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sexta-feira, 19 de junho de 2015

A COMENDA DE CARLOS GIL


Carlos Gil nasceu em Nampula há 43 anos (15 de Agosto de 1968) e formou-se em Design de Moda no Porto.
Em 1998 inaugurou o seu primeiro atelier no Fundão.
Carla Neto, com quem casou há 12 anos, gere a parte comercial da empresa e o sucesso tem vindo a crescer de dia para dia, “fruto da dedicação e de muito afinco”.
O reconhecimento e valorização do seu trabalho têm dado origem a inúmeros convites nacionais e internacionais

Em 2009, no âmbito das comemorações do Dia de Portugal, é distinguido como "Jovem de Sucesso em Portugal e no Estrangeiro" pelo Presidente da República Portuguesa, Aníbal Cavaco Silva 

No mesmo ano apresenta a sua marca pela primeira vez numa das semanas de moda mais importantes do país, o Portugal Fashion, captando de imediato a atenção da indústria para as suas colecções.

Hoje é já uma figura incontornável do design de moda em Portugal.
Apresenta  duas colecções por ano nos dois certames de moda mais importantes do país - Portugal Fashion e a Moda Lisboa – e, paralelamente, desenvolve um trabalho exclusivo feito por medida, para as suas clientes.

“Estamos a trabalhar neste momento na expansão e internacionalização da marca. No próximo ano penso poder ter a marca em várias cidades, tanto em Portugal como no estrangeiro.”

“Tudo me serve de inspiração, mesmo até as coisas mais simples e singulares. Contudo, são as viagens que despertam o meu sentido criativo, pois estou mais atento aos pormenores. No entanto, há uma mulher que irá sempre ser uma musa -Jacqueline Kennedy. Na minha perspetiva de mulher e elegância, ela tem a imagem perfeita! Hoje, provalvelmente, Carla Bruni"

A utilização de materiais como neoprene, os padrões geométricos e as silhuetas estruturadas em harmonia com os tecidos leves, os tons suaves e o volumes fluídos fizeram a colecção de Carlos Gil Primavera-Verão 2015.

“All in’ de carlos gil fecha segundo dia de desfiles da modalisboa”
caras.sapo

Carlos Gil Summer 2015 – ModaLisboa Legacy
“Nesta edição da ModaLisboa houve um novo nome que se juntou ao calendário de desfiles, foi Carlos Gil. Já na anterior colecção este criador tinha demonstrado um novo rumo ou estética em relação ao seu percurso anterior”.
Policia da Moda

"O designer apresenta a coleção inspirada numa mulher citadina com um look que mistura o ousado dos anos 60, com um estilo "Glam revogado" dos anos 70. Com alguns elementos de inspiração étnica, a coleção é para uma mulher selvagem mas moderna"
lifestyle

"Prestes a completar 44 anos, Carlos Gil não vê limites na sua soma de conquistas tanto em Portugal, como no mundo inteiro."
VIP

Actualmente dá também aulas de produção de moda em Lisboa


E é o designer oficial da primeira-dama... 
O convite surgiu de um encontro que o criador teve com Maria Cavaco Silva. 
“Já lá vão alguns anos. Pediu-me um fato que aprovou e depois desse vieram outros”.
"Estou habituado a trabalhar para pessoas exigentes e a drª Maria não foge à regra. É um desafio para mim. No início tive algum receio, mas agora estou à vontade no que diz respeito às minhas propostas, que têm sido sempre bem aceites..
A drª. Maria é uma pessoa versátil na cor, aprecia apontamentos de moda sempre de forma discreta".
“Todas as clientes são especiais e emblemáticas, uma vez que cada uma tem o seu gosto e um estilo próprio. E é isso que as torna únicas. Quando estou a criar algo tenho sempre a preocupação em aliar o bom gosto ao conforto e bem-estar da pessoa."


- O professor Cavaco já lhe fez alguma sugestão em relação à primeira-dama?
- "Não, contudo sei que tem apreciado o meu trabalho".
Flash Vidas.

