Chipre, Portugal, Tróika, Crise, FMI, UE, Poder, poderes, políticas, políticos, palavras trocadas, cruzadas e sobrepostas, opiniões, ideias e pareceres, verdades e mentiras, convicções e larachas, são os fragmentos que compoem as imagens dos vários puzzles.
Mercados:
«O Preço do ouro pode estar a ser manipulado.
Reguladores norte-americanos começaram a examinar manipulação de preço do ouro e da prata.
A Commodity Futures Trading Commission acredita que duas vezes por dia alguns bancos se reúnem, via ‘conference call' e manipulam os preços do metal amarelo.»
A grande crise actual não acontece "por acaso"... É um enorme puzzle de múltiplas incógnitas, nem sempre em diálogo entre si, o que potencia possíveis contradições, comportamentos, injustiças, opiniões, vulnerabilidades … mas que se combinam sempre de modo a obterem o lucro, através da extorsão do dinheiro que emprestam aos países em dificuldade (46, penso, atualmente).
Paulo
Yokota: «O Ocidente já não é centro do Mundo, mas o centro do
nosso olhar. E é partir dele que observamos o que nos rodeia.
O câmbio não é mais determinado pelo comércio e pelos
investimentos, mas pelos absurdos fluxos financeiros, que são instáveis.
O problema mundial só pode ser resolvido pelo aumento da demanda e do emprego. As empresas estão com volumes absurdos de recursos financeiros, mas não os investem.
O FMI sempre esteve distorcidamente convencido que podia resolver os problemas contendo as expansões monetárias e os gastos fiscais. Foram os coreanos que provaram que eles estavam errados e que é o aumento da produção que pode resolver os problemas, com o crescimento do emprego e das assistências aos desempregados»
.
Público - Nas investigações ao "caso Tapie", Lagarde é suspeita de desvio de fundos públicos.
“ (…) garantir que a economia como um todo sofra, mesmo sofrendo um ataque fatal de austeridade, de modo a que banqueiros sejam salvos na totalidade, significa dar uma fortuna inesperada para os abutres que compraram empréstimos podres baratos.
Será isto também o futuro da Europa?”
«O FMI é uma espécie de saco azul enorme onde praticamente todos os países do mundo colocam dinheiro, um fundo de investimento. Esse dinheiro serve, em teoria, para emprestar a países em dificuldades a um juro X. Esse juro X é, também em teoria, o ganho dos países que lá investiram.»
Rzeczpospolita - «Para o líder dos EUA, a Europa é “cada vez menos importante”»
«Os ministros das Finanças da zona euro quiseram mostrar ao mundo que não têm a mais pálida ideia do que andam a fazer.»
«Todo o processo à volta do plano de austeridade para o Chipre é uma tragédia, que confirma a degradação da União Europeia e a fraqueza dos seus líderes.»
"O eurogrupo aprovou no fim-de-semana um empréstimo ao
Chipre no valor de 10 mil milhões de euros e a aplicação de uma taxa sobre os
depósitos nos bancos cipriotas para arrecadar outros 5,8 mil milhões de euros.
Segundo o ministro da Defesa cipriota, Fotis Fotiu, o
governo da ilha está a tentar encontrar soluções fora da União Europeia porque
"foram e continuam a ser exercidas pressões incríveis sobre o governo em
relação à taxa relativa aos depósitos privados, clima impróprio de negociações
entre parceiros".
Lusa - «A chanceler alemã, Angela Merkel, insistiu com o
presidente cipriota, Nikos Anastasiades, que “o plano de resgate deve ser
negociado apenas com a troika e que o Governo de Nicósia não deve pôr à prova a paciência da troika", disseram deputados alemães citados pela agência Efe.
«O FMI diz que o Chipre tem de cumprir compromissos do resgate. A forma de aplicação progressiva de impostos aos depósitos bancários deverá ser uma decisão do próprio governo do país assim como a regulamentação dos descontos tributários e que importante era que o Chipre assumisse o compromisso de arrecadar 5,8 bilhões de euros em cumprimento aos termos do acordo com seus credores.»
«O pacote de austeridade para o Chipre demonstra que os líderes europeus estão à beira da loucura ou do suicídio colectivo.
