente sentimentos de alguma intimidação e respeito.
Lembro-me de ter sido o que senti quando ingressei na Escola onde me formei e da qual era Directora. Demorei mesmo a dissociá-la, enquanto aluna, dessa imagem - ideia que penso ter sido partilhada por outros.

Pouco tempo depois, talvez num "processo de selecção por competências", fui convidada para colaborar na equipa do corpo docente.
A proximidade e o contacto passaram a ser diferentes. Todavia, de início, apesar da particularidade que caracterizava a nova situação, o “mito” continuou a persistir até ter assimilado a minha nova categoria e a diferença de idades.

Mas com o decorrer do tempo, fui descobrindo nobreza de alma, amizade, companheirismo, sinceridade, confiança.



Como líder, visava dirigir as pessoas dando-lhes responsabilidade e liberdade no trabalho, delegava, reunia regularmente para ouvir opiniões e aplaudia iniciativas.
O trabalho progredia com respeito, confiança, envolvimento pessoal e entusiasmo de maneira suave e espontânea, mesmo quando estava ausente.




Fomos duas boas companheiras em Inglaterra numa visita de fim de curso de um grupo de alunas, percorremos alguns outros lugares pelo País num agradável convívio entre colegas e fez várias vezes de anfitriã na casa de praia de familiares seus.
Apesar de parca nos elogios sentia-se que, além de apreciar o nosso trabalho, também se interessava pelas pessoas noutros pormenores dizendo por ex., com uma certa ternura: “ A F.T. podia procurar tirar um enorme partido da expressividade dos olhos…”

E assim corriam os dias, enquanto o grupo de docentes era restrito.

Porém, à medida que a Escola ia crescendo, tornava-se necessário recrutar novos colaboradores, baseando a escolha na clareza sobre o que seria  fundamental procurar-se no candidato para preencher uma determinada posição na equipe, sem que “o barulho da opinião dos outros” abafasse o objectivo.
 “Um verdadeiro chefe não necessita de testes psicológicos nem de informações para escolher os seus colaboradores. Todos os grandes homens são dotados de intuição.” Alexis Carrel

Pelo que atrás descrevi, M.J.M.P. era “uma verdadeira chefe”.


Mas passou a haver um tempo em que me pareceu ter perdido feeling, sabedoria e colaboração para escolher pessoas.
E a necessária mútua confiança inicial para que todas os pareceres se pudessem manifestar nessas deliberações, deu lugar a uma falta de abertura quando o grupo se reunia.
Foram entrando candidatos sem as evidentes competências, previamente definidas e consideradas fundamentais para o desempenho no cargo em questão.

Como pessoa de bem, apenas confiava...



... Jamais imaginando que, na “revolução dos cravos”, seriam exactamente esses a quem deu crédito, os "não mentalmente aceites" por alguns dos primeiros colaboradores, que a viriam a trair, humilhar, desalojar e demitir, transformando a Escola num local desagradável, sem dignidade e de muita espécie de abusos (apelidados de “liberdade”).









Porque não me foi possível dizer-lhe um último adeus, expresso aqui, desta forma, o meu testemunho de estima e respeito.




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sábado, 19 de outubro de 2013

OUTONOS


OUTONO - Uma das estações resultantes da inclinação do eixo de rotação da Terra e do movimento de translação, que sucede ao Verão e antecede o Inverno.

Relações entre o Sol e a Terra

                                                                      
Geralmente o clima começa a arrefecer. Porém, este outono tem sido o prolongamento do Verão considerado um dos mais quentes dos últimos 80 anos. Seria expectável uma descida das temperaturas e alguma precipitação, fenómenos que não se têm verificado.
Sente-se a falta do cheiro a terra molhada depois das chuvas


OUTONO - Fim das férias e a Escola/conjunto de regras/relação professores -alunos.

