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domingo, 8 de março de 2015

DEVE HAVER DIA INTERNACIONAL DA MULHER?

Retrato
MANUEL RIBEIRO DE PAVIA,  Pintor Português Alentejano.

" Rosa de Guadalupe " A mulher e os artistas portugueses - Colecção particular

O homem pensa.
A mulher sonha.
Pensar é ter cérebro
Sonhar é ter na fronte uma auréola.
O homem é um oceano.
A mulher é um lago.
O oceano tem a pérola que embeleza. 
O lago tem a poesia que deslumbra. 
O homem é a águia que voa.
A mulher, o rouxinol que canta.
Voar é dominar o espaço. 
Cantar é conquistar a alma.
O homem tem um farol: a consciência. 
A mulher tem uma estrela: a esperança. 
O farol guia. 
A esperança salva. 
Enfim, o homem está colocado onde termina a terra. 
A mulher, onde começa o céu!
Victor Hugo


AS MULHERES têm sido, ao longo do tempo, as” deusas”, "musas" inspiradoras de poetas, pintores, escritores de textos literários e músicos.
Os poemas de Petrarca giravam em torno da figura de uma mulher - Laura é o tema central da obra; os trovadores cantavam para a senhora feudal ; Dante elevou até o céu a sua angelical dama Beatriz em" A Vida Nova"; nas canções de ícones da música como Bob Dylan, Tom Jobim, David Bowie, Elton John e Serge Gainsbourg, entre outros, elas foram as musas imortalizadas;
Jorge Ben Jor fez “Domingas” e provavelmente “Domingaz” e “Maria Domingas” para a mulher homónima, sua mulher; Gilberto Gil compôs duas das suas mais importantes canções para as duas mulheres mais importantes da sua vida - Flora e Drão; Caetano Veloso, dedicou “Irene” a uma irmã; Helena e Nelita inspiraram Vinicius de Moraes em “Garota de Ipanema” e “Minha Namorada”, respectivamente.
Como alguém disse, “Atrás de um grande cantor-poeta-compositor há sempre o nome de uma musa? Ou na frente de um a imagem de uma?”
Mulheres
Com fortuna                                          Ccom poder
 Sexy                                            No mundo corporativo

Deve haver O Dia da Mulher ?

SIM e NÃO

SIM, não só para nos lembrarmos do caminho percorrido já conquistado mas, sobretudo, porque ainda há muito para fazer em cada país, na dimensão da igualdade entre homens e mulheres.
Foi a partir dos movimentos feministas de 1970 que se tornaram possíveis várias mudanças relativas à sua posição social.
O homem passou a ter uma participação activa na criação dos filhos e o trabalho feminino, além de continuar com a maior parte das funções domésticas, ajuda a garantir, muitas vezes, a subsistência das famílias, sobretudo nos países menos desenvolvidos.
As mulheres participam cada vez mais no mundo da política, do desporto, da saúde, da engenharia … mas em Portugal ainda não há igualdade de oportunidades nas vagas para emprego; como profissional no mundo corporativo, a sua ascensão ainda se dá de forma gradual porque há pouco reconhecimento pelos resultados obtidos; os programas de ensino precisam de uma maior análise, de modo a eliminar os estereótipos e preconceitos da discriminação.
A África subsariana é uma zona sem progressos.
A lista de horrores na maioria dos regimes islâmicos como a Arábia Saudita, faz parte dum fundamentalismo que interpreta os ensinamentos do Corão a ferro e fogo. No Egipto, o islamismo é mais flexível e no deserto do Saara as mulheres são árabes emancipadas (cobrem-se porque têm as orelhas muito grandes). 
Omã é um país árabe e islâmico, mas quer fazer parte do mapa! 