O desfile de Dra. Maria


Carlos Gil foi condecorado pelo presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, com a comenda de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, no âmbito das comemorações do 10 de Junho que este ano se realizaram em Lamego (mais outros 3 estilistas).


A Ordem Nacional do Infante D. Henrique visa distinguir os que houverem prestado:
Serviços relevantes a Portugal, no País e no estrangeiro;
Serviços de expansão da cultura portuguesa ou para conhecimento de Portugal, sua história e seus valores.

Acho que o agraciado se enquadra dentro das finalidades da comenda, ao contrário do que muitos outros pensam.

Na verdade, não foi cofundador do Partido Revolucionário do Proletariado e das Brigadas Revolucionárias (PRP-BR) e uma das figuras mais destacadas do Processo Revolucionário em Curso (PREC), como Isabel do Carmo (condecorada por Jorge Sampaio), nem deixou o cargo de primeiro-ministro para assumir a Presidência da Comissão Europeia, como Durão Barroso (agraciado com o Grande Colar da Ordem do Infante D. Henrique, por Cavaco Silva), nem causou o descalabro do BES e do GES por gestão ruinosa como Manuel Espírito Santo (que recebeu a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Empresarial, entregue por Mário Soares), mas apenas valorizou o interior do país - uma vez que é no Fundão, onde reside, que  tem o atelier - com o seu espírito de iniciativa associado à criatividade e inovação, uma mais valia para atrair novos investimentos, projetar e dar a conhecer riquezas que estão por explorar e por empreender, além do reconhecimento e valorização do seu trabalho a nível nacional e internacional.

Imagens Google

quarta-feira, 17 de junho de 2015

AS MAIS, MAIS...



- Tá? Tresocas?
Ainda posso falar ou já é muito tarde?
- Só um momentinho, Mizinha.
(É quase meia-noite…)
- Algum problema?
- Não, não. É o Z. L. a perguntar-me a mesma coisa.
Tudo bem.
- Ah! Logo calculei. Por isso lhe estou a telefonar pró telemóvel.
A menina sabe como a minha vida é… Nunca tenho tempo pra nada mas tenho sempre tempo pra tudo!
Então olhe: A minha M.P. vem do Brasil de vez. E traz a “caganita”; o S. fica lá, por enquanto.
Já lhe tinha dito que o meu L. vai casar em Outubro? À antiga, com pedido e tudo. Aproveito pra lhe mandar o retrato do anel da M. e o da "mai" linda do Brasil.


Aqui o meu "mai -mai" pergunta se ainda se lembra do Gangas...
-Então não lembro!
(E passou um tempão…)

A Mizinha também foi minha colega mas só nos conhecemos quando ambas começámos a trabalhar noutro local há já 40 anos.
Posso afirmar que é a minha melhor amiga.



Oi, L.!
Colegas de curso… Quanta ternura por esta gaiata tão mais nova que ela!
- Fazias um par lindo com o meu irmão. Tens que o conhecer.
E conheci.
E projectou logo um indissociável futuro…
Porém…

Mas era uma estampa! 

E a L. ficou muito triste.
Distanciou-se.
Foi trabalhar para Cabo Verde.


Houve as bodas de prata. Reencontrámo-nos.
E num longo abraço de 25 anos, senti que transmitiu a mesma ternura da “irmã mais velha” de outrora.
Obrigada, L.



- Olá, M.C!
Sempre em movimento. Só atende o telefone quando “está de maré”. Vive numa casa-brinquedo. É tudo pouco maior do que miniaturas. Uma delícia.
Foi minha professora e colega depois.
Adepta do estilo clássico, veste-se como sempre a conheci - À Chanel dos anos 60 com colar de pérolas e tudo; malhas Pringle of Scotland; peles Stall. Saias um dedo abaixo do joelho; jamais calças ou vestidos. Cores básicas, sapatos meio-salto. Simplicidade, conforto, elegância.
Mais ou menos assim, mas com a camisola por cima do cós da saia.


