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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

FESTA DE NOSSA SENHORA DO MONTE




Cerdeira, a verde, localizada no mapa do Concelho


Há muitos anos, num tempo que não volta mais, um comboio chamado «trama» deslocou-me, com lugar marcado, da morada na minha terra natal para Lisboa. A locomotiva a diesel foi mudada na Pampilhosa; tinha várias carruagens de compartimentos e uma com serviço de bar. Parava em todas as estações e a viagem deve ter demorado cerca de oito horas.

Porem, apesar da distância no tempo e das poucas analogias com os actuais habitantes, mantenho presente a memória dos meus lugares, das minhas vivências, dos meus mortos. E porque há sempre um pouco (ou muito) de nós que lá fica, acompanho com saudade as tradições que, mesmo realizadas de modo diferente, se mantêm. 
É preciso conservar actual a cultura secular que lhe dá uma identidade muito própria.

Todos os anos no dia 15 de Agosto se festeja a mais importante Festa da Freguesia em honra de Nossa Senhora do Monte.


A Ermida da Senhora do Monte, local de grande devoção para as populações circundantes porque, segundo uma lenda ou a História ali apareceu a Mãe de Cristo, fica a 2 km da Aldeia, no topo do monte mais alto.
É uma Capela muito antiga, de sólida pedra granítica escurecida e danificada pelo tempo, com modilhões reproduzindo cabeças de animais na cimalha (semelhante à da Capela do Mileu, Guarda).
A Capela do Mileu, apesar de na actualidade apresentar uma construção da arquitectura romântica, diz-se ter sido erguida durante a Alta Idade Média existindo já no período da dominação Árabe.


Na frontaria, por cima do portal principal, existe um nicho onde permaneceu a imagem original de Nossa Senhora do Monte até ao badalado “rapto” para a Igreja Paroquial da vizinha Freguesia do Rochoso. 
Têm sido feitas reparações para evitar a deterioração; quanto a mim, o restauro (?) devia também contribuir para manter a arquitectura.
Remotamente existiu um ermitão que se encarregava da conservação e limpeza.

Dali pode admirar-se um vastíssimo horizonte a abranger os extensos campos dos concelhos de Almeida e Pinhel, as serras da Marofa, Malcata, Gata, outras de Espanha, Estrela e a Guarda.


Nos meus anos mais longínquos, as festividades religiosas ainda tinham a influência de cristianização de cultos pagãos (culto de Diana?). Esta Deusa recebeu do pai Júpiter, juntamente com Febo, o domínio das florestas e dos bosques…
Os pastores e lavradores da região e mesmo de zonas mais afastadas, apareciam com os seus animais e davam três voltas à Ermida no sentido inverso dos ponteiros do relógio para pedirem protecção ou cura para eles e depois iam descansar. Penso que também pagavam promessas.
A Romaria era grande para a qual contribuía a realização de uma feira de gado e venda de artigos variados, depois de satisfeitas as devoções e cumpridos os votos. Efectuava-se nas imediações circundantes, à sombra duma densa floresta de enormes pinheiros e castanheiros que já não existem; tudo foi destruído por sucessivos fogos deixando o monte a descoberto. 
Num convívio salutar, as famílias confraternizavam partilhando merendas pela tarde adentro nesses mesmos lugares ou em lameiros próximos,  à sombra de frondosos freixos seculares.

Entretanto, um pároco achou que não devia misturar o religioso com o profano e pôs fim a essa tradição. Durante uns tempos pouco mais houve do que uma diminuta procissão desde a Aldeia até à Capela onde era celebrada missa cantada. As festas passaram a ser só festa porque a alegria ficou restringida.

Actualmente e desde há vários anos, os programas são semelhantes ao deste mês e que aqui insiro:

«Jogos tradicionais, uma tuna académica e uma banda filarmónica, ranchos folclóricos, bailes e fogo-de-artifício, animam a festa da Senhora do Monte, na Cerdeira do Côa.»
«As festas prolongam-se por dois fins-de-semana. Logo no primeiro dia contará com a actuação da tuna académica «Copituna», formada por estudantes do Instituto Politécnico da Guarda. No dia 12 de Agosto a aldeia recebe um grandioso festival de Folclore, que junta o Grupo Etnográfico do Sabugal, o Rancho Folclórico Miuzela Arriba e o Grupo Etnográfico de S. Miguel de Cristelo (Paredes).
O dia 13 está consagrado à disputa de diversos jogos tradicionais. A festa religiosa terá o seu ponto alto na noite do dia 14 com a realização de uma procissão de velas e no dia seguinte, e último das festas, com a celebração de missa na capela da Senhora do Monte, abrilhantada pela Banda Filarmónica de Pinhel.
Os festejos serão encerrados com um fabuloso espectáculo de fogo-de-artifício, na noite do dia 15.»