A substituição do lazer, do descanso e do recreio, pela responsabilidade e pelo trabalho.
A adaptação escolar de pais e filhos a um ambiente desconhecido e diferente; a insegurança e ansiedade numa mudança de escola; o ingresso no ensino superior
Se todo o ano fosse de férias alegres, divertirmo-nos tornar-se-ia mais aborrecido do que trabalhar” - William Shakespeare


OUTONO - Preparar a hibernação




   Arganaz e morcegos                                                                                  

Alguns animais vivem em zonas onde o Inverno é rigoroso e as condições de sobrevivência são muito difíceis.
No Outono consomem muitos alimentos que ficam armazenados no corpo sob a forma de gordura.
Para sobreviverem, entram num estado de adormecimento e de sono profundo, limitando ao mínimo as actividades do organismo - respiração reduzida, temperatura corporal baixa e constante, frequência cardíaca diminuída, funções metabólicas no mínimo - para poupar energia.
Acontece com marmotas, cobras, esquilos, lagartos, tartarugas, ouriços, morcegos, ratos silvestres e hamsters, além de outros.
Só deixam a hibernação quando chega a Primavera e a temperatura do ar sobe.
As abelhas metem-se nas colmeias e os zangãos, alimentados pelas operárias, são expulsos quando há falta de alimento, morrendo de fome. 



OUTONO - Época de caça



                                                                 Caça associativa- peças abatidas em 2 largadas

A caça é hoje mais encarada como um Desporto do que uma como actividade para garantia da sobrevivência humana.
São considerados animais de caça a raposa, o coelho bravo, a lebre, a perdiz vermelha, o tordo, a codorniz, o veado, a rola, o javali, o porco preto e outros.
Existem várias zonas de caça associativas, municipais e turísticas, estando toda a sua área praticamente ordenada em termos cinegéticos.
Onde não há agri­cul­tura não há caça. Não há nen­hum bicho que se ali­mente do eucalipto. As perdizes precisam das sementeiras, os tordos das boas azeitonas…, diz Francisco Sousa Tavares


OUTONO Migração

As aves seguem sua viagem em revoadas e bandos por milhares de quilômetros
- A migração de pássaros na Coreia do Sul e Ganso selvagem em migração

Milhares de aves percorrem, voando, longas distâncias entre diversas partes do mundo. 
As aves que surgem no inverno passam a primavera e o verão nas áreas de reprodução, mais a norte e, no outono, descem até à nossa latitude - lugre, felosinha, tordo e outras.
As que só aparecem em Portugal na primavera e no verão e estão ausentes no Inverno, fazem migração no Outono, e vão passar o Inverno a África - andorinhas, cucos, papa-figos, etc.
As que apenas passam por Portugal porque faz parte da sua rota migratória - felosa-das-figueiras, felosa-musical, papa-moscas-cinzento
A migração das aves é um fenômeno complexo e fascinante que acaba por tornar-se numa medida de sobrevivência das espécies mais frágeis (a maioria migra para procurar alimentos -insectos, frutos, sementes) apesar de algumas morrerem durante o voo.


OUTONO - Vindimas
Vindimas no Douro e em Biscoitos, Terceira, Açores 

As vindimas representam uma época do ano singular em Portugal. Abrange todas as atividades que decorrem entre a apanha da uva e a produção do vinho.
Em tempos passados, o trabalho da colheita das uvas era visto como uma autêntica celebração. Familiares e amigos reuniam-se e ajudavam-se nas vindimas uns dos outros. As uvas eram transportadas em carros de bois para os lagares onde eram pisadas pelos homens, de calças arregaçadas, formando uma roda e dando os braços, ao ritmo de cânticos cadenciados acompanhando os movimentos de vai-vem.
 Atualmente procura-se manter esta tradição embora os carros de bois tenham dado lugar aos tractores e as uvas, outrora levadas para os lagares, sigam para as adegas onde, com recurso a equipamentos mecânicos, são transformadas em vinho. 
Até ao lavar dos cestos (ou dos baldes de plástico ...), é festa!
Um pouco por todo o Portugal vinhateiro celebram-se as vindimas e o vinho. E para muitos visitantes, podem ser mesmo um momento de lazer e uma experiência única.


