Número total de visualizações de páginas

sábado, 13 de junho de 2015

"NÃO HAVIA NECESSIDADE..."


Dia 10 de Junho:
- Dia de Portugal
- Dia de Camões
- Dia das Comunidades Portuguesas/Emigrante 
- Dia do Santo Anjo da Guarda de Portugal

Temas com tanto significado zipados num único dia!

"Não havia necessidade... 
Herman José

Ora vejamos:

DIA DE PORTUGAL

Portugal nasceu há 865 anos, enquanto reino independente, em 5 de Outubro de 1143!

É com o Tratado de Zamora e na presença do Legado Pontifício, Cardeal Guido de Vico que D. Afonso VII de Leão reconhece a existência de um novo Estado-Nação que começa com a dinastia afonsina…
Penso que quase todos os países no mundo celebrem oficialmente a data da sua independência…
Dom Afonso Henriques seria o Português com mais legitimidade. Sem ele não haveria o Dia (os dias!) de Portugal.


DIA DE CAMÕES

Camões nasceu, não se sabe bem onde, no mesmo ano em que morria Vasco da Gama, o herói de "Os Lusíadas", descobridor do caminho marítimo para a Índia.  
E veio a falecer na maior miséria, em Lisboa, em 1580, no mesmo ano em que ” Portugal também morria, perdendo a sua independência a favor do jugo de Espanha”.

Camões tem sido, sobretudo, utilizado, manipulado e denegrido por oportunismos de politicagem moderna.

- Esse meu Camões foi longamente o riso dos eruditos e dos doutos, de qualquer cor ou feitio; foi a indignação do nacionalismo fascista, dentro e fora das universidades, dentro e fora de Portugal; foi a aflição inquieta do catolicismo estreito e tradicional, dentro e fora de Portugal; e foi a desconfiança suspeitosa de muita gente de esquerda, a quem eu oferecia um Camões que deveria ser o deles, quando eles preferiam atacar ou desculpar o Camões dos outros. Foi e ainda é, e será. Porque, sendo Camões o maior escritor da nossa língua que é uma das seis grandes línguas do mundo e um dos maiores poetas que esse mundo alguma vez produziu (ainda que esse mundo, na sua maioria, mesmo no Ocidente, o não saiba), ele é uma pedra de toque para portugueses, e porque tentar vê-lo como ele foi e não como as pessoas quiserem ou querem que ele seja, é um escândalo.
Ignorar ou renegar Camões não é só renegar o Portugal a que pertencemos, tal como ele foi, gostemos ou não da história dele. É renegarmos a nossa mesma humanidade na mais alta e pura expressão que ela alguma vez assumiu. E esquecermos que Portugal como Camões é a vida pelo mundo em pedaços repartida.
Jorge de Sena, 1975



A data, porém, é apontada como sendo a da morte do poeta lírico.
Se sim, tem propriedade para que o dia 10 de Junho seja o Dia de Luís Vaz de Camões, figura primeira da literatura em língua portuguesa, dada a sua relevância no contexto histórico do país, enquanto representação da cultura e identidade do povo português no mundo...


DIA DO EMIGRANTE PORTUGUÊS

Ei-los que partem
novos e velhos
buscando a sorte
noutras paragens
noutras aragens
entre outros povos
ei-los que partem
velhos e novos
...
Virão um dia
ricos ou não
contando histórias
de lá de longe
onde o suor
se fez em pão
virão um dia
ou não
Manuel Freire