Perante as ondas de choque e a vaga de rejeição do plano para o Chipre, os líderes europeus pareciam baratas tontas. Ninguém assumiu a paternidade da proposta e o recuo aparente foi imediato. Porém, o mal estava feito. Os governantes cipriotas já estavam em Moscovo a negociar alternativas - provavelmente piores.
Paul Krugman - «Os alemães não querem um colapso Chipre / saída do euro, mas também não querem que os contribuintes alemães socorram a lavagem de dinheiro da máfia russa. Então, em vez disso, fizeram chantagem com os depositantes cipriotas, lavando daí as mãos.
«Mas a garantia de depósitos na zona euro parece não estar nos planos [dos líderes europeus] - e de qualquer forma, há muitos outros potenciais Chipres por aí»
Económico - «De facto, a UE ofereceu um “pacote de resgate” concebido para destruir e não para resgatar o que resta da economia cipriota.»
Membros do Congresso não aceitam contrapartidas do
resgate porque preveem o confisco de uma parcela dos depósitos dos correntistas
do país.»
Grabois, Fundação- Para os observadores, «o Chipre é atualmente palco de uma
batalha de influências entre Bruxelas e Moscovo, com os europeus de um lado a
quererem poupar os pequenos depositantes e a punir as grandes fortunas que têm
vindo a usar o Chipre como paraíso fiscal, e do outro os russos a tentar evitar
que os seus cidadãos mais ricos paguem grandes impostos a um governo
estrangeiro.»
Ricardo Costa - «É
natural que qualquer pessoa que tenha dinheiro no banco fique muito preocupada
com o que se está a passar em Chipre. A simples ideia de taxar por igual
(embora progressivamente) todos os que têm depósitos é absurda. Apesar dos
recuos das últimas horas - com os depósitos até 100 mil euros - a ideia continua a ser absurda e perigosa, pela
absoluta quebra de confiança e pelo evidente perigo de contágio.
E o que é que isto tem a ver com Portugal? Pelo lado dos depósitos, nada. Pelo
lado da punição, quase tudo. A Alemanha - a seis meses de eleições - mostra que
não está disposta a facilitar a vida aos que "prevaricaram".»
"Vivemos um
contágio positivo"
O presidente do Banco Central Europeu acha que ainda é
cedo para "clamar sucesso", mas considera que a situação atual é de
uma conjugação de fatores positivos.
«Atacar
a confiança no sistema bancário quando precisamente toda a filosofia das
medidas tomadas a nível da União Europeia foi criar condições de fortalecimento
do sistema bancário e criação de condições de confiança dos depositantes, esta
medida é incrível. Está ao arrepio daquilo que tem sido a filosofia da União
Europeia».
«O Parlamento cipriota não aprovou os termos do acordo com a Troika , não tendo um único deputado votado a favor do plano.
«Apenas existe uma resposta: não à chantagem".
"A nossa exigência é que este acordo deve ser renegociado. Se este imposto for aprovado, nenhum investidor estrangeiro manterá aqui o seu dinheiro"
Respondendo a uma pergunta do deputado do PS Fernando
Medina, Vitor Gaspar defendeu a medida aplicada a Chipre, tendo em conta a
necessidade de “viabilizar o sistema bancário cipriota”.
"Em Portugal, uma medida como uma contribuição sobre os
depósitos está totalmente fora de questão, o mesmo se pode afirmar para os
países fora do euro”,
O ministro não respondeu diretamente à
pergunta de como é que Portugal votou a aplicação da medida na reunião do eurogrupo, mas defendeu a taxa como forma de manter a
estabilidade financeira.
Mário Draghi, presidente do banco central europeu -«Gaspar também disse "sim" à taxa sobre depósitos no Chipre»
Passos Coelho disse que em termos microeconómicos o ajustamento "está cumprido" e elogiou o que disse ser "o bom desempenho" apresentado à ‘troika' neste exame. Mas deixou claro:
«No nosso caso, perdemos tudo para pagar JUROS de uma dívida contraída para alimentar a enorme máquina da corrupção.
