Número total de visualizações de páginas

domingo, 13 de janeiro de 2013

ALFREDO ROQUE GAMEIRO - 2



Como admiradora e apreciadora de Roque Gameiro - Homem e Obra - resolvi ir difundindo com alguma regularidade neste meu bloguezinho a AGUARELA de “pergaminhos de nobreza” do mais importante aguarelista português.
Quase no início, quando aqui comecei a juntar letras, ao dedicar-lhe um dos meus postes, constatei o interesse de muitos curiosos (?) / conhecedores (?) deste tipo de Arte.
E agora, a ideia ocorreu-me após a recepção ocasional de um e-mail de MALEMA sobre o Artista - aguarelas de Lisboa Antiga.

Para destacar a grandeza do aluno de Bordalo Pinheiro, plagio Fernando Pamplona em Dicionário de Pintores e Escultores Portugueses - Livraria Civilização Editora:

“Desde que obteve, em 1891, na 1ª Exposição do Grémio Artístico, uma 3ª medalha, o grande mestre aguarelista não cessou de coleccionar triunfos: 1ª medalha em aguarela e em desenho no Grémio Artístico (1897-1898); medalha de honra na Sociedade Nacional de Belas-Artes (1910); medalha de ouro do Salon de Paris (1900);grand prix, na Exposição Internacional do Rio de Janeiro (1908); medalha de honra de 1ª classe na Exposição Internacional de Barcelona (1924); grande prémio na Exposição Internacional Comemorativa da Independência do Brasil. Em 1923, foi eleito membro da Real Academia de Belas-Artes de S. Fernando, de Madrid – distinção raras vezes concedida a artistas portugueses”.


O artista distinguiu-se essencialmente como desenhador litográfico, ilustrador de publicações e pintor aguarelista.

Desenhador litográfico

Foi ainda como aprendiz de litógrafo que Gameiro iniciou e desenvolveu os seus conhecimentos neste assunto.
Começou por desenhar e litografar rótulos para caixas de fósforos, de vinhos, de conservas, de bolachas, de graxa, mas executou também estampas, retratos, cromos e cartazes.

                                 RAFAEL BORDALO PINHEIRO -Caricatura
                                    Aguarela colada sobre outra,1885
                              

Torneio realizado no Hipódromo de Belém no dia 24 de Abril de 1892, Cortejo de Entrada 

Feira Franca, na Av. da Liberdade, antes da atual Praça Marquês de Pombal, 1898


«Álbum de Costumes Portuguezes», lançado após a sua estadia em Leipzig, tinha então 24 anos.

Costumes portugueses
Estudo para o vira 2 e Merciaria

Em 1888, na «Exposição Industrial Portugueza», Lisboa:


Praia da Caparica e Cenas de caça

O carroção e Procissão

Imagens Google

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

MUNDO RURAL PORTUGUÊS ATÉ À DÉCADA DE 60


    SILVA PORTO - A volta do mercado          SILVA PORTO - Guardando o rebanho


Antes de a eletricidade ter chegado às aldeias, o modo de vida da comunidade não deve ter-se modificado muito durante várias décadas.


O Sol marcava o ritmo; a força braçal e dos animais cultivavam a terra; os agricultores e famílias faziam a maioria dos produtos; o azeite e o petróleo eram os combustíveis usados na iluminação; o forno comunitário não tinha tempo para arrefecer; predominavam os rebanhos de ovelhas e cabras, as vacas leiteiras e as aves de capoeira; praticava-se a troca de mão-de-obra em tarefas como ceifas, sementeiras, debulhadas, vindimas, matanças, recolha dos fenos, desenterrar batatas; as pessoas deslocavam-se a pé, a cavalo, de bicicletas “pasteleiras”, de carroça ou de carro de bois; a roupa era lavada nas ribeiras ou lavadoiros públicos; a água para os banhos em grandes bacias tinha que ser aquecida em caldeiros ou em panelas; o ferro de engomar enchia-se com brasas; a braseira aquecia alguns compartimentos e os pés debaixo das mesas; só havia fogões a lenha e a lareira onde se acendia o fogo, era o local principal e indispensável para cozinhar, fazer o borralho, secar os enchidos, aquecer a água e as casas.