O Dia Internacional da Mulher, a existir, deve servir para nos tornarmos mais conscientes da necessidade da solidariedade internacional, para refectir, fazer um balanço e anunciar medidas destinadas a corrigir muitas injustiças.
Mulheres
mulheres muçulmanas                                       Tuaregue- Mali
 Chador - Saara                                                     Somália

NÃOse o rosto da pobreza feminina na União Europeia continuar a sê-lo, se a violência doméstica não for controlada e combatida, se o dia, como em tantas outras datas comemorativas, for transformado em dia de marketing e comercialização de produtos.
Gostaria muito que já não precisasse de haver " dia internacinal da mulher" ... Talvez fosse sinal de que tinham sido adquiridos todos os direitos reivindicados desde há séculos (dede 1792- Mary Wollstonecraft)
Mulheres
A mais tatuada             A mais alta          A mais magra
Pobre e sofrida                            A mais velha
 Raínha                            Vítima de tráfico

E se no futuro só passasse a haver "O Dia Internacional do Homem"?
Sim, porque ele já existe - celebra-se a 19 de Novembro, desde 1999 - embora a maioria dos homens o desconheça, penso.

"Precisamos de inteligência, moderação, temperança, tolerância, capacidade de diálogo e de negociação. E aí as mulheres estão em vantagem. Por isso lhes faço este elogio.
Não é por acaso que a mulher está, lentamente, a tomar conta de todos os lugares que antes pertenciam aos homens
Estou convencido de que a evolução do ser humano se fará na direcção de uma diminuição dos níveis de agressividade e de força física característicos dos homens. Ou seja, antevejo uma humanidade mais feminina, embora sempre com diferenças entre homens e mulheres."
Gabriel Leite Mota 

E vinte retratos (serão cem ou mais), vão estar expostos a partir de domingo, no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, numa homenagem às cientistas portuguesas, no dia em que se comemora o Dia Internacional da Mulher.
Por Jornal i com Agência Lusa
publicado em 7 Mar 2015

terça-feira, 3 de março de 2015

"AND THE WALTZ GOES ON"



o
Anthony Hopkins escuta pela primeira vez uma valsa que ele compôs há 50 anos


Há 50 anos, o famoso e premiado actor Anthony Hopkins (hoje guionista, compositor e pintor), fez uma peça musical intitulada "And the waltz goes on" (E a Valsa Continua) depois de ter ouvido o jovem violinista holandês André Rieu, um dos melhores músicos que diz ter visto e de quem  ficou fã. Tinha apenas 19 anos.
Tanto Hopkins como a colombiana Stella Arroyave, sua 3ª mulher, queriam muito conhecê-lo pessoalmente.
Para o conseguirem, Hopkins enviou-lhe a valsa com a indicação de que nunca ninguém a tinha interpretado antes. Rieu, apesar de estar habituado a receber e-mails e cartas frequentemente, ficou tão surpreendido que convidou o actor a deslocar-se a Viena onde foi recebido por uma orquestra interpretando a sua peça.
Surpreza... Emoção... 
O inconfundível e brilhante violino "Stradivarius" de Rieu (um dos 600 originais…), o romântico cenário feminino dedilhando as cordas na execução dos sons, dos timbres…, o talento de Hopkins que vai além da arte de interpretar, são ingredientes únicos que tornam deslumbrante este espectáculo.

Sublime!



Pesquisa em Metamorfose Digital

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

O OMNIPRESENTE



"Narrativa" na primeira pessoa

A ALDEIA

- Nasci na Soalheira, uma terra pobre da Beira Baixa, na encosta sul da serra da Gardunha, há 73 anos. Como filho ilustre, foi atribuído o meu nome à rua da escola Primária onde a minha mãe Maria Irene ensinou o ABC.
No dia 13 de Maio a minha tia abria as portas da casa a todas as beatas que a quisessem acompanhar na missa, pela rádio, directamente de Fátima.
Quando jogava o Sporting - Benfica, eu colocava o meu rádio Telefunken na varanda para deliciar os muitos adeptos que se juntavam no Largo a ouvir o relato.
O meu avô tinha uma quinta donde provinham todos os bens essenciais, durante o racionamento alimentar, no pós II Guerra Mundial. E, como também era caçador, havia ainda as perdizes e as lebres. O gosto pela caça, um dos meus hobbies favoritos, vem dessa época.
Na Soalheira só havia dois ou três carros que funcionavam a gasogénio porque a gasolina era escassa. O meu pai, um pequeno comerciante, sempre teve carro - um Citröen velho - que nos dava uma situação de privilégio.

Quem sou?