Mantém-se a vertente religiosa e a vertente cultural (?); desapareceu a vertente profana.

É preciso que haja fogos, muita comida, muito canto e muita dança porque cada mordomo deve mostrar que faz melhor do que o outro.

A gastronomia local baseia-se sobretudo no cabrito, no borrego assado, nos 
enchidos e no presunto.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

ERRO MÉDICO


Arianrhod  (Roda de prata), símbolo do tempo e do eterno ciclo "Os Deuses"

Esperar!

Quem, com paciência, nunca esteve à espera pelo momento certo?
Quem nunca conjecturou razões para que algo esperável tenha probabilidade de acontecer?
Quem nunca teve a esperança de induzir o espírito na disposição de sentir o gosto pela vitória?
Esperar pelo melhor, é ser optimista. Positivo atrai positivo… diz-se.

Mas quando a paciência se cansa de esperar pela coragem de não desesperar perante a surpresa dos dissabores, quem sabe quanto e como deve esperar mais?
Esperar esperando até que o tempo nos vá continuando a vencer?

Esperança!

«É horrível assistir à agonia de uma esperança.» Simone de Beauvoir

Talvez misturando esperança com desespero ajude a criar nova expectativa para continuar a acreditar nas boas “estrelas”… e a perseverança faça surgir novo oriente.
Talvez, tendo a habilidade de saber aplicar os sábios ditados populares: ”Quem espera sempre alcança”; “Quem espera por sapatos de defunto morre descalço”; “A vida é um jogo, ou se joga ou se fica assistindo”, os factos mais pareçam fazer parte de uma comédia…

Tragédia!

 “O doente nunca tem razão”; Argumentar para quê, “se o doente fica sempre a perder?”- li num artigo sobre Erros médicos”.

Filosofando:
Se os médicos (ou locais onde a actividade médica for praticada) têm sempre razão, então não vale a pena discutir o que dizem, porque se têm sempre razão não temos nada para criticar e se não temos nada para criticar, não vale a pena discutir o que dizem.
Porém, considerando as premissas verdadeiras, a conclusão é falsa porque essa é a única coisa que não pode acontecer num argumento válido. Portanto, é inválido  
Se um argumento for válido e tiver premissas verdadeiras, somos obrigados a aceitar racionalmente a sua conclusão. Mas se não quisermos aceitar a conclusão de um argumento válido, só nos resta, então, mostrar que alguma das premissas é falsa.

Esculápio e Egeia - Relevo Grego

Como vítima de um erro médico num acto cirúrgico (imperícia?) e de erro técnico (infeção hospitalar) simultaneamente, não será difícil demonstrar a solidez destes argumentos porque sendo válidos, as premissas serão consideradas provas evidentes da veracidade da minha conclusão ≠ "O doente nunca tem razão”

Já em “O doente fica sempre a perder”, o corporativismo tem tido mais força do que as verdades de bastidores… e encontrar pessoas ímpares que ousem optar pela coerência dos factos parece pouco admissível (lealdade/ deslealdade - com quem?)
Esperar/Esperança/Tragédia/ Resistência, têm sido as minhas frentes de combate. Difícil mesmo, é impugnar a Imoralidade..


A solidariedade entre os pares, em vez de enfrentar a verdade, continua a camuflar responsabilidades, descartando.

"Então Pilatos... tomando água, lavou as mãos diante da multidão."(Mt 27.24)

"Ecce Homo"


Fotos Google

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

USANÇAS DO TEMPO - VIII


ANOS 70


"Hippie Girl"
Nos anos 70, os hippies que fizeram parte do movimento de contracultura nos anos 60, tiveram nos EUA uma acentuada queda de popularidade embora o mesmo não tenha acontecido noutros países. A inovação "hippie chique" prendeu-se com a combinação de peças que aparentemente não podiam associar-se.