Para além da agricultura e da pastorícia havia também as necessárias ocupações (complementares ou principais) muitas vezes em parte-time: ferreiro, carpinteiro de instrumentos agrícolas/obras diversas, barbeiro, costureira, negociantes de gado/ produtos da terra, moleiro, tosquiador, taberneiro e lojistas além de outras como farmacêutico/a, médico "João Semana", relojoeiro, vendedor de peixe conservado em sal, carteiro, calceteiro, professor/a, pedreiro, empregado/a dos CTT, chefe de estação dos caminhos-de-ferro/agulheiro, etc.
Vista do Sabugal em finais do século XIX

Tudo isto sustentou e caracterizou o mundo rural português até finais dos anos 50.

A década de 60 deve ter sido a que representou o marco de viragem para a melhoria das condições de vida das populações da grande parte das aldeias com a instalação da electricidade e do gás canalizado.

Apareceram os aparelhos eletrodomésticos - frigoríficos, esquentadores, fogões aquecidos a gás ou electricidade - televisão, mais automóveis e motoretas, maiores facilidades para a higiene e esgotos, motores de rega, tractores, máquinas debulhadoras e segadeiras.
A emigração teve também um papel preponderante na evolução da estrutura socioeconómica com eventos, transferência de dinheiro e novos hábitos de vida.
Para Manuel Villaverde Cabral, a emigração “subverteu profunda e irreversivelmente os valores, as aspirações, as atitudes e os comportamentos dos campos”.

Como contemporânea que fui dos muitos momentos dessa época, individualizo alguns: 

Ferro de engomar

É chamado ferro porque começou por ser apenas uma barra pequena e achatada de forma triangular, com as extremidades arredondadas; e de engomar, porque na época era de etiqueta passar goma com água em saias plissadas, colarinhos, camisas masculinas, aventais e cristas das empregadas internas, por ex.






Mais tarde apareceu outro modelo que se tornou mais tradicional. Tinha um orifício largo na frente por onde entrava o ar/vento que mantinha aquecidas as brasas no interior. Para as avivar, havia vários processos - agitando um abano de palhinha, colocando o ferro no chão junto de uma porta bem ventilada, balançando-o em arco ou, simplesmente, soprá-las.
Só se começava a passar a roupa quando o metal ficava bem quente.




Lareira

A lareira era o “coração” da casa, na minha Aldeia. Toda a família se sentava em redor.
Em tempos recuados, na casa dos meus avós, havia um escabelo - banco comprido e largo, de madeira, constituído por uma caixa onde se colocava a lenha e por uma tábua de encosto a todo o comprimento, junto a uma das paredes da cozinha.

Presentemente, além de cadeiras vulgares, ainda há pequenos bancos toscos com um orificio na parte superior que serve de pega.


(Semelhante, mas com arca por baixo); pequenos bancos

As paredes laterais da chaminé estão unidas por uma pedra horizontal atrás da qual se encontra a pilheira onde se depositam as cinzas ou o borralho que resta.
Havia panelas de ferro fundido com três pés, de vários tamanhos, estrategicamente colocadas à volta da fogueira, onde eram cozinhados todos os alimentos com aromas e sabores jamais comparáveis.
Na parte da frente da chaminé permanecia uma argola onde se fixava uma corrente regulável que prendia os recipientes para aquecer água.



A lareira aquecia, iluminava, cozia, assava, defumava e animava o cavaqueio.

Penso que este tipo de lareira é mesmo de raiz beiroa e que a origem teve a ver com a arte de fumeiro. 
As de Trás-os-Montes são parecidas mas maiores.

Hoje as panelas e os ferros de engomar a carvão são usados como vasos para cultivar plantas e flores decorando varandas, interiores, balcões e jardins.


Braseira 

A braseira é um utensílio (bacia) de cobre, latão ou lata com duas pegas, onde se colocam brasas para aquecer um aposento no inverno ou os pés debaixo de uma mesa.
Era encaixada no orifício de uma base (estrado) de madeira ligeiramente elevada, em forma de hexágano, onde se apoiavam também os pés. As brasas (borralho) mantinham-se acesas com um abano. 
Produziam pouco calor e causavam ligeira dor de cabeça.






Também no meu Colégio havia braseira
Para aquecer, na sala, a turma inteira
E um saco de água quente, azulinho
Envolto num cobertor bem fofinho
Para os distintos pés da professora
“Chocarem” na melhor "incubadora".