- Nós, emigrantes, aceitamos de bom grado o Dia de Camões como "Dia do Emigrante Português", pois Camões também o foi durante17 anos!
Mesmo em Goa, Camões sempre satírico, criticou severamente o Governador, tendo sido mais uma vez desterrado para as Molucas e depois para Macau. Como ele diria: "Se mais mundo houvera, lá chegara"
Como emigrante, passou fome, comeu pão que o diabo amassou, sofreu doenças e paixões. Como emigrante, teve que se adaptar a remotas gentes, de cor escura, negra, amarela, ferozes, hostis, pacíficas e hospitaleiras.  
Para ganhar  o pão nosso de cada dia, Camões, teve vários empregos no Oriente, chegando mesmo a ser em Macau, Provedor-Mor  dos defuntos e ausentes.
Como emigrante, Camões sofreu profundamente vicissitudes e misérias. É ele próprio que nos diz em verso deixando a vida "pelo mundo em pedaços repartida" e "a alma chagada, toda em carne viva".
Também como emigrante, apesar de a fortuna nunca lhe ter sorrido, Camões quis voltar  à Pátria. E ao fim de treze anos no Oriente, saiu de Macau, mas sofreu um naufrágio perto de Camboja, salvando a muito custo a vida e o manuscrito de "Os Lusíadas" .
A viagem de regresso foi interrompida por dois anos em Moçambique, onde a sua pobreza era tanta que "comia e vestia à custa de amigos".
Foi durante a sua malograda vida de emigrante que Camões escreveu os seus melhores sonetos e "Os Lusíadas", monumento da alma lusitana, a Bíblia do Povo Português!  
Manuel Luciano da Silva, médico


O 25 de Abril de 74, na resposta às exigências inovadoras do Vaticano II bem como à revolução 68 e à necessidade de democratizar Portugal, possibilitou novas experiências numa sociedade cada vez mais complexa a agir como colectivo no concerto das nações europeias.
bomdia. Eu

Poderia ser muito bem o Dia das Comunidades portuguesas... apesar de "Camões ter sido o maior emigrante de todos os tempos".

Dpois, até já existe data oficial do Emigrante que é  o dia 18 de Dezembro, instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em2013.


DIA DO "SANTO ANJO DA GUARDA DE PORTUGAL"


Mensageiros de Deus, em momentos decisivos da História da Salvação, os Anjos estão encarregados da Guarda dos homens (Mt. 18, 10: Act. 12,3) e da protecção da Igreja (Ap. 12, 1-9).
No contexto das artes, os anjos foram representados com a forma humana e com asas, para lhes dar um aspecto menos terreno e mais sobrenatural.


Cada nação em particular tem um Anjo-Arcanjo encarregado de velar por ela. Os arcanjos são os mensageiros que trazem a palavra divina, considerados os mais importantes intermediários entre os mortais e Deus.
Em Portugal a devoção a S. Miguel Arcanjo (Anjo da Guarda, Anjo da Paz, Anjo de Portugal) é muito antiga. Pensa-se que surgiu pela primeira vez na Batalha de Ourique, onde Dom Afonso Henriques obteve uma grande vitória sobre os muçulmanos.
Mas foi o rei Dom Manuel I que, em 1504, pediu ao Papa para que fosse instituída a festa do “Anjo Custódio do Reino”

A sua devoção, entretanto quase esquecida, recuperou-se com as aparições aos pastorinhos, em Fátima e, em 1952, Pio XII mandou-a introduzir no Calendário Litúrgico português para comemorar o dia de Portugal no 10 de Junho .
.
Diogo-Pires-o-Moço te esculpiu,
o povo te esqueceu,
fecharam-te em Coimbra num museu,
porque esse que teu ser mediu
não do português uma clara existência quis fixar,
mas a perturbante essência libertar.
Ó Portugal,
teu ser no mundo é divisão,
teu ser em Deus é união,
mas o enigma do teu mito em acto
descobre-se no anjo que é o teu retrato.
 António Quadros.

Logo, pelo que acabei de analizar, o dia 10 de Junho seria para comemorar apenas, Camões e o Santo Anjo da Guarda de Portugal.

"Não havia necessidade" de armazenar tudo no mesmo "cesto" (dia). 




E então, talvez o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva não fizesse um discurso oco de conteúdo e de realismo:
"A experiência destas terras do interior é uma lição para o país: temos de ultrapassar as dificuldades, de erguer a cabeça e de seguir em frente".

"Mais do que tudo, os portugueses precisam de exemplo.
Não vale a pena, para usar uma frase feita, dar sinais de esperança ou mensagens de confiança, com discursos pomposos e declarações solenes."
António Barreto

Até porque, penso eu, cada um dos comemorados a granel merece um tratamento diferenciado.


Imagens Google

domingo, 7 de junho de 2015

CEREJAS - DE ONTEM E DE HOJE


O freixo, o pinheiro bravo, o carvalho-negral, a carrasqueira, o amieiro, a giesta, a macieira, a pereira e a cerejeira, faziam parte da flora predominante da minha região, a Beira Alta. 
E da minha aldeia, Cerdeira (sinónimo regional e arcaico de cerejeira)
Talvez façam, ainda.