A década anterior ficou também marcada pela invenção do monoquíni e primeira tentativa unissexo, de Rudy (Rudi) Gernreich em 1964, considerado pelo próprio “um pouco cedo demais para aquela altura”.
Mas foi notícia de facto. E chegou a ser nome de canção de Roberto Carlos “Eu sou fã do monoquíni… Não suporto mais o biquíni “.
Para o usar, a mulher teria que ser preferencialmente esbelta e de seios pequenos.


Vários tipos de monoquíni (ele é Lauro Quadros, 1972)

A praia tornou-se um ponto de encontro dando origem ao aparecimento da indústria paralela de vestidos, chapéus, protetores solares, óleos, óculos escuros, toalhas, toldos, cadeiras e outros.

Acessórios hippie chique

Apareceu também o biquíni de croché mas como se deslocava com a água, contribuiu ocasionalmente para o aparecimento da tanga.


Nos fins da década, Gernreich inventou ainda “o fio dental”. 
E um novo tipo de maillot em jersey, quase transparente e aderente faz parte da enorme variedade de vestimenta de banho; nos homens é de lycra e nylon e mais curto.
Farrah Fawcett (maillot - 1976)

O miniquíni - dois triângulos em cima e dois triângulos em baixo, presos por tiras, permitindo um maior bronzeamento, voltou a usar-se.

A década de 70 foi considerada uma época mal definida.

ANOS 80


Princesa Leia,no seu biquíni dourado e Gwen Stefani

É a época dos estilos antagónicos.
A mistura de nylon e lycra passa a ser o tecido mais usado nos fatos de banho, de cores fluorescentes, com estampados ou em relevo, metalizado, fino ou grosso e de inspiração no passado.
Por outro lado, o biquíni foi diminuindo e o “fio-dental”, o “asa delta” e o
modelo tanga, afirmam-se como os chamados “modelos provocantes”.
Tudo era forte, sombras néon, batons vermelhos, azuis, roxos.





ANOS 9O

A década foi dominada pelo fator bem-estar e pela liberdade na forma com que as pessoas se vestiam, sem preconceitos.
O topless só chegou no início, embora já experimentado anteriormente pelas mulheres mais descontraídas.
Até se tornar uma mistura de tudo o que já tinha sido feito no passado, a moda estava criada. A procura de conforto e deliberação na escolha dos modelos de roupas de banho são um reflexo dos protótipos dos anos 40 e 50, mas com outros materiais. A lycra mistura-se a tudo e a preocupação com a reciclagem cresce.



As cores continuavam apaixonantes mas mais moderadas: rosa, azul, amarelo. E o glamour fazia sucesso.
As bolsas de palha, coloridas ou não, eram tendência.



ANOS 2000

Tudo é possível de ser vestido.
Há uma mistura de referências antigas aos anos 70 e 90. Surgem novos modelos sempre diferentes. Na primeira metade da década o biquíni diminuiu bastante para depois aumentar um pouco. Já ninguém critica biquínis, topless, fio dental, fato de banho, miniquínis, shorts, triquínis, tanquínis...
Em 2010, Eva Herzigova usa pela primeira vez um biquíni que pode funcionar como uma roupa.
Actualmente, chama muito mais à atenção uma touca com folhos ou um burquíni...


                                               Em tanquíni e Eva Herzigova

Catálogo muçulmano2012


Presentemente, com as referências anteriores esgotadas, a moda encontra-se num beco sem saída. A busca pelo novo é uma tendência da actualidade. Visando descobrir novos talentos, realizam-se concursos frequentemente.