Ao tocar da sineta pró intervalo
Deixava sair todas de embalo
E corria atrás da secretária
Rodando prá esquerda, solidária,
A rolha do saco aconchegado
Pró senhorio manter agasalhado
     
Lá se abriu o saco outra vez!
Dizia agastada com placidez
A Dona Elizinha, também “Menina.”
Vou já chamar a Irmã Bernardina…
- Que bom ter mais um tempinho 
Ainda que sem burburinho!

E em ritmia,
O borralho virava cinza
A aula degenerava em cinza
O Inverno continuava cinza
O segredo não saia da cinza.
Quase magia!


Fogão de ferro a lenha

Os primeiros fogões de ferro ou de cobre devem ter sido introduzidos em Portugal pelos residentes ingleses no final do século XVIII.

Na casa dos meus pais também havia um fogão de ferro fundido, não muito grande, a lenha de cepa de pinheiro, penso. Tinha uma chaminé que  comunicava com a chaminé principal. Era uma espécie de móvel com um compartimento para o fogo e um forno central; no topo ficavam as panelas. Não me recordo se também possuía alguma caldeira para água quente.
Era usado em simultâneo com a lareira.




A compra de um fogão a gás engarrafado ditou o abandono do velho fogão-a- lenha por não haver espaço para ambos - A cozinha, assim como toda a casa, tinha sido reduzida em consequência de desentendimentos, na altura, numa partilha hereditária.

E com ele se foi também um pouco da minha meninice porque era lá que apareciam as prendas de Natal 



Imagens Google

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O BANQUETE DE NATAL DO FMI


Este é Mondo Cane

Ao ter-me sido enviado o e-mail sobre o Banquete de Natal do FMI, a indignação desafiou-me a partilhar mais esta perversão barbárie -, acrescentando-lhe algumas observações/comentários.



16/11/2012
«Os países pobres podem enfrentar dificuldades de financiamento "insustentáveis", devido ao impacto da crise económica e à redução da ajuda internacional», alertou o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Christine Lagarde


«O FMI autoproclama-se como uma organização de 187 países, trabalhando por uma cooperação monetária global, assegurar estabilidade financeira, facilitar o comércio internacional, promover altos níveis de emprego e desenvolvimento econômico sustentável, além de reduzir a pobreza»
Wikipédia

Resultados da política de austeridade do FMI

Argentina - Queda da actividade económica, recessão generalizada, queda das receitas fiscais, aumento do défice do Estado e da dívida pública.
Com a subida ao poder do populista de esquerda Nestor Kitchener, durante quase um ano, a Argentina viveu momentos dramáticos com fome, sem dinheiro nos bancos e um desespero generalizado.

E na Grécia, em Portugal, e também em Espanha, Irlanda ou Itália? Esmagados entre uma brutal austeridade e a impossibilidade de desvalorização cambial, vão-se afundando numa espiral depressiva - "a armadilha da dívida e da deflação" (em linguagem de economia).

O FMI é conhecido por impor programas de cortes de gastos que podem incluir redução no número de funcionários públicos e/ou respectivos salários, subida de impostos e alterações nos regimes de pensões e por assegurar o poder da sua burocracia.

Em Portugal, digo eu, devia preocupar-se com os milhões que não lhe interessa ver porque, impor por impor, pelo menos " ... além de reduzir a pobreza".


Para que serve, na realidade, o FMI?