A VILA (cidade desde 1971)

Após a primária na aldeia, fui para um liceu de Castelo Branco e fiquei na casa de uma tia que era telefonista.

Terá sido neste?

A LICENCIATURA

Os meus pais gostavam que eu tirasse uma licenciatura
A minha mãe tinha uma imagem negativa dos advogados.
O meu tio, que “no fundo era um funcionário público, achava que o sobrinho, em quem depositava esperança, devia ir para direito”.

DIREITO

Foi a opção.
O meu tio seduzia-me pela cultura e pelo conhecimento; era amigo de António José Saraiva, Óscar Lopes e Ferreira de Castro, entre outros.
Tinha uma actividade clandestina - militava no Partido Comunista. Eu só soube quando já estava na Universidade e todos, só depois do 25 de Abril; no funeral, a bandeira do P.C. cobria a urna.
Toda a minha família, que era profundamente católica, ficou chocada.
“Salazar era uma pessoa respeitada, fiável, quer pelo meu avô paterno quer pelo meu pai.
”Fui sempre muito crítico com eles."
“Quando deixar de trabalhar volto para o campo”.  

COIMBRA

Os repúblicos abrantinos!
Muitos dos políticos e famosos até noutras profissões estiveram em Repúblicas de Estudantes.
A “Real República Palácio da Loucura” teve papel relevante nos movimentos académicos na década de 60 - no que se refere às questões académicas da época. Só lá vivi um ano, entre 1959 e 1960, mas nem por isso tenho menos recordações. O próprio ambiente de uma casa gerida só por estudantes era muito aliciante.



Fiz parte da Orquestra Ligeira do Orfeão Académico de Coimbra, fundada pelo Zé Nisa, em 61, como contrabaixista. 
Era um quinteto (Zé Niza, eu, Rui Ressurreição, Zé Cid e Joaquim Caixeirocom o instrumental e o repertório típico da transição da década de 50 para a de 60. Interpretávamos música brasileira, italiana, francesa, americana…

O ADVOGADO


"Na minha profissão há mais esforço e disciplina do que talento. Nada está adquirido." 
Tenho um lema: "Os fins justificam os meios" 

A “relação com a minha mãe era cúmplice, muito próxima”; compreendeu o meu divórcio e a minha intervenção política. “Dizia muitas vezes que tinha sido uma surpresa ver que eu tinha atingido lugares de destaque na vida pública. Sentia-se orgulhosa. Mas era uma coisa inesperada. Nunca pensou que pudesse acontecer.”
Se não tivesse seguido os conselhos do meu tio, talvez agora fosse apenas mais um professor reformado…

Acabei o meu curso e como não tinha nenhuns recursos e já tinha uma família para sustentar… Casei aos 20 anos… 
Fui para o primeiro emprego possível - Delegado do Procurador da República interino, colocado em Santiago do Cacém. 
Publicado originalmente no Jornal de Negócios em 2011

Dúvidas?
Sim, é ele, já designado como "O novo dono disto tudo".


DANIEL PROENÇA DE CARVALHO, ADVOGADO


Passando da narrativa na primeira pessoa para os muitos factos que comprovam ser "um dos conhecedores por dentro de tudo o que se passou à vista de todos e ainda conhece o que ocorreu nos bastidores, à vista de poucos"...

Atravessou os regimes de ditadura (como polícia e agente do MP) e passou para este regime democrático sempre em lugar de relevo social e político.

É o início da trama de acontecimentos que, de tantos e tão complexos, eu classifico de exponenciação  an

E vou citar apenas a excelente descrição (os sublinhados são meus) feita em:

"Em 1974, com 33 anos,  era um modesto advogado, depois de ter sido delegado de procurador da República e inspector de polícia, no Estado Novo de Salazar. Segundo um biógrafo improvável (Afonso Praça de O Jornal) Proença tinha um lema: "os fins justificam os meios". Maquiavel no seu melhor, portanto. Proença vinha da Soalheira, no Fundão, pobre como se era na época. 