Presentemente é a minha amiga mais longínqua.
- Lembra-se da S.A., Tijuca?
O filho, quando andava no liceu, levava pra casa todos os maltrapilhos que encontrava pelo caminho.
- E da C?
Essa já morreu, coitada. É a vida!
Qualquer dia vou espreitar aí "sítios qu'eu cá sei".
- Sim?
- Pois, pois. Nunca se sabe. 



- “Tá lá?” É das Caldas?
- Ah! É a Trezinha... Que bom ouvi-la.
Quando é que cá vem?
- Que tem feito, M.L?
- Enquanto as pernas me deixarem andar continuarei a correr mundo. Era muito melhor com o meu marido vivo. Agora vou com o meu filho.
Gostava tanto que a Trezinha também viesse…


Conheci a M.L. há 10 anos num cruzeiro. 
Uma companheirona sempre de sorriso aberto, espontânea, desprovida de complicações, autêntica.
É um prazer ter uma amiga assim.



Incluo ainda neste grupo a I. também dum cruzeiro, a A.M. minha ex-aluna e a A.N. do Wall Street.
Olá!

Penso que nenhuma delas sabe ver blogues. Algumas têm uma ideia muito vaga sobre o que faço; outras nem isso.
É apenas um gesto como qualquer outro.


sábado, 13 de junho de 2015

"NÃO HAVIA NECESSIDADE..."


Dia 10 de Junho:
- Dia de Portugal
- Dia de Camões
- Dia das Comunidades Portuguesas/Emigrante 
- Dia do Santo Anjo da Guarda de Portugal

Temas com tanto significado zipados num único dia!

"Não havia necessidade... 
Herman José

Ora vejamos:

DIA DE PORTUGAL

Portugal nasceu há 865 anos, enquanto reino independente, em 5 de Outubro de 1143!

É com o Tratado de Zamora e na presença do Legado Pontifício, Cardeal Guido de Vico que D. Afonso VII de Leão reconhece a existência de um novo Estado-Nação que começa com a dinastia afonsina…
Penso que quase todos os países no mundo celebrem oficialmente a data da sua independência…
Dom Afonso Henriques seria o Português com mais legitimidade. Sem ele não haveria o Dia (os dias!) de Portugal.


DIA DE CAMÕES

Camões nasceu, não se sabe bem onde, no mesmo ano em que morria Vasco da Gama, o herói de "Os Lusíadas", descobridor do caminho marítimo para a Índia.  
E veio a falecer na maior miséria, em Lisboa, em 1580, no mesmo ano em que ” Portugal também morria, perdendo a sua independência a favor do jugo de Espanha”.

Camões tem sido, sobretudo, utilizado, manipulado e denegrido por oportunismos de politicagem moderna.

- Esse meu Camões foi longamente o riso dos eruditos e dos doutos, de qualquer cor ou feitio; foi a indignação do nacionalismo fascista, dentro e fora das universidades, dentro e fora de Portugal; foi a aflição inquieta do catolicismo estreito e tradicional, dentro e fora de Portugal; e foi a desconfiança suspeitosa de muita gente de esquerda, a quem eu oferecia um Camões que deveria ser o deles, quando eles preferiam atacar ou desculpar o Camões dos outros. Foi e ainda é, e será. Porque, sendo Camões o maior escritor da nossa língua que é uma das seis grandes línguas do mundo e um dos maiores poetas que esse mundo alguma vez produziu (ainda que esse mundo, na sua maioria, mesmo no Ocidente, o não saiba), ele é uma pedra de toque para portugueses, e porque tentar vê-lo como ele foi e não como as pessoas quiserem ou querem que ele seja, é um escândalo.
Ignorar ou renegar Camões não é só renegar o Portugal a que pertencemos, tal como ele foi, gostemos ou não da história dele. É renegarmos a nossa mesma humanidade na mais alta e pura expressão que ela alguma vez assumiu. E esquecermos que Portugal como Camões é a vida pelo mundo em pedaços repartida.
Jorge de Sena, 1975



A data, porém, é apontada como sendo a da morte do poeta lírico.
Se sim, tem propriedade para que o dia 10 de Junho seja o Dia de Luís Vaz de Camões, figura primeira da literatura em língua portuguesa, dada a sua relevância no contexto histórico do país, enquanto representação da cultura e identidade do povo português no mundo...


