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Passaram cinco anos sobre a sensacional notícia publicada
pelo DN, 27 de Setembro de 2012:« A Igreja de Santa Maria Madalena, em
Olivença, único lugar de culto espanhol de estilo manuelino, foi eleita "O
Melhor Recanto de Espanha 2012", num passatempo promovido pela petrolífera
Repsol». "Rica em azulejos e em motivos
decorativos marítimos que remetem para a época dos Descobrimentos portugueses,
a Igreja de Santa Maria Madalena (Estremadura) é visitada diariamente por
centenas de turistas".(Expresso).
Para o Grupo dos Amigos de Olivença, a escolha representa uma “indecorosa tentativa de legitimação da ocupação do território de Olivença junto da opinião pública portuguesa”. (Público)
Para o Grupo dos Amigos de Olivença, a escolha representa uma “indecorosa tentativa de legitimação da ocupação do território de Olivença junto da opinião pública portuguesa”. (Público)
Na altura, depois de alguma investigação no
Google, fiz um poste a que também dei o título de “O melhor recanto de Espanha 2012” e,
como não conhecia, projetei uma provável visita para quando oportuno.
Com o céu um pouco nublado, vento fraco e nevoeiro persistente, as
condições meteorológicas predominantes não eram as mais favoráveis para gandear
naquela tarde de sábado, 6 de Janeiro. Mas era Dia de Reis e, em Espanha,
feriado nacional. É costume haver crianças espanholas na rua com os novos presentes “oferecidos” na noite do dia 5 pelos três Reis Magos, Belchior, Baltazar e Gaspar.
Olivença, a 236 Km de Lisboa foi, assim, a opção.
A ligação entre Elvas e Olivença
(Olivenza) faz-se por uma ponte sobre o Guadiana
construída em 2000 ao lado das ruínas da antiga Ponte
da Ajuda.
Parcialmente
destruída pelo exército castelhano com barris de pólvora em 1709, a maior
ponte-fortaleza da Europa foi projectada por Dom Pedro I de Portugal para assegurar a logística da povoação que se encontrava isolada no
interior do território castelhano mas só em 1510 é que Dom
Manuel I ordenou o arranque da grandiosa
obra de engenharia militar com 380?/390? metros de extensão, apoiada sobre
19 arcos, com 5 metros de largura, 15 metros de altura
e defendida por um sólido torreão erguido no centro.
A cidade (ainda chamada vila), está bem conservada, é bonita, repleta de marcas históricas lusas, muito portuguesa/alentejana com casas de alvenaria, cal, cantaria e imponentes chaminés.
Portugal ou
Espanha?
Nota; O VÍDEO foi retirado por?
A cidade (ainda chamada vila), está bem conservada, é bonita, repleta de marcas históricas lusas, muito portuguesa/alentejana com casas de alvenaria, cal, cantaria e imponentes chaminés.
Porém, nada mais do que isso.
Não havia crianças na rua e os poucos adultos vagabundeavam, solitários, de semblante meio desconfiado e tristonho, falando parcamente um português espanholado ou vice-versa. Um pequeno arraial na praça principal com música sem qualidade, era a única marca de festa.
Não havia crianças na rua e os poucos adultos vagabundeavam, solitários, de semblante meio desconfiado e tristonho, falando parcamente um português espanholado ou vice-versa. Um pequeno arraial na praça principal com música sem qualidade, era a única marca de festa.
Os nomes das ruas, topónimos e referências históricas estão mudados. A maioria dos brasões foi arrancada e os os símbolos de
Portugal destruídos.
Ruas de Olivença, desertas - 6.1.2018
Por ser feriado, os monumentos estavam fechados. Quanto a exteriores, assinala-se o Castelo, a Igreja de Santa Maria Madalena, a Igreja de Santa Maria do Castelo, a atual sede do ayuntamiento com a sua porta manuelina e outros pormenores
O Castelo, que ficou bastante danificado durante a Guerra
da Independência Espanhola (1808-1814), esteve abandonado durante vários anos.
Recuperado em 1975 passou a ser a sede do Museu Etnográfico da cidade.
As Igrejas de Santa Maria Madalena (antiga Sé da Diocese de Ceuta) e de Santa Maria do Castelo
Torre de Menagem do castelo medieval e Brasão dos Duques de Cadaval
Actual sede do ayuntamiento com
a sua porta manuelina e uma mostra das muitas casas apalaçadas
Espanha é bulício,
gente divertida, bem-humorada e vistosa, de movimento, de conversas audíveis e altiva.