Talvez tenham sucumbido apenas as da minha infância… rendidas à falta de carinho do dono que não voltou mais.
“ Mortas por dentro, mas de pé, de pé…como as árvores

Havia três cerejeiras de tronco liso e ramos grossos – uma no Espadanal, outra no Frei Miguel e outra no Caminho do Moinho.
Agora estariam grandes, vigorosas, com folhas dentadas, pontiagudas e pendentes, oferecendo os pequenos frutos arredondados, as cerejas - de cor vermelho escuro, quase negras, apenas vermelhas e brancas - a gulosos melros, rolas, pardais, gaios, poupas, piscos e verdilhões ou a quem tivesse a ousadia de nelas se instalar para lhe servirem de manjar.




Quem não se lembra de ter enfeitado as orelhas com “brincos de cerejas”?


Embora não muito exigentes com o clima, gostam de locais arejados, de boa drenagem e bem expostos ao sol, motivo porque cresceram em terrenos um pouco inclinados, dificultando o trepar.
Havia também ginjeiras (muito poucas), árvores da cereja ácida ou ginja, mais pequenas, tanto em altura como nas folhas e flores.

A cereja-doce de polpa macia e suculenta era, sobretudo, consumida fresca como sobremesa, embora com ela se fizessem também tortas, mousses, sorvetes, geleias, marmeladas, compotas ou bebidas.
A ginja, de polpa muito mais firme, além de servir para o fabrico de conservas e compotas, também era - e é - usada para bebidas licorosas como o kirsch, a ginjinha e o marasquino.


Era em compoteiras como esta que a Mãe fazia o "doce de ginja" donde, misteriosa e sorrateiramente, ia desaparecendo...

Desconheço qual seria o tipo de variedade de cerejeira, pois o leque é enorme.

Dentro das variedades com tradição de cultivo em Portugal, as mais importantes são Saco da Cova da Beira, Saco do Douro, Lisboeta, São Julião (de origem nacional), Big Burlat, Maring, Napoleão Pé Comprido e Big Windsor (Roxa). Recentemente foram introduzidas algumas mais atractivas do ponto de vista comercial (Brooks, Hedelfingen, Summit, Sunburst, Arcina, Sweetheart, Van, Bing e Earlise) - o fruto atinge um calibre mais elevado e o poder de conservação é melhor.

No país, a época das cerejas, vai de meados de Maio a meados de Julho mas no mercado estão disponíveis durante todo o ano, devido à ampla rede comercial e às tecnologias de conservação.
A Europa é responsável por quase metade da produção mundial e a Espanha, o nosso principal fornecedor; em período de contra estação, destacam-se a Argentina e o Chile.


A cultura nacional apresenta uma certa concentração geográfica em determinadas zonas das regiões de Trás-os-Montes, Beira Interior e Entre Douro e Minho.
No município de Resende, um dos maiores produtores nacionais, priorizaram-se projectos.
Nas regiões da Beira Interior e do Alentejo, existem produções diferenciadas - Denominação de Origem Protegida (DOP) e Indicação Geográfica Protegida (IGP)
A cidade do Fundão destaca-se pela enorme qualidade deste producto único, ingrediente central do Festival da Cereja, que decorre todos os anos, em Junho.


A paisagem, dominada pelas diferentes texturas de cada variedade regional, confere-lhe várias tonalidades.

A cereja do Fundão é, quanto a mim, a de melhor qualidade - tem um excelente teor de açúcar devido ao extraordinário microclima da Cova da Beira e uma boa consistência da polpa.

E a projecção nacional e internacional é já enorme.