DIA DO EMIGRANTE PORTUGUÊS

Ei-los que partem
novos e velhos
buscando a sorte
noutras paragens
noutras aragens
entre outros povos
ei-los que partem
velhos e novos
...
Virão um dia
ricos ou não
contando histórias
de lá de longe
onde o suor
se fez em pão
virão um dia
ou não
Manuel Freire


- Nós, emigrantes, aceitamos de bom grado o Dia de Camões como "Dia do Emigrante Português", pois Camões também o foi durante17 anos!
Mesmo em Goa, Camões sempre satírico, criticou severamente o Governador, tendo sido mais uma vez desterrado para as Molucas e depois para Macau. Como ele diria: "Se mais mundo houvera, lá chegara"
Como emigrante, passou fome, comeu pão que o diabo amassou, sofreu doenças e paixões. Como emigrante, teve que se adaptar a remotas gentes, de cor escura, negra, amarela, ferozes, hostis, pacíficas e hospitaleiras.  
Para ganhar  o pão nosso de cada dia, Camões, teve vários empregos no Oriente, chegando mesmo a ser em Macau, Provedor-Mor  dos defuntos e ausentes.
Como emigrante, Camões sofreu profundamente vicissitudes e misérias. É ele próprio que nos diz em verso deixando a vida "pelo mundo em pedaços repartida" e "a alma chagada, toda em carne viva".
Também como emigrante, apesar de a fortuna nunca lhe ter sorrido, Camões quis voltar  à Pátria. E ao fim de treze anos no Oriente, saiu de Macau, mas sofreu um naufrágio perto de Camboja, salvando a muito custo a vida e o manuscrito de "Os Lusíadas" .
A viagem de regresso foi interrompida por dois anos em Moçambique, onde a sua pobreza era tanta que "comia e vestia à custa de amigos".
Foi durante a sua malograda vida de emigrante que Camões escreveu os seus melhores sonetos e "Os Lusíadas", monumento da alma lusitana, a Bíblia do Povo Português!  
Manuel Luciano da Silva, médico


O 25 de Abril de 74, na resposta às exigências inovadoras do Vaticano II bem como à revolução 68 e à necessidade de democratizar Portugal, possibilitou novas experiências numa sociedade cada vez mais complexa a agir como colectivo no concerto das nações europeias.
bomdia. Eu

Poderia ser muito bem o Dia das Comunidades portuguesas... apesar de "Camões ter sido o maior emigrante de todos os tempos".

Dpois, até já existe data oficial do Emigrante que é  o dia 18 de Dezembro, instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em2013.


DIA DO "SANTO ANJO DA GUARDA DE PORTUGAL"


Mensageiros de Deus, em momentos decisivos da História da Salvação, os Anjos estão encarregados da Guarda dos homens (Mt. 18, 10: Act. 12,3) e da protecção da Igreja (Ap. 12, 1-9).
No contexto das artes, os anjos foram representados com a forma humana e com asas, para lhes dar um aspecto menos terreno e mais sobrenatural.


Cada nação em particular tem um Anjo-Arcanjo encarregado de velar por ela. Os arcanjos são os mensageiros que trazem a palavra divina, considerados os mais importantes intermediários entre os mortais e Deus.
Em Portugal a devoção a S. Miguel Arcanjo (Anjo da Guarda, Anjo da Paz, Anjo de Portugal) é muito antiga. Pensa-se que surgiu pela primeira vez na Batalha de Ourique, onde Dom Afonso Henriques obteve uma grande vitória sobre os muçulmanos.
Mas foi o rei Dom Manuel I que, em 1504, pediu ao Papa para que fosse instituída a festa do “Anjo Custódio do Reino”

