... SEMPRE A PRIMAVERA

Caminhe com leveza na primavera.
A Mãe Terra está grávida.
Kiowa

As tartarugas do lago
Ora comem, ora não comem,
Nestes longos dias de primavera.
Issa

Podes cortar todas as flores mas não podes impedir a Primavera de aparecer.

Pablo Neruda

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.

Fernando Pessoa

Finalmente o clima começa a ficar mais quente e os dias mais longos; surgem os primeiros rebentos, os pássaros e as cigarras ensaiam os cantos, as borboletas e as andorinhas enfeitam o ar, as abelhas voam de flor em flor; ouvem-se os relinchos dos cavalos, os latidos dos cães, o coaxar das rãs.

“ (…) Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicolor (…)" - Cecília Meireles

Rosas, margaridas, jasmins, hortênsias, hibiscos, gerânios, violetas, narcisos, orquídeas - nunca as mesmas flores mas... SEMPRE A  PRIMAVERA.

É o cenário perfeito para o início da reprodução, para a juventude descobrir a poesia do amor.

 “ (…) Oiá...aiá… eu acabei de me apaixonar,
Oiá...aiá… agora é primavera
Agora é primavera”

Armandinho

Quem não gosta ou não se inspira no colorido da Primavera?

Os chefes de cozinha inventam novos menus.

Os decoradores entusiasmam-se com a Natureza.

Os costureiros criam atractivos looks.

E uma das muitas recordações da minha primavera na Primavera é a migração das andorinhas-dos-beirais.

Em grandes grupos, de manhã e ao fim da tarde, enchiam o céu de movimento e começavam a fazer os ninhos sob o telhado, na casa da minha Aldeia. Era o Inverno a ceder-lhes o lugar.

Estas andorinhas são aves pequenas (14-15 cm), de cor preta e branca. O preto cobre a parte superior, as asas e a cauda e estende-se desde a garganta até ao ventre, abrangendo também o uropígio (saliência triangular sobre as vértebras inferiores, da qual nascem as penas da cauda).Têm as asas longas e estreitas e uma cauda que se divide em dois. Os olhos são castanhos e o bico é pequeno, fino e preto.

Além de grande resistência e capacidade de orientação, apresentam também uma grande agilidade enquanto voam, o que lhes permite fazer voos rasantes sem perigo para a sua integridade física e alimentar-se de insetos que capturam sem cessar, em pleno voo.

Para nidificar gostam de partilhar o seu espaço com as pessoas, em lugares protegidos dos predadores terrestres, a 10-20 m de altura (tribunais, igrejas, pontes), imediatamente por baixo de uma saliência, mas se não existirem, também utilizam os beirais de casas só com rés-do-chão, varandas, escolas, celeiros, etc., um pouco por todo o País.

O ninho tem a forma de meia esfera ou de um quarto de esfera e é mais fechado que o de outras espécies de andorinhas - tem apenas um orifício situado junto ao topo, voltado na direção oposta ao dos ninhos vizinhos.

Para os fazerem, transportam palhas e lama no bico até sentirem que está seguro.

Durante a nidificação alimentam-se de moscas, formigas voadoras e pulgões. Os ovos (4 a 5) são incubados pelo macho e pela fêmea até os filhotes nascem.

Sempre que lhes é possível, fazem os ninhos nos locais onde nasceram mas, se estão ocupados, procuram outros não muito longe e mantêm-nos durante vários anos.

A andorinha-dos- beirais é uma espécie colonial e a densidade dos ninhos é variável - encontram-se ninhos lado a lado, apenas dois ou três num prédio, em várias fieiras niveladas ou mesmo sobrepostos.

Apesar de serem úteis para a agricultura porque comem os pulgões e afastarem as incomodativas moscas, nem sempre são desejáveis devido aos excrementos que caem dos ninhos; há quem as dizime, embora protegidas por lei, podendo dar origem a processos na justiça.

Podem viver cerca de oito anos.

“Andorinha de asa negra aonde vais?
Que andas a voar tão alta
Leva-me ao céu contigo, vá
Qu´eu lá de cima digo adeus
ao meu amor
Ó Andorinha
da Primavera
Ai quem me dera também voar
Que bom que era
Ó Andorinha
na Primavera

também voar”

Madredeus

E a primavera vai chegar!

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Pesquisa jornal Quercus Ambiente