O Inimigo Público - "O BCE, que já levou com o Vítor Constâncio no final do Governo Sócrates, está disponível a oferecer empregos a Vítor Gaspar, Miguel Relvas e Álvaro Santos Pereira, de forma a que a austeridade seja reduzida, mantendo no entanto o inflexível Pedro Passos Coelho como garante do cumprimento do memorando de entendimento. Mario Draghi acha mesmo que, com jeitinho, consegue encontrar algum lugar no refeitório do BCE para a Assunção Cristas, especialista em sopas biológicas."
O Chipre está a demonstrar que não há inevitabilidades,
há sempre outros caminhos.
Jacinto Nunes- «solução encontrada para os contribuintes cipriotas mais não representa do que “o egoísmo feroz da Sra. Merkel»
«Após conversar por telefone com o presidente cipriota, Nikos Anastasiades, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou que o Chipre terá que continuar negociando com a União Europeia, mesmo que o Parlamento rejeite novamente o plano de resgate»
Lusa - O parlamento cipriota aprovou uma lei sobre
a reestruturação do sistema bancário, no quadro do plano de resgate que Nicósia
tem de acordar antes de segunda-feira com os seus parceiros europeus para evitar
a bancarrota.
A decisão foi tomada durante uma sessão parlamentar
extraordinária.
Ainda que não tenham sido especificadas as taxas em
causa, nem os limites dos depósitos a partir dos quais as taxas serão
aplicadas, as possibilidades que circulam entre os meios de comunicação apontam
para uma taxa extraordinária entre 15 e 20 por cento dos depósitos acima dos
100 mil euros.
Quem diz a 'verdade?
«A Comissão diz que fez "o seu melhor" para
encontrar uma solução e que continua "disponível para facilitar
soluções", em conjunto com as autoridades de Nicósia. Estas, pela voz do
presidente Anastesiades, têm-se queixado da "chantagem" de Bruxelas.
As declarações do presidente de Chipre e o comunicado da
Comissão Europeia evidenciam posições diferentes e versões diametralmente
opostas dos factos»
Público - Aos 64 anos, o economista António
Borges continua polémico. No último ano ganhou grande notoriedade nacional
como consultor de Pedro Passos Coelho para as privatizações e
renegociação das parcerias público privadas (PPP), onde apareceu como
defensor da estratégia do Governo.
Entre outras funções, foi reitor da escola de negócios
francesa Insead, professor, banqueiro central, vice
administrador da Goldman Sachs, diretor europeu do FMI. Tido
como “especialista” liberal, os críticos acusam-no de estar desconectado
do mundo real.
Um economista controverso, um professor e gestor de
academias, com isenção de IRS enquanto funcionário do FMI e sem
responsabilidades nesta crise enquanto homem da Goldman Sachs.
Em 2012
Passos Coelho disse que em termos microeconómicos o ajustamento "está cumprido" e elogiou o que disse ser "o bom desempenho" apresentado à ‘troika' neste exame. Mas deixou claro:
“Não temos margem para falhar”
«No nosso caso, perdemos tudo para pagar JUROS de uma dívida contraída para alimentar a enorme máquina da corrupção.
Os corruptos continuam ainda assim à solta e mais grave, em lugares de decisão.
Enriquecem e nós, simplesmente, perdemos o direito a uma vida num patamar europeu.»
«...Temos de começar a pensar em julgar a imoralidade”,
Marc Roche, autor do livro “O Banco – Como o Goldman Sachs dirige o
mundo"
Quem sistematicamente se ajoelha diante da Alemanha e dos senhores da troika não o faz pela reduzida dimensão do país. Ou o fazem por falta de coluna vertebral, ou por servirem outros interesses que não os do povo que representam»
O Inimigo Público - "O BCE, que já levou com o Vítor Constâncio no final do Governo Sócrates, está disponível a oferecer empregos a Vítor Gaspar, Miguel Relvas e Álvaro Santos Pereira, de forma a que a austeridade seja reduzida, mantendo no entanto o inflexível Pedro Passos Coelho como garante do cumprimento do memorando de entendimento. Mario Draghi acha mesmo que, com jeitinho, consegue encontrar algum lugar no refeitório do BCE para a Assunção Cristas, especialista em sopas biológicas."
Eduardo Luciano:
“A diferença entre nós e o Chipre é que a nossa “troika”
interna funciona como uma espécie de cavalo de tróia do chantagista e por isso nem
lhe passa pela cabeça colocar-se do lado do país e dos portugueses”.
Imagens Google