Segundo o empresário Paulo Ribeiro, foi plantado na Covilhã um dos maiores cerejais de Portugal, com “40 mil árvores ao longo de 50 hectares para, seguindo as regras de produção intensiva, gerar 500 toneladas de fruto a partir de 2015 - cerca de 10 por cento de toda a produção da Cova da Beira, um dos principais berços de cereja do país - enquanto num cerejal tradicional aquele valor ronda as duas a três toneladas por hectare”,
Diz ainda que a empresa decidiu “apostar na produção do fruto e não depender de ninguém, porque há muitos pedidos e falta de resposta” contribuindo, ao mesmo tempo, para criar raízes na região onde reside.
Presidente da Câmara do Fundão, por outro lado, disse à Agência Lusa que o concelho tem apostado na divulgação e promoção da “Cereja do Fundão” enquanto marca, contribuindo para a afirmação do fruto no mercado nacional e internacional.
Dentro desta orientação já surgiram vários subprodutos, como os licores, um novo sabor de gelado, a sangria, o  Pão e o Pastel de Cereja do Fundão assim como uma parceria com as lojas da cadeia de gelataria nacional Santini.

A Festa da Cereja do Fundão realiza-se na aldeia de Alcongosta, designada por muitos como a "capital da cereja", por ser uma das freguesias que tem mais área plantada de cerejal e maior produção do fruto.

Em 2014, o certame teve 100 expositores, com a particularidade de ter sido dinamizado pelos habitantes da localidade, que todos os anos decoram as ruas das aldeias e transformam os pisos térreos das casas em tascas de venda de cereja, gastronomia, licores e artesanato, entre outros.
Estiveram em destaque os live-cookings com os chefes Benoit Sinthon, Miguel Laffan, Henrique Sá Pessoa, Vincent Farges, António Melgão e a Escola Profissional do Fundão; os ateliers Chefes de Palmo e Meio; os concertos de Anafaia, The Soaked Lamb e da Tuna da Academia Sénior do Fundão; animação; tasquinhas e artesanato, num evento de acordo com programa.

Este ano, como em anos anteriores, “Irá realizar-se, entre os dias 12 e 14 de Junho, onde poderá encontrar a Cereja do Fundão e degustar diversos productos à base de cereja, como o Pastel de Cereja e os Bombons de Cereja do Fundão".

Revolvido o sótão da memória com um óleo de Malema, virei escrevendo - beirã gulosa de tudo o que sabe a cereja - sobre a rubente cereja do Fundão.

Imagens Google

terça-feira, 2 de junho de 2015

DIA DA CRIANÇA


Porque é bom ser criança?


Encontrei esta pergunta na Net, em “educar para crescer, concurso-cultural/dia-das-crianças” 

E as três primeiras respostas melhor classificadas foram:
1º Lugar
Porque só uma criança consegue ver roupas dançando no varal,
Rir sem se importar com a moral,
Fazer do papel o seu avião ou um caminhão.
Gostar de alguém sem enganação.
Ser feliz com coisas do tamanho de um grão.
Imaginar que o mundo cabe na mão.

2º Lugar
Podemos viver a fantasia, usar a imaginação! Transformar cabo de vassoura em cavalo, caixa em foguete, panela em chapéu! Dar a volta ao mundo em um único dia...ter muitos amigos imaginários ou não! Ser criança é "tudibom"! 

3º Lugar
Porque ser criança é provar o sabor da infância, saborear o prazer da inocência, experimentar a fantasia e saciar a fome de alegria. É satisfazer o desejo de brincar e ficar feliz por poder se alimentar: de sonhos!

E onde estão incluídas pelo menos 15 milhões de crianças que foram atingidas por conflitos e guerras, sequestros, tortura, recrutamento e surto de ébola, assim como os 2.6 milhões que se encontram abaixo do limiar de pobreza nos países mais ricos do mundo desde 2008, segundo informações da UNICEF?

Os direitos das crianças são uma farsa!

Alguns depoimentos/ Testemunhos



- "4 Crianças à venda. Tratar aqui dentro."
Aconteceu em 1948 nos Estados Unidos, Chicago. Lucille Chalifoux, mãe desesperada, sem dinheiro para alimentar os quatro filhos (e grávida do quinto) resolveu vender as crianças por 2 dólares - Lana de 6 anos, Rae de 5, Milton de 4, e Sue Ellen de 2.


- Os Indígenas no Brasil ainda sofrem com o desrespeito sobre os direitos dos seus territórios.
"Uma criança de oito anos foi queimada viva por madeireiros em Arame, cidade da região central do Maranhão.
E enquanto a criança, de etnia awa-guajá agonizava, os carrascos divertiam-se com a cena."