Banquete de Natal do FMI

Ofereceu de tudo, menos austeridade

24/12/2012 10:54
Por Redação, com agências internacionais - de Washington


"Poul Thomsen, executivo do FMI, sugere a demissão em massa de funcionários públicos gregos, entre uma mordida e outra no coquetel de caviar
O recente banquete oferecido para 7 mil funcionários e convidados na sede do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington durou das 20h até à 1h da madrugada e custou 380 mil euros aos cofres da instituição que cobra dos países pobres cada vez mais cortes nos benefícios às populações carentes e trabalhadores de baixos salários. O menu, de quatro páginas, anunciava entradas de caviar, salmão e ostras, cozinha de cinco países, bebidas à vontade.
No jantar do FMI para o Natal, houve de tudo, menos austeridade. Já sabemos que a entidade lucra tanto mais quanto melhor esmaga os países que caem na rede dos seus empréstimos (só com a Grécia, este ano, espera obter de juros US$ 899 milhões, lembra o diário norte-americano Washington Post), mas começa a ser marca registada do Fundo deixar bem marcado que aqueles que forçam os outros a ser austeros distinguem-se por fazer exatamente o oposto.
O menu indicava que as entradas foram servidas entre as 20h e as 21h30 no 1º andar da sede e incluía uma lista de seis acepipes onde não faltaram os tradicionais Caviar Crème Fraiche, as ostras e o salmão defumado. Os comensais podiam depois escolher entre as “estações” indiana, tailandesa/vietnamita, mediterrânica e do Médio Oriente, espanhola, mexicana e até “norte-americana”, espalhadas pelos diversos andares e salões de dois edifícios.
Os cocktails especiais tinham nomes como Cumprimentos do Paraíso, ou Mr. Grinch (?). E as sobremesas foram as mais variadas, de fina pastelaria francesa, bolos e frutas. O jantar, em dólares, chegou aos US$ 500 mil.
Não é novidade que o Fundo se oriente por regras opostas àquelas que prescreve para os que supostamente ajuda. Veja-se o caso do alto funcionário Poul Thomsen, dinamarquês que já chefiou a missão do FMI para Portugal e agora está à frente da missão para a Grécia. O homem que mais defendeu a proposta de aumentar o horário de trabalho em meia hora e insistiu em cortes de benefícios para Portugal, que foi mais longe na defesa das demissões de funcionários públicos, ganha mais de US$ 309 mil por ano, de acordo com o nível B05 do FMI.
Segundo o jornal grego Eleftheros Typos, como funcionário do FMI não-norte-americano residente nos Estados Unidos, grande parte dos seus rendimentos são livres de impostos – uma das benesses garantida pelo FMI aos seus empregados. Thomsen terá tido um aumento no seu vencimento, em 2011, de 4,9% – garantido pelo FMI." 

sábado, 29 de dezembro de 2012

ANO VELHO / ANO NOVO



Noite de 31 de Dezembro. 
Pelo calendário gregoriano, cessa o ano civil de 2012 e inicia o também novo ano civil de 2013.
Já sem saudades da lixeira que se retira, gostaria de escrever no novo livro branco as palavras oportunas, optimistas, necessárias e exigíveis para a grande maioria dos portugueses, com o combustível dela resultante.
Só que o livro também já vai nascer manchado e as palavras farão parte do impossível.
Mas, como disse Walt Disney aos 19 anos, “eu gosto do impossível porque lá a concorrência é menor”.
Faço então o preâmbulo do tal cardápio de 365 dias com expressões de três personalidades sábias que em muito poderão "ajudar" a ultrapassar os obstáculos:



John Winston Lennon:

“Um ano termina e nasce outra vez..."
Esta é uma das muitas frases proferidas por um dos mais célebres compositores britânicos, escritor apaixonado pela literatura, o mais polémico e rebelde dos Beatles, participante activo a favor da paz contra a guerra do Vietname.
Fisicamente terminou e nasceu ”outra vez” apenas durante 40 anos… Mas continua a ter lógica no memorial “ser vivo” Strawberry Fields”, Central Park de New York e no legado universal que tão bem definiu ao falar do homem e da obra: “Acredito em tudo o que fiz
Ao perguntarem-lhe na escola o que queria ser quando crescesse, ele escreveu “feliz” porque a Mãe sempre lhe disse, quando tinha 5 anos, que a felicidade era a chave para a vida.
«Quando fizeres algo nobre e belo e ninguém notar, não fiques triste. Também o Sol faz um lindo espectáculo todas as manhãs e, no entanto, a maior parte da “plateia” ainda dorme…»




Fernando Sabino, em “Encontro Marcado”:

De tudo, ficaram três coisas:
A certeza de que estamos sempre começando,
A certeza de que precisamos continuar,
A certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar.
Fazer da interrupção um caminho novo,
Fazer da queda um passo de dança,
Do medo uma escada,
Do sonho uma ponte,
Da procura um encontro.
E assim terá valido a pena existir!




 Carlos Drummond de Andrade:

"Para sonhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. 
É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre."





quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

A ILUMINAÇÃO E A ALDEIA - 2




Com a introdução do petróleo como combustível, deu-se início a uma nova era de iluminação.
Em coexistência com o azeite, o petróleo foi-se impondo progressivamente devido à intensidade da chama, acabando mesmo por substituí-lo.