Em 1968 passou a funcionário de Champallimaud, no contencioso da empresa Cimentos de Leiria.
Foi nesse tempo que começou o julgamento da herança Sommer de que Champallimaud era interessado. Proença, segundo Praça, teria participado, enquanto inspector da Judiciária na instrução de um processo-crime relacionado mas tal não o impediu de tomar a defesa da causa do patrão. Eticamente, estava bem preparado...e quando aparece o 25 de Abril, sendo amigo de José Niza, inscreve-se no...PS, pois claro. Partido que abandonou logo que os ventos começaram a mudar, ou seja por altura da primeira bancarrota (1976-77) Proença já era de "direita", no Jornal Novo que então dirigia. Uma direita sui generis, entenda-se.

A história conta-se melhor no “O Jornal” de 7-2-1986:

Proença foi então ministro da propaganda (Sá Carneiro dixit) do VI governo de bloco central, de Mota Pinto, em 1978, quando se preparava já a segunda bancarrota, dali a uns anos. Sá Carneiro no entanto, nomeou-o presidente da propaganda na RTP, em 1980. Em 1983, Vítor Cunha Rego terá mesmo escrito no jornal A Tarde, que " há muito que o sistema político deste País teria desabado se Proença de Carvalho não estivesse onde estava." Em 1983 estávamos noutra bancarrota...
Dali em diante foi sempre somar e encher o bolso, para Proença. Vejam-se os recortes que nos contam tudo ou quase...a partir de 1981 e depois da AD de Sá Carneiro.

Expresso de 3 Janeiro de 1981:

O Jornal de 5 de Junho de 1981:

O Jornal de 11 de Abril de 1986 em que Fernando Dacosta escrevia sobre a "direita" portuguesa a propósito de Freitas do Amaral (!) e de Proença de Carvalho (!!!) supostos representantes da dita cuja...
Em 1986 Proença, foi, naturalmente, mandatário de Freitas do Amaral na corrida presidencial que este perdeu para Mário Soares. Como o Expresso escreveu na época...ficou às portas da terra prometida...
Em 1991, o governador de Macau, Carlos Melancia, indicado pelo vencedor das presidenciais, teve problemas com a Justiça. Corrupção. Quem foi o advogado? O representante da "direita", voilà!
Em 1995 a antiga ministra do PSD, Leonor Beleza, designada futura líder sabe-se lá de quê, foi pronunciada por um juiz de instrução da prática de crimes de homicídio doloso. Quem foi o advogado de defesa da dita? O nosso homem do trio de los dos, voilà!  

Expresso revista de 1 de Novembro de 1996:
Aproveitou entretanto todas as entrevistas generosamente concedidas pelos média do sistema da bancarrota, para destilar o ódio particular às instituições judiciárias, particularmente ao MP. Proença, nunca o escondeu que preferia um MP à maneira do Estado Novo. Era bem mais seguro para os interesses que representa, como se vê agora no caso de Angola...

E por isso mesmo, em 1999 já destilava as habituais catilinárias, desta vez contra o então
PGR Cunha Rodrigues (houve apenas um PGR que agradou a Proença: o seu amigo Pinto Monteiro...).

Expresso de 27 Março 1999:
E actualmente, por onde anda Proença? Ora, ora. Depois de defender José Sócrates dos ataques soezes que lhe fizeram, a esse paladino da transparência pessoal e governativa, anda agora a acompanhar o presidente do BES, Salgado de sua graça, nas deambulações angolanas por causa da maldita Escom que ainda os vai desgraçar...


Como já se escreveu por aqui, citando o abruti:
Proença de Carvalho é um exemplo típico: advogado de José Sócrates, presidente do Conselho de Curadores da Fundação Champalimaud, presidente do Conselho de Administração da Zon Multimédia, membro da Comissão de Vencimentos do BES – um interessante cargo -, “chairman” da Cimpor, ao todo, só no mundo empresarial, 27 cargos. Proença de Carvalho, como muitos outros neste universo de “sempre os mesmos”, não é “dono”, mas amigo dos “donos”. 






















Competência? Nalguns casos sim, noutros não. Mas não é a competência o critério fundamental. É a confiança. Estes são confiáveis, são dos “nossos”, são dos “mesmos”. Já foram testados mil e uma vezes, no governo, na banca, na advocacia de negócios, no comentário político nos media, e mostraram que estão lá para defender sem hesitações, os “nossos” interesses. Confiança é a palavra-chave nos “sempre os mesmos”.

