Tarde de Julho.
No Ginásio do meu bairro, quase vazio, sobra
espaço para treinar.
Que tempo quente! Instintivamente consulto a meteorologia no
telemóvel.
Pois, a sombra das árvores em rua
ascendente não chega para “arrefecer” 34 graus...Mais uns passos, porque onde vai o ferro, vai a ferrugem!
Inesperadamente, um vento leve começa a brincar com os cabelos e inclina as ramagens na direcção do pequeno jardim ao lado onde alguns bancos vazios se dispõem para ancoradoiro.
Inesperadamente, um vento leve começa a brincar com os cabelos e inclina as ramagens na direcção do pequeno jardim ao lado onde alguns bancos vazios se dispõem para ancoradoiro.
Diria que as árvores parecem “ouvir”/ “falar”com o espaço...
E sento-me, submissa ao meio envolvente.
Cheira a erva recém-cortada; o
jardineiro orienta a água como quer, atento aos salpicos sobre os passantes; o
cão rafeiro insiste em namorar a Yorkshire, apesar das agressivas dentadas de defesa e os donos, olhos nos olhos primeiro, riem-se depois e trocam umas palavras; uma antiga vizinha
reconhece-me e esboça de longe um sorriso largo.
Rafeiro Yorkshire
Ainda não vi formigas...
Mas o chilreio dos pássaros sobrepõe-se sem pausas. São de Monsanto, aqui bem perto, que alberga uma diversidade considerável de aves.
Voam, saltitam, aproximam-se, debicam,
cantam e passeiam cores ímpares entre as copas dos cedros, das acácias, dos pinheiros mansos, dos plátanos, do abrunheiro bravo e das madressilva, "companheiras cromáticas, de ciclo de vida" que
"purificam o ar e trazem cor e bailado aos jardins e às ruas", (Bagão Félix).
Distinguem-se alguns como o chapim azul, de cabeça azul escuro, asas azuis brilhantes e parte inferior amarelo limão; o chapim real, bem maior e robusto, com uma mancha preta na cabeça e um colar cervical a contrastar com as bochechas; os pardais, fáceis identificar e bem conhecidos por todos; os papa-moscas, grandes caçadores de insectos; o estorninho, preto brilhante, de cabeça parecida com a do melro mas mais barulhento; o
pombo-torcaz com o pescoço de várias cores; a rola-turca, de meio-colar preto
na parte superior do pescoço.
Distinguem-se alguns como o chapim azul, de cabeça azul escuro, asas azuis brilhantes e parte inferior amarelo limão; o chapim real, bem maior e robusto, com uma mancha preta na cabeça e um colar cervical a contrastar com as bochechas; os pardais, fáceis identificar e bem conhecidos por todos; os papa-moscas, grandes caçadores de insectos; o estorninho, preto brilhante, de cabeça parecida com a do melro mas mais barulhento;
E o pintassilgo, o chamariz, o gaio comum, o
periquito, além de outros, andam de certeza também por aqui.
chapim azul chapim real
papa-moscas cinzento casal de pardais
rola turca pintassilgo português
Será que estou a ouvir grilos?
Quando tinha
oito-dez anos, no tempo de férias, eu e as irmãs passávamos tardes
inteiras estiradas na relva fresca dos lameiros com os olhos nos animais que pastavam e o ouvido junto
aos orifícios onde os grilos se escondiam a “cantar” (o grilo do campo cava uma toca subterrânea para hibernar).
E havia umas pequeninas gaiolas de madeira com tiras coloridas e estreitas onde eram colocados para cantar e não fugirem.Mas acho que acabavam todos por morrer
porque, além da alimentação vegetal e água, mais nenhum outro cuidado lhes era
prestado (limpeza do receptáculo, etc.) por falta de conhecimentos.
Na realidade, os grilos não cantam;
esfregam o primeiro par de asas quitinosas, ou seja, a fita fina e dentada da
asa direita contra uma aresta da asa esquerda. O som varia, em ritmo e
frequência, de um grilo (só machos) para o outro. Cantam com as asas...
O grilo do campo é um insecto geralmente
de cor preta e brilhante. Tem antenas longas, costas lisas e duras sobre as
asas, desloca-se aos saltos ou em corridas curtas e alimenta-se durante a
noite. Os ouvidos estão situados sob um dos pares de pernas e a fêmea é atraída
pelo som estridente do macho.
Pronto, acabou-se o devaneio.
Ele, de tranças, franja e bigodinho, fuma, fuma...
Ela, segurando um cão pela trela que ladra, ladra, e também fuma, fuma...
Fica o som do grilo abafado pelos guinchos do cachorro e os vocábulos dum qualquer dicionário de calão.
Imagens Google