Candeeiro-a-petróleo/lanterna/lampião

São objetos destinados à iluminação constituídos por uma armação (metal, vidro, cerâmica ou mista) com um anteparo transparente geralmente de vidro, para proteger a fonte de luz abastecida pelo combustível querosene que se queima num pavio fumegante de algodão e prevenir os incêndios.
Diferem no material, no tamanho, na geometria, na cor do vidro, na decoração e nas chaminés; porém todos são alimentados ao mesmo fedorento petróleo (querosene, líquido avermelhado de cheiro intenso que era vendido nas mercearias).

Candeeiro

As torcidas são achatadas e também se vendiam nas mercearias/drogarias (comércio da D. Esterzinha, na minha aldeia).
A intensidade da luz é regulada por meio de uma roda exterior que, ligada a outra dentada em contacto com a torcida, faz subir ou descer a parte embebida por capilaridade, como nas candeias de azeite.
Para acender o candeeiro retira-se a chaminé (anteparo) e encosta-se um fósforo a arder à torcida; para o apagar, dá-se um sopro na chama.
Transportavam-se facilmente entre as divisões da casa, eram mais económicos do que as velas e também davam mais luz.
No inverno fazia-se serão à luz do candeeiro.

Candeeiros de mesa - interiores

Candeeiros de exterior



O Lampião era uma grande lanterna fixada no teto ou numa parede.


A Lanterna era uma espécie de caixa com 4 vidros laterais e luz no interior, ao abrigo do vento. Possuía pegas ou alças para ser transportada.
Também havia lanternas redondas.

O Candeeiro de palheiro a petróleo era feito de lata (folha de ferro delgada e estanhada) e tinha uma pega. A chaminé podia levantar-se ou baixar-se por meio de uma mola.



Candeia de petroleo




Petromax (é a marca registada)
Candeeiro de camisa (invólucro de pano tratado, para certas luzes)

É constituído por um depósito para o querosene e uma bomba manual para introduzir o ar que pressiona o combustível fazendo-o subir e cair, vaporizado, através dum orifício muito pequeno, dentro de uma camisa comprida e a que previamente se tinha chegado fogo. A camisa fica incandescente e a luz produzida é muito clara.
A intensidade da luz depende da maior ou menor pressão exercida.
Como a camisa se desfazia facilmente, era necessário manejar o petromax com cuidado.
Usava-se em festas, romarias, lagares.




Lua

Nas noites sem lua os caminhos eram percorridos em completa escuridão, interrompida apenas pelos clarões da fogueira nas lareiras. 
A partir de certa hora poucas pessoas circulavam nas ruas. Umas faziam-se acompanhar por lanternas, outras caminhavam por instinto adivinhando os percursos e as esquinas, amedrontadas, tantas vezes, por pequenos ruídos.

Mas em noites de verão os serões faziam-se nos pátios, à luz duma Lua suave e de milhentas estrelas "cintilantes", acompanhados pelas serenatas das cigarras.
A Lua cheia parecia mais próxima, mais quente, mais convidativa ao prolongamento das conversas e ao conto das sempre novas/velhas histórias.
Nessas noites feiticeiras, o meu Pai era um ideário de rimas que, com pena, não sei repetir.


Eletricidade

E na generalidade das aldeias da Beira Alta, até chegar a “luz elétrica”, assim foi a iluminação.
Gostava de poder recordar o dia dessa inauguração na minha aldeia mas sei apenas que devia andar no ensino primário porque, quando precisei de estudar “a sério”, já tinha a luz fraquinha de uma lâmpada incandescente sem abajur, pendurada no teto.
Também nas ruas havia lâmpadas maiores que davam uma luz pouco intensa; ficavam em lugares altos e estratégicos e tinham abajures tipo “prato de esmalte".

O passado sem “luz elétrica” e o presente com eletricidade

Hoje em dia, em pleno século XXI, com o preço da eletricidade e o agravamento da crise, o candeeiro a petróleo regressou a muitos lares portugueses, principalmente nas zonas suburbanas, segundo o proprietário de um estabelecimento na linha de Cascais.
Disse também que os cerca de 150 candeeiros que encomenda de cada vez
desaparecem todos, havendo mesmo quem só já compre velas para iluminação.



Qualquer dia estamos todos (exceto ...?) a viver numa grande Aldeia como as aldeias do interior do País até à década de 70.



IMAGENS GOOGLE