A sua devoção, entretanto quase esquecida, recuperou-se com as aparições aos pastorinhos, em Fátima e, em 1952, Pio XII mandou-a introduzir no Calendário Litúrgico português para comemorar o dia de Portugal no 10 de Junho .
.
Diogo-Pires-o-Moço te esculpiu,
o povo te esqueceu,
fecharam-te em Coimbra num museu,
porque esse que teu ser mediu
não do português uma clara existência quis fixar,
mas a perturbante essência libertar.
Ó Portugal,
teu ser no mundo é divisão,
teu ser em Deus é união,
mas o enigma do teu mito em acto
descobre-se no anjo que é o teu retrato.
 António Quadros.

Logo, pelo que acabei de analizar, o dia 10 de Junho seria para comemorar apenas, Camões e o Santo Anjo da Guarda de Portugal.

"Não havia necessidade" de armazenar tudo no mesmo "cesto" (dia). 




E então, talvez o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva não fizesse um discurso oco de conteúdo e de realismo:
"A experiência destas terras do interior é uma lição para o país: temos de ultrapassar as dificuldades, de erguer a cabeça e de seguir em frente".

"Mais do que tudo, os portugueses precisam de exemplo.
Não vale a pena, para usar uma frase feita, dar sinais de esperança ou mensagens de confiança, com discursos pomposos e declarações solenes."
António Barreto

Até porque, penso eu, cada um dos comemorados a granel merece um tratamento diferenciado.


Imagens Google

domingo, 7 de junho de 2015

CEREJAS - DE ONTEM E DE HOJE


O freixo, o pinheiro bravo, o carvalho-negral, a carrasqueira, o amieiro, a giesta, a macieira, a pereira e a cerejeira, faziam parte da flora predominante da minha região, a Beira Alta. 
E da minha aldeia, Cerdeira (sinónimo regional e arcaico de cerejeira)
Talvez façam, ainda.

Talvez tenham sucumbido apenas as da minha infância… rendidas à falta de carinho do dono que não voltou mais.
“ Mortas por dentro, mas de pé, de pé…como as árvores

Havia três cerejeiras de tronco liso e ramos grossos – uma no Espadanal, outra no Frei Miguel e outra no Caminho do Moinho.
Agora estariam grandes, vigorosas, com folhas dentadas, pontiagudas e pendentes, oferecendo os pequenos frutos arredondados, as cerejas - de cor vermelho escuro, quase negras, apenas vermelhas e brancas - a gulosos melros, rolas, pardais, gaios, poupas, piscos e verdilhões ou a quem tivesse a ousadia de nelas se instalar para lhe servirem de manjar.




Quem não se lembra de ter enfeitado as orelhas com “brincos de cerejas”?


Embora não muito exigentes com o clima, gostam de locais arejados, de boa drenagem e bem expostos ao sol, motivo porque cresceram em terrenos um pouco inclinados, dificultando o trepar.
Havia também ginjeiras (muito poucas), árvores da cereja ácida ou ginja, mais pequenas, tanto em altura como nas folhas e flores.

A cereja-doce de polpa macia e suculenta era, sobretudo, consumida fresca como sobremesa, embora com ela se fizessem também tortas, mousses, sorvetes, geleias, marmeladas, compotas ou bebidas.
A ginja, de polpa muito mais firme, além de servir para o fabrico de conservas e compotas, também era - e é - usada para bebidas licorosas como o kirsch, a ginjinha e o marasquino.


Era em compoteiras como esta que a Mãe fazia o "doce de ginja" donde, misteriosa e sorrateiramente, ia desaparecendo...

Desconheço qual seria o tipo de variedade de cerejeira, pois o leque é enorme.

Dentro das variedades com tradição de cultivo em Portugal, as mais importantes são Saco da Cova da Beira, Saco do Douro, Lisboeta, São Julião (de origem nacional), Big Burlat, Maring, Napoleão Pé Comprido e Big Windsor (Roxa). Recentemente foram introduzidas algumas mais atractivas do ponto de vista comercial (Brooks, Hedelfingen, Summit, Sunburst, Arcina, Sweetheart, Van, Bing e Earlise) - o fruto atinge um calibre mais elevado e o poder de conservação é melhor.