Proença de Carvalho pode dizer-se que será um dos indivíduos mais qualificados em Portugal para explicar como é que sofremos três bancarrota em menos de 40 anos. Por uma razão simples: esteve em todas elas, como figura proeminente, parda por vezes, mas sempre presente. E aproveitou bem o regime que as produziu. 

Seria interessante que alguém revelasse o seu património... 

CODA: Este indivíduo mai-lo seu apoderado da época, candidato a presidente da República,  seriam os putativos representantes da "direita". Havia outro, ainda. Um certo José Miguel Júdice que até teria sido de extrema-direita, cultor de um tal Primo de Rivera.  Veja-se bem a pinderiquice intelectual desta gente. Bastou que os ventos de mudança de regime passassem a soprar um pouco mais a levante, para se postarem a jeito de aproveitarem a maré.
Cedo mudaram para o centro e daí para a esquerda e até se aproximaram do PS, o tal que se diz de esquerda e que teve um esquerdista notório como Sócrates, que todos aqueles louvaram como um grande estadista português.
Lembrar isto é tão deprimente quanto lembrar as bancarrota que nos provocaram. 
Até quando esta gente mandará em Portugal?"


01/05/2009 - Dias Loureiro e Proença de Carvalho cantam "Pomba Branca, Alma Negra"

Jesus, fitando neles o olhar, disse-lhes: Isto é impossível aos homens, mas para Deus tudo é possível. (Mt 19. 26).

Será?


Imagens Google

sábado, 21 de fevereiro de 2015

A MÁSCARA


Depus a máscara e vi-me ao espelho. —
Depus a máscara e vi-me ao espelho. —
Era a criança de há quantos anos.
Não tinha mudado nada...
É essa a vantagem de saber tirar a máscara.
É-se sempre a criança,
O passado que foi
A criança.
Depus a máscara e tornei a pô-la.
Assim é melhor,
Assim SOU a máscara.
E volto à personalidade como a um terminus de linha.
18-8-1934
Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa


A MÁSCARA tem origem religiosa e data de 9.000 a.C.
A palavra vem, provavelmente, do latim mascus ou masca  ("fantasma") ou do árabe maskharah  ("palhaço") -"homem disfarçado".
Era usada pelo homem primitivo durante celebrações, cultos e rituais para reivindicar, através dela, algum tipo de autoridade.
Ornamentadas em diversos materiais (madeira, metal, conchas, fibra, marfim, argila, chifre, pedra, penas, couro, pele, papel, tecido, palha de milho), as máscaras têm representado, ao longo dos séculos, os seres sobrenaturais, as divindades e os antepassados.

Dançarinos de Chhau, dança marcial indiana (Foto: Pallab Seth)
Máscara do Antigo Egito, cerca de 664-535 a.C.
Máscara mortuária do faraó Tutancamon, de 1350 a.C.

Em África, nalgumas tribos indígenas, ainda há quem conserve o seu sentido primário, ou seja, o homem é o espírito (divindade para curar doentes, espantar maus espíritos ou celebrar casamentos e ritos de passagem da infância para a idade adulta).
O teatro grego e romano explorou a magia das máscaras. Porém, nesta época, o sagrado já tinha desaparecido e a identificação passou a fazer-se entre actor e personagem ou entre máscara e personagem (persona).
No Japão continuam a marcar, em palco, as características dos personagens.

A máscara associada ao CARNAVAL surgiu no século XV, com a commedia dell’arte ou comédia das máscaras, no teatro italiano, criador dos famosos personagens Arlequim, Pierrot e Colombina (inspirados nos anteriores “bobos da corte”, artistas do riso). 
Era uma espécie de apresentação popular improvisada, feita por artistas viajantes que chegavam às cidades, em pequenos palcos nas praças públicas. 


O Pierrot é uma personagem tipo de mimo e da Commedia dell'Arte, uma variação francesa do Pedrolino Italiano. Tem o caráter de um palhaço triste, apaixonado pela Colombina, que lhe parte o coração e o deixa pelo Arlequim.