- "Neste fim de ano pude testemunhar e viver a vergonha do racismo aqui na multi-cultural cidade de São Paulo. E com pessoas próximas e queridas…
Na sexta-feira, 30, nossos primos, espanhóis e seu filho de 6 anos foram a um restaurante, no bairro Paraíso (ironia?) para almoçar.
O garoto quis esperar na mesa, sentado, enquanto os pais faziam os pratos no buffet, a alguns metros de distância.
A mãe, entre uma colherada e outra, olhava para o pequeno. De repente, ao olhar de novo, ele não estava lá.
Preocupada, deixou tudo e passou a procurá-lo em volta.
O menino tinha sido expulso por um funcionário, segundo outros clientes. Desesperada, saiu para a rua e encontrou-o encolhido a chorar num canto. Inquirido (em catalão, sua língua) disse:
- “O senhor pegou-me pelo braço e me jogou aqui fora“.


- A foto demonstra o que acontece com as crianças da Birmânia.
Porque prefere a maior parte da imprensa fechar os olhos a estes crimes?
Porque é mais mediático cobrir um casamento gay ou a vida social dum astro- pop do momento. No brutal assassinato de crianças muçulmanas não está interessada.”

- "A imagem acima é chocante mas é a mais pura realidade da África. Crianças que não têm comida nem, muitas vezes, um lugar para dormir ou descansar! Triste realidade!”


- “Esta menina perdeu a mãe na guerra.
No pátio do orfanato desenhou-a com giz.
Aconchegou-se num colo que não existe mais, deixando de fora as sandálias para a respeitar, como manda a cultura oriental quando se entra num lugar santo."
(Explicação que acompanha o pps)


 - "As crianças hoje em dia são cada vez mais precoces".
Conhecem mais cedo o beijo, o xingamento, o preconceito, a libertinagem, a rebeldia, o sexo (voluntária ou involuntariamente), bebidas alcoólicas, drogas, festas, orgias.
Hoje, um menino sofreu uma paragem cardíaca por ser obrigado a ingerir bebidas alcoólicas.
Ontem, outro menino no ónibus falava mais palavrões que a Derci e o Felipe Neto juntos. Uma menina de 14 anos foi motivo para uma reportagem por estar grávida de trigémeos e o pai das crianças, de 16 anos, quase tira sua vida ao saber da notícia. Roubou um carro para tentar ajudar nas necessidades da gestação e criação dos filhos.”



- "Infelizmente, a cruel realidade do trabalho infantil perpetua a pobreza, pois priva a criança do acesso à escola e consequentemente, da possibilidade de ter uma formação que possa transformar a sua situação de miséria.
A China, a Índia e a Indonésia, têm o nível mais elevado de crianças a trabalhar do mundo - cerca de 122 milhões entre os 5 e 14 anos de idade. De acordo com o OIT (Organização Internacional do Trabalho), metade das crianças realiza trabalhos considerados perigosos - na agricultura, no espaço doméstico, no negócio da prostituição, na mecânica, na recolha do lixo, etc.
Quase nenhum país do mundo está livre desde o Egipto, à Síria, ao Perú, à Líbia, muitas vezes com o aval não só dos Ministérios do Trabalho dos seus países, mas também de uma infinidade de Ong´s pelo mundo.


- Beirute 
“Elas usam foguetes como traves de futebol e os tanques abandonados são as suas ilhas do tesouro.
No seu mundo, asseguram os moradores e activistas, a guerra é um jogo, as crianças sírias são reféns de um conflito que as forçou a banalizar a morte e a violência”

- Na Ucrânia, os terroristas russos usam crianças-soldados.



- "Cerca de 50 jovens do ensino médio participam de acampamento militar de inverno em Cheongryong, na Coreia do Sul. Durante quatro dias, os alunos têm palestras, usam trajes de soldados e participam de actividades militares, que, segundo o governo, fortalecem o corpo e a mente das crianças".

- Nepal
"A deusa do poder é escolhida entre as meninas de três a cinco anos filhas dos súbditos mais ricos, principalmente joalheiros. 
As crianças são sujeitas a provas de resistência psicológica incríveis, como acordar com a cabeça de um animal morto na própria cama. Só a que mostra grande coragem é escolhida. Depois, fica enclausurada no palácio, educada por sacerdotisas, afastada da família para aparecer em ocasiões especiais, enfeitada como a Deusa.
O seu reinado acaba quando aparecem as primeiras regras menstruais..."