No país, a época das cerejas, vai de meados de Maio a meados de Julho mas no mercado estão disponíveis durante todo o ano, devido à ampla rede comercial e às tecnologias de conservação.
A Europa é responsável por quase metade da produção mundial e a Espanha, o nosso principal fornecedor; em período de contra estação, destacam-se a Argentina e o Chile.


A cultura nacional apresenta uma certa concentração geográfica em determinadas zonas das regiões de Trás-os-Montes, Beira Interior e Entre Douro e Minho.
No município de Resende, um dos maiores produtores nacionais, priorizaram-se projectos.
Nas regiões da Beira Interior e do Alentejo, existem produções diferenciadas - Denominação de Origem Protegida (DOP) e Indicação Geográfica Protegida (IGP)
A cidade do Fundão destaca-se pela enorme qualidade deste producto único, ingrediente central do Festival da Cereja, que decorre todos os anos, em Junho.


A paisagem, dominada pelas diferentes texturas de cada variedade regional, confere-lhe várias tonalidades.

A cereja do Fundão é, quanto a mim, a de melhor qualidade - tem um excelente teor de açúcar devido ao extraordinário microclima da Cova da Beira e uma boa consistência da polpa.

E a projecção nacional e internacional é já enorme.

Segundo o empresário Paulo Ribeiro, foi plantado na Covilhã um dos maiores cerejais de Portugal, com “40 mil árvores ao longo de 50 hectares para, seguindo as regras de produção intensiva, gerar 500 toneladas de fruto a partir de 2015 - cerca de 10 por cento de toda a produção da Cova da Beira, um dos principais berços de cereja do país - enquanto num cerejal tradicional aquele valor ronda as duas a três toneladas por hectare”,
Diz ainda que a empresa decidiu “apostar na produção do fruto e não depender de ninguém, porque há muitos pedidos e falta de resposta” contribuindo, ao mesmo tempo, para criar raízes na região onde reside.
Presidente da Câmara do Fundão, por outro lado, disse à Agência Lusa que o concelho tem apostado na divulgação e promoção da “Cereja do Fundão” enquanto marca, contribuindo para a afirmação do fruto no mercado nacional e internacional.
Dentro desta orientação já surgiram vários subprodutos, como os licores, um novo sabor de gelado, a sangria, o  Pão e o Pastel de Cereja do Fundão assim como uma parceria com as lojas da cadeia de gelataria nacional Santini.

A Festa da Cereja do Fundão realiza-se na aldeia de Alcongosta, designada por muitos como a "capital da cereja", por ser uma das freguesias que tem mais área plantada de cerejal e maior produção do fruto.

Em 2014, o certame teve 100 expositores, com a particularidade de ter sido dinamizado pelos habitantes da localidade, que todos os anos decoram as ruas das aldeias e transformam os pisos térreos das casas em tascas de venda de cereja, gastronomia, licores e artesanato, entre outros.
Estiveram em destaque os live-cookings com os chefes Benoit Sinthon, Miguel Laffan, Henrique Sá Pessoa, Vincent Farges, António Melgão e a Escola Profissional do Fundão; os ateliers Chefes de Palmo e Meio; os concertos de Anafaia, The Soaked Lamb e da Tuna da Academia Sénior do Fundão; animação; tasquinhas e artesanato, num evento de acordo com programa.

Este ano, como em anos anteriores, “Irá realizar-se, entre os dias 12 e 14 de Junho, onde poderá encontrar a Cereja do Fundão e degustar diversos productos à base de cereja, como o Pastel de Cereja e os Bombons de Cereja do Fundão".

Revolvido o sótão da memória com um óleo de Malema, virei escrevendo - beirã gulosa de tudo o que sabe a cereja - sobre a rubente cereja do Fundão.

Imagens Google