Foi também nessa época que aconteceu o primeiro baile de máscaras onde, para além de serem obrigatórias, serviam para desculpar os permanentes conflitos políticos. Confiantes no anonimato, os cortesãos mascarados libertavam-se de impulsos reprimidos pelas normas sociais, através das várias brincadeiras.
Os bailes ainda hoje se mantêm.

Máscaras do Carnaval de Veneza

Em Veneza, as máscaras tornaram-se peças decorativas e são a principal atividade económica da região.
O carnaval quase não tem mímica e o andamento é estático e silencioso. Os grupos param para serem fotografados na rua, como apelo ao turismo.
Mas as máscaras mais famosas de Veneza não estavam associadas ao Carnaval. Tal como as luvas, usavam-se em saídas nocturnas, para um jantar elegante ou para encontros galantes nas gôndolas e nos palacetes dos canais.

As FESTAS DE CARNAVAL desempenham uma função catártica.
Nas saturnais, festa da Roma antiga em honra de Saturno, tudo era permitido - invertiam-se os valores; os senhores serviam os criados e os criados injuriavam os senhores, como forma de libertação.

Saturnais ou Saturnália

E nas festas da Epifania, em que também se usavam máscaras, os membros do clero e a própria liturgia eram parodiados nas missas do burro zurradas, em vez de rezadas.

Burro a ler no facistol – misericórdia do cadeiral da Sé do Funchal (c. 1514 /15)

A MÁSCARA IBÉRICA é a máscara típica de Portugal e Espanha. 
"Muitas estão ligadas a cultos celtas, ao solstício de inverno e,  mesmo as do Entrudo, estão ligadas a cultos deste tipo como também pode ser o da fertilidade".
Hélder Ferreira

Os mascarados têm diversos nomes consoante a região de onde são naturais. Está em preparação a sua candidatura como Património Imaterial da Humanidade.
Portugal:
Careto de Aveleda, Careto de Lazarim, Máscaro de Ousilhão, Careto de Podence, Cardador de Vale de Ílhavo, Caretos da Lagoa  – Mira, Carocho de Constantim, Chocalheiro de Bemposta Chocalheiro de Bruçó  (extinto), Chocalheiro de Val de Porco Gualdrapa, Velho, Diabo, Sécia.
Farandolo de Tó, Mogadouro, Marafona, Filandorra, Zangarrão, São João de Sobrado- Bugios e, Mourisqueiros, Cachera
Espanha:
Boteiros, Pantallas, Peliqueiro, Cigarróns, Vergalleiros, Felos



Carnaval BRASILEIRO
O entrudo foi introduzido no culo Xpelos portugueses na então colónia do Brasil.
Jogos durante o entrudo no Rio de Janeiro
Aquarela de Augustus Earle, c.1822

Ao longo dos séculos sofreu várias metamorfoses.
Em 1984 foi criada no Rio de Janeiro a Passarela do Samba ou Sambódromo, que se tornou num dos principais símbolos do carnaval brasileiro e um negócio altamente lucrativo do ramo turístico.

Carnaval no Rio de Janeiro
As escolas de samba movimentam uma indústria gigantesca e são uma verdadeira máquina de ganhar dinheiro “ou “O carnaval do Rio é um dos melhores e maiores carnavais do mundo, cidade conhecida mundialmente por essa festa grandiosa que movimenta milhões de dólares”, na expressão de uma agente de viagens brasileira.

As máscaras são tão diversas quanto as ocasiões e os destinos, quer nos grupos humanos, quer entre os animais:
Máscara antigás, do apicultor, da fotografia, de simples adorno, de oxigénio, de beleza, do soldado, funerária, imagem de marca, de um político, de um artista, de esgrima, heteronímia pessoana, etc., dos animais predadores, do camaleão.

Camuflagem 

A máscara é a comédia da vida; todo o desenvolvimento humano se faz na tentativa de esconder o verdadeiro ego.
Enquanto tivermos um ego inconsciente que nos usa para satisfazer as suas vontades, vamos usando e trocando as nossas máscaras de acordo com o ambiente em que nos encontramos.
Mascararmo-nos é, afinal, um processo que fazemos desde o principio dos tempos, que começa na nossa própria personalidade e com o qual actuamos consciente ou inconscientemente.