Que mundo é este? Onde estão os defensores das crianças? Por onde anda, afinal, a UNICEF? E a Cruz Vermelha Internacional?



Pesquisa e imagens Google

domingo, 31 de maio de 2015

"... NÃO QUERER É PODER "





"Todo o poder é triste."
Será, no mínimo, uma declaração enigmática.
Pois se o poder não possui alegria, se é desagradável ou infeliz, porque há tanta gente atraída pelo compulsivo fascínio de qualquer pedacinho dele?

Mas quem o define assim, é Émile-Auguste Chartier  (1868 - 1951), filósofo francês, jornalista e ensaísta, em “Considerações II”, utilizando um dos vários pseudónimos literários, Alain.
Como defensor acirrado da liberdade de pensamento e do indivíduo, as suas crónicas, consideradas de alta qualidade literária, abordavam a política, a economia, a religião, a educação e a estética, sempre com a mesma finalidade - a luta pacifista. Em 1934 foi, até, um dos fundadores do Comitê de Vigilância dos Intelectuais Antifascistas (CVIA). 
Apesar de pacifista, alistou-se no exército francês e, no plano político, dedicou-se ao movimento radical em favor de uma república liberal, estritamente controlada pelo povo.
Logo, tem fundamentos para sustentar a veracidade de tal constatação…

É triste porque, segundo vários filósofos, antes de tudo, é uma negação.
O que fascina no poder é o prazer sadomasoquista de permitir e consentir o que antes era proibido e já estava negado.
 “A tristeza do poder nasce pelo facto de que todo o poder (Kratos) é uma forma de negar a potência (Dynamis) vital do ser. Todo o poder se manifesta no não”.
Alimenta-se da impotência.

Luiz Fuganti (filósofo, arquitecto, professor, escritor), defende que só o impotente pode dominar.
O impotente, não encontrando meios de crescer sozinho, investe no poder porque não suporta a potência do outro. Captura apostando numa sedução de falsas promessas. Ele cria a tristeza e depois oferece a salvação. Coloca-se assim a aceitação na mão do outro.


Se eu preciso de pedir autorização a alguém para fazer, ou obter, ou querer ou sonhar alguma coisa, é porque antes eu não podia fazer, obter, querer ou sonhar por mim mesmo. O poder bloqueia a minha vida.

Porque deixamos que o poder se exerça sobre nós? 
Porque sem nós, o poder não tem sentido.
A miséria, a desqualificação e a hipocrisia são muito importantes para o poder. E é muito importante para o poder incluir-nos na miséria - com a ajuda da justiça e da lei.

O sacerdote precisa da tristeza dos seus fiéis, precisa que eles se sintam culpados.




Hegel (1770-1831), filósofo alemãodiz: “O senhor é aquele que é reconhecido pelo escravo e o escravo é aquele que prefere a sobrevivência à vida (…). Aí o senhor empina o pescoço”







Nietzsche (1844-1900), filólogo, filósofo, crítico cultural, poeta e compositor alemão, interroga: “Que senhor é esse, que precisa do olhar do escravo para ser senhor?”





A grande contradição é que tanto o senhor como o escravo são vítimas do poder porque a perversão faz parte de todos nós, embora em proporções diferentes.
Não há reconciliação entre poder e potência porque o poder faz do corpo uma função e a potência faz da vida uma criação.
“Só somos efetivamente livres quando nós criamos – não apenas objectos no mundo, mas quando nós criamos as condições da produção dos objectos, as condições dos movimentos, dos afectos, das acções e das paixões, das experimentações sensíveis do corpo, as condições da produção e da invenção do pensamento, porque pensar antes de tudo é inventar. Não basta imaginar para pensar. Pensar é inventar realidade. (…) “ 
Fuganti




Foucault (1926-1984), historiador e filósofo francês, também diz que "o poder não age tanto por repressão, ele age muito mais por sedução. Power está em toda parte "e" vem de todos os lugares " e, nesse sentido, é uma espécie de "metapower" ou "regime de verdade" que permeia a sociedade e que está em constante fluxo e negociação.