Portugal
alentejano é gente independente, alegre embora de feições duras, sobranceira no
olhar, um tudo-nada desconfiada, de quadras brejeiras e muito agarrado à terra…
Logo, na época actual, os habitantes de Olivença não se "encaixam" em qualquer dos países.
Logo, na época actual, os habitantes de Olivença não se "encaixam" em qualquer dos países.
Direi que a cidade parece mais um lugar de cativeiro onde se disfarça a nostalgia duma identidade perdida.
Os contactos entre as gentes de ambas as margens do Guadiana, são diminutos. A alfabetização (só em espanhol) na época de Franco provocou um sentimento de inferioridade nos luso falantes; tudo foi espanholizado desde as ruas, às letras da música popular, aos apelidos. Até os termos hipocorísticos (afectivos) portugueses estão sendo substituídos pelos espanhóis ( Zé por Pepe ou Chico por Paco, por ex.). No entanto, as alcunhas continuam a denunciar a origem... A entoação oliventina é mais exclamativa e de tom mais elevado do que a estremenha em geral. Hoje já se estuda português na escola primária, mas como língua “estrangeira”
Enfim, partindo de todas estas coisas, circunstâncias e factos, acho que os oliventinos se sentem (e são) tratados como rejeitados na sua própria terra; sofrem o complexo incutido duma história (portuguesa) de ideias e valores inferiores.
Penso que, depois desta constatação, antes ser oliventino português (talvez com nível de vida menos elevado) do que oliventino espanhol tratado com desdém, achincalhado. Há muitas Espanhas dentro de Espanha. Nós somos um país uno de “patriotas e nacionalistas enraizados a um nível de tal maneira profundo” (Luís Miguel Rocha) que os oliventinos não conseguem apagar.
Segundo (PERDIDOS E ACHADOS - Portugueses de Olivença), numa reportagem feita pela SIC no Jornal da Noite de 29 de Maio de 2015, os oliventinos dizem que "os portugueses podem ter esquecido Olivença, mas os oliventinos não esqueceram Portugal. Tanto assim que muitos estão a pedir a nacionalidade portuguesa e a aprender a língua dos avós."
Os contactos entre as gentes de ambas as margens do Guadiana, são diminutos. A alfabetização (só em espanhol) na época de Franco provocou um sentimento de inferioridade nos luso falantes; tudo foi espanholizado desde as ruas, às letras da música popular, aos apelidos. Até os termos hipocorísticos (afectivos) portugueses estão sendo substituídos pelos espanhóis ( Zé por Pepe ou Chico por Paco, por ex.). No entanto, as alcunhas continuam a denunciar a origem... A entoação oliventina é mais exclamativa e de tom mais elevado do que a estremenha em geral. Hoje já se estuda português na escola primária, mas como língua “estrangeira”
Penso que, depois desta constatação, antes ser oliventino português (talvez com nível de vida menos elevado) do que oliventino espanhol tratado com desdém, achincalhado. Há muitas Espanhas dentro de Espanha. Nós somos um país uno de “patriotas e nacionalistas enraizados a um nível de tal maneira profundo” (Luís Miguel Rocha) que os oliventinos não conseguem apagar.
Segundo (PERDIDOS E ACHADOS - Portugueses de Olivença), numa reportagem feita pela SIC no Jornal da Noite de 29 de Maio de 2015, os oliventinos dizem que "os portugueses podem ter esquecido Olivença, mas os oliventinos não esqueceram Portugal. Tanto assim que muitos estão a pedir a nacionalidade portuguesa e a aprender a língua dos avós."
O corolário dessa reportagem é assim apresentado:
- "Nós fomos portugueses antes, e já seguimos falando [=continuámos a falar] o português. (...) É o nosso, aqui, falar o português! (...) Nós seremos portugueses já até que morramos. (...)
- Então vocês são espanhóis... portanto... espanhóis diferentes?
- Nós somos espanhóis... espanhóis portugueses, porque falamos à portuguesa! É o único, nada mais
- "Nós fomos portugueses antes, e já seguimos falando [=continuámos a falar] o português. (...) É o nosso, aqui, falar o português! (...) Nós seremos portugueses já até que morramos. (...)
- Então vocês são espanhóis... portanto... espanhóis diferentes?
- Nós somos espanhóis... espanhóis portugueses, porque falamos à portuguesa! É o único, nada mais
Nota; O VÍDEO foi retirado por?