"A máscara é uma arma que pode ser usada para defesa ou ataque, e por isso, no Carnaval, nem sempre tem sido permitida na via pública. Mas essa é a máscara de veludo ou papelão. A outra, a máscara da nossa própria cara, é a que a vida em sociedade exige
Se nos descuidamos, de repente pode cair, e com ela, sabe-se lá? - pode cair o Iraque, a torre de Londres ou tudo o que em nós não passa de fragilidade, pânico, impotência e presunção"
In: Ramón Margalef, "Ecología"


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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

"PENSAMENTO DO DIA"



“PENSAMENTO DO DIA" tem sido uma constante inalterável na elaboração do blog ("O  DELICOCÉFALO") e será, penso, não apenas para se tomar conhecimento, mas também para julgar ou tirar conclusões.


16 Fevereiro 2015
“Os disparates de que o homem se arrepende, são os que não fez quando teve oportunidade”
Helena Rowland

“Os espinhos que me feriram, foram produzidos pelo arbusto que plantei”
Byron
"O arrependimento é a chave que abre qualquer fechadura”...
Frase judaica


14 Fevereiro 2015
“As mentiras são como as crianças: dão trabalho, mas vale a pena, porque o futuro depende delas”
Pam Davis

“É uma verdade básica da condição humana que todo o mundo mente. A única variável é sobre o quê.”

e

"Crianças não mentem por questões de confiança, mas sim quando escondem algo."
Dr. House

“É na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais”. 
Coelho Neto
“Se a gente quiser modificar alguma coisa, é pelas crianças que devemos começar. “
Ayrton Senna da Silva
"Os instantes mais dolorosos da nossa vida são aqueles que nos revelam
a nós mesmos"


10 Fevereiro 2015
- “Famílias felizes são todas iguais. Cada família infeliz é infeliz à sua maneira”
Tolstói

... É a frase inicial do livro Anna Karenina, de Liev Tolstói.






“Há quem passe pelo bosque e apenas veja lenha para a fogueira.” 
“Cada um pensa em mudar a humanidade, mas ninguém pensa em mudar-se a si mesmo."
Tostói
"O mal de quase todos nós, é que preferimos ser arruinados pelo elogio a ser salvos pela crítica." 
Norman Vincent
Se deres as costas à luz nada mais verás do que a tua própria sombra."





16 Janeiro 2015
"Um satírico é um homem que descobre coisas desagradáveis acerca de si próprio e que logo as transfere para outras pessoas"
Peter McArthur


"Não confio em ninguém, nem em mim mesmo". 
Stalin



A URSS era Stalin, o que ele pensava e o que ele queria, fruto dos seus temores.
Disse Chostakóvitch acerca dele:
"Não se parecia em nada com os seus numerosos retratos. Stalin mandou fuzilar vários pintores. Eram chamados ao Kremlin para retratar o Líder e Professor para a eternidade, mas aparentemente não o satisfaziam. Stalin queria ser alto, com mãos fortes.
Nalbadian (um pintor da corte) enganou todos. No seu retrato, Stalin caminha diretamente para o observador com as mãos cruzadas sobre o estômago. É visto de baixo para cima, num ângulo que faria um liliputiano parecer um gigante"..."A sua mão direita era visivelmente mais fina do que a esquerda. Stalin procurava sempresconde-la".
Detestava aparecer em público ou dar entrevistas devido "à consciência das suas próprias deficiências”.
Os defeitos físicos eram a grande motivação do seu comportamento brutal - baixinho e magro, tinha o rosto bexigoso, marcado pela varíola; o segundo e terceiro dedos do pé esquerdo estavam unidos; o braço esquerdo era mais curto e o cotovelo rígido, devido a um acidente.
Quanto ao seu caráter, era ainda mais defeituoso do que o seu físico - obsessivo, via inimigos em toda a parte. Adorava humilhar, desde seguidores a familiares, excepto os que julgava mais poderosos (fora da URSS, claro). Quem era contra ele, era naturalmente seu inimigo mas também os que lhe demonstravam muita dedicação corriam o risco de o decepcionar".
Polémico, que dizia:
"Não confio em ninguém, nem em mim mesmo".


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