Em 2008 -2008 e 2001

Acessórios 2011 e em 2011

FOTOS CAPTADAS EM GOOGLE

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

USANÇAS DO TEMPO - VII


"KEEP WALKING A evolução do fato de banho feminino"

1950's


No início, as mulheres não estavam preparadas para usar peças de vestuário tão reduzidas e o bikini não é posto em prática nas praias da Europa e do Mediterrâneo, nos países católicos e até no 1º concurso Miss Mundo; nalguns foi mesmo proibido, incluindo Portugal.
A imprensa, que supostamente é mais aberta às coisas novas, também não o aprovou, chegando mesmo a dizer que a moda não duraria mais do que 15 dias. O bronzeado ainda era identificado com as pessoas que trabalhavam ao sol.
Nem as modelos da época o quiseram vestir para ser apresentado por admitirem ser tão minúsculo…
Réard só conseguiu mostrar a sua invenção nas instalações de uma piscina parisiense vestido por uma bailarina dum casino de Paris.
E para o tornar aceitável, teve que modificar um pouco o modelo. Subiu a parte de baixo de forma a tapar o umbigo e colocou-lhe folhos para disfarçar as formas. A parte de cima transformou-a numa espécie de soutien, fazendo-o parecer com o estilo da década que era constituído por duas peças de tamanho grande, sendo já foi considerado ousado quando apareceu.


1950 - praia do Mediterrâneo e Laranjal, Brasil 
1946 - fato de banho ousado para a época  e Bikini de Réard modificado


Em 1952 houve o 1º concurso Miss Universo e as primeiras cinco finalistas da História foram da Alemanha, Finlândia, Grécia, Hawaii e Hong-Kong, sendo eleita a finlandesa. Como não havia ainda coroa específica para Miss Universo, foi coroada com uma pequena coroa vinda da Rússia, do tempo do Império russo e que tinha pertencido a três czarinas, entre elas Catarina a Grande.

Fotos captadas em Wikipédia

E enquanto muitos continuavam a protestar, o biquíni recebia o apoio das elites e, sobretudo, de grandes atrizes como Brigitte Bardot, Marilyn Monroe, Rita Hayworth, Ava Gardner, Joan Collins e Úrsula Andress que não só o mostravam claramente nas praias mas também o usavam como elemento de sedução em filmes e fotos.
Em 1957 Brigitte Bardot faz um splash no Festival de Cannes e foi fotografada em diversas praias francesas. Em 1956, com o filme “E Deus Criou a Mulher”, B. B. eternizou o novo duas peças ao usar um modelo Vichy nas entretanto mais famosas praias de Saint Tropez.

Brigitte em "E Deus Criou a Mulher"

Marilyn Monroe, Esther Williams, Ava Gardner e outras, seguem-lhe o exemplo. 

Marilyn e Ava Gardner

Passados sete anos, o fato de banho de duas peças torna-se mais popular que, embora de aceitação crescente, continuava a ser vestido pelas mais ousadas.



Em 1959 com a marca DuPont apareceu a revolucionária lycra. De secagem mais rápida e mais leve, o biquíni e toda a outra roupa nunca mais foi igual.


1960’s

A década de 60 ficou marcada pelo sucesso do biquíni, que atingiu o auge da popularidade. A música acompanhou a evolução e era usado também como contestação política e social; tornou-se um símbolo pop.
Em 1960, Brian Hyland com apenas 16 anos, lança o single”Itsy Bitsy Teenie Weenie Yellow Polka Dot Bikini”.
Dois anos mais tarde Úrsula Andress sai das ondas exibindo um biquíni branco com cinto, como Honey Ryder, em "Dr. No".


Em Portugal cantarolava-se: “Era um biquíni pequenino às bolinhas amarelas…”, adaptação de uma música dos Beatles quando lançaram o filme a “Hard Day’s Night”, em 1964.


O biquíni era ousado, com o umbigo bem visível e a cava maior do que nos anos 50. No início da década, Jayne Mansfield foi a pioneira a usar um fato de banho desse modelo, suscitando ainda motivo para escândalo em Hollywood.
Em 1966, Rachel Welch ao vestir um biquíni de pele no filme “One Millions BC” fica mais famosa do que a própria longa-metragem.


Em 1967 estima-se que 65% das mulheres norte-americanas aceitam o biquíni, devido à influência de posters, filmes e média.
1969, Vinícius de Moraes “adere” ao biquíni quando canta a “Garota de Ipanema”:
Olha que coisa mais linda
Mais cheia de graça
É ela a menina, que vem e que passa
Num doce balanço a caminho do mar
Moça do corpo dourado
Do sol de Ipanema
O seu balançado é mais que um poema
É a coisa mais linda que já vi passar…