Muitas vezes o homem deseja ser ofendido para se poder vingar.
As pessoas sentem prazer em guardar raiva, rancor e ressentimentos porque, embora lhes provoquem sofrimento, também lhes dão a sensação de poder, de um “ego certo” perante o “errado do outro”. 
Acontece a mesma condição de superioridade quando julgamos e criticamos, ainda que só mentalmente.



Fernando Pessoa (1888 – 1935), filósofo e escritor - o mais universal poeta português:
“Querer não é poder. Quem pôde, quis antes de poder só depois de poder. Quem quer nunca há-de poder, porque se perde em querer”.
Livro do Desassossego




Diz-se que a consciência é a voz da razão. 
Que útil seria se chegasse antes de se tomarem tantas decisões importantes!


Imagens Google

domingo, 24 de maio de 2015

"HOJE O MUNDO É VERMELHO"



Apesar de ser considerado o desporto mais popular do mundo e de a actividade mais antiga que se assemelha ao futebol moderno datar dos séculos III e II a. C. (dados baseados num manual de exercícios correspondentes à dinastia Han, antiga China), não fazia parte da minha expressão cultural.
Nem mesmo, penso, da expressão da maior parte das mulheres pois, sendo considerado essencialmente um desporto para homens, nem permitia o ingresso feminino.
O primeiro jogo feminino com regras de futebol ocorreu em Glasgow no ano de 1892. Proibido em Inglaterra de 1921 a 1969 (não noutros países), o primeiro encontro internacional de selecções só aconteceu em 1972.
E, actualmente, segundo uma pesquisa realizada pela FIFA, existem cerca de 26 milhões de jogadoras no mundo (1 para cada 10 jogadores).


Mas a Seleção Nacional Portuguesa fazia parte do Campeonato do Mundo de 1966. 
E Eusébio ajudou-a a alcançar um injusto terceiro lugar (lembro-me de muita imprensa ter divulgado o “roubo” do primeiro, pela Inglaterra), foi o maior marcador da competição, recebeu a Bota de Ouro e a Bola de Bronze.

E Eusébio era do Benfica

E o Benfica passou a ser o meu Clube preferido …

E ontem o Benfica foi campeão nacional pela 33ª vez …


José Rosa Rodrigues, um dos fundadores do então Sport Lisboa em 28 de Fevereiro de 1904, foi o primeiro Presidente.


As estimativas em relação ao número de adeptos apontam para cerca de 14 milhões espalhados por todo o mundo (confirmado pela FIFA na revista The Weekly em Fevereiro 2014)…

Era o clube dos emigrantes. Penso que continuará maioritariamente a sê-lo.  
É, também por isso (além da magia de Eusébio), que gosto de me juntar a eles. As minhas melhores amigas de infância andam por lá. E o mesmo acontece aos jovens de agora …


“Hoje o mundo é vermelho
É indiscutível, o Benfica é o maior clube nacional e as imagens da festa dos benfiquistas emigrantes em todas as partes do mundo fazem crer que o Benfica não só é o clube com mais adeptos em Portugal, a avalancha de emigrantes que nos últimos anos tem deixado Portugal tem feito também do Benfica um dos clubes com mais adeptos em todo o mundo. Em Londres, Paris, Bruxelas, Luanda, São Paulo e um pouco em cada país do mundo se festejou a vitória do Benfica. E se as imagens da festa dos benfiquistas pelo mundo servem para alguma coisa, servem para constatar o enorme número de portugueses por todo o mundo.
É, também, no futebol que essas pessoas encontram um pouco de Portugal. Por mais longe que se encontrem, o futebol leva-lhes um pouco da nossa idiossincrasia enquanto portugueses, que – nunca escondemos – gostamos de futebol.
Onde quer que haja um português há o cheiro a bacalhau salgado, um galo de Barcelos e um cachecol do Benfica. Mesmo que sejamos de outras cores clubísticas, como eu, estas festas têm a capacidade de aproximar os emigrantes com este pequeno triângulo a que chamamos de Portugal.
Façam a festa, emigrantes. Celebrem Portugal!
André Vinagre


 Macau                                               New Jersey

 Luxemburgo                                              FALOP


Imagens Google