OUTONO S. Martinho e Magustos



Por toda a Europa os festejos em honra de S. Martinho estão relacionados com o cultivo da terra, o vinho novo e a água-pé, sobretudo nos países do sul.
Pensa-se que a origem do magusto está num antigo sacrifício em honra dos mortos.
Para os adeptos das tradições, no dia 11 de novembro fazem- se magustos mais ou menos alargados com as primeiras castanhas do ano, assadas em fogueiras ao ar livre ou no forno, acompanhadas de vinho novo, jeropiga, vinho do Porto ou água-pé.
É uma festa de amizade e confraternização, de cheirinho a castanha assada e dos saltos sobre a fogueira 


OUTONO - Época propícia para a colheita de frutos


Além das uvas e das castanhas, destaque ainda para dióspiros, marmelos, gamboas, algumas variedades de figos mais tardias, romãs, tângeras, maçãs, pêssegos, nozes, avelãs, quivis, laranjas e peras.
Nascem as amoras no silvado…

“Uma maçã por dia dá uma vida sadia”
 Reinventá-la nesta estação, quer como aperitivo quer como sobremesa.


OUTONO Novos pobres comem com os sem-abrigo


A população dos sem-abrigo passou a integrar, neste Outono, ex-operários da construção e um ou outro idoso, dizem os técnicos no terreno. 
Nas filas para as ceias sociais, assiste-se hoje a uma invasão de famílias famintas.
Podem ter tecto precário, um quarto partilhado, mas enfrentam dificuldades tais que vêm pedir refeições quentes. Chegam famílias inteiras", diz o responsável, na véspera do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza.
"Com o agravar da crise, a curto e médio prazo, estas famílias podem tornar-se sem-abrigo", referiu também Paula França, coordenadora do Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo (NPISA), do Porto


OUTONO - A suavidade das cores

As folhas das árvores abandonam o verde e brindam-nos com uma bela paleta de amarelos e castanhos, a que se juntam tons laranja, vermelho e roxo.
Nas plantas de folha caduca a produção de clorofila pára e o tom verde desvanece, permitindo assim que se vejam outros pigmentos também presentes nas folhas. Os pigmentos de caroteno dão-lhes a coloração amarela dourada. A síntese de antocianinas no final do verão cria os tons avermelhados.
A mistura de cores do Outono depende muito do estado do tempo. As mais brilhantes são obtidas com dias secos e ensolarados seguidos de noites frias.


O verde-esmeralda foi eleito a cor do ano.
Além dos tradicionais preto, cinza e marrom usados no inverno, algumas outras cores destacam-se no outono/inverno de 2013 - Açai, verde tília, azul-cobalto, azul índigo, azul mykonos, laranja, bordô, púrpura, samba-vermelho, vermelho, tangerina, pardos, verde tropa, carafe, turbulence, koi, vivacious, neutros e branco.

As cores dos frutos amadurecidos…



Amarelos e alaranjados - abóboras...
Castanhos - as castanhas...
Vermelhos e azulados - amoras, groselhas, mirtilos, diospiros, romãs...
Roxos - uvas, figos...
Verdes - espinafres, acelgas, nabiças


OUTONO - Melancolia, nostalgia

"Dia de Outono", 1879, óleo de Isaac Levitan
e "Dia de Outono" de Kaminagai

Sendo tempo de colheita, abundância, regozijo, infinidade de cores e incontáveis matizes nos pinheiros e carvalhos, o Outono não deixa de ser tratado como símbolo de um triste ocaso. Os dias passam a ser mais pequenos, o céu vai ficando cinzento, os ventos começam a soprar e o frio vai-se fazendo sentir!...
Poeticamente marca as etapas de transformação da vida, a reciclagem dos elementos da Natureza e também das emoções humanas. É o símbolo de uma fase de transição pelas suas características principais - queda das folhas das árvores, nuances amarelas e vermelhas, tom cinza do céu, frutos amadurecidos caindo na terra, dos galhos pendentes.

É nesta estação que as árvores, pródigas em beleza, servem de inspiração para pintores, fotógrafos, escritores, cantores ...





” Les Feuilles Mortes
"Passe l'automne vienne l'hiver"
Jacques Prévert 



Ir, vir
Ir. Manhã, ar fresco, paisagem nova.
Vir. Tarde. Hora dos poetas, dos que não cantam e passam pelas coisas apenas gozando, surpreendidos e ternos.
Se em cada lugar da terra eu perdesse a minha humana essência, aquilo que me iguala ao que é e ao que foi!
Nesta hora divina, nesta formosa tarde como ser?
Que me tentava?
Não sei.
Terra, luz, ar, amenidade indizível!

João Falco (Irene Lisboa)
In Outono havias de vir, Seara Nova, 1937


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