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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

A ILUMINAÇÃO E A ALDEIA - 2




Com a introdução do petróleo como combustível, deu-se início a uma nova era de iluminação.
Em coexistência com o azeite, o petróleo foi-se impondo progressivamente devido à intensidade da chama, acabando mesmo por substituí-lo.




Candeeiro-a-petróleo/lanterna/lampião

São objetos destinados à iluminação constituídos por uma armação (metal, vidro, cerâmica ou mista) com um anteparo transparente geralmente de vidro, para proteger a fonte de luz abastecida pelo combustível querosene que se queima num pavio fumegante de algodão e prevenir os incêndios.
Diferem no material, no tamanho, na geometria, na cor do vidro, na decoração e nas chaminés; porém todos são alimentados ao mesmo fedorento petróleo (querosene, líquido avermelhado de cheiro intenso que era vendido nas mercearias).

Candeeiro

As torcidas são achatadas e também se vendiam nas mercearias/drogarias (comércio da D. Esterzinha, na minha aldeia).
A intensidade da luz é regulada por meio de uma roda exterior que, ligada a outra dentada em contacto com a torcida, faz subir ou descer a parte embebida por capilaridade, como nas candeias de azeite.
Para acender o candeeiro retira-se a chaminé (anteparo) e encosta-se um fósforo a arder à torcida; para o apagar, dá-se um sopro na chama.
Transportavam-se facilmente entre as divisões da casa, eram mais económicos do que as velas e também davam mais luz.
No inverno fazia-se serão à luz do candeeiro.

Candeeiros de mesa - interiores

Candeeiros de exterior



O Lampião era uma grande lanterna fixada no teto ou numa parede.


A Lanterna era uma espécie de caixa com 4 vidros laterais e luz no interior, ao abrigo do vento. Possuía pegas ou alças para ser transportada.
Também havia lanternas redondas.

O Candeeiro de palheiro a petróleo era feito de lata (folha de ferro delgada e estanhada) e tinha uma pega. A chaminé podia levantar-se ou baixar-se por meio de uma mola.



Candeia de petroleo




Petromax (é a marca registada)
Candeeiro de camisa (invólucro de pano tratado, para certas luzes)

É constituído por um depósito para o querosene e uma bomba manual para introduzir o ar que pressiona o combustível fazendo-o subir e cair, vaporizado, através dum orifício muito pequeno, dentro de uma camisa comprida e a que previamente se tinha chegado fogo. A camisa fica incandescente e a luz produzida é muito clara.
A intensidade da luz depende da maior ou menor pressão exercida.
Como a camisa se desfazia facilmente, era necessário manejar o petromax com cuidado.
Usava-se em festas, romarias, lagares.




Lua

Nas noites sem lua os caminhos eram percorridos em completa escuridão, interrompida apenas pelos clarões da fogueira nas lareiras. 
A partir de certa hora poucas pessoas circulavam nas ruas. Umas faziam-se acompanhar por lanternas, outras caminhavam por instinto adivinhando os percursos e as esquinas, amedrontadas, tantas vezes, por pequenos ruídos.

Mas em noites de verão os serões faziam-se nos pátios, à luz duma Lua suave e de milhentas estrelas "cintilantes", acompanhados pelas serenatas das cigarras.
A Lua cheia parecia mais próxima, mais quente, mais convidativa ao prolongamento das conversas e ao conto das sempre novas/velhas histórias.
Nessas noites feiticeiras, o meu Pai era um ideário de rimas que, com pena, não sei repetir.


Eletricidade

E na generalidade das aldeias da Beira Alta, até chegar a “luz elétrica”, assim foi a iluminação.
Gostava de poder recordar o dia dessa inauguração na minha aldeia mas sei apenas que devia andar no ensino primário porque, quando precisei de estudar “a sério”, já tinha a luz fraquinha de uma lâmpada incandescente sem abajur, pendurada no teto.
Também nas ruas havia lâmpadas maiores que davam uma luz pouco intensa; ficavam em lugares altos e estratégicos e tinham abajures tipo “prato de esmalte".

O passado sem “luz elétrica” e o presente com eletricidade

Hoje em dia, em pleno século XXI, com o preço da eletricidade e o agravamento da crise, o candeeiro a petróleo regressou a muitos lares portugueses, principalmente nas zonas suburbanas, segundo o proprietário de um estabelecimento na linha de Cascais.
Disse também que os cerca de 150 candeeiros que encomenda de cada vez
desaparecem todos, havendo mesmo quem só já compre velas para iluminação.



Qualquer dia estamos todos (exceto ...?) a viver numa grande Aldeia como as aldeias do interior do País até à década de 70.



IMAGENS GOOGLE

2 comentários:

  1. A electricidade chegou á nossa aldeia pelos meus 6 anos.Lembro-me exactamente do dia.Houve muitos foguetes!E discursos,de quem não sei,junto á farmácia.Eu estáva por aí e derepente,um foguete que não subiu,encendiou os que estávam para lançar.
    Foi este incidente que me marcou o dia!
    Bjinhos

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  2. Oi, MALEMA.
    Pois por mais esforço que faça para “recolher” uma imagem mental desse “espaço-acontecimento” através de qualquer associação, não consigo recordar-me.
    E logo envolvendo emoções tão fortes! Morreu alguém?
    Se foi por aí, foi no ano em que faleceu a avó Emília…